Diminuição da participação familiar dos alunos da Escola Raul de Medeiros Dantas

Maciel Medeiros Antunes

Licenciando em Matemática (UFRN), bolsista do projeto de tutoria: Apoio Acadêmico e Pedagógico aos Discentes Ingressantes no Curso de Matemática (Ceres – 2022) e do Programa Educação Tutorial

Não existe sociedade sem educação. Nas mais utópicas idealizações de sociedade perfeita, a educação se faz presente constantemente a partir das interações entre os cidadãos, de seus comportamentos éticos e, claro, de níveis de escolaridade elevados. Como afirma José Carlos Libâneo, uma das maiores referências da pedagogia brasileira, “a educação – ou seja, a prática educativa – é um fenômeno social e universal, sendo uma atividade humana necessária à existência e funcionamento de todas as sociedades” (Libâneo, 1994, p. 16).

Dessa forma, milhares de pesquisadores ao longo do desenvolvimento científico, especializaram-se no estudo da Educação e do Processo de Ensino. Um importante ramo dessa temática se dá a partir dos estudos acerca da interação entre família e escola, previsto no Art. 205 da Constituição Brasileira: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (Brasil, 1988). Cabendo a Escola representar o Estado na educação dos cidadãos, a função trivialmente se potencializa quando trabalhada com a família, trazendo uma maior qualidade para os estudantes. Como exemplo, temos a conclusão apresentada no artigo de Maria Aparecida Taveira Bispo, “a importância da participação da família no ensino e aprendizagem escolar das crianças nos anos iniciais do ensino fundamental”, informando:

Pode-se verificar que a participação da família nesse processo é de grande importância para os alunos, pois através da interação da família com a escola, essa aproximação vai contribuir no desenvolvimento da criança e das atividades escolares. Em primeiro lugar, tanto a família como a escola têm que reconhecer seu verdadeiro papel nesse processo e começar a colocar em prática uma relação mais próxima. Percebeu-se também, que é de grande importância para a criança contar com apoio da família tanto dentro da escola como fora, pois quando a criança sabe que pode contar com sua família sente-se mais segura para enfrentar as coisas novas que vão surgindo, não só nesse processo, mas em várias circunstâncias da vida, e na escola essa interação da família só vem a contribuir com o desenvolvimento do aluno (Bispo, 2015).

Entretanto, mesmo com diversos estudos que comprovam a importância deste trabalho em conjunto, o que se observa no cotidiano das escolas é uma queda na participação dos responsáveis dos alunos no âmbito escolar, como destaca Vauthier (2020, p.12):

a falta de comprometimento da família com a educação dos filhos há muito tempo vem crescendo com o passar dos tempos. Este é um dos fatos que danifica a imagem da educação, como também prejudica o processo de ensino e aprendizagem dos filhos na escola. Assim, atitudes como estas dos pais passam a fazer parte da cultura das famílias, não só as atuais, mas já as remotas; que justificam que não há tempo para acompanhar seu filho no dia a dia escolar”.

A partir disso, este trabalho possui o objetivo de investigar se há de fato uma diminuição na participação das famílias na vida escolar dos alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Raul de Medeiros Dantas, localizada no município de São José do Seridó/RN e como isso afeta o desempenho escolar deles.

Desenvolvimento

O desempenho escolar é uma grande preocupação da grande maioria dos professores, principalmente os do ensino público. Com o passar dos anos, a aprendizagem dos alunos se mostra cada vez menos satisfatória e as hipóteses para essa queda de desempenho são diversas, uma das principais, é justamente a diminuição da participação da família na vida escolar. Há claro a problemática relacionada ao ensino remoto, necessariamente implementado durante a pandemia da covid-19 nos anos 2020 e 2021. Entretanto, antes mesmo da paralisação das aulas presenciais, muito já se discutia sobre essa queda de rendimento dos alunos, como podemos observar na monografia de Cristiane Calixto de Araújo, cujo título foi “A importância da participação da família no processo de ensino-aprendizagem”, realizada em 2010:

Hoje, poucos são os casos em que a Família e Escola, através das Associações de Pais e Mestres, compartilham a responsabilidade sobre a educação escolar. Em geral, a escola promove reuniões para dar explicações – para não dizer fazer queixas – sobre o desempenho e o comportamento dos escolares. Assim, uma a duas vezes por semestre, às vezes ao ano, os pais são convidados para uma dessas reuniões. Quase sempre, as relações família-escola. No mais, os pais têm se mantidos bastante afastados do convívio escolar.

Portanto, podemos concluir que essa não é uma preocupação recente, o que justifica a pesquisa realizada neste artigo.

Questionário com os professores

A partir disso foi realizada uma pesquisa qualitativa com 15 professores que possuem pelo menos 10 anos de trabalho na Escola Raul, visando o levantamento de dados a respeito de alguma diminuição na participação das famílias dos alunos ao decorrer da última década. Foi aplicado um questionário com cinco perguntas objetivas e uma pergunta discursiva.

Questões objetivas

  • Há quanto tempo você é professor(a) da escola Raul?

Os resultados podem ser observados na Figura 1.

Figura 1: Tempo de trabalho dos professores entrevistados

A partir disso, podemos constatar a propriedade de todos os professores e professoras entrevistados, pois 66,7% (10 dos 15) possuem mais de 20 anos na Escola Raul.

  • Como você classifica a importância da participação familiar no âmbito educacional?

Apesar da trivialidade da pergunta, é importante constatá-la, e como esperado, foi obtido o seguinte resultado, expresso na Figura 2.

Figura 2: Classificação dos professores quanto à participação da família na vida escolar dos alunos

Como era de se esperar, todos os professores classificaram como extremamente importante a participação da família no âmbito escolar.

  • Como você classifica a participação das famílias na escola durante o ano de 2022?

Levando em consideração a distância proporcionada pela pandemia é importante avaliarmos como os professores estão considerando a participação da família em 2022. Os resultados obtidos podem ser observados na Figura 3.

Figura 3: Participação da família na escola em 2022

Como podemos observar, nenhum dos professores considerou a participação alta ou muito alta, 53,3% (8 professores) consideraram baixa, 40% (6 professores) consideraram normal e um professor considerou muito baixa. A percepção de cada é subjetiva, entretanto, podemos notar a inexistência de uma boa participação da família no ano de 2022.

  • Com o passar do tempo, você observou uma diminuição da participação dos pais na vida dos estudantes?

Com a hipótese de que ao passar do tempo a participação das famílias está cada vez menor, essa pergunta buscou identificar tal comportamento pela percepção dos professores. Os resultados são demonstrados na Figura 4.

Figura 4: Diminuição da participação familiar com o passar do tempo

  • Antes da pandemia covid-19, você já observava alguma diminuição da participação dos pais na vida dos estudantes?

Há quem acredite que a pandemia foi a causadora da diminuição da participação familiar nas escolas, entretanto, antes mesmo da pandemia muitos atores relatavam a diminuição, portanto, essa pergunta visou comprovar se antes da pandemia já havia uma diminuição da participação dos pais (Figura 5).

Figura 5: Diminuição da participação familiar nas escolas antes da pandemia

Como todos os professores afirmaram haver de fato uma diminuição com o passar do tempo antes mesmo da pandemia, excluímos a hipótese de que ela é a fonte da diminuição, sem deixar de levar em consideração que ela pode ser um fator que contribui para a queda.

Questão discursiva

A pergunta discursiva visou dar liberdade para que os professores que desejassem expressar suas opiniões quanto ao assunto, 14 dos 15 responderam à seguinte pergunta: “O que leva você a pensar que os pais estão desinteressados da educação de seus filhos?”.

Antes dos resultados serem apresentados, é importante contextualizar o leitor de que a Escola Raul se localiza em São José do Seridó, uma pequena cidade do interior do Rio Grande do Norte que possuía 4.231 habitantes segundo o último censo realizado pelo IBGE e que a fonte de renda de grande parte da população advém do trabalho em fábricas de costura que exigem dos trabalhadores uma rotina exaustiva de trabalho.

Professor(a) 1: A correria do dia a dia.

Professor(a) 2: Muitos pais precisam trabalhar e utilizam esse argumento como forma de não terem tempo para seus filhos.

Professor(a) 3: Boa parte dos pais ou responsáveis acreditam que trabalhar para manter a família é mais importante do que acompanhar na vida escolar dos filhos. Infelizmente a realidade é assim.

>Professor(a) 4: Falta de compromisso por parte da família, pois é como se a educação estivesse sem valor para muitos, onde muitos apenas enxergam o campo de trabalho.

Professor(a) 5: Falta de tempo devido ao acúmulo de trabalho.

Professor(a) 6: Sim, porque eles estão delegando suas responsabilidades para a escola.

Professor(a) 7: A questão financeira não permite que os pais de ausentem dos trabalhos para participar ativamente da vida escolar dos filhos.

Professor(a) 8: As famílias estão deixando a responsabilidade da educação dos filhos apenas para a escola.

Professor(a) 9: Acho que por trabalhar fora; aulas de reforço, aquele momento que os pais têm com os filhos foi transferido para o professor.

Professor(a) 10: As reclamações quando o filho chega com o resultado insatisfatório.

Professor(a) 11: Acredito que uma boa quantidade de pais, delegam toda responsabilidade para a escola, outros não acreditam nos valores e os filhos ficam muito à vontade e chegando à escola não conseguem seguir as regras da instituição.

Professor(a) 12: A maioria trabalha em fábricas e são proibidos de sair pra reuniões.

Professor(a) 13: Colocam a responsabilidade na escola.

Professor(a) 14: Geralmente quem não se interessa pela educação formal dos filhos (educação escolar) é porque não se preocupa com o futuro do(a) seu(sua) filho(a) ou porque não tem a noção de quão importante é o ambiente escolar para todos, por isso, não valoriza a escola como lugar de formar cidadãos e considera a escola um depósito para deixar o(a) filho(a) no horário que lhe for conveniente. Existem trabalhos, inclusive na própria escola, para mudar esse tipo de pensamento, mas, infelizmente, eles não conseguem mudar a percepção de muitos pais e/ou responsáveis.

Como podemos observar, a grande maioria dos professores atribui parte da falta de participação das famílias à rotina de trabalho dos pais, de fato, é compreensível que tendo uma rotina exaustiva de trabalho, os pais deixem apenas para a escola a responsabilidade da educação dos filhos. Uma hipótese para esse comportamento é o impacto causado pela Reforma Trabalhista (2017) - a reformulação da Consolidação das Leis do Trabalho, por meio da qual foram alterados uma série de direitos do trabalhador brasileiro, bem como os deveres das empresas sob a ideia de que as relações de trabalho devem se tornar mais flexíveis, o que traz muitas controvérsias a respeito da perda de muitos direitos dos trabalhadores - na participação das famílias na escola, que pode ser tema para trabalhos futuros.

Participação dos pais de alunos reprovados no 6° ano (2017, 2018 e 2019)

Na Escola Raul, as reuniões de pais são realizadas por turmas, em cada turma é feito o controle da presença dos pais dos alunos e daí surgem os “Livros de Reuniões”, que são cadernos utilizados pela escola para controlar todos os tipos de reuniões realizadas, sejam elas pedagógicas, contando somente com a supervisão pedagógica e professores, reuniões administrativas ou reuniões de pais, como podemos observar nas Figuras 6 e 7. A partir disso foi feito um levantamento de dados quantitativos acerca da participação dos pais nas reuniões das turmas de 6° ano dos anos de 2017, 2018 e 2019, levando em consideração a participação dos pais dos alunos que foram reprovados nos respectivos anos. Anualmente são realizadas 4 grandes reuniões de pais, a primeira no início do ano letivo e as outras no final dos 1°, 2° e 3° bimestres. Dessa forma, consideramos regular a participação em 3 ou mais reuniões, baixa uma participação em apenas 2 reuniões de 4, muito baixa, quando a participação ocorre em apenas 1 das 4 reuniões e Sem Participação quando os pais não compareceram em nenhuma das 4 reuniões.

Figura 6: Livros de atas das reuniões

Figura 7: Termo de abertura dos "livros de reuniões"

O ano de 2017

Em 2017, a escola Raul contou com três turmas de 6° ano, as turmas são divididas numericamente: turmas 1, 2 e 3. Todas as turmas desse ano tiveram reprovações, a turma 1 teve 2 reprovados e os pais apresentaram uma participação baixa. Já a turma 2, com 2 alunos reprovados, teve a participação de 1 dos pais nas reuniões, por isso também teve participação muito baixa. A turma 3 apresentou apenas uma reprovação, que de maneira semelhante às demais turmas teve uma baixa participação dos pais.

Naquele ano, a falta de participação dos pais nas reuniões se mostrou presente em 100% dos alunos reprovados, há claro os alunos que são aprovados mesmo tendo participações dos pais baixas e muito baixas, entretanto, entre os que reprovaram, essa falta de participação se mostrou factual. 

O ano de 2018

Em 2018, a escola novamente contou com três turmas de 6° ano e a divisão foi a mesma. A turma do 6°ano (1) não teve nenhum reprovado, nesta turma, os pais de todos os alunos se fizeram presentes em praticamente todas as reuniões, com poucas exceções que tiveram a participação baixa. A turma do 6° (2) teve dois reprovados, onde um deles teve uma baixa participação da família e o outro teve uma participação regular. Já a turma do 6° (3) apresentou um número alto de reprovações ao contabilizar sete reprovações, de onde apenas 2 dos alunos tiveram seus responsáveis com a participação regular, dos outros 5, 2 alunos tiveram a participação de seus responsáveis muito baixa e 3 uma participação baixa.

No ano de 2018, tivemos os dois extremos, na turma do 6° (1) em que os pais foram presentes nas reuniões, não houve reprovação, em contrapartida, na turma com mais pais com baixa e muito baixa participação, o número de reprovação foi altíssimo, provavelmente o desempenho das turmas no geral também tenha sido discrepante, o que nos leva à seguinte hipótese: turmas com alunos em que os responsáveis são irresponsáveis com a educação de seus filhos tendem a obter desempenhos menores? Mas como esse não é o foco principal da pesquisa, não foi realizada nenhuma pesquisa sobre.

O ano de 2019

Em 2019, também com três turmas, teve na turma do 6° (1) uma reprovação, em que os responsáveis tiveram uma baixa participação. Já a turma do 6° (2), foram 4 reprovados de onde as participações dos responsáveis foram uma baixa, uma muito baixa e duas participações regulares. Já a turma do 6° (3), contabilizou 5 reprovações, de onde as participações foram muito baixas, tendo apenas uma participação regular, duas baixas, uma muito baixa e um dos alunos não teve seu responsável em nenhuma das reuniões, ou seja, sem participação.

Nesse ano pudemos observar que a participação dos pais nas reuniões não impede de que um aluno reprove, mas, ao não participar, as chances daqueles alunos serem aprovados é baixa, pois dificilmente os pais que faltam se fazem presentes na educação dos filhos dentro de casa, ajudando-o a resolver as atividades de casa por exemplo.

A ausência dos pais nas reuniões realmente faz a diferença?

Dessas reprovações de 2017, 2018 e 2019, algumas foram dos mesmos alunos, nenhum dos responsáveis dos alunos reprovados participaram com frequência das reuniões, apresentando maior presença nos anos seguintes, quando retornaram a reprovar. Quando o responsável não participa da reunião, a comunicação entre professor e família é perdida e os pais que não participam, ficam sem saber do desempenho ou do comportamento do aluno em sala de aula. Isso acaba dando uma maior liberdade para o aluno se recusar a estudar ou para apresentar falta de um bom comportamento em sala de aula.

Avaliando a participação dos pais em uma perspectiva geral

Levando em consideração o ano de 2022, já com a volta do ensino presencial, realizou-se uma análise da participação dos pais dos alunos do 6° ano (1 e 2), em uma das grandes reuniões de pais da escola, a fim de avaliar como isso pode interferir no desempenho geral das turmas. É importante destacar que a participação dos pais nas reuniões não é o único fator que influencia o desempenho escolar dos alunos, fatores socioeconômicos, psicológicos e qualidade da educação infantil, influenciam diretamente no desempenho escolar. Entretanto, visando à objetividade desta proposta, nos concentramos na organização entre a participação e o desempenho na busca por resultados sobre a participação dos pais na vida escolar dos alunos.

Para esta análise foi realizada uma amostragem a partir da reunião realizada no fim do 2° bimestre no dia 24 de agosto de 2022. A turma 1, do turno matutino, possui 22 alunos, enquanto a turma 2, do turno vespertino, possui 30 alunos. A frequência dos pais, de ambas as turmas, está contabilizada na tabela 1, a seguir.

Tabela 1: Participação dos pais na reunião após o 2° bimestre

Turma

Quantidade de alunos

Quantidade de pais presentes

Frequência relativa

6°ano (1)

22

14

63,6%

6°ano (2)

30

6

20%

Fonte: Registros da Escola Raul de Medeiros Dantas

Como podemos notar, na reunião, que tinha como objetivo apresentar os resultados do 2° bimestre e fomentar a relação pais-professores, 14 responsáveis pelos alunos da turma do 6°1, que correspondem a 63% da turma participaram da reunião. Enquanto na outra turma, apenas 6 responsáveis pelos alunos da turma do 6°2, que corresponde a somente 20% dos responsáveis que se fizeram presentes. Ao avaliarmos os boletins dos alunos com as notas dos 1° e 2° bimestres, nenhum dos alunos do 6°1 apresentavam risco de reprovação (nem por nota, nem por excesso de faltas) enquanto na turma do 6°2, 7 alunos apresentam risco de reprovação em virtude de atrasos no aprendizado, tendo notas baixas. Desses 7 alunos com risco de reprovação, apenas 1 teve seu responsável presente na reunião.

Por se tratar de uma amostragem pequena é difícil apresentar constatações concisas. Esse levantamento de dados visa contribuir para a discussão principal que é a investigação da diminuição na participação das famílias na vida escolar dos alunos da Escola Raul.

Conclusão

Por fim, devemos levar em consideração os resultados das três análises desenvolvidas neste trabalho para obtermos as conclusões de uma forma a levar em consideração todos os resultados. Ao avaliarmos os resultados da seção 3, que se trata do questionário aplicado com os professores da escola, podemos perceber com clareza de que os professores têm notado uma diminuição da participação dos pais ao decorrer dos anos e que, a partir das respostas da pergunta discursiva, as relações de trabalho estão implicando diretamente nessa diminuição, pois os professores observam que os pais estão com cada vez menos tempo dedicados à educação dos filhos, deixando apenas para a escola a responsabilidade de educar.

Com os resultados das seções 4 e 5, podemos observar que não há implicação direta entre a não participação das reuniões de pais e a reprovação dos alunos, entretanto, há uma implicação entre os alunos reprovados e a não participação dos pais nas reuniões. Em outras palavras, um pai deixar de ir para a reunião do seu filho não quer dizer que ele será reprovado, entretanto, o aluno reprovado, provavelmente traz uma baixa participação de seus responsáveis nas reuniões. Ora, um responsável que se ausenta de reuniões, deixa de ficar ciente da situação de seu filho, dando mais liberdade para que o aluno tenha um mal comportamento ou siga apresentando problemas de aprendizagem.

O filósofo e educador Mario Sérgio Cortella alertava, ainda em 2014, numa entrevista para o Estadão, que as famílias estão confundindo educar e escolarizar, já que segundo ele: “a educação é a formação de uma pessoa – responsabilidade dos pais – e a escolarização é um pedaço da educação, é necessário que as famílias assumam as suas responsabilidades”, de modo que é impossível para a escola educar sozinha os alunos. Por fim, podemos concluir que de fato há uma diminuição na participação das famílias dentro do âmbito educacional da escola Raul de Medeiros Dantas e assim como o filósofo acredita, as famílias precisam cumprir com suas obrigações. Desse modo, há uma necessidade de um planejamento da escola tendo uma maior atenção da administração pública municipal para que sejam desenvolvidos projetos que busquem retomar a participação da família na vida estudantil dos alunos, afinal, quanto mais os pais participarem do cotidiano escolar dos filhos, melhor será para todos, principalmente para a escola, pois sozinha ela jamais dará conta de educar e escolarizar os alunos.

Referências

ARAÚJO, C. C. de. A importância da participação da família no processo de ensino-aprendizagem.Monografia - Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro, 2010.

BISPO, M. A. T. A importância da participação da família no ensino-aprendizagem escolar das crianças nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Revista Eventos Pedagógicos, v. 6, n° 2, p. 160–169, 2015. Disponível em: https://periodicos2.unemat.br/index.php/reps/article/view/9642. Acesso em: 18 out. 2022.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988.

ESTADÃO. Cortella: “A escola passou a ser vista como um espaço de salvação”. Educação. Disponível em: https://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,cortella-a-escola-passou-a-ser-vista-como-um-espaco-de-salvacao,1168058. Acesso em: 10 nov. 2022.

LIBÂNEO, J. C.Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

LIBÂNEO, J. C. Educação: Pedagogia e Didática – o campo investigativo da Pedagogia e da didática no Brasil: esboço histórico e buscas de identidade epistemológica e profissional. In: PIMENTA, Selma Garrido (org.).Reforma Trabalhista: o que é e confira as principais mudanças na lei. Convenia. Disponível em: https://blog.convenia.com.br/reforma-trabalhista/. Acesso em: 10 nov. 2022.

VAUTHIER, R. L. A participação da família no processo de ensino-aprendizagem. Rio de Janeiro: Autografia, 2020.

Publicado em 01 de agosto de 2023

Como citar este artigo (ABNT)

ANTUNES, Maciel Medeiros. Diminuição da participação familiar dos alunos da Escola Raul de Medeiros Dantas. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 23, nº 29, 1 de agosto de 2023. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/23/26/diminuicao-da-participacao-familiar-dos-alunos-da-escola-raul-de-medeiros-dantas

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