A importância da participação ativa da família no âmbito escolar
Franrobson Rodrigues Ribeiro
Especialista em Gestão, Supervisão e Orientação Educacional (Fametro)
Samara Pinheiro de Oliveira
Especialista em Gestão, Supervisão e Orientação Educacional (Fametro)
Gabriel Cunha Alves
Professor, administrador, mestrando em Engenharia, Gestão de Processos, Sistemas e Ambiental (UFPA), especialista em Gestão Escolar e Metodologias Ativas de Aprendizagem
Frequentemente, a participação ativa da família tem resultado em um histórico de sucessos ou fracassos escolares. Como meio de alcançar o desenvolvimento pleno da formação de uma pessoa, a família deve participar e estar em constante interação com os trabalhos socioeducativos.
Esse equilíbrio entre as duas partes (escola e família) está baseado no trabalho de educar crianças e jovens, correlacionando perspectivas mútuas, tomando como premissa um ser humano em constante processo de aprendizado.
É comum encontrar uma mãe pertencente à classe média que acompanha o desempenho escolar de seu filho, seu rendimento e suas tarefas, procurando manter-se em contato com a escola e com os docentes para obter informações sobre o seu processo de ensino-aprendizagem. Tais mães procuram estar em todas as reuniões para colher resultados do coeficiente escolar do filho ou para programações escolares de qualquer ordem.
Outrossim, em uma escola pública, onde o maior nicho são famílias de baixa renda, observa-se outro fenômeno: a ausência. Com base nisso, indaga-se: até que ponto a escola pode assumir o papel de educar?
Este artigo busca como principal objetivo analisar todos os efeitos da participação ativa da família na escola e os efeitos que acarretarão futuramente na criança como cidadã participativa da sociedade. Como objetivos específicos busca-se analisar a prática de envolvimento familiar que tem maior impacto na qualidade da aprendizagem dos alunos, averiguando os tipos de comunicação que existem entre escola e a família e conhecendo os instrumentos potenciais dessa relação.
A metodologia utilizada consiste em pesquisa bibliográfica de natureza qualitativa, na qual as informações são levantadas a partir de pesquisa em artigos e livros. Ao término da pesquisa, veremos que há descrição das informações analisadas.
As motivações que nos levaram ao tema vêm de discussões sobre a ausência da participação dos pais nas atividades relacionadas à educação de seus filhos e seus problemas disciplinares. Procuramos enfatizar a importância da participação da família na escola, assim como no desenvolvimento de sua ética a fim de permitir que personalidade, caráter e visão de mundo sejam moldados em ambientes educativos.
O contexto histórico da relação família-escola
Atualmente, a educação é moldada conforme os contextos, as vivências de valores e relacionamentos complexos. Torna-se interessante ressaltar que, antigamente, as famílias tinham mais tempo para interagir, mas, devido à carga de trabalho e de tempo de que dispõem e as necessidades da sociedade, hoje o contato entre pais e filhos foi reduzido, cabendo à escola a responsabilidade de auxiliar no desenvolvimento da educação da criança.
Destarte, a família pode ser entendida como grupo a partir daquilo que oferece como subsistência e proteção. Entende-se que existem várias constituições de família e indagamos: a educação é uma necessidade básica? Tal indagação nos remete à literatura e às características familiares, que nos colocam diante das muitas responsabilidades com o ser humano em formação. Paro (2007, p. 10 apud Santos, 2011) afirma que,
para funcionar a contento, a escola necessita de adesão de seus usuários (não só de alunos, mas também de seus pais ou responsáveis) aos propósitos educativos a que ela deve visar, e que essa adesão precisa redundar em ações que contribuem para o bom desempenho do estudante.
A escola retrata a importância de não só forjar o conhecimento nos alunos, mas formar o seu caráter. Contudo, há estudos que indicam a possível ausência da família nesse processo, o que pode apresentar uma família meramente espectadora do ensino-aprendizagem.
Assim sendo, a família pode estar sem referencial por não se reconhecer presente na vida escolar da criança/adolescente devido às atividades profissionais ou por não se sentir convidada pela escola a participar dos eventos escolares realizados.
A pesquisa executada pelo Inep (Brasil, 2005) verificou que a percepção dos pais sobre a escola pública é que somente professores são encarregados diretamente pela qualidade de ensino e incentivo dos alunos. Com isso, a família outorga ao professor a incumbência de educar e instruir seus filhos. Os pais que têm filhos bem-sucedidos academicamente remetem esse sucesso aos seus próprios filhos, vendo professores com bons olhos, sem críticas. Contudo, aqueles cujos filhos não se saíram tão bem nos estudos costumam culpabilizar os docentes pelo fracasso. Dessa forma, a família e a escola possuem equivalência em relevância na vida de uma criança, contribuindo com o seu desenvolvimento como cidadão, como afirma Szymanski (2010, p. 98):
O que ambas as instituições têm em comum é o fato de prepararem os membros jovens para sua inserção futura na sociedade e para o desempenho de funções que possibilitem a continuidade da vida social. Ambas desempenham papel importante na formação do indivíduo e do futuro cidadão.
Ao longo dos anos, a função da escola e a da família sofreram alterações que modificaram seus papéis sociais e seu significado para a sociedade. Em busca de reconhecer a maneira pela qual o processo histórico de articulação família-escola vem incidindo sobre o cenário escolar e seus agentes sociais, faz-se necessária uma retomada sócio-histórica e legal acerca dessa relação social.
Entre os séculos XVI e XVII, o papel da família era voltado para manter os bens, a proteção da vida, da honra e a ajuda mútua na luta pela sobrevivência, por meio da prática de um ofício em comum. Dessa forma, a educação das crianças ocorria na convivência com os adultos, com quem aprendiam as tarefas na prática. É importante ponderar que a família se caracteriza como instituição em constante mutação, acompanhando a história de sua cultura. Gama (2008, p. 5 apud Cason et al., 2016) assegura que “não há como reconhecer um modelo único de família universal, hermenêutico, estanque e intocável”.
No contexto brasileiro, pode-se ver desde a Educação Indígena o quanto a família influencia no comportamento infantil e na construção do conhecimento transmitido de geração em geração. Samara (2010) afirma que, durante o Brasil Colônia, período marcado pelo trabalho escravo e pela produção rural para a exportação,
os papéis sexuais eram bem definidos: ao marido pertencia o poder de decisão indiscutível, a tarefa de proteger e prover o sustento da esposa e dos filhos. À mulher cabia a organização da casa e os cuidados com a família. Os costumes e tradições privados e familiares eram apoiados e oficializados pelas leis e regras jurídicas.
Posteriormente, ao estabelecer o contexto histórico da família, fez-se significativo destacar o contexto histórico da escola, tendo em vista o prestígio de ambas para a atmosfera educacional. Assim como afirmam Acúrcio e Andrade (2015, p. 44), “toda mutação social interfere nos rumos da educação para que a escola fique a reboque dos acontecimentos”.
A princípio, na história da educação, os saberes eram difundidos oralmente, sem a necessidade de um espaço exclusivo para que o ato educacional ocorresse. Na Idade Moderna, com a expansão das instituições escolares, surgiu a escassez de novas observações sobre como as escolas deveriam atuar e a qual público se direcionam. A história da escola no Brasil teve início com a chegada dos padres jesuítas, por volta do ano de 1549, e a consequente construção da primeira escola elementar brasileira.
Séculos depois, por volta de 1986, o discurso pedagógico ganha destaque e inúmeros projetos de lei são criados. À luz de muitas demandas, problemas e contradições, a educação brasileira visa, sobretudo, à qualidade do ensino. Como ressalta Alarcão (2001 apud Ribeiro, 2011),
a escola precisa ser reflexiva, pensando continuamente em si própria, revendo sua função social e organizativa, buscando propiciar ambientes formativos que favoreçam o cultivo de atitudes e capacidades que permitam ao indivíduo viver, conviver e intervir em sociedade, em interação com os outros cidadãos.
Quanto à importância direcionada à escola, passou a transmitir não só conhecimentos, mas também intervenções sociais, políticas, econômicas e culturais, por meio das interações com o indivíduo.
Conceituação da palavra família
De modo geral, é fundamental, no desempenho das nossas funções como educadores, identificar corretamente as situações problemáticas para melhor intervir e procurar minimizar as dificuldades e as necessidades sentidas pelas crianças e as suas famílias, isto é, focalizar, localizar e identificar as problemáticas, procurando sempre ter como finalidade solucionar, na medida do possível, o bem-estar da criança e, se possível, da família.
O ser humano se encontra em processo constante de socialização com o meio no qual vive, a partir das interações com os indivíduos à sua volta estabelece relações afetivas e sociais que irão nortear sua trajetória no processo histórico. Nessa perspectiva sócio-histórica, a família se torna instrumento primordial e fundamental na formação do indivíduo. Para entender melhor o conceito de família, Castro (2000, p. 205) apresenta-a como sendo a "célula mater da sociedade", pois desempenha papel importante no desenvolvimento biológico e social e se torna a instituição da qual se originam tantas outras.
A escola, em sua origem, era um bem de que poucos podiam usufruir, pois a educação formal era direcionada às elites dominantes, deixando o restante da população sem os conhecimentos eruditos que eram transmitidos no ambiente escolar. No entanto, a partir dos ideais estabelecidos na Revolução Francesa, no final do século XVIII, a educação foi estabelecida como direito de todos na maioria dos países.
Nessa perspectiva global de transformações de ideais, o Brasil teve esse direito reconhecido somente com a Constituição de 1988, na qual foi estabelecida a igualdade entre todos os cidadãos, e a educação, antes vista como dever apenas da família, passou a ser também dever do Estado, o que favoreceu que a Educação Básica se tornasse direito fundamental para o desenvolvimento do indivíduo.
Logo, a família é espaço sociocultural diário e histórico no processo de socialização e se relaciona com as instituições de ensino, tornando-se berço de atitudes e de mudanças, ou estagnação, da realidade na qual a sociedade a insere, pois é dela que partem os sujeitos sociais que irão mudar a realidade onde estão inseridos. Dessa forma, o que acontece é que a família atribui as responsabilidades à escola e aos professores, dificultando o processo de aprendizagem dos educandos.
As responsabilidades, ao invés de serem transferidas, devem ser compartilhadas, pois ambas as instituições devem ser parceiras. A escola sozinha nunca dará conta de substituir a família; essa união é importante para que juntos construam a identidade dos cidadãos.
Aprendizagem e desenvolvimento humano no contexto da família e da escola
A abordagem ambientalista, assinalada por Pavlov e Skinner, afirma que “todo conhecimento provém da experiência”, conforme também enuncia Giusta (1985 apud Ribeiro, 2011). Dessa forma, a pessoa ao nascer tabula rasa vai adquirindo conhecimentos que vão sendo impressos pelo ambiente. A aproximação inatista, mencionada por Koffka e Giusta (1985 apud Ribeiro, 2011), afirma que “todo conhecimento é anterior à experiência, sendo fruto do exercício de estruturas racionais, pré-formadas pelo sujeito”, levando em conta as condições hereditárias como determinantes no processo de desenvolvimento do indivíduo.
Para a abordagem interacionista-construtivista baseada em Jean Piaget, o desenvolvimento se dá por etapas, ocasionando a maturação do sistema nervoso da criança a partir da sua interação com o mundo físico e social. Ela acontece por meio do entendimento e da acomodação de tudo que se aprender.
A aproximação sociocultural de Vygotsky preza pela pessoa como um ser de caráter que avança por meio da associação dialética que estabelece com a coletividade, partindo do princípio de que nos constituímos pela internalização das atividades socialmente enraizadas e historicamente construídas (Vygotsky, 1989 apud Almeida, 2013). Nessa abordagem, a linguagem é primordial para o processo de análise, por mediar a nossa conversão de seres biológicos em seres socioculturais. evidenciando que é no regime de ensino-aprendizagem que se dá a apropriação do conhecimento e o consequente progresso do indivíduo. Ribeiro (2015) reforça essa afirmação:
Para Vygotsky, a relação entre pensamento e linguagem é estreita. A linguagem (verbal, gestual e escrita) é nosso instrumento de relação com os outros e, por isso, é importantíssima na nossa constituição como sujeitos. Além disso, é através da linguagem que aprendemos a pensar.
Utilizando ainda a abordagem sociocultural, a família como núcleo fundamental de construção de uma pessoa atua de forma concreta na sua educação formal, estabelecendo aproximações, construindo valores, integrando o pequeno ao mundo do adulto, intermediando relações sociais e assegurando o seu bem-estar. Condizente a isso, Szymanski (2010) enuncia que
é na família que a criança encontra os primeiros “outros” e, por meio deles, aprende os modos humanos de existir – seu mundo adquire significado e ela começa a constituir-se como sujeito. Isso se dá na e pela troca intersubjetiva carregada de emoções – o primeiro referencial para a construção da identidade pessoal.
Nesse sentido, é imprescindível que a parentela seja valorizada no progresso de desenvolvimento humano ao contribuir para a formação da personalidade social dos indivíduos desde a mais tenra idade. Nesse contexto, fundamentam-se questões que permeiam toda a comunidade, como respeito, solidariedade, consciência e ética, para que a família se firme nas tradições, na história, na criação de significados e na educação.
Gokhale (1980 apud França, 2017) afirma que
a família não é somente o berço da cultura e a base da sociedade futura, mas é também o centro da vida social. A educação bem-sucedida da criança vai servir de apoio à sua criatividade e ao seu comportamento produtivo escolar. A família tem sido, e será, a matriz mais poderosa para o desenvolvimento da personalidade e do caráter das pessoas.
Nesse contexto, as crianças como agentes interpretativos que sofrem influências do meio que as circundam também se desenvolvem por meio da integração com a existência adulta, dando significados às suas experimentações.
Seguindo os mesmos princípios, a estrutura de valores como bondade, cidadania, companheirismo, gentileza e dignidade deve se embasar na prática do bom exemplo, assim como em relação ao ensinamento sobre limites e padrões às crianças.
Nessa perspectiva, Roudinesco (2013) garante que “a família humana é uma instituição insubstituível para a constituição de sujeitos em desenvolvimento”, certificando o que foi dito antes e destacando a importância da família como veículo de ensino e preparação à vida.
Da mesma maneira, o ambiente social desempenha grande influência nos mecanismos de atuação das parentelas com relação a seus frutos, promovendo o seu amadurecimento. Segundo Bronfenbrenner (1996 apud Lene, 2016), seu desenvolvimento ocorre:
- pela ação recíproca entre os ambientes mais importantes nos quais a criança circula (por exemplo, na família-creche, na família-escola, entre outros;
- pelo que ocorre nos ambientes frequentados pelos pais (por exemplo, no trabalho, nas organizações comunitárias, entre outros; e
- pelas mudanças e/ou continuidades que ocorrem com o passar do tempo no ambiente em que a criança vive e que têm efeito cumulativo.
Sendo assim, analisar o progresso infantil é imprescindível para que se entendam as relações estabelecidas na escola e na família. Os cuidados dos pais são fundamentais para o progresso integral das crianças, atuando como molas propulsoras de sua saúde psíquica. Entretanto, analisar o âmbito familiar não é trabalho fácil, conforme explicita Jardim (2006, p. 20 apud Ribeiro, 2011).
Analisar a família e o relacionamento entre seus membros é uma atividade complexa, que requerer minuciosa observação, uma vez que a rede familiar está inserida num contexto sócio-histórico e sofre influências de problemas oriundos do ambiente externo, que afetam direta ou indiretamente na rotina da família e transparecem na relação com os filhos, podendo assim aliviar tensões ou ampliá-las.
Nessa perspectiva, a fim de incentivar o desenvolvimento cognitivo e socioafetivo das crianças, é preciso que exista boa parceria entre família e escola.
O aluno como o sujeito da aprendizagem entre a família e a escola
Inseridos no contexto aqui defendido, três “sujeitos” emergem como substanciais no processo dinâmico de ensino-aprendizagem: aluno, parentela e escola. Dessa maneira, é indispensável que se busque uma relação harmônica por esferas e suas destinações em relação ao método educativo.
Costa (2012) confirma esse pensamento ao afirmar que “o conhecimento é socialmente construído a partir de espaços de reflexão, em que as realidades de cada sujeito são transformadas, colaborando para o desenvolvimento pessoal e social”. Nesse contexto, considerar o aluno como sujeito de sua aprendizagem, ao ser resultado das interações que realiza com o outro e com o meio, é fundamental para que se entenda o papel da criança como agente de sua aprendizagem e participante ativo do processo de ensino-aprendizagem.
A família, por sua vez, é plataforma das primeiras manifestações de aprendizado das crianças, mesmo que de forma não sistematizada. Portanto, tais reivindicações são essenciais à formação dos pequenos, tendo em vista que é nela que se iniciam as experiências educativas, sociais e históricas.
Entretanto, a família não é todo o contexto em que a criança tem oportunidade de sentir e ampliar o seu acervo como sujeito de instrução e desenvolvimento. O colégio se destaca nesse panorama ao oferecer uma área propícia ao desenvolvimento de suas potencialidades. Dessa forma, a escola é responsável por realizações pedagógicas e sociais que transmitem saberes acumulados pela raça humana no decorrer da história e fomentam a criação de novos saberes. Suas execuções propiciam o desenvolvimento dos submetidos, sua inserção no meio coletivo, sua qualificação para o mercado de trabalho e estágio da cidadania. Bronfenbrenner (1993, p. 16 apud Lene, 2016) examina as interações estabelecidas pela criança desde muito pequenina, e afirma que
o mundo exterior tem um impacto considerável desde o momento em que a criança começa a relacionar-se com pessoas, grupos e instituições, cada uma das quais lhe impõe suas perspectivas, suas recompensas e seus castigos, contribuindo, assim, para a formação de seus valores, de suas habilidades e de seus hábitos de conduta.
O processo de construção do entendimento não é mais tratado como realização inerente, mas como um método de coconstrução ou de edificação conjunta realizado com a camaradagem de outras pessoas – que, no evento escolar, são o instrutor e os colegas de sala.
Valendo-se do intento de Vygotsky, é importante que se evidencie que o processo de tirocínio, ao associar-se com o método de educação, envolve taxas valiosas à prática pedagógica e ao trato com a pessoa da aprendizagem.
Em consonância com Vygotsky (1989 apud Almeida, 2013), “a aprendizagem tem um papel fundamental para o desenvolvimento do saber. Todo processo de aprendizagem é ensino-aprendizagem, incluindo aquele que aprende, aquele que ensina e a relação entre eles”. O professor, como porta-voz da matéria escolar, assume a incumbência de mediador da demanda de aprendizagem que articula, orienta, organiza o preceito de formação dos estudantes, assumindo uma postura de companheiro no trabalho de constituição do conhecimento, com vistas ao respeito às particularidades e ao ritmo dos estudantes, em constante aprendizagem.
Mello (2014, p. 140), a partir do conceito histórico-cultural, destaca que
aprendemos que o papel da educação é garantir a criação de aptidões que são inicialmente externas aos indivíduos e que estão dadas como possibilidades nos objetos materiais e intelectuais da cultura. Para garantir a criação de aptidões nas novas gerações, é necessário que as condições de vida e educação possibilitem o acesso dos indivíduos das novas gerações à cultura historicamente acumulada.
Delors et al. (1998) apresentam os quatro pilares do ensino, baseados no Registro da Comissão Internacional para o Século XXI da Unesco. Entretanto, é impossível compreender como os educandos aprendem se não se leva em conta como os professores formulam e geram o preparo. Reafirmando o que foi comunicado, Coll, Marchesi e Palacios (2014, p. 39) mostram que,
de fato, as informações sobre como os alunos constroem significados e atribuem sentido aos conteúdos escolares precisam ser completadas, nessa perspectiva, com informações precisas sobre como os professores conseguem ajudar os alunos, mediante sua atividade educacional e de ensino, no processo de construção que realizam.
Com uma conduta mais responsável da família em relação aos seus filhos, suas performances melhoram. A dinâmica da escola melhora quando os alunos são estimulados ao estudo desde seu ambiente familiar.
As práticas educativas divergem quanto ao grau de controle que os pais exercem sobre o comportamento dos filhos. Essa dimensão é crucial ao desenvolvimento da pessoa, desde que, mediante orientação e controle que os outros exercem, aprendem a controlar e a regular a nossa conduta de maneira autônoma (Salvador, 1999, p. 165 apud Lopes et al., 2016).
Em conformidade com Vygotsky (1998 apud Almeida, 2013), o aprendizado é resultado de uma positiva conexão social. Por isso, é preciso que algumas práticas educativas sejam evitadas:
- Práticas educativas em que se exerce um notável controle sobre a conduta dos filhos, em que há uma forte exigência de maturidade, em um ambiente pouco comunicativo e em que o afeto é pouco manifestado. Essas práticas refletem o estilo dos pais denominados autoritários, que tendem a fomentar nos filhos baixa autoestima e uma dependência excessiva, acompanhada de sentimento de tristeza e infelicidade;
- Práticas educativas em que se exerce pouco controle e há escassa exigência de maturidade, acompanhadas de um ambiente comunicativo e com elevadas manifestações de afeto. Essas práticas refletem o estilo dos pais denominados permissivos, e seus filhos costumam a ter baixa autoestima e pouco controle sobre si próprio, além de certa imaturidade;
- Práticas educativas em que um elevado grau de controle e de exigências e maturidade combina-se com um ambiente bastante comunicativo e afetuoso. Essas práticas refletem o estilo dos pais denominados democratas. Considera-se que favorecem a autoestima dos filhos e que contribuem ao alcance da autorregulação responsável (Salvador, 1999, p. 166apudLopes et al., 2016).
Sendo assim, o ambiente familiar e o escolar se tornam grandes influenciadores no desenvolvimento integral do indivíduo. Consequentemente, é direito do aluno participar das propostas pedagógicas e obrigação das escolas promover recursos para que isso aconteça.
Nessa relação são evidenciadas, de acordo com Oliveira e Marinho-Araújo (2010), duas particularidades principais:
- a insensibilidade da família para o comprometimento de educar os descendentes e
- a introdução da escola para contribuir com essa tarefa, principalmente quando se trata do âmbito moral.
A partir dessas colocações, vê-se que a relação família-escola está permeada por um movimento de culpabilização e não de responsabilização compartilhada, além de estar marcada pela existência de uma forte atenção da escola dirigida à instrumentalização dos pais para a ação educacional, por se acreditar que a participação da família é condição necessária para o sucesso escolar (Oliveira; Marinho-Araújo 2010, p. 107).
É importante ressaltar que, na história da relação dos dois estabelecimentos (colégio e família), as obrigações eram bem definidas. A escola era inteiramente responsável pela emissão dos conhecimentos acumulados pela comunidade, enquanto à parentela cabia ensinar valores e comportamento. Essas obrigações têm se confundido com o passar do tempo.
Nesse contexto, é preciso que o colégio esteja em perfeita conformidade com a família, pois a escola é uma instituição que deve acrescentar à formação educacional da criança. Essas duas instituições devem caminhar juntas no esforço de alcançar a finalidade maior que é o desenvolvimento integral da criança.
Inicialmente, a quem caberia a responsabilidade de construir tal relação? Na teoria, há vários pensadores que trazem visões controversas. Dentre eles, destaca-se Marques (1999 apud Lopes et al., 2016). Ele afirma que muitos professores alegam que as escolas abrem as portas para a participação da família, porém a família se apresenta desinteressada dessa relação e acaba atribuindo à escola toda a responsabilidade. Essa argumentação, de acordo com Marques, é pessimista, pois culpabiliza a família. Nesse sentido, a escola não consegue dar passos positivos a fim de ultrapassar os obstáculos impostos.
Ao contrário de Marques (1999 apud Lopes at al., 2016), Caetano (2014) acredita que, na construção da relação escola e família, o professor é o elemento mais importante no processo de aprendizagem. É preciso que cada um dos envolvidos assuma a sua responsabilidade com a criança. A construção desse compromisso, como afirma Caetano (2014), precisa ser de união; cada papel precisa ser notado por ambos.
Metodologia
A metodologia científica ou método científico pode ser visto como a forma pela qual será aplicada a pesquisa, bem como todo o planejamento em volta da maneira que será realizada a investigação do problema abordado. Prodanov e Freitas (2013, p. 70) ressaltam que “método científico é o conjunto de processos ou operações mentais que devemos empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada no projeto de pesquisa”.
Este artigo desenvolveu abordagem avaliativa, na qual foram examinadas obras literárias. Martinelli (2011, p. 19) afirma que o exame qualitativo é, por si só, um estudo político, por trabalhar com vivências; assim, tanto o pesquisador quanto o indivíduo da pesquisa se expressam.
Fazemos uso de investigação bibliográfica sobre o tema. Prodanov e Freitas (2013, p. 70) consideram que
há uma relação dinâmica entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzida em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Então não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. Tal pesquisa é descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e o seu significado são focos principais de abordagem.
Conclusão
Considerando todos os aspectos citados, a família e a escola são instituições distintas, entretanto, é indispensável que dialoguem para proporcionar o ensino-aprendizagem da criança. Como especificado, para que o aluno tenha considerável progresso, precisa essencialmente da comunicação das duas instituições.
Entende-se que a escola deve avaliar a transformação do aluno voltada a como ele se comporta ou aprende; se a criança estiver passando por momentos complicados dentro de casa, por brigas e até mesmo violências, isso se refletirá no seu comportamento escolar, promovendo (ou não) um ambiente favorável ao seu desenvolvimento.
Por conseguinte, a responsabilidade por promover uma boa relação entre escola e família é da instituição escolar, que pode estruturar eventos para os responsáveis e ações voltadas para a interação, a fim de que os pais prestigiem seus filhos. Assim, a escola poderá superar os grandes desafios impostos pelo contexto atual, de maneira que todos sejam atores no processo de desenvolvimento humano.
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Publicado em 21 de novembro de 2023
Como citar este artigo (ABNT)
RIBEIRO, Franrobson Rodrigues; OLIVEIRA, Samara Pinheiro de; ALVES, Gabriel Cunha. A importância da participação ativa da família no âmbito escolar. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 23, nº 45, 21 de novembro de 2023. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/23/45/a-importancia-da-participacao-ativa-da-familia-no-ambito-escolar
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