Laboratório de informática: um recurso necessário para o ensino-aprendizagem

Norenir Oliveira Leite Mamedes

Professora do Ensino Fundamental I da Secretaria Municipal de Educação de Araputanga/MT

Jeová Dias Mamedes

Pós-graduado em Psicopedagogia (Unibf), professor do Ensino Fundamental I

A educação está passando por inúmeras transformações. Diante disso, a inserção da informática na escola como recurso pedagógico, provém do interesse da comunidade escolar, no intuito de aderir a novos processos educacionais no ensino-aprendizagem. Com isso, os recursos e os benefícios passam a ser utilizados de forma consciente, eficaz e crítica.

Quando se fala em informática na escola, é preciso considerar como será feito e praticado o recurso pedagógico dentro do laboratório de informática, e para isso todas as pessoas envolvidas no processo precisam dialogar e definir sua utilização e qual o seu objetivo em prol do aluno, levando em consideração os interesses e as exigências da comunidade e da sociedade.

No olhar de um novo cenário educacional, justifica-se o fato de compreender e assimilar os novos desafios que se iniciam com o advento das novas tecnologias, o fazer pedagógico com o computador faz-se necessário, tanto o professor como os demais profissionais da escola devem se adequar a esse novo paradigma, buscar os recursos necessários, como capacitação, para promover o seu melhor para os alunos.

Os objetivos gerais e específicos estão voltados para analisar a escola como espaço de interação e comunicação, onde o aluno se apropria das tecnologias e o professor se reitera dos processos que abordem tais tecnologias como recursos para facilitar a aprendizagem, oportunizando todas as tecnologias disponíveis no ambiente escolar.

Sabe-se que ainda há muito a fazer e investir para que o ambiente escolar, a sala de aula se tornem um ambiente propício para a aprendizagem tecnológica. Vale destacar que um dos grandes desafios da sociedade é ter um sistema educacional que promova e viabilize a formação de indivíduos preparados para essa realidade, em níveis de aprendizado compatíveis com a atual necessidade social.

O presente estudo traz um tema significativo para a sociedade, pois trata das tecnologias que estão presentes no cotidiano da vida de cada um. A sociedade precisa saber como a comunidade escolar tem trabalhado as tecnologias no seu ambiente e a real importância para a sociedade em geral.

A metodologia de estudo utilizada foi bibliográfica, em diversos artigos, sites, revistas, periódicos etc.

O uso do computador na escola como recurso no ensino-aprendizagem

Com a utilização do computador na educação, é possível ao professor e à escola dinamizar o processo de ensino-aprendizagem com aulas mais criativas, mais motivadoras e que despertem nos alunos a curiosidade e o desejo de aprender, conhecer e fazer descobertas. A dimensão da informática na educação não está, portanto, restrita à informatização da parte administrativa da escola ou ao ensino da informática para os alunos.

A importância da utilização da tecnologia computacional na área educacional é indiscutível e necessária, seja no sentido pedagógico, seja no sentido social. Não cabe mais à escola preparar o aluno apenas nas habilidades de linguística e lógico-matemática, apresentar o conhecimento dividido em partes, fazer do professor o grande detentor de todo o conhecimento e valorizar apenas a memorização. Hoje, com o novo conceito de inteligência, em que podemos desenvolver as pessoas em suas diversas habilidades, o computador aparece num momento bastante oportuno, inclusive para facilitar o desenvolvimento dessas habilidades – lógico-matemática, linguística, interpessoal, intrapessoal, espacial, musical, corpo-cinestésica, naturista e pictórica (Tajra, 2000).

Moran (1998) afirma que

a internet é uma tecnologia que facilita a motivação dos alunos pela novidade e pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisa que oferece. Essa motivação aumenta se o professor proporcionar um clima de confiança, abertura, cordialidade com os alunos. Mais que a tecnologia, o que facilita o processo de ensino-aprendizagem é a capacidade de comunicação autêntica do professor ao estabelecer relações de confiança com seus alunos por meio do equilíbrio, competência e simpatia com que atua. O aluno desenvolve a aprendizagem cooperativa, a pesquisa em grupo, a troca de resultados.

De acordo com Sanmya Tajra (2000),

a internet é mais um canal de conhecimento, de trocas e buscas. A internet não substitui. Ela facilita, aprimora as relações humanas, elabora novas formas de produção, estimula uma cultura digital, libera tempo, une povos e culturas. Gera uma nova sociedade. A internet não se resume a um conjunto de backbones que interliga fisicamente os países e as informações. A tecnologia não está isolada do seu contexto histórico, de suas relações sociais. Quando falo internet, refiro-me à complexa rede hipertextual de lógicas e conhecimentos inter-relacionados.

Quando o professor convida o aluno a um estudo virtual de informações, ele não apenas lança mão da nova mídia para potencializar a aprendizagem de um conteúdo curricular, mas acima de tudo contribui pedagogicamente para a inclusão desde educando na tecnologia digital.

O profissional da Educação vem reorganizando espaços, ora em conflito, ora em harmonia na busca de superar dificuldades de inovação, em que muito ainda se abstém da utilização de apenas um quadro verde ou branco no medo de se permitir a inovação.

De nada adianta a escola disponibilizar tais tecnologias se elas não forem apropriadas e entendidas pelos professores que fazem papel fundamental nesse processo, é através da interação por parte dos professores com os recursos tecnológicos que eles acabam por interagir com a realidade na qual o aluno está inserido.

O objetivo deve ser definido como analisar a escola como espaço de interação e comunicação, onde o aluno apropria-se das tecnologias como caminho a ser traçado.

O professor deve estar preparado para a veiculação de processos que abordem tais tecnologias como recursos para facilitar a aprendizagem e também oportunizar o aluno a usufruir de todas as tecnologias disponíveis no ambiente escolar.

Com as tecnologias, é evidente o acesso rápido e eficiente à aquisição de informações para a construção de aprendizagem; é relevante e diversificada a melhoria da qualidade na comunicação entre professores e alunos viabilidades pelas ferramentas interativas.

Percebe-se que o grande desafio do educador é transformar informações em conhecimento, pelo fato de conhecimento ser a síntese e que deve ser vivenciado pelo educando. Os procedimentos das práxis didática do professor devem privilegiar a construção coletiva dos conhecimentos, mediados pelos recursos tecnológicos.

Para tanto, é necessário que o professor, além de conhecer essa tecnologia, saiba como a utilizar, compreendendo a necessidade do seu uso, levando a uma abordagem interdisciplinar, não esquecendo que o uso desses instrumentos deve ocorrer de forma planejada e consciente, com a utilização de metodologias adequadas focando sempre nos objetivos que se deseja atingir.

Recursos tecnológicos na prática pedagógica

Litwin (2001, p. 131) enfatiza que a tecnologia já faz parte da educação há séculos, desde o livro impresso, do uso do lápis e do quadro-negro. Nesse sentido, o desenvolvimento da tecnologia atinge as formas de vida da sociedade e a escola não pode ficar de fora, adquirindo uma “função mediadora entre a cultura hegemônica da comunidade social e as exigências educativas de promoção do pensamento reflexivo”.

A escola não pode ignorar a influência da internet na vida das pessoas da sociedade moderna. Ao contrário; a escola pode utilizar a internet como mais um recurso para dinamizar e facilitar o processo de ensino-aprendizagem.

Há tecnologias antigas que se renovam a partir de novos critérios de uso, como, por exemplo, o rádio no carro ou o telefone que mais de um século após sua invenção se miniaturiza e invade todos os espaços. Por sua vez, existem muitas tecnologias que se tornam obsoletas antes que seu uso seja generalizado. Consideramos tecnologia de informação toda forma de gerar, armazenar, veicular, processar e reproduzir a informação (Cortelazzo, 2009, p. 6).

Kenski (2007) afirma que a formação de qualidade dos docentes deve ser vista com razoável conhecimento de uso do computador, das redes e de demais suportes midiáticos, em variadas e diferenciadas atividades de aprendizagem. É preciso identificar as melhores maneiras de usar as tecnologias para abordar este ou aquele tema ou refletir sobre eles, de maneira a aliar as especificidades do suporte pedagógico ao objetivo maior da qualidade de aprendizagem de seus alunos.

No entanto, novas tecnologias e seus suportes tecnológicos são introduzidos geralmente a partir de um equipamento sem a devida capacitação dos seus usuários. Alguns são mandados para cursos de treinamento operacional na utilização dos recursos introduzidos nas escolas e, quando voltam entusiasmados, em geral não encontram a acolhida e o ambiente necessários para o compartilhamento das ideias, sugestões e aprendizagens desenvolvidas nos cursos e acabam limitando-se a desenvolver o aprendido em suas disciplinas ou voltam à rotina, ou seja, uns poucos inovadores aliam a teoria à prática e se adéquam às mudanças sem perder o objetivo, que é a aprendizagem dos estudantes; a maioria acomodada, que cumpre o que as direções lhes impõem, com os recursos que lhes são disponibilizados; e alguns resistem e se opõem às inovações.

Para compreender o papel das tecnologias na educação é preciso considerá-las como ferramentas pedagógicas, deixando de lado seus usos como meio de circulação de informação geral; observando-se assim, que introdução de uma inovação técnica na educação deve estar orientada para uma melhoria da qualidade e da eficácia do sistema e priorizar os objetivos educacionais. Isso posto, não ocorrerá sem que haja profundas mudanças nos modos de ensinar e na própria concepção e organização dos sistemas educativos, assim, profundas modificações na cultura da escola (Ribas; Souza, 2013).

A educação é e sempre foi um processo complexo que se utiliza da mediação de algum tipo de meio de comunicação entre o conhecimento e o aprendente junto à ação do docente em sua interação pessoal e direta com os estudantes; dessa forma, pode-se considerar a sala de aula como uma tecnologia, assim como o quadro-negro, o giz, o livro e outros materiais pedagógicos.

Processos de socialização e linguagem sempre mediaram e permearam a experiência humana, mas somente a partir da modernidade com o surgimento de mídias de massa como o impresso e depois os sinais eletrônicos é que se observa um enorme crescimento da mediação da experiência decorrente destas formas de comunicação (Ribas; Souza, 2013).

As tecnologias aplicadas à Educação constituem um paradigma educacional que engloba a descoberta, a criação e a consciência e indica que as instituições de ensino de modo geral constituem um ambiente criado para a aprendizagem rica em recursos, possibilitando ao aluno a construção do seu conhecimento segundo o seu estilo individual de aprendizagem.

Conclusão

Acredita-se que o laboratório de informática é um espaço propício para novas aprendizagens. As novas tecnologias estão cada vez mais presentes na vida escolar dos alunos, cabe à escola e ao professor propiciar esses momentos de prazer e aprendizagem, ainda há muito a se fazer no ambiente escolar, mas tudo isso não depende só da escola em si, depende de outros poderes também, porém, mesmo em meio a tantos desafios, faz-se necessário o uso das tecnologias para que as aulas sejam mais dinâmicas e produtivas. O laboratório de informática se tornou um recurso essencial pedagógico na vida escolar das crianças; as tecnologias estão presentes para orientar e se adaptar a ela.

Referências

ALMEIDA, Fernando José de et al. Salto para o futuro: TV e Informática na Educação. Brasília: Associação de Comunicação Educativa Roquette-Pinto, 1998.

CORTELAZZO, I. B. C. Recursos tecnológicos na educação. Curitiba: Eadcon, 2009.

KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. Campinas: Papirus, 2007.

LITWIN, Edith (org.). Tecnologia educacional: políticas, histórias e propostas. 2ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.

LOPES, José Junior. A introdução da informática no ambiente escolar. s/d. Disponível em: http://www.clubedoprofessor.com.br/artigos.artigojunio.pdf. Acesso em: 08 abr. 2022.

MORAES, Maria Candida. Informática educativa no Brasil: uma história vivida, algumas lições apreendidas. Disponível em: http://www.edutec.net/Textos/Alia/MISC/edmcand1.htm.1997. Acesso em: 12 abr. 2022.

MORAN, José Manuel. Mudar a forma de aprender e ensinar com a internet. In: Salto para o futuro: TV e informática na educação, São Paulo, v. V, p.57-72, 2000.

PROINFO. Softwares educativos: recursos pedagógicos para a Educação Infantil e anos iniciais. Disponível em: http://e-proinfo.mec.gov.br/eproinfo/academico/inscrever_usuario_curso/confirmacao.htm?espaco. Acesso em: 02 abr. 2022.

RIBAS, Selma Carneiro; SOUZA, Flavia Dias de. Tecnologias e práticas educativas: o uso do computador na escola como recurso pedagógico. 2013.

SILVA, Idilene Rodrigues; SILVA, Rosimery de Arruda. As tecnologias e suas contribuições na educação. s/d. Disponível em: http://www.administradores.com.br/artigos/tecnologia/as-tecnologias-e-suascontribuicoes-na-educacao/66953/. Acesso em: 12 abr. 2022.

TAJRA, Sanmya Feitosa. Informática na educação: novas ferramentas pedagógicas para o professor da atualidade. 2ª ed. São Paulo: Érica, 2000.

Publicado em 07 de março de 2023

Como citar este artigo (ABNT)

MAMEDES, Norenir Oliveira Leite; MAMEDES, Jeová Dias. Laboratório de informática: um recurso necessário para o ensino-aprendizagem. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 23, nº 8, 7 de março de 2023. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/23/8/laboratorio-de-informatica-um-recurso-necessario-para-o-ensino-aprendizagem

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