Rendimento escolar e fatores que interferem na aprendizagem de estudantes do 9º ano de escolas de tempo integral do Recife/PE

Ana Márcia de Sousa Silva

Licenciada em Letras, especialista em Gestão Escolar e Políticas, mestra em Gestão da Educação, professora da Secretaria Municipal de Educação de Recife/PE

Liliana Corrêa Rêgo

Licenciada em Pedagogia, mestra em Educação, professora da Secretaria de Educação de Teresina/PI

Maria Natividade Moura de Souza

Licenciada em Pedagogia, especialista em Docência, mestra em Educação, professora da Secretaria de Educação de Teresina/PI

Andreia Aparecida Silva Donadon Leal

Licenciada em Língua Portuguesa, mestra em Letras, diretora de Projetos Culturais no município de Mariana/MG

Mara Lúcia de Almeida

Bacharela em Tradução e Interpretação, especialista em Marketing e Propaganda, assistente de Coordenação Pedagógica da USJT

Cynthia Pichini

Licenciada e bacharela em Língua e Literatura Inglesa, mestra em Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas, docente da USJT

Barbara Raupp

Bacharel em Odontologia, mestra em Educação, docente da Residência Multiprofissional do Grupo Hospitalar Conceição de Porto Alegre/RS

Jonival Ferreira Côrtes

Licenciado em Filosofia e em História, mestre em História, professor da Secretaria de Educação de São Paulo

Pauliane Ibiapina Fernandes Girão

Licenciada em Matemática, especialista em Matemática Financeira e Estatística, professora da Secretaria de Educação do Ceará

Mauro Vinicius Dutra Girão

Licenciado em Biologia, especialista em Gestão de Saúde Pública e Meio Ambiente

A escola deve zelar pelo ensino-aprendizagem de qualidade e considerar o estudante como sendo o centro de todo o processo educativo. Com uma sociedade em rápida mutação, a escola precisa repensar seus momentos de planejamento, com a finalidade de definir estratégias modernas e inovadoras, de maneira a garantir protagonismo e autonomia aos estudantes da Educação Básica para a construção dos seus conhecimentos (Brasil, 2013; Lima, 2013; Mello Neto et al., 2016).

Sabendo que os estudantes são influenciados, atuam, modificam e vivem em sociedade, a escola deve perceber essas relações, definindo meios focados nas metas dos estudantes, promovendo um melhor rendimento escolar. As metas e motivações dos estudantes são pessoais e podem ser influenciadas por perspectivas futuras, relações com seus familiares, professores e amigos da escola, assim, também podem influenciar no rendimento escolar (Monteiro; Santos, 2011; Gomes, 2018; Ribeiro, 2021).

A motivação pode ser intrínseca, para satisfazer a curiosidade ou o desejo de dominar um conteúdo ou uma atividade, encontrar os colegas ou compartilhar experiências, que não dependem de fatores externos para sua ocorrência, e extrínseca, quando direcionada por valores sociais, recompensas ou medo da punição. Uma das grandes questões discutidas atualmente na educação é saber como motivar os estudantes (Viola; Bezerra, 2018; Santos; Moraes; Lima, 2018; Monteiro; Pissaia; Thomas, 2019; Frota; Xerez; Parente, 2020).

A Educação Básica de qualidade pode promover melhoria nas condições sociais, políticas e econômicas dos países democráticos no mundo. No Brasil, o estado de Pernambuco passou a ofertar a educação integral pública a partir de 2008, alcançando melhorias na Educação Básica estadual (Pernambuco, 2008; Holanda; Silva, 2017; Najjar; Morgan; Mocarzel, 2018; Cardoso; Oliveira; Silva, 2019; Pernambuco, 2022).

Referencial teórico

Muitos fatores podem influenciar no desempenho, na motivação e na aprendizagem dos estudantes, tais como, fatores ambientais, econômicos, nutricionais, sociais, psicológicos, emocionais, dentre outros. Reconhecer e trabalhar esses fatores contribuirá para melhor acolher o estudante, dentro e/ou fora do ambiente escolar (Carvalho; Rolón; Melo, 2018; Viola; Bezerra, 2018; Gomes; 2018; Pacheco; Andreis, 2018; Monteiro; Pissaia; Thomas, 2019; Frota; Xerez; Parente, 2020).

Sendo assim, entendemos que a família e os amigos são fundamentais para se obter um bom rendimento escolar. As relações entre escolas e famílias são complexas, mas podem ser ressignificadas, tornando-se, também, fator motivador nos processos de ensino-aprendizagem. De acordo com Monteiro (2011), Santos (2011), Pacheco; Andreis (2018) e Ribeiro (2021), os estudantes que compartilham conhecimento com seus colegas, tendem a ser mais motivados e confiantes, aprendendo com seus pares, em suas trocas.

A relação do professor com os estudantes também interfere nesse processo, pois a afetividade facilita no processo de ensino-aprendizagem. Quando o professor identifica uma forma de motivar seu aluno, pode se aproximar, criando laços que promovam a sua efetiva aprendizagem. Além da afetividade, essas atitudes envolvem aspectos cognitivos, sensório motores e de atenção, trazendo grandes benefícios para os estudantes (Viola; Bezerra, 2018; Frota; Xerez; Parente, 2020; Barbosa, 2020).

As motivações se apresentam com características individuais, mas quaisquer que sejam, são a válvula propulsora da aprendizagem. Atualmente, as escolas estão buscando adaptar o ensino às características individuais de cada estudante, pois todos esses aspectos são importantes para a construção global do indivíduo (Gomes; 2018; Barbosa, 2020).

O Estado de Pernambuco, localizado na região Nordeste do Brasil, passou a alcançar melhorias na Educação Básica estadual ao oferecer, a partir de 2008, a educação integral. Desde então, essas escolas, com carga horária de 45 horas aulas semanais, funcionam com professores e estudantes durante os cinco dias da semana, buscando a ampliação do universo de experiências educativas, culturais, esportivas e artísticas dos estudantes. Por meio de uma educação transdisciplinar são realizadas sistematicamente ações educativas voltadas para as quatro dimensões do ser humano: racionalidade, afetividade, corporeidade e espiritualidade (Pernambuco, 2008; 2022; Holanda; Silva, 2017; Cardoso; Oliveira; Silva, 2019).

Este trabalho, busca identificar o rendimento dos estudantes do 9º ano de escolas municipais de tempo integral da cidade de Recife/PE em relação à Língua Portuguesa e à Matemática, assim como identificar os fatores que interferem na aprendizagem dos estudantes.

Procedimentos metodológicos

Trata-se de um estudo do tipo quantiqualitativo, por meio de questionário realizado com estudantes de 14 a 18 anos, do 9º ano, de sete escolas municipais de tempo integral do município de Recife, durante o ano de 2021.

A escolha dos estudantes foi feita em razão de ser um ano de transição do Fundamental a Médio, necessitando conhecer o rendimento e as motivações a serem trabalhadas na nova etapa estudantil.

O recrutamento dos participantes ocorreu por via remota, durante o mês de julho de 2021. O diretor escolar apresentou a proposta e, em seguida, os escolares foram convidados e estimulados a participar voluntariamente da pesquisa, com o preenchimento de um questionário online, elaborado no Google Forms. Os estudantes foram orientados a pedir a autorização dos pais ou responsáveis para o preenchimento do questionário, que ficou disponível por 5 dias consecutivos. O critério de exclusão adotado foi o preenchimento incompleto do questionário.

O questionário, composto por perguntas relacionadas a informações sociodemográficas, tais como, idade, sexo, nome da instituição e notas em Língua Portuguesa e Matemática, tinha 20 questões baseadas na escala de Likert para mensurar os fatores motivadores da aprendizagem (Quadro 1).

Quadro 1: Escala de fatores que motivam a aprendizagem

Fator

Fatores

Escala de Likert

I

1. Estudo porque é interessante resolver problemas

1

2

3

4

5

2. Estudo porque gosto de descobrir o quanto melhorei

         

3. Estudo porque quero saber coisas novas

         

4. Estudo porque gosto do desafio dos problemas difíceis

         

5. Estudo porque me sinto bem quando supero obstáculos e fracassos

         

6. Estudo porque tenho curiosidade

         

7. Estudo porque gosto de empregar o raciocínio

         

8. Estudo porque fico contente quando consigo resolver um problema difícil

         

II

9. Estudo porque quero chamar a atenção de meus amigos

         

10. Estudo porque não quero que meus amigos zombem de mim

         

11. Estudo porque não quero que o professor tenha aversão a mim

         

12. Estudo porque quero que os outros vejam como sou esperto

         

13. Estudo porque gosto de tirar notas melhores que a dos meus amigos

         

14. Estudo porque quero ser elogiado pelos meus pais e professores

         

III

15. Estudo porque quero tirar boas notas

         

16. Estudo porque quero ficar orgulhoso de ter tirado boas notas

         

17. Estudo porque não quero reprovar nos exames finais

         

18. Estudo porque quero cursar estudos superiores

         

19. Estudo porque quero ter um bom trabalho no futuro

         

20. Estudo porque quero obter uma boa posição social no futuro

         

Fonte: Adaptado de Sanches; Guerra, 2021.

A escala de Likert é comumente usada em pesquisas de opinião, de modo que os participantes mensuram o seu nível de concordância com determinado questionamento, permitindo coletar, com extrema clareza, dados qualitativos de uma pergunta. A escala variava de 1 a 5 e os participantes deveriam marcar o número que mais traduzia a sua opinião. Dentre as opções de respostas: 1) para “muito frequente”, 2) “frequente”, 3) “ocasionalmente”, 4) “raramente” e 5) “nunca”.

Os fatores que motivam a aprendizagem foram divididos em três categorias: fator I, com as metas de aprendizagem (itens 1 a 8), fator II, com as metas de obtenção (itens 15, 16, 17, 18, 19, 20) e fator III, com as metas de reforço social (itens 9 a 14).

As respostas coletadas foram tabuladas em uma planilha do Excel para realização dos cálculos e geração de gráficos, com tabelas. O resultado de cada fator foi calculado somando-se a pontuação obtida em cada item. A análise estatística utilizou a frequência relativa para apresentar a porcentagem dos participantes por sexo e pelas notas em Língua Portuguesa e Matemática. Para calcular a significância das notas em Língua Portuguesa e Matemática, bem como as respostas entre os sexos, foi utilizado o teste t de Student (p < 0,05), a partir das médias e do desvio padrão (DP) dos resultados. Para calcular a significância entre as escolas foi utilizado o ˠ - teste de Friedman, a partir das medianas dos fatores analisados. Os dados foram analisados usando o programa estatístico R.

Todo o procedimento da pesquisa seguiu as recomendações da Resolução nº 510/16 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), resguardando o anonimato dos participantes e da instituição de ensino.

Primeiramente, o projeto foi apresentado à direção escolar, com as informações referentes aos objetivos e procedimentos do estudo. Em seguida, foi solicitada uma carta de anuência para a realização da pesquisa. Com a aceitação da direção da escola, os estudantes foram convidados pela própria direção escolar a participar e informar aos pais ou responsáveis a necessidade da leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aos Pais (TCLE), caso autorizassem a sua participação voluntária, o TCLE e o termo de assentimento estavam vinculados ao questionário online, sendo apresentados na página inicial. O questionário só era iniciado com o consentimento dos responsáveis e do menor.

Apresentação e discussão dos resultados

Compôs a amostra um total de 156 participantes, sendo 57 (36,5%) do sexo masculino e 99 (63,5%) do sexo feminino. Estudantes do sexo feminino são os que apresentam melhor rendimento em Língua Portuguesa, sendo 63,3% dos que apresentam rendimento com nota 10. Estudantes do sexo masculino são os que apresentam melhor rendimento em Matemática, sendo 66,6% dos que apresentam rendimento com nota 10.

Entretanto, existe uma diferença significativa entre as notas de Língua Portuguesa e Matemática (p < 0,01), determinando que os estudantes das escolas municipais de tempo integral apresentam melhor desempenho em relação às notas em Língua Portuguesa (Tabela 1).

Tabela 1: Rendimento quantitativo nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática de estudantes do 9º ano de escolas municipais de tempo integral de Recife/PE

Variável

Disciplina

N

Média (DP)

P

Notas

Língua Portuguesa

156

7,71 (1,2)

0,01

Matemática

156

7,35 (1,5)

Legenda:  DP - desvio padrão; Teste t de Student. Valor de p < 0,05.

Estudo realizado por Ferraz, Cantalice e Santos (2019) evidenciou que a média das notas de Língua Portuguesa e Matemática foi de 6,62 entre estudantes do primeiro ciclo do Ensino Fundamental, de duas escolas públicas.

Considerando as notas, podemos inferir que os estudantes que compuseram a amostra do presente estudo estão motivados e que os fatores que influenciam na aprendizagem estão de alguma forma sendo positivos, pois, de acordo com Monteiro, Pissaia e Thomas, (2019), alunos motivados estudam e aprendem mais.

Vale ressaltar que as notas aqui apresentadas podem não refletir o real desempenho e a real aquisição de conhecimento dos alunos, pois, em alguns casos, devido à pressão por bons resultados nas avaliações externas, na lógica do accountability, principalmente nas áreas de Matemática e Língua Portuguesa, professores são levados a modificar as notas obtidas pelos alunos para não sofrerem punições por parte do governo ou serem repreendidos no ambiente de trabalho (Lima, 2013; Silva, 2016; Silva, 2017; Holanda; Silva, 2017).

Em geral, as escolas integrais apresentam melhores resultados que as escolas não integrais. Em relação aos indicadores de resultado, de acordo com o tipo de escola, as escolas da rede estadual de Pernambuco possuem elevadas taxas de aprovação, sendo que as escolas integrais superam as regulares (Mello Neto et al., 2016).

O Estado de Pernambuco é referência nacional em ensino em tempo integral e se destacou dentre os outros estados brasileiros pelo desempenho do Ensino Médio público estadual, considerando a média alcançada no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) (Holanda; Silva, 2017).

Os alunos do Ensino Fundamental, que apresentam melhor desempenho no teste de compreensão de leitura, tendem a ser mais motivados para a aprendizagem. A criança que aprende a ler e a escrever é um ser que pensa e que busca a compreensão do mundo à sua volta. A criança que aprende a pensar vai além do que viu, pois ela cria hipóteses, ampliando o seu repertório de aprendizagem (Santos; Moraes; Lima, 2018; Barbosa, 2020).

A habilidade para compreensão leitora interfere em outros aspectos da vida dos indivíduos. Dessa forma, a dificuldade na interpretação textual pode prejudicar o rendimento em outras áreas, como na Matemática (Pacheco; Andreis, 2018; Santos; Moraes; Lima, 2018).

A Matemática fica entre as primeiras disciplinas em que os alunos apresentam maior dificuldade e menor rendimento. Algumas das possíveis causas associadas às dificuldades de aprendizagem em Matemática estão relacionadas com a escola, a família e os fatores próprios dos alunos. O insucesso de muitos estudantes é um fator que os leva, cada vez mais, à aversão à disciplina, desenvolvendo dificuldades ainda maiores com o passar dos anos escolares (Pacheco; Andreis, 2018).

A aprendizagem em Língua Portuguesa e Matemática exige cada vez mais esforço e dedicação por parte dos docentes no planejamento de aulas criativas, dinâmicas, contextualizadas, claras e significativas, ministradas com muita energia e disposição, de tal forma que essa energia seja transmitida aos alunos para que possam entender a real necessidade do estudo (Alves, 2020; Santos; Cunha, 2021; Cavalcante; Melo; Oliveira, 2022).

Em relação às metas acadêmicas e aos fatores que interferem na aprendizagem entre estudantes do sexo masculino e feminino, os dados coletados atestaram a ausência de diferenças significativas (Quadro 2). As médias dos resultados dos fatores 1, 2 e 3 não diferem significativamente entre os indivíduos dos sexos feminino e masculino (p < 0,05) (Quadro 3).

Quadro 2: Pontuação obtida em cada item dos fatores de aprendizagem dos estudantes do 9º ano de escolas municipais de tempo integral da cidade de Recife/PE

Fatores de aprendizagem

Escolas

N

Mediana

p

FATOR 1

A

8

32,5

0,2893ˠ

B

46

21,5

C

17

27,5

D

30

24,0

E

14

23,0

F

14

23,0

G

23

20,5

FATOR 2

A

8

26,5

0,2055ˠ

B

46

19,0

C

17

19,0

D

30

26,0

E

14

16,0

F

14

26,0

G

23

25,0

FATOR 3

A

8

7,0

0,6323ˠ

B

46

6,5

C

17

8,5

D

30

8,0

E

14

6,5

F

14

8,0

G

23

8,5

ˠ - teste de Friedman.  Valor de p < 0,05.

Os dados evidenciam que as metas acadêmicas e os fatores que interferem na aprendizagem dos estudantes são estatisticamente os mesmos. Uma mudança de estratégia pode gerar um maior estímulo à aprendizagem, podendo ser adotada em todas as escolas.

O rendimento escolar pode ser influenciado pelo ambiente escolar, quando o estudante o reconhece como um ambiente acolhedor, pois passa a buscar conhecimento e reconhecer suas dúvidas e considerações, como parte de seu aprendizado (Ribeiro, 2021).

Quadro 3: Pontuação obtida em cada item dos fatores de aprendizagem entre estudantes do sexo masculino e feminino do 9º ano de uma escola municipal da cidade de Recife/PE

Variável

Escola

Sexo

N

Média (DP)

P

FATOR I

A

Feminino

5

28,4 (7,5)

0,2780

Masculino

3

32,0 (8,7)

B

Feminino

5

6,6 (1,7)

0,0642

Masculino

3

10,6 (4,9)

C

Feminino

10

26,4 (7,7)

0,2154

Masculino

7

23,2 (7,9)

D

Feminino

20

24,5 (7,3)

0,4944

Masculino

10

24,5 (10,9)

E

Feminino

12

20,1 (7,5)

0,0889

Masculino

 

28,0 (0,0)

F

Feminino

12

20,1 (7,5)

0,0889

Masculino

2

28,0 (0,0)

G

Feminino

14

22,6 (7,9)

0,1824

Masculino

9

26,0 (9,4)

FATOR II

A

Feminino

5

26,1 (3,8)

0,3502

Masculino

3

25,0 (6,2)

B

Feminino

23

20,1 (6,7)

0,1662

Masculino

23

22,4 (6,8)

C

Feminino

10

21,1 (7,2)

0,4208

Masculino

7

20,4 (5,8)

D

Feminino

20

19,8 (6,0)

0,3033

Masculino

10

21,2 (7,0)

E

Feminino

12

22,8 (6,7)

0,4077

Masculino

2

24,0 (0,0)

F

Feminino

12

22,8 (6,7)

0,4077

Masculino

2

24,0 (0,0)

G

Feminino

14

22,2 (7,2)

0,3032

Masculino

9

20,5 (7,7)

FATOR III

A

Feminino

5

6,6 (1,7)

0,0642

Masculino

3

10,6 (4,9)

B

Feminino

23

8,3 (3,6)

0,2415

Masculino

23

9,4 (5,6)

C

Feminino

10

8,0 (3,0)

0,1196

Masculino

7

10,6 (5,6)

D

Feminino

20

7,9 (2,7)

0,1096

Masculino

10

10,9 (6,9)

E

Feminino

12

9,8 (4,6)

0,1703

Masculino

2

6,5 (0,7)

F

Feminino

12

9,8 (4,6)

0,1703

Masculino

2

6,5 (0,7)

G

Feminino

14

11,6 (5,7)

0,4783

Masculino

9

11,7 (5,7)

Legenda:  DP - desvio padrão; Teste t de Student. Valor considerado significativo p < 0,05.

Os fatores de gênero, masculino e feminino, sozinhos não influenciam diretamente no rendimento escolar, sendo necessário ter outros parâmetros para a avaliação desse conjunto de fatores que contribuem para o êxito no rendimento escolar. Conhecer as potencialidades dos alunos de ambos os sexos pode ser um fator importante no êxito das tarefas escolares e no convívio social (Santos; Moraes; Lima, 2018; Sanches; Guerra, 2021).

Sobre a motivação para aprender, o presente estudo se assemelha com o de Rossi e colaboradores (2020), que também não encontraram diferenças estatisticamente significativas. Não haver diferenças entre os fatores que motivam a aprendizagem é um ponto facilitador para a gestão escolar, pois qualquer estímulo, dentre os analisados, surtirá efeitos positivos, proporcionando satisfação a uns, sem promover tédio em outros.

Entretanto, Frota, Xerez e Parente (2020) colocam em evidência que os aspectos motivacionais mais citados pelos estudantes são o desejo de cursar uma faculdade e ter um bom emprego futuramente, além do estímulo dos professores, do interesse pessoal pelos estudos e da curiosidade por novas habilidades.

Havendo diferenças entre os aspectos motivacionais da aprendizagem, intrínsecos ou extrínsecos, faz-se necessário trabalhar a emoção para atingir o progresso que resultará em benefícios na sala de aula, na família e na sociedade (Bzuneck, 2018; Carvalho;Rolón; Mello, 2018).

A escola pode também atender aos interesses e às demandas do aluno, desenvolvendo as suas competências pessoais, sociais, produtivas e cognitivas, a fim de ampliar o protagonismo estudantil e a autonomia do aluno, em busca da concretização de seus projetos de vida, como norteadora da construção da própria noção de coletivo social. O tempo estendido também pode significar ampliação das experiências formativas e de aprendizagens (Pacheco; Andreis, 2018; Maia; Santos; Oliveira, 2019; Santos; Lins, 2021).

A gestão escolar pode estabelecer um fluxo de comunicação constante com a comunidade e com as famílias dos alunos, promovendo um ensino democrático e comunitário, que pode influenciar positivamente em sua aprendizagem (Vilas Boas; Abbiat, 2020).

A motivação pode ser provocada por projeto pedagógico, atuando com oferta de atividades que se adequem às escolhas dos alunos ou que auxiliem nas decisões de caminhos para seguirem satisfatoriamente as suas vidas. A motivação pode impulsionar os desejos, controlar a intensidade dos esforços e determinar o grau de persistência na busca de resultados. A motivação escolar visa a estabelecer novas expectativas nos universos de expectativas dos alunos. Por isso, é essencial discutir conceitos de motivação.

Apesar dos melhores esforços da escola, da comunidade e da família, em certas ocasiões caberá aos próprios estudantes, de forma inteiramente individualizada, a regulação de suas emoções com o objetivo de aprender (Bzuneck, 2018; Brito, 2019; Frota; Xerez; Parente, 2020).

Considerações finais

Os achados aqui apresentados são uma amostra da realidade escolar dos estudantes do 9º ano de escolas municipais de tempo integral da cidade de Recife/PE em relação ao seu rendimento em Língua Portuguesa e em Matemática, observando-se os fatores que interferem nessa aprendizagem.

Na realidade avaliada, o rendimento escolar apresentou-se acima da média e os fatores que estimulam a aprendizagem, em ambos os sexos, são semelhantes, podendo ser adotada uma mesma estratégia para estimular a aprendizagem dos estudantes.

Mesmo sem diferença significativa entre os fatores motivacionais, consideramos necessário que programas motivacionais façam parte dos projetos pedagógicos. Essa prática poderá suprir deficiências socioambientais, resultantes da ausência de ambiência para estudos no seio familiar, nos círculos de amizades e culturais. Quando a Gestão Escolar conhece os fatores que interferem na aprendizagem de seus estudantes, pode adotar medidas eficientes no estado motivacional, no sentido de melhorar o rendimento escolar e o desenvolvimento integral dos estudantes.

Diante da diversidade estudantil, o professor deve identificar as peculiaridades de cada aluno da turma para adotar estratégias efetivas de aprendizagem. Estudos futuros, com amostras mais abrangentes, tanto quantitativa como geograficamente, bem como, com maior amplitude de faixa etária, podem ser conduzidos a fim de aprofundar o conhecimento sobre o tema em outras escolas do Brasil.

Referências

ALVES, G. C. Desafios da gestão escolar frente à pandemia de covid-19. Revista Educação Pública, v. 20, nº 33, p. 1-7, 2020.

BARBOSA, E. S. Afetividade no processo de aprendizagem. Revista Educação Pública, v. 20, nº 41, p. 1-5, 2020.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretária de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília, 2013.

BRITO, B. C. S. Liderança do gestor escolar nas escolas de Ensino Médio integral da região metropolitana do Recife – Pernambuco – Brasil. 2019. 116f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Educação), Universidad Autónoma de Asunción, Asunción, 2019.

BZUNECK, J. A. Emoções acadêmicas, autorregulação e seu impacto sobre motivação e aprendizagem. Educação Temática Digital, v. 20, nº 4, p. 159-175, 2018.

CARDOSO, C. S.; OLIVEIRA, N. C. M.; SILVA, J. B. Educação integral e(m) tempo integral: possibilidades analíticas do processo histórico recente em Belém do Pará. Revista HISTEDBR On-line, v. 19, nº 4, p. 1-23, 2019.

CARVALHO, E. A.; ROLÓN, J. C. C.; MELO, J. S. M. Os vínculos afetivos na construção do ensino-aprendizagem. Revista de Psicologia, v. 12, nº 39, p. 469-489, 2018.

CAVALCANTE, J. M. B.; MELLO, A. S. L.; OLIVEIRA, C. S. Aulas remotas de Língua Portuguesa no contexto da pandemia: os desafios de professores de escolas estaduais da Região Metropolitana de Recife/PE. Revista Educação Pública, v. 22, nº 24, p. 1-6, 2022.

FROTA, J. S.; XEREZ, L. M. P.; PARENTE, N. N. A motivação e desmotivação no processo de aprendizagem do ensino de Física. Brazilian Journal of Development, v. 8, nº 3, p. 62.802-62.817, 2020.

GOMES, M. M. Fatores que facilitam e dificultam a aprendizagem. Revista Educação Pública, v. 18, nº 14, p. 1-5, 2018.

HOLANDA, E. A.; SILVA, K. N. P. Escolas de tempo integral do Estado de Pernambuco – uma análise do cumprimento do objetivo de melhora da qualidade do Ensino Médio e qualificação profissional dos estudantes. Revista Cadernos de Estudos e Pesquisa na Educação Básica, v. 3, nº 1, p. 276-283, 2017.

LIMA, U. C. W. O programa de educação integral das escolas de referência em Pernambuco (2008-2013). Gestão Pública - Prática e Desafios, v. 4, nº 2, p. 160-187, 2013.

MAIA, J. E. N.; SANTOS, J. M. C. T.; OLIVEIRA, E. N. P. O tempo integral na política estadual de Educação do Ceará. Práticas Educativas, Memórias e Oralidades, v. 1, nº 3, p. 1-12, 2019.

MELLO-NETO, R.; MEDEIROS, H. A.; MELLO, F. M.; OLIVEIRA, F. M.; LIRA, M. H.; PAIVA, F. Ensino Médio na rede estadual de Pernambuco: educação integral e pacto de gestão por resultados. Cadernos Cenpec, v. 6, nº 2, p. 1-12, 2016.

MONTEIRO, R. M.; SANTOS, A. A. Motivação para aprender: diferenças de metas de realização entre alunos do Ensino Fundamental. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, v. 2, nº 1, p. 19-35, 2011.

MONTEIRO, S.; PISSAIA, L. F.; THOMAS, J. Desafios da contemporaneidade: a (des)motivação de alunos de uma escola pública quanto ao processo de aprendizagem. Res. Soc. Dev., v. 8, nº 1, p. 1-13, 2019.

NAJJAR, J.; MORGAN, K.; MOCARZEL, M. Educação integral em tempo integral no Brasil: dos planos às incertezas. Movimento - Revista de Educação, v. 5, nº 8, p. 126-149, 2018.

PACHECO, M, B.; ANDREIS, G. S. L. Causas das dificuldades de aprendizagem em Matemática: percepção de professores e estudantes do 3º ano do Ensino Médio. Revista Principia, v. 1, nº 38, p. 105-120, 2018.

PERNAMBUCO. Lei nº 125, de 10 de julho de 2008. Cria o Programa de Educação Integral. Recife, 2008. Disponível em: https://legis.alepe.pe.gov.br/texto.aspx?id=5148&tipo=TEXTOATUALIZADO. Acesso em: 10 jul. 2020.

______. Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco. Educação integral. Disponível em: http://www.educacao.pe.gov.br/portal/?pag=1&men=70. Acesso em: 10 jul. 2022.

RIBEIRO, F. Motivação e aprendizagem no contexto escolar. Profforma, v. 1, nº 3, p. 1-5, 2021.

ROSSI, T.; TREVISOL, A.; SANTOS, D. N.; DAPIEVE-PATIAS, N.; Von HOHENDORFF, J. Autoeficácia geral percebida e motivação para aprender em adolescentes do Ensino Médio. Acta Colombiana de Psicología, v. 23, nº 1, p. 245-253, 2020.

SANCHES, E. A.; GUERRA, O. U. Estudo relacional entre gênero e rendimento escolar de alunos do Ensino Fundamental e Médio de Brasília-Brasil. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, v. 16, nº 1, p. 37-62, 2021.

SANTOS, A. A. A.; MORAES, M. S.; LIMA, T. H. Compreensão de leitura e motivação para aprendizagem de alunos do Ensino Fundamental. Psicologia Escolar e Educacional, v. 22, nº 1, p. 93-101, 2018.

SANTOS, J. A. V.; CUNHA, D. S. O uso do laboratório no ensino da Matemática: desafios e possibilidades encontradas pelos professores em suas práticas pedagógicas. Revista Educação Pública, v. 21, nº 41, p. 1-9, 2021.

SANTOS, S. G. A.; LINS, C. P. A. Educação integral e escola em tempo integral: aproximações e distanciamentos. Ensino em Perspectivas, v. 2, nº 4, p. 1-8, 2021.

SILVA, K. N. P.; SILVA, J. A. A. Política de avaliação e Programa de Educação Integral no Ensino Médio da rede estadual de Pernambuco: os limites da centralidade da avaliação nas políticas educacionais. Práxis Educativa, v. 11, nº 3, p. 736-756, 2016.

______; ______. Trabalho docente e educação integrada nas escolas técnicas estaduais de Pernambuco. Educar em Revista, v. 1, nº 65, p. 237-247, 2017.

VILAS BOAS, M. L.; ABBIATI, A. S. A educação (em tempo) integral no Brasil: um olhar sobre diferentes experiências. Revista on-line de Política e Gestão Educacional, v. 24, nº 3, p. 1.573-1.597, 2020.

VIOLA, J. C.; BEZERRA, T. A. R. O brincar como estratégia de motivação na aprendizagem e no desenvolvimento dos alunos do Ensino Fundamental. Revista Educação e Linguagens, v. 7, nº 33, p. 169-179, 2018.

Publicado em 28 de fevereiro de 2023

Como citar este artigo (ABNT)

SILVA, Ana Márcia de Sousa; RÊGO, Liliana Corrêa; SOUZA, Maria Natividade Moura de; LEAL, Andreia Aparecida Silva Donadon; ALMEIDA, Mara Lúcia de; PICHINI, Cynthia; RAUPP, Barbara; CÔRTES, Jonival Ferreira; GIRÃO, Pauliane Ibiapina Fernandes; GIRÃO, Mauro Vinicius Dutra. Rendimento escolar e fatores que interferem na aprendizagem de estudantes do 9º ano de escolas de tempo integral do Recife/PE. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 23, nº 7, 28 de fevereiro de 2023. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/23/7/rendimento-escolar-e-fatores-que-interferem-na-aprendizagem-de-estudantes-do-9-ano-de-escolas-de-tempo-integral-do-recifepe

Novidades por e-mail

Para receber nossas atualizações semanais, basta você se inscrever em nosso mailing

Este artigo ainda não recebeu nenhum comentário

Deixe seu comentário

Este artigo e os seus comentários não refletem necessariamente a opinião da revista Educação Pública ou da Fundação Cecierj.