Reflexões sobre "Pedagogia da Autonomia": análise crítica e comparativa do pensamento de Paulo Freire com o de outros autores
Stephany Fernando de Araujo Flôres Mendonça
Licenciada em Matemática (UFF), especialista em Metodologia de Ensino da Matemática e Física (Faveni), mestranda em Educação (UDE), professora de Matemática do Ensino Médio (Seduc/AM)
O livro Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire, publicado em 1996, possui 54 páginas divididas em 3 capítulos. Cada capítulo contém nove subcapítulos e a obra se enquadra na categoria "Psicologia e Educação", tratando sobre práticas de ensino e formação profissional.
O autor apresenta um conteúdo voltado à reflexão da prática educativo-progressista e à formação docente, deixando claro que, durante seu discurso, defenderá a causa dos excluídos. O conteúdo é otimista, mas não ingênuo ou de esperança vã. Ele combate a ideologia neoliberal, capaz de imobilizar, negar e amesquinhar o indivíduo como gente. Apesar do conteúdo tratar de educadores progressistas, alguns dos saberes também se enquadram nos conservadores, pois não se restringe a professores de certa faixa etária, mas trata da classe educadora de modo geral. A linguagem é simples e clara, coerente ao propósito. O texto, em certos momentos, assume um aspecto repetitivo a fim de dar ênfase aos princípios ali expostos e mostrar que tudo se conecta.
Ao falar sobre prática de ensino, o autor sinaliza que sem haver uma reflexão crítica sobre ela é impossível fazer valer a relação teoria/prática. Ao ensinar, deve-se ter em mente que a tarefa exige muito mais do que transferir conhecimentos, pois ensinar é criar possibilidades para a produção e a construção desse conhecimento. Entendemos, assim, que no decorrer do percurso, tanto o aluno quanto o professor estão em formação, embora de pontos diferentes de partida. O professor se forma ao formar e o aluno se forma ao ser formado.
Não existe ensino sem aprendizado. Não existe validade no ensino se o aprendiz não é capaz de recriar ou refazer o que lhe for ensinado. Um dos impulsionadores de uma verdadeira aprendizagem é a curiosidade, pois ela o possibilita avançar em suas descobertas e em sua autonomia. A curiosidade, inicialmente, é ingênua, mas se torna curiosidade epistemológica quando exercida criticamente, possibilitando o conhecimento cabal do objeto de estudo.
Apesar de combater fortemente a educação bancária, Paulo Freire aponta que mesmo com seus malefícios, nem tudo está perdido. Ainda que o aluno seja submetido a um ensino autoritário, nele habita um processo de "aprender", que pode ajudá-lo a superar o autoritarismo e o erro epistemológico. Em outro momento, no Capítulo 2, o autor aponta que é possível reconstruir um mau aprendizado, pois aprender é construir e reconstruir, com consciência.
O educador progressista e democrático tem como dever reforçar a capacidade crítica do aluno, trabalhando a rigorosidade metódica. Isso implica não só ensinar os conteúdos curriculares, mas ensinar a pensar certo. Isso é saber que pensar certo é ter uma mente aberta, não considerando estar demasiadamente correto em tudo. Do ponto de vista do professor, pensar certo está ligado a respeitar o senso comum no processo de sua necessária superação, estimulando a capacidade criadora do aluno. Logo, o professor deve viver em constante exercício de pesquisa para conhecer o que ainda não conhece e indagar a respeito do que pensa conhecer.
Ensinar, então, exige relacionar experiências e observações sociais dos alunos, voltando-se sempre para o pensamento reflexivo e crítico para assim despertar o desenvolver dessa curiosidade crítica, insatisfeita e indócil, capaz de defender a humanidade dos irracionalismos produzidos pelo excesso de "racionalidade" em tempos tecnológicos.
Porém, para que o educador possa exercer o seu trabalho com propriedade, é necessário estar respaldado por suas atitudes, o ensino do conteúdo deve andar junto com a formação moral do educando, mas para isso será preciso que o professor ensine por meio de sua ética e seu posicionamento. Pensar certo é fazer certo. Pensar certo é combater qualquer forma de discriminação, é ter segurança ao argumentar a respeito de algo e não nutrir raiva de um outro indivíduo que discorda de sua opinião. Todo entendimento implica, necessariamente, em comunicabilidade. Logo, a tarefa do educador que pensa certo é desafiar o educando, com quem se comunica e a quem comunica, a produzir uma compreensão do que vem sendo comunicado, pois o pensar certo é sempre dialógico, nunca polêmico.
Ao tratar sobre a reflexão da prática docente, o autor ressalta que uma prática de ensino espontânea ou quase espontânea produz um saber ingênuo, que já vem pronto. Por isso, incapaz de desenvolver uma rigorosidade metodológica. Logo, não possibilita o pensar certo, pois ele necessita da curiosidade epistemológica que vence a curiosidade ingênua. Toda prática deve ser criticamente analisada hoje, para que venha melhorar para amanhã. Por isso, pensar certo não é algo fácil. Assim, um passo importante nessa reflexão é a assunção. Assumir como estou hoje me possibilita mudar, mas não é o suficiente. É necessário saber dosar a raiva para se indignar com a situação a fim de se aplicar nas mudanças.
A aprendizagem da assunção é capaz de construir uma sociedade mais democrática, possibilitando que sejamos autônomos. O treinamento pragmático e o elitismo autoritário só formam donos da verdade, sendo incapaz de desenvolver essa aprendizagem. Desse modo, entendemos que a educação não se resume apenas ao que é ensinado na escola, mas envolve as ocorrências no espaço-tempo da escola. Aprendemos socialmente nas experiências informais, nas ruas, nas praças, no trabalho e nos pátios do recreio. Há muita pedagogia relacionada à materialidade dos espaços e na formação docente, mas o mais importante é compreender os valores dos sentimentos, das emoções, dos desejos, da insegurança a ser superada e do medo (que ao ser educado vai gerando coragem).
Para ensinar é necessário ter essa consciência de que somos seres inacabados e também condicionados. O ser humano é um ser ético, capaz de mudar o rumo das coisas. É a partir da consciência que se desenvolve a ética. Ser condicionado é o que permite ao ser humano ter a certeza de que se pode ir mais longe, pois se não pudéssemos, seríamos seres determinados. Sabendo que somos inacabados, temos a opção de melhorar. Se assim não fazemos, estamos traindo ou negando a própria ética.
Freire destaca esse saber como veículo da "educabilidade". Conviver com o saber gera sabedoria. Contudo, ao contrário do que a educação progressista propõe, a memorização não educa, não forma, mas ‘domestica’. Dessa forma, apresenta o professor autoritário como um transgressor da eticidade, que não dá o devido respeito à autonomia de seu educando. Trata-se de uma ruptura com a decência.
Para ensinar é necessário, ainda, ter bom senso. O bom senso leva a perceber quando devemos exercer a autoridade na classe e quando essa autoridade é exacerbada. Quanto mais eficazmente curiosos nos formamos, mais críticos seremos em nosso bom senso. Respeitar a dignidade do educando, nos leva a nunca subestimar ou zombar do seu conhecimento. Ele contribui, portanto, para que o educador não ignore um aluno quieto demais, mas procure saber as causas do seu retraimento. Os educadores devem ser éticos, ter seriedade e retidão. Seja como for, o professor deve saber que todos deixam suas marcas nos alunos, por isso a ética profissional pede também que o docente seja sincero quanto a seu posicionamento. Ser neutro é uma forma de desrespeito ao alunado.
Contudo, existem circunstâncias que desafiam a ética profissional, desestimulando o professor e fazendo com que corra o risco de cair na indiferença. Ela caracteriza o descaso com as escolas públicas, a falta de materiais, os baixos salários. No entanto, Paulo Freire defende que é melhor abandonar a profissão do que exercê-la com desdém de si e dos educandos. Ele também discorda das atuais formas de luta, voltadas para greves que prejudicam ainda mais os educandos, deixando em aberto que é necessário pensar em novas formas de lutar, pois quem ama o que faz, nunca deve se conformar.
Um educador progressista deve trabalhar em cima da problematização do futuro, pois o determinismo de que o futuro já é conhecido faz morrer a esperança e consequentemente os sonhos. Um professor deve ser alguém alegre e esperançoso, o que vai na contramão de qualquer atitude determinista. Deve-se pensar no futuro por meio de possibilidades. Em outras palavras: todo problema deve ser visto como oportunidade de aprender e não como justificativa para o conformismo. Ninguém deve viver no mundo, com pessoas e com o mundo de maneira neutra. Em outro momento, já no fim do livro, o autor aponta que ser alegre não é oposto à rigorosidade. Quanto mais metodicamente rigoroso exercer a busca e a docência, mais feliz e esperançoso o educador será.
Para que tomemos esse posicionamento é necessário haver em nós um tom de rebeldia e não de resignação, pois é na rebeldia que nos afirmamos e esse é o nosso ponto de partida: andar em conjunto com o posicionamento radical e crítico. Isso possibilitará mudanças no mundo, a partir da dialetização entre a denúncia da situação e o anúncio de sua superação. Em mente, deve estar o pensamento de que embora difícil, a mudança é possível.
O educador progressista deve ser sensível, promovendo uma releitura do grupo para assim provocá-lo e estimulá-lo a uma nova forma de compreensão do contexto. Ele aponta que um dos equívocos dos militantes políticos de prática messiânica é desconhecer totalmente a compreensão de mundo dos grupos populares. Eles vêm como salvadores, mas por desconhecer o contexto e se acharem donos da verdade, acabam fazendo imposições, o que em nada ajuda a classe. Mais à frente ele reforça que esta sensibilidade é ingrediente importante na docência, porque somos gente e lidamos com gente. Só não se pode ser antiético a ponto de se passar como terapeuta.
Mais uma vez, então, ele fala da curiosidade destacando que o educador progressista deve enxergar a curiosidade como motor para o conhecimento, pois ela convoca a imaginação, a intuição, a capacidade de conjecturar, de comparar e de buscar a sua razão de ser. Aquele que impede ou dificulta o exercício da curiosidade do educando, acaba podando a sua própria curiosidade e consequentemente o seu aperfeiçoamento como professor. O professor deve planejar e seguir seu roteiro, mas também deve deixar espaço para o diálogo para que assim ambos, professor e aluno, se conscientizem de sua postura e de que a aula é dialógica, enquanto se ouve e se fala. Num trabalho dialógico é indispensável que a autoridade e a liberdade se convertam em um ideal de respeito comum, enquanto no autoritarismo se rompe com a liberdade do aluno.
A autoridade docente democrática deve ser segura de si mesma e essa segurança faz com que não haja a necessidade de, a cada instante, fazer discursos para lembrar aos alunos de sua autoridade, pois ela é exercida com indiscutível sabedoria. Por isso, para ter força moral, o professor deve levar a sério sua formação, se esforçando para estar à altura de sua tarefa, pois a incompetência profissional desqualifica a autoridade do professor. Essa competência não significa que o professor sabe tudo que envolve sua disciplina. Em outro momento o autor fala que nem sempre o professor saberá responder à pergunta a ele feita, e responder ao aluno que não sabe a resposta imediata não é humilhação. O desempenho do professor depende de como os alunos o veem. Portanto, não se deve mentir aos alunos ou enrolá-los. Além disso, o professor deve se comportar com generosidade, pois se for mesquinho em atitudes dificilmente ganhará o respeito de seus alunos.
A autoridade coerentemente democrática jamais minimiza a liberdade, mas aposta nela e vê a rebeldia da liberdade como uma oportunidade e não como um sinal de deterioração da ordem, pois o educando que exercita sua liberdade se torna mais eticamente responsável por suas ações. Decidir é romper e para romper se corre riscos. O essencial das relações entre autoridades e liberdades é a reinvenção do ser humano no aprendizado de sua autonomia.
O professor deve reconhecer que educar é uma forma de intervir no mundo e, por isso, não é possível ser um educador democrático assumindo características neutras, mas um posicionamento. A coerência do educador em classe é tão importante quanto ensinar conteúdos e os alunos precisam perceber a procura do professor por sua coerência para que o ensino não pareça contraditório. Isso aponta diretamente para o fato de que se o ensino é dialógico e não existe comunicação neutra, logo o educador neutro não ensina de maneira dialógica.
É inegável a tensão que há entre autoridade e liberdade. A liberdade sem limite é tão fútil quanto a liberdade asfixiada. Deve-se ter em mente que a liberdade centrada é aquela que não prejudica o funcionamento do contexto pedagógico. Caso haja prejuízos na aula, a liberdade está desregulada e se tornou licenciosidade. Por isso, deve-se dar liberdade com criticidade, pois por meio da liberdade trabalhamos a autonomia dos alunos. É decidindo que aprendemos a decidir.
Vivemos em um mundo em que não se pode dizer que a educação não é política, por isso não podemos pretender a neutralidade da educação, mas o respeito mútuo. O educador democrático deve se colocar em si um saber especial de que a educação não pode tudo, mas alguma coisa a educação pode.
Escutar é uma qualidade imprescindível do professor. Escutar o aluno é uma das formas de dar gosto a ele pela aventura de espírito e de liberdade. Da perspectiva do professor democrático, visa-se a formação integral do indivíduo e para isso é importante repensar os sistemas de avaliação para que seja instrumento em favor da formação de sujeitos críticos.
Há uma grande diferença entre o espaço do educador democrático e o daquele que domestica. O educador democrático fala em um espaço silencioso, onde todos lhe escutam, já quem domestica, fala em um espaço silenciado por imposição. Escutar é uma prática democrática, logo não tem relação com o autoritarismo, e quem o pratica está sempre em busca de argumentos, pois a verdadeira ‘escuta’ não diminui o direito de discordar, se opor ou se posicionar. Ao escutar alguém, aprendemos a falar com o outro. A leitura de mundo do educando deve ser respeitada, pois revela o trabalho individual de cada um em seu próprio processo de assimilação da inteligência no mundo, bem como os aspectos culturais e sociais que o constituem. Isso implica também em ter afetividade por seus alunos, sem deixar que afete a autoridade docente.
Como educadores, tudo o que fazemos deve contribuir para o bem da humanidade. Não se pode chamar de progresso o que traz danos à humanidade. Avanços científicos e tecnológicos que levam milhares de pessoas à desesperança só demonstram o quanto o homem tem se tornado a cada dia mais transgressor da ética universal, visando apenas o mercado e o lucro. Corremos o risco de ter uma sociedade operada por máquinas inteligentes contrastando com milhares de pessoas desempregadas e sem ter o que fazer. Por isso, professores progressistas devem estar atentos a discursos ideológicos ou aos que querem a morte das ideologias, pois esses discursos tendem a anestesiar a mente, confundir a curiosidade, distorcer a percepção dos fatos, das coisas e dos acontecimentos. É preciso lidar sem medo e sem preconceito, com as diferenças, pois fazendo assim melhor nos conhecemos e construímos o nosso perfil.
Saber que somos inacabados implica em se abrir ao mundo e aos outros na procura por respostas a múltiplas perguntas. Perguntas e respostas tratam de diálogo, algo que não pode faltar no processo de ensino-aprendizagem. Não há como ensinar sem estar aberto ao contorno geográfico e social dos alunos. Para diminuir a distância entre o professor e aluno é necessário ajudar a aprender, não importa qual saber, visando à mudança do mundo e à superação das estruturas injustas, rejeitando qualquer discurso raivoso e sectário. Deve-se ter cuidado com afirmações baseadas em informações adquiridas pela mídia, pois é impossível que passemos todo o tempo analisando criticamente o que foi falado num programa de televisão, logo, já que não analisamos naquele momento, devemos analisar antes de falar sobre, para não cometer equívocos.
A obra resenhada apresenta aspectos que de fato confrontam a maioria dos educadores da atualidade e, sem dúvida, da época em que foi escrita pelo autor. Não há dúvidas de que os escritos de Paulo Freire são polêmicos não só por defenderem a causa dos menos favorecidos, mas também por sempre relacionarem educação e política. O autor não admite que a escola possa ser sem partido. Para ele, onde há diálogo e argumentação, existe ideologia, pois não há discurso que seja neutro.
Ao tratar da escola democrática, o autor expõe que não se pode viver no mundo de maneira neutra e individualista, pensar apenas em seu próprio lucro é trair a ética universal e tal pensamento vai de encontro com a reflexão deixada por Morin (2000). O autor em seu livro diz: "Precisamos doravante aprender a ser, viver, dividir e comunicar como humanos no planeta Terra, não mais somente pertencer a uma cultura, mas ser terrenos".
Freire também fala da importância de o professor ser próximo do aluno e de manter uma relação segura, mas de afeto com eles, desde que o bom senso contribua para que isso não interfira ou prejudique a sua autoridade e o trabalho a ser realizado. De pensamento similar, encontramos Perrenoud (2000) que defende a diminuição da distância entre professor e educando. O professor não deve se deixar levar por algumas chantagens e manipulações, pelo bem do processo. Tais pensamentos, fortalecem o que Piaget (2014) afirma sobre a afetividade como ponto essencial no desenvolvimento mental da criança.
Paulo Freire reforça bastante que o professor progressista não deve considerar que o futuro já está escrito, mas que é constituído de possibilidades. O pensamento de Edgard Morin concorda com o de Piaget ao dar ênfase à importância dessa compreensão para a formação do aluno como agente ativo na sociedade: "O futuro chama-se incerteza" (Morin, 2000).
Em certo momento, Freire expõe a importância da ética do professor para não contradizer seu discurso, pois, segundo ele, não há como ser ouvido se não praticamos o que ensinamos. Sobre isso, Perrenoud (2000) concorda ao dizer que: "Os valores e o comprometimento pessoais do professor são decisivos. Eles deveriam ser trabalhados no período de formação, no âmbito de uma ética profissional".
No livro aqui resenhado, o autor fez também um pequeno discurso sobre avaliação, destacando que a avaliação deve formar o sujeito de maneira integral, estimulando o pensamento crítico do indivíduo. Luckesi (2008) dá força a esse pensamento ao afirmar que a avaliação aplicada por meio do autoritarismo segue a pedagogia do exame que traz consigo um vasto leque de consequências negativas.
Há na obra de Freire um destaque para falar sobre a importância de combater a discriminação. Sobre isso, Perrenoud (2000) também traz uma reflexão ao expressar que: "Nenhuma vítima de preconceitos e de discriminações pode aprender com serenidade".
Outro pensamento de Freire que muito se aproxima do que Perrenoud (2000) discorre sobre a importância de o professor buscar melhorar a sua formação. Para Freire, toda prática deve ser refletida e melhorada, pois um professor progressista sabe que sempre é possível melhorar. Para ter força moral o professor deve levar a sério a sua formação.
A Pedagogia bancária combatida no livro foi extensamente exposta e criticada em uma obra do mesmo autor, Pedagogia do Oprimido. Nela, Paulo Freire também ressalta o quanto os menos favorecidos vêm sendo oprimidos por políticas que em nada os favorece (Freire, 1987).
Paulo Freire foi um grande pesquisador, escritor, filósofo e educador pernambucano, cujos ideias e teorias percorrem não só todo o país, mas o mundo. É o homem que mais recebeu título honoris internacionais. 350 escolas ao redor do mundo levam o seu nome. Sua formação inicial foi em Língua Portuguesa, mas chegou a trabalhar também na área de assistência social e como professor de Filosofia nas Universidades. Conhecido por defender a causa dos menos favorecidos, o autor chegou a ser preso na época da ditadura militar por entenderem que ele era um risco iminente de revolta dos menos favorecidos. Nascido em 1921, o autor veio a falecer em 1997. Apesar de muito amado, conhecido e reconhecido, há quem discorde grandemente de suas conclusões (Ilhéus, 2020; Porfírio, 2021).
O livro "Pedagogia da Autonomia" foi a última obra de Paulo Freire publicada em vida, um ano antes de sua morte. Vieram, em seguida, as obras "Medo e Ousadia", republicada como 5ª edição, em 1996, e a obra "Pedagogia: diálogo e conflito" de 1995. Após "Pedagogia da Autonomia", ainda houve a publicação de uma última obra de Paulo Freire, o livro "Pedagogia da Indignação", contudo o autor já não era vivo. Uma vez que o autor publicou muitas obras durante a sua carreira, podemos extrair dele ("Pedagogia da Autonomia") conclusões do autor durante todo o seu percurso como educador, talvez o sumo mais filtrado e rico que ele forneceu (Miranda, 2018).
Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
ILHÉU, Taís. Quem foi Paulo Freire e por que ele é tão amado e odiado. Guia do Estudante Abril, 19 de setembro de 2020. Disponível em: https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/quem-foi-paulo-freire-e-por-que-ele-e-tao-amado-e-odiado/. Acesso em: 7 maio 2021.
LUCKESI, Cipriano C. A avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez, 2008.
MIRANDA, Carol. Dica de livro: Pedagogia da Autonomia. 2018. Disponível em: https://www.profseducacao.com.br/2018/10/18/dica-de-livro-pedagogia-da-autonomia/. Acesso em: 7 maio 2021.
MORIN, Edgard. Os sete saberes necessários para a educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2000.
PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.
PIAGET, Jean. Relação entre a afetividade e a inteligência no desenvolvimento mental da criança. Rio de Janeiro: Wak, 2014.
PORFÍRIO, Francisco. Paulo Freire. Brasil Escola. s/d. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/paulo-freire.htm. Acesso em: 07 maio 2021.
Publicado em 18 de julho de 2023
Como citar este artigo (ABNT)
MENDONÇA, Stephany Fernando de Araujo Flôres. Reflexões sobre "Pedagogia da Autonomia": análise crítica e comparativa do pensamento de Paulo Freire com o de outros autores. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 23, nº 27, 18 de julho de 2023. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/23/27/reflexoes-sobre-pedagogia-da-autonomia-analise-critica-e-comparativa-do-pensamento-de-paulo-freire-com-o-de-outros-autores
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