Workshop como metodologia para o ensino técnico em enfermagem: relato de experiência

As diretrizes nacionais curriculares para a Educação Técnica surgiram a partir da Resolução nº 6, de setembro de 2012, que tem como principal objetivo vincular princípios e critérios para que as instituições de ensino os considerem para planejar, organizar e avaliar a educação profissional técnica em nível médio (Brasil, 2012). O ensino Técnico em Enfermagem tem sido foco de discussões atuais considerando a sua relevância social frente a inserção de jovens profissionais no mercado de trabalho.

Nesse sentido, é importante que essa formação seja sólida e efetiva, possibilitando ao estudante refletir sobre o seu processo de ensino-aprendizagem. Desse modo, o uso de recursos tecnológicos motivacionais como as metodologias ativas, proporcionam reflexão crítica e aprendizagem significativa (Araújo; Silva, 2019; Gonçalves et al., 2020).

Dentre as metodologias ativas estão as oficinas ou workshops, que podem ser definidas como reuniões de um grupo de pessoas com interesses em comum, com o intuito de trabalhar para o conhecimento ou o aprofundamento de um determinado assunto sob a orientação de um docente (Buchweitz, 2016).

O workshop possibilita o aprendizado mediante a apresentação de conceitos e conhecimentos previamente adquiridos (Vitorino; Alta; Ortega, 2021). Assim, os temas são abordados de maneira mais prática do que teórica, obrigando um envolvimento e uma participação muito maior dos estudantes. Essa abordagem metodológica proporciona aos participantes a apreensão de conceitos e teorias relevantes para a área da enfermagem, com o foco na demonstração prática, contribuindo de forma significativa para o processo de aprendizagem. No workshop, os estudantes constroem e reconstroem os saberes por meio do pensamento, da reinvenção e da criação (Silva; José, 2022).

Assim, o uso de metodologia ativa, como o workshop, para o ensino de cuidados ao paciente crítico na enfermagem torna-se relevante, pois aproxima o estudante dos cenários de prática, possibilitando que reflita sobre a assistência prestada.

Metodologia

Trata-se do relato de experiência de um workshop realizado em uma escola de enfermagem de nível técnico localizada no município de São Paulo, com vistas à apresentação dos materiais e de equipamentos utilizados na assistência ao paciente crítico.

A iniciativa para a realização do workshop nasceu da importância de repensar novas formas de ensinar em enfermagem. O workshop contou com a realização de cinco estações de trabalho:

1. “Cuidados de enfermagem ao paciente em monitorização contínua”, com esclarecimentos sobre a monitorização cardíaca, indicação, pressão arterial invasiva (PAI), pressão venosa central;
2. “Cuidados de enfermagem ao paciente em uso de cateteres intravenosos”, direcionada à orientação sobre cateteres de inserção periférica e central, protocolo de prevenção de infecção de corrente sanguínea;
3. “Cuidados de enfermagem ao paciente em uso de dispositivos intravenosos e conectores valvulados”, com a apresentação dos conectores valvulados, conector sem agulha;
4. “Cuidados de enfermagem ao paciente traqueostomizado e em uso de intubação orotraqueal”, que discutiu os tipos de cânulas, dispositivos, protocolo de broncoaspiração; e
5. “Cuidados de enfermagem ao paciente em uso de drenos”, com a apresentação dos conceitos de drenos, tipos de drenos, indicações e cuidados de enfermagem.

Participaram do workshop 30 alunos do curso Técnico em Enfermagem.

Resultados

O planejamento do workshop foi subdivido pela docente em grupos. Em seguida, foi entregue aos grupos, com antecedência, o material didático necessário para cada estação. Na área da enfermagem, esses materiais compreendem equipamentos e materiais médico-hospitalares utilizados na assistência à saúde prestada ao paciente crítico. Também se solicitou dos alunos que elaborassem um resumo acerca do tema do grupo para ser entregue aos demais colegas da turma.

O workshop foi realizado no período da manhã, com a participação dos estudantes de Enfermagem e alguns convidados presentes na escola como a diretora, secretárias, enfermeiras da educação continuada, totalizando 20 convidados. Inicialmente foi realizada a exposição do tema e apresentados os objetivos do workshop, a fim de que todos os estudantes pudessem participar de todas as estações propostas.

No Quadro 1, pode-se observar a descrição de cada estação. Foram realizadas cinco estações de trabalho, com aproximadamente seis alunos e duração de 30 minutos. As estações foram conduzidas pelos estudantes com o apoio de uma docente. As estações versaram sobre os cuidados de enfermagem aos pacientes críticos, viabilizando não apenas orientações e esclarecimento de dúvidas, mas a demonstração dos equipamentos e dos materiais utilizados em unidades de terapia intensiva (UTI). O workshop foi encerrado com uma dinâmica que envolveu todos os estudantes, a fim de resgatar os conceitos e a análise dos resultados em cada grupo. A avaliação da aprendizagem foi realizada por meio da participação dos estudantes nas atividades e pela demonstração das habilidades expressas nos objetivos do workshop.

Quadro 1: Estações de trabalho

Considerações finais

A realização do workshop possibilitou aos estudantes o contato prévio com os equipamentos e materiais que serão utilizados no estágio supervisionado.

Durante a realização do workshop, houve a intensa interação dos participantes por meio da obtenção de conhecimento com experiência conjunta, estimulando a criatividade e a troca de informações entre os estudantes e os facilitadores.

Acreditamos que novas tecnologias educacionais precisem ser aplicadas no ensino Técnico em Enfermagem, criando profissionais críticos e reflexivos acerca de suas práticas de trabalho, a fim de proporcionar uma assistência em enfermagem segura e efetiva.

Referências

ARAÚJO, A. A. C.; SILVA, G. R. F. Office on theory of nursing: successful experience of integration between graduating and post-graduate. Rev. Enferm., Teresina, jan./mar. 2019.

BRASIL. Resolução CNE/CEB nº 6, de 20 de setembro de 2012. Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio, 2012.

BUCHWEITZ, Bernardo. Aprendizagem significativa: ideias de estudantes concluintes de curso superior. Investigações em ensino de Ciências, v. 6, nº 2, p. 133-141, 2016.

GONÇALVES, Laís Barreto Brito et al.  O uso das tecnologias digitais de informação e comunicação como recurso educacional no ensino de Enfermagem. EaD em Foco, v. 10, e939, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.18264/eadf.v10i1.939

SILVA, Cristiane dos Santos Brasil; JOSÉ, Alexandre Botelho. Oficina de Arteterapia - um relato de experiência. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 22, nº 39, 18 de outubro de 2022. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/22/39/oficina-de-arteterapia-um-relato-de-experiencia.

VITORINO, Hector Aguilar; ALTA, Roxana Yesenia Pastrana; ORTEGA, Priscila. Workshop como metodologia para o ensino-aprendizagem de ciências: um estudo de caso com o grupo Bioinorganic Chemistry Environment and Medicine (Biomet). Pesquisa e Ensino em Ciências Exatas e da Natureza, v. 5, p. e1699, 2021. Disponível em: http://dx.doi.org/10.29215/pecen.v5i0.1699.