A realidade virtual e o ensino de História: um relato de experiência
Ana Laura Galvão Batista
Graduada em História (Unesp - Franca), mestranda no Programa de Pós-Graduação em História (Unesp)
No dia 11 de março de 2020 a Organização Mundial da Saúde (OMS), ao decretar estado de pandemia mundial em decorrência do alastramento do então chamado novo coronavírus (SARS-CoV-2), inaugurou um período de medo, dúvidas e tensões que atingiria, em diferentes escalas, todos os países do globo. O Brasil, desde fevereiro de 2020 (Brasil, 2020), indo ao encontro de determinações e mudanças de hábitos adotados em outras regiões diante da situação de calamidade pública, implantou como principais medidas de combate à covid-19 o isolamento e o distanciamento sociais, apesar de até o mês de abril essas medidas não terem sido consideradas como lockdown em muitas cidades brasileiras (Alves, 2020). Em um contexto mundial que rapidamente passou a ser marcado cada vez mais pelo aumento do número de casos e de mortes pelo vírus, somam-se às perdas humanas os impactos econômicos gerais que não devem ser de modo algum ignorados ou minimizados; entre os setores sociais atingidos pela suspensão das atividades, dentre os mais impactados destaca-se a área da educação.
Para o ano letivo de 2021, no Estado de São Paulo, de acordo com a Resolução Seduc nº 11, de 26 de janeiro, o retorno às atividades escolares presenciais foi justificado pelas evidências dos impactos negativos e dos riscos à saúde que o fechamento das escolas poderia trazer para o desenvolvimento infantil, além do embasamento em estudos científicos que supostamente evidenciariam que os jovens de até 18 anos de idade não constituíam os maiores responsáveis pela disseminação da covid-19, sendo a incidência do vírus e os riscos de complicações reduzidos nessa faixa etária (São Paulo, 2021). A retomada das atividades presenciais deveria seguir as diretrizes do Plano São Paulo em relação ao respeito rigoroso aos protocolos sanitários e à classificação das áreas do território estadual em fases com diferentes graus de restrição. Nesse sentido, o governo do estado reforçou as propostas de oferta do ensino híbrido diante da conjuntura de revezamento presencial dos estudantes, disponibilizando, dentre outros dispositivos, o aplicativo Centro de Mídias São Paulo (CMSP) como plataforma para realização e acompanhamento de aulas ao vivo, e a disponibilização de chips com acesso à internet para os alunos que solicitassem.
Diante dessa realidade resultante dos reflexos da pandemia de covid-19 no setor educacional brasileiro, tornam-se comuns e necessários os debates teóricos a respeito da modalidade do ensino remoto e dos usos das tecnologias de informação e comunicação (TIC) por alunos e professores durante as dinâmicas das aulas, sobretudo em relação aos objetivos e às concepções educacionais. De acordo com França Filho, Antunes e Couto (2020), a utilização das tecnologias na educação remota vem despersonalizando o processo de ensino-aprendizagem no país ao reduzir a prática social pedagógica a um caráter técnico e instrumental, ou seja, a um mero conjunto de procedimentos predeterminados a serem seguidos, independentemente da modalidade de ensino adotada e negligenciando a importância do presencial nesse processo. Desse modo, os autores ressaltam a necessidade de atentar aos interesses econômicos e políticos que podem estar por trás desse incentivo governamental à implantação das TIC na Educação Básica, diante da tendência que se intensifica com a crise do coronavírus no país, de consolidação de um ensino cada vez mais mercantilizado e a distância (França Filho; Antunes; Couto, 2020).
Souza, Borges e Coupas (2020) ressaltam, para além da compreensão das TIC como meios de expressão, de compreensão do mundo e de interação cada vez mais relevantes para o processo de ensino-aprendizagem, a importância da implementação de caráter emergencial desses dispositivos tecnológicos para tentar reduzir os danos e as incertezas provenientes do fechamento das escolas durante a pandemia da covid-19 no Brasil. Dessa forma, defendem a utilização dessas tecnologias como provisória e coerente com a conjuntura do isolamento social, permitindo o contato essencial entre os membros da comunidade escolar no sentido de promover suporte emocional e o desenvolvimento de capacidades empáticas com a presença da escola no interior dos lares desses estudantes, sobretudo de setores sociais mais vulneráveis, algo também fundamental para evitar a sensação de abandono e solidão (Souza; Borges; Coupas, 2020).
Diante dessa conjuntura em que se insere a educação nacional, mais especificamente no Estado de São Paulo, e partindo da defesa do ensino presencial como insubstituível, visto que a riqueza e a eficiência do processo pedagógico se encontram, sobretudo, em seu caráter social, a presente proposta concebe o uso das TIC e o ensino remoto adotados por muitos sistemas educacionais estaduais como medidas que, no contexto de pandemia e de isolamento social, podem colaborar de diversas maneiras para o processo de ensino-aprendizado dos alunos da Educação Básica, principalmente quando utilizadas a serviço de educadores e instituições escolares comprometidos com uma formação de caráter humano.
Nesse sentido, este trabalho apresenta como principal objetivo demonstrar as contribuições que a tecnologia dos museus de realidade virtual, quando inserida no ensino da disciplina de História, pode oferecer para o processo de construção de uma consciência histórica por parte dos estudantes, sendo a reflexão guiada a partir das considerações de contribuições teóricas ligadas às áreas de teoria e ensino em História. Para tal, partiremos do relato e da análise crítica de uma experiência didática realizada por integrantes do programa Residência Pedagógica ligado à Universidade Estadual Paulista (Unesp) durante uma aula remota de História ministrada para alunos do 8º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Mário D’Elia, localizada no município de Franca/SP.
Contextualização
A experiência pedagógica foi realizada no dia 12 de março de 2021 com os alunos do 8º ano C do Ensino Fundamental da escola citada e desenvolvida por quatro graduandos em História da Unesp, bolsistas do programa Residência Pedagógica, financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). A escola estava realizando os trabalhos na modalidade híbrida para os Ensinos Fundamental e Médio de acordo com os percentuais de presença propostos pelo Plano São Paulo, levando em consideração as taxas de ocupação das UTI de cada município. Assim, na semana de realização da atividade, a cidade de Franca estava na fase emergencial; a direção da Escola Mário D’Elia optou por organizar a presença dos alunos na instituição de acordo com as séries e os dias da semana, o que justifica que esta proposta pedagógica em História foi realizada a partir da modalidade remota, e não híbrida.
De acordo com as deliberações da coordenação do programa e da universidade, os integrantes do Residência Pedagógica realizaram o acompanhamento das atividades do primeiro semestre de 2021 de modo remoto, acompanhando as aulas do professor Ivel Felice, de História, pela plataforma Google Meet, auxiliando-o no desenvolvimento de atividades e durante as aulas.
Descrição da experiência
A experiência faz referência à visita virtual à cidade de Ouro Preto/MG com a utilização de uma plataforma digital disponível online. O trabalho foi desenvolvido pelos alunos do programa Residência Pedagógica da Unesp-Franca durante as aulas de História para os alunos do 8º ano C da Escola Estadual Mário D’Elia sob a supervisão do professor Ivel Felice. O plano de aula foi concebido e planejado pelos residentes com o intuito de possibilitar, de modo interativo, prático e dinâmico, a retomada de algumas temáticas e problemáticas que haviam sido trabalhadas pelo professor de História nas aulas anteriores, partindo do eixo problematizador dos ciclos econômicos do período colonial no Brasil, com ênfase para o contexto político e socioeconômico da exploração do ouro em Minas Gerais, que possibilitou o desencadeamento da Inconfidência Mineira em 1789, liderada por Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes). A atividade buscou desenvolver as habilidades EF07HI10, EF07HI12 e EF07HI15, da Base Nacional Comum Curricular (Brasil, 2017).
A plataforma utilizada (https://www.eravirtual.org/op/), financiada por uma empresa privada e disponível gratuitamente na internet, apresenta uma experiência que simula uma visita ao município de Ouro Preto, proporcionando, por seus mecanismos de navegação, a sensação de caminhar livremente pelas ruas da cidade, além de oferecer vistas aéreas que permitem ao visitante observar e compreender melhor a geografia desse espaço urbano. Outro aspecto importante para a atividade é que, além da visita mais geral a esse centro histórico, também é possível clicar e ter uma visão do interior de alguns de seus principais atrativos, destacando-se a Basílica N. S. do Pilar, a Estação Ferroviária, a Igreja N. S. do Rosário, a Casa dos Contos e a Praça Tiradentes. Todas as dezenove atrações disponíveis para a interação são acompanhadas de informações textuais e/ou narradas que podem englobar a história do local, suas respectivas funções no passado e na atualidade, curiosidades e, em alguns casos – como no Museu da Inconfidência –, links de acesso a outros sites com acervos, horários de funcionamento, contato etc. A simulação de deslocamento também é mantida no interior dessas atrações, sendo possível selecionar alguns objetos e observar seus detalhes de modo mais aproximado no decorrer do “passeio”.
Na atividade aqui relatada, cada residente da Unesp-Franca selecionou duas das atrações disponíveis no site – de acordo com as temáticas de História do Brasil Colonial trabalhadas com a turma do 8º ano que acompanhavam – e elaborou uma breve exposição de informações consideradas mais relevantes e coerentes com os conhecimentos dos estudantes a respeito dos espaços selecionados. Dessa forma, a narração oferecida pela plataforma não foi utilizada, tendo os próprios residentes guiado o passeio por Ouro Preto em seus momentos principais. Tal escolha metodológica se justifica pela intenção de manter melhor organização da aula ministrada remotamente via Google Meet, o que não impediu que os estudantes participassem ativamente da visita, sugerindo locais alternativos para interagir, além de realizar comentários e questionamentos pelo microfone e pelo chat escrito, ações esperadas e incentivadas pelos residentes durante toda a experiência. Antes da visita, juntamente com o professor Ivel, foi realizada uma introdução dialógica a respeito da conjuntura histórica ligada à exploração aurífera que levou à criação da cidade de Vila Rica, posteriormente denominada Ouro Preto, e da importância de sua preservação para a história do Brasil e da humanidade nos dias atuais.
Discussão teórico-metodológica
Apesar de a plataforma possibilitar a visita a todo o centro histórico de Ouro Preto e não especificamente a determinada instituição museal da cidade, para fins metodológicos a presente análise irá tomá-la como um exemplo de museu virtual, visto que proporciona acessibilidade e interatividade em relação ao patrimônio público, características do complexo processo de virtualização desses ambientes museológicos (Dumbra; Arruda, 2013).
Os espaços dos museus, tanto físicos como virtuais, podem ser concebidos como mediadores culturais que contribuem significativamente para a construção do conhecimento histórico pelos indivíduos. De acordo com Dumbra e Arruda (2013), além de promoverem a reconstrução não fidedigna e direta de um passado não vivido mediante a exposição e a comunicação de diversas tipologias de fontes históricas, possibilitam a compreensão desse tempo distinto a partir das relações que ele pode estabelecer com o cotidiano presente dos visitantes, ou seja, com os seus respectivos contextos social, histórico e cultural. É nesse sentido que pode-se conferir potencial pedagógico e educativo à experiência de visita ao museu, pois esta possibilita, como pontua Arruda (2011), o contato e a interação com objetos culturais – geralmente de caráter material – capazes de produzir mudanças importantes nas maneiras como as pessoas concebem o tempo histórico e a relação que apresentam com ele, o que interfere diretamente no processo de aprendizagem histórica por crianças e adolescentes.
Ao refletir sobre esses aspectos, destaca-se como uma das principais características e atratividades dessa modalidade de museu a capacidade de permitir a promoção de um estado de autoria constante por parte dos visitantes, visto que as pessoas podem optar pelos caminhos que desejam seguir nesse ambiente virtual, além de poderem selecionar com quais objetos interagir de acordo com seus respectivos interesses e curiosidades (Arruda, 2011).
Logo, como apontam Dumbra e Arruda (2013), a virtualidade do espaço museológico e o uso da realidade virtual por essas plataformas, como a utilizada na experiência relatada aqui, contribuem para a construção de espaços próprios de observação e interpretação do passado ao permitir que os visitantes compreendam o que está sendo exposto em relação a esse tempo distinto e ressignifiquem esses objetos e ambientes de acordo com as suas vivências cotidianas. Assim, de acordo com esses autores, a eficiência educacional possibilitada por essa dinâmica autoral e de significação constante por parte de quem visita o museu, no âmbito do ensino-aprendizado em História, necessita, para além das informações disponibilizadas por essas plataformas virtuais, de uma mediação docente eficiente que possibilite que as exposições e comunicações do museu sejam contextualizadas e seus sentidos criticamente analisados e apreendidos pelos estudantes (Dumbra; Arruda; 2013).
Para a professora Kátia Abud (2005), a apropriação de conceitos pelos alunos se dá por meio de sua experiência vivida; logo, o conhecimento histórico trabalhado em sala de aula precisa ser vivenciado por esses alunos, o que é fomentado por elementos pedagógicos de aprendizagem como as noções de analogia e de empatia. Essas, por sua vez, constituem elementos fomentadores do estudo de um passado contextualizado e ancorado nas experiências interior e exterior à escola, o que permite que os estudantes confiram sentido a esse passado e sejam ativos no processo de ensino-aprendizagem em História (Abud, 2005). Assim, segundo o filósofo alemão Jörn Rüsen (2007), o aprendizado histórico se apresenta como um dos modos de constituição de sentido pela consciência histórica e, portanto, deve possibilitar tanto a apropriação crítica dos conteúdo teóricos e experimentais da História como disciplina objetiva, quanto contribuir para a elaboração de uma autocompreensão histórica que sirva de orientação da vida prática para o sujeito aprendiz, permitindo que ele possa afirmar a dimensão temporal de sua identidade (Rüsen, 2007).
No caso da experiência pedagógica da visita virtual a Ouro Preto, as orientações práticas e historiograficamente embasadas dos alunos residentes da Unesp constituíram contribuições no sentido de fornecer aos alunos, de maneira remota, a oportunidade de conhecer melhor esse centro histórico a partir do compartilhamento de aspectos teóricos ligados aos assuntos estudados anteriormente em História – também fornecidos pelo professor preceptor durante a atividade – e do conhecimento dos próprios estudantes, que interagiram durante toda a visita com sugestões de interação e dúvidas.
Dessa forma, o fato de a aula sobre o ciclo econômico da exploração do ouro durante o período colonial no Brasil ter sido realizada em uma visita virtual à cidade de Ouro Preto, que teve participação fundamental nessa conjuntura histórica, permitiu que os alunos do 8º ano pudessem realizar suas próprias analogias e associações dos conceitos aprendidos com o professor preceptor a partir do contato e da interação com os espaços da cidade e com suas atrações, as quais estão inseridas no tempo presente, mas, ao mesmo tempo, realizam a interlocução constante com o passado daquele centro histórico e, consequentemente, do país. Ademais, como a experiência de aprendizado em História ocorreu em uma plataforma virtual, foi possível que a compreensão das questões da área e os processos de significação e identificação temporais tenham se dado por meio de dispositivos, linguagens e espaços tecnológicos que se fazem cada vez mais presentes na vida cotidiana desses estudantes, sobretudo no contexto da pandemia da covid-19, o que, além de vincular a atividade à realidade desses alunos, torna a experiência mais atrativa e acessível à modalidade remota do ensino.
Dentre os conceitos teóricos trabalhados com os alunos durante a experiência, destaca-se a noção de discurso vinculada ao processo e ao lugar de produção de qualquer fonte histórica, a qual sempre constitui um produto consciente ou inconsciente de determinada época e de uma sociedade específica (Albuquerque Júnior, 2009). Assim, foi orientado aos alunos que, durante toda a visita, refletissem sobre os possíveis interesses e objetivos das pessoas que produziram os objetos e espaços disponíveis para a interação no passado, sobretudo durante o século XVIII, e sobre as funções que esses elementos e ambientes apresentam hoje em dia, tanto para a população que vive na cidade como para o país no geral. A partir dessas questões, foi possível desenvolver discussões a respeito das construções da figura histórica de Tiradentes, ora como herói, ora como vilão em meio ao contexto da Inconfidência Mineira, além de debater a importância da promoção de políticas culturais voltadas à proteção e à manutenção de patrimônios históricos, como a própria cidade de Ouro Preto/MG, e os impactos que essa preservação, somada a incentivos culturais, proporcionam para a construção de identidades históricas locais, regionais e nacionais.
Resultados
Os resultados mais imediatos da experiência puderam ser apreendidos logo após o término da visita e das apresentações dos residentes da Unesp, a partir dos comentários positivos que os alunos do 8º ano realizaram pelo microfone e pelo chat do Google Meet. Além disso, em conjunto com o professor Ivel, foram propostas algumas atividades avaliativas que envolviam a realização de um relatório, por parte de cada estudante, a respeito dos pontos que acharam mais interessantes no decorrer da visita virtual, a ser entregue na data estabelecida pelo professor através da plataforma do Google Classroom. A partir da análise e da correção dessas atividades, foi possível detectar resultados muito positivos não apenas vinculados à apreensão crítica dos conceitos e conteúdos trabalhados, mas também à utilização da própria tecnologia do Museu Virtual pelos alunos para a realização do relatório e a depoimentos de alguns estudantes que relataram ter assistido à aula gravada da visita novamente e compartilhado momentos de aprendizado e diversão com amigos e familiares por meio do recurso virtual utilizado e disponibilizado.
Considerações finais
Com base no relato da experiência e da discussão teórico-metodológica, notou-se a importância e a efetividade de metodologias alternativas envolvendo as TIC, como o museu de realidade virtual, para o trabalho de questões intra e extracurriculares, o qual fomentou a participação e a interação dos estudantes de maneira crítica e atrativa e possibilitou um contato ilustrativo e didático com o conteúdo de História tratado em aulas anteriores pelo professor preceptor responsável pela turma do 8º ano.
Apesar de as perspectivas em relação ao andamento dos programas de vacinação no país serem positivas e o retorno às aulas presenciais já serem uma realidade, as questões referentes às modalidades remota e híbrida de ensino e à utilização das tecnologias de informação e comunicação como medidas emergenciais durante a pandemia proporcionaram discussões a respeito de sua efetividade didático-pedagógica para uma formação educacional crítica e ativa dos estudantes como sujeitos participantes desse processo de ensino-aprendizado. Nesse sentido, acreditamos que a experiência de visita online à cidade de Ouro Preto mediada pelos bolsistas do programa Residência Pedagógica e orientada pelo professor Ivel Felice constitui um exemplo positivo do uso das tecnologias não como meros instrumentos metodológicos, mas como recursos didáticos a serviço da educação e dos docentes, podendo ser facilmente adaptada à modalidade presencial de ensino, na qual possivelmente também apresentaria resultados muito ricos.
Por fim, convém ressaltar que não se deve partir das experiências remotas e com tecnologias de informação e comunicação realizadas em resposta ao contexto da pandemia da covid-19 e do consequente isolamento social como justificativas ou elementos legitimadores de uma Educação Básica a distância. As vivências educacionais com as tecnologias durante esse momento tão complexo e desolador para todo o mundo devem alimentar reflexões e estudos que possibilitem a sua utilização eficiente na modalidade presencial, ressaltando a necessidade da mediação docente no processo de ensino-aprendizado dos alunos e promovendo uma educação que provoque dúvidas e interesses que possibilitem o desenvolvimento de um ensino de História cada vez mais crítico e plural.
Referências
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Publicado em 24 de janeiro de 2023
Como citar este artigo (ABNT)
BATISTA, Ana Laura Galvão. A realidade virtual e o ensino de História: trazendo uma experiência. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 23, nº 3, 17 de janeiro de 2023. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/23/3/a-realidade-virtual-e-o-ensino-de-historia-um-relato-de-experiencia
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