Desenvolvendo habilidades para ingressar na carreira docente com sucesso

Maria Vilani Soares

Professora, doutora e mestra em Linguística (UFC), especialista em Neurolinguística (Faciba) e em Língua Portuguesa (UFPI)

Maria Janete Cabral

Professora, especialista em Neonatologia e Pediatria (UFPI), pós-graduanda em Gestão Hospitalar

Maxwel Soares Santos

Professor, pós-graduado em Matemática Financeira, graduado em Matemática

Cláudio Rêgo de Carvalho

Professor, mestre em Ciências Políticas (UFPI), graduado em Ciências Contábeis e em Pedagogia

Rafael Ferro Moura

Professor, graduado em Psicologia (Uespi)

Algumas considerações

Este artigo é o resultado das práticas desenvolvidas no Programa de Residência Pedagógica, implantado pela professora doutora Antônia Dalva França Carvalho de agosto de 2018 a janeiro de 2020, com o fazer/saber dos residentes da Universidade Federal do Piauí (UFPI), no contexto da sala de aula. Sabemos que este fazer/saber é decisivo para conquistar a confiança dos alunos e para o fluxo tranquilo das atividades desenvolvidas, conduzindo, assim, o aluno à aprendizagem significativa. Para tanto, vale questionar sobre o que é uma aprendizagem significativa.

Há décadas, as pesquisas sobre aprendizagem dominaram o cenário das investigações de pesquisadores, entretanto, os estudos sobre as questões de “como ensinar” não tiveram o mesmo tratamento. Dessa forma, acreditamos ser imprescindível, como pesquisadores e formadores de professores, bem como participantes de um núcleo de ensino, a necessidade de atualizar alunos e futuros professores sobre o ato de ensinar, a partir de situações reais de sala de aula, na compreensão de como eles poderiam melhorar seu desempenho e se aventurarem na arte de ensinar, tendo em mente algumas perguntas, tais como “quais habilidades precisamos desenvolver para que ensinemos determinado conteúdo com sucesso?”, e “quais relações, entre experiências em sala de aula, podem ser estabelecidas de modo a facilitar uma melhor aprendizagem nos alunos?”.

Com o objetivo de aclarar os resultados do curso de extensão sobre as habilidades técnicas de ensino, estruturamos este artigo da seguinte forma: inicialmente, apresentamos algumas reflexões sobre o ensino-aprendizagem significativo, para, em seguida, abordarmos seis das habilidades técnicas de ensino, propostas por Carvalho (1989) e outras três propostas dadas pelos próprios participantes.

Metodologia

Aos residentes da UFPI, nos dias 24 a 31 de maio de 2019, propôs-se uma atividade de extensão, com certificação de 40h, intitulada “Desenvolvendo habilidades para ingressar na carreira docente com sucesso”, coordenada e ministrada pela docente orientadora. Devido à grande demanda, resolvemos expandir o público-alvo a qualquer acadêmico de graduação de qualquer instituição de Ensino Superior de qualquer área de conhecimento e aos professores das redes pública e privada. Havia, no final da atividade, mais de 250 participantes.

O curso se resumiu a apenas um módulo, com conhecimento, planejamento, habilidades e estratégias de ensino.

Quadro 1: Temas trabalhados no Módulo I do curso

Módulo I: Desenvolvendo habilidades para ingressar na carreira docente com sucesso

1

Habilidade de olhar para os alunos

2

Habilidade de Introduzir o tema

3

Habilidade de variar a situação estímulo

4

Habilidade de formular perguntas

5

Habilidade de empregar reforços

6

Habilidade de ilustrar com exemplos

7

Habilidade de ensinar a partir da solução de problemas

8

Habilidade de empregar técnicas de ensino em grupo

9

Habilidade de empregar recursos tecnológicos

Sabemos, em nossa profissão docente, que existem outras tantas habilidades que poderiam ser descritas neste artigo, no entanto, isso o tornaria longo demais, ainda que elas fossem descritas de forma resumida.

Fez-se necessário um esforço sistemático, ao longo de todo o curso, para que os futuros professores levantassem questões, apresentassem dúvidas, trouxessem exemplos, propusessem experimentos e, sobretudo, discutissem toda a prática pedagógica na sala de aula até esgotarem-se todas as possibilidades.

Ensino-aprendizagem significativo: algumas reflexões

Iniciamos este artigo com a intenção de mostrar que o conceito de aprendizagem significativa, tão utilizado no contexto educativo, embora proposto por Ausubel (1963), é compatível com outras teorias socioconstrutivistas contemporâneas, como as de Piaget (1977) e Vygotsky (1988). Estes autores comungam dos muitos fatores que contribuem para que a aprendizagem ocorra e que devem ser levados em consideração pelos educadores. Eles são, essencialmente, a quantidade e a qualidade do conhecimento acumulado, compondo a estrutura cognitiva, com o conteúdo que vai ser ensinado e a forma como este conhecimento está organizado, com as maneiras como será disponibilizado para o aluno e com as interações que esse indivíduo manteve e mantém na vida.

Cardoso e Santos (2020) comentam Silva (2020) e apresentam as três exigências fundamentais propostas pela Teoria da Aprendizagem Significativa (TAS). São elas, a saber, o que o aluno já sabe, ou seja, os conhecimentos prévios do aluno, o material potencialmente significativo, com propósito e objetivos relevantes para os alunos e a predisposição do aluno para aprender o conteúdo escolar (Silva, 2020).

Segundo Fernandes (2011), citando David Ausubel, aprender significativamente está relacionado à ampliação e à reconfiguração das ideias já existentes na estrutura mental do indivíduo, assim como com a sua capacidade de estabelecer relações e de acessar novos conteúdos. Desse modo, os alunos precisam ter predisposição para que aconteça uma aprendizagem significativa e, então, entra o professor como eixo motivacional nesse despertar, com sede de busca pelo conhecimento, que pode levá-los à aprendizagem profunda sobre o que ocorre, quando buscam entender o significado do que estudam, relacionando seus significados aos conhecimentos adquiridos anteriormente, a curto ou a longo prazo, compreendendo-os e interagindo com eles. Assim, ressaltamos o papel do professor na organização do trabalho e no tempo pedagógico dedicado, de forma que os alunos se sintam motivados na busca e na construção do conhecimento.

Desse modo, fica clara a proposição de que, para ser um bom professor, não basta apenas dominar determinado conteúdo com afinco, mas, saber, imprescindivelmente, como transmiti-lo e como motivar seus alunos. Logo, chama-se a atenção para algo que deva ser observado pelos futuros profissionais da educação como um dos fatores importantes para o ato de ensinar: a compreensão de como se dá o processamento cognitivo de construção dos saberes discentes, uma vez que cada sujeito possui a sua forma singular de estruturar seus conhecimentos, a partir de imagens, conceitos, princípios e proposições.

A prática docente, segundo Cruz, Tavares e Costa (2020), acontece nas interações com os discentes no cotidiano da sala de aula, induzida por variáveis, que se efetivam à medida que vão sendo concretizadas. Assim, conforme os autores, “toda ação educativa, visando a aprendizagem significativa, requer constante reflexão antes, durante e depois de sua execução. Construir, desconstruir e reconstruir a ação” (Cruz; Tavares; Costa, 2020).

Situações favoráveis para ser um bom educador: revendo algumas habilidades técnicas de ensino

Apresentamos nesta seção seis das habilidades descritas por Carvalho:

  1. habilidade de olhar para os alunos,
  2. habilidade de introduzir o tema,
  3. habilidade de variar a situação estímulo,
  4. habilidade de formular perguntas,
  5. habilidade de reforço e
  6. habilidade de ilustrar com exemplos.

Essas são as habilidades mais descritas, quando o foco central de formação de professores é aumentar a interação professor/aluno. Outras três habilidades serão citadas neste artigo, uma vez que foram ressaltadas por participantes do curso:

  1. habilidade de ensinar a partir da solução de problemas,
  2. habilidade de estudo em grupo e
  3. habilidade de empregar recursos tecnológicos.

Habilidade de olhar para os alunos

Refletimos aqui sobre aquele professor que fica preso apenas ao conteúdo da aula, ao quadro ou ao material didático que preparou. Como consequência, temos um professor que pode incorrer em ministrar a aula para si mesmo e não para seus alunos. Segundo Carvalho (1989), evitar olhar para os alunos é o mais inibidor comportamento em uma sala de aula. É fundamental que o professor saiba olhar para seus alunos, distinguindo, a partir de suas fisionomias, a certeza de entendimento, de dúvida ou de necessidade de fala ou pergunta, que, por medo, pode gerar hesitação. O professor precisa perceber esse fato, incentivar a classe à participação. Isso pode ser feito com um olhar.

Habilidade de introduzir o tema

Grande parte dos professores apresenta dificuldades em introduzir um tema de aula, desconhecendo que o seu sucesso advém do uso coerente dessa habilidade. Não é nada fácil iniciar uma aula, mesmo para os mais experientes. É importante, portanto, que o professor conquiste a atenção de seus alunos, motivando-os ao que se pretende ensinar e isso, ressalta Carvalho (1989), ele só conseguirá a partir da sistematização clara das tarefas, bem como da relação do que vai ser apresentado com o que o aluno já conhece.

Propôs-se, então, que os participantes do curso simulassem aulas, fazendo uso dos quatro componentes elencados por Trott, Strongman e Giddens (1983), considerados significativos para o bom desempenho dessa habilidade: (1) ganhar a atenção do aluno, fazendo um bom uso da comunicação oral, gestual e contatos visuais, mudando o padrão de interação professor/aluno; (2) empregar bem algumas ações motivacionais, como contar uma história, introduzir um elemento surpresa, apresentar um fenômeno concreto e, principalmente, demonstrar entusiasmo. Entendemos que um professor desanimado terá dificuldades para introduzir bem a sua aula; (3) relacionar, ou seja, exemplificar e pedir exemplos associados com a vida diária dos alunos, comparando o conteúdo que está sendo apresentado com a aula anterior e contrastando com coisas que os alunos já sabem; e (4) estruturar, de maneira clara, a tarefa que os alunos deverão fazer; apresentando os objetivos da aula ou fazendo uma série de perguntas, induzindo-os aos procedimentos de como executá-la.

Habilidade de variar a situação estímulo

Quase todos os professores participantes relataram sua dificuldade em manter a atenção dos alunos durante toda a aula. Então, propomos o uso dessa habilidade, pois partimos do pressuposto de que a atenção dos alunos é mais intensa e se mantém, durante mais tempo, quando existe uma variação de estímulos.

Carvalho (1989), analisando essa habilidade, parte da compreensão de três componentes: (1) a participação do professor, (2) o estilo de interação professor-aluno e (3) a pausa. Foi solicitado a alguns dos participantes, simulações de aulas quanto ao envolvimento do professor, a fim de que não se tornasse monótona. O professor pode utilizar-se de atitudes pessoais que tornassem os alunos mais atentos à lição, tais como, locomover-se até as carteiras dos alunos, passeando entre as fileiras e fazer uso de gestuais com a cabeça e com o corpo de forma mais expressiva, principalmente, quando precisasse chamar a atenção para um determinado ponto do conteúdo. Assim, também, pode variar o padrão da exposição e o estilo de interação professor-aluno, atendo-se à velocidade e ao volume da voz ou maneira de falar, principalmente, introduzindo perguntas para a classe, de forma geral, ou, de antemão, dirigindo-se para um determinado aluno, podendo ser respondida por qualquer um deles.

Muitos participantes revelam que, preocupados em cumprir todo o conteúdo planejado para uma aula específica, descarregam, na maior parte das vezes, os conteúdos, apenas para fecharem o planejamento do dia. É importante que o docente saiba dosar as pausas, não demonstrando aflição. Conforme Carvalho (1989), a pausa também ensina e deve ser estimulada no treinamento dos professores para aumentar a atenção e a compreensão de quem ouve.

Habilidade de formular perguntas

Formular perguntas pode parecer fácil, mas, segundo a maioria dos participantes, é a mais complexa das habilidades e, sem dúvida alguma, a mais difícil de ser treinada. Muitos professores demonstram dificuldades na habilidade, pois não conseguem formular as perguntas necessárias para promover o desenvolvimento dos processos mentais dos alunos, principalmente as de cunho interpretativo. Segundo Carvalho (1989), questionar é a forma de o professor avaliar o grau de aprendizagem e sistematização do aluno. Com a pergunta, o professor ensina o aluno a pensar, promovendo o seu desenvolvimento intelectual e, ainda, dando o feedback necessário para atestar se estão acompanhando a progressão do conteúdo ensinado.

Para facilitar o treino na habilidade de questionar, fez-se uso dos pontos de vista de Bloom et al. (1996), considerando-se exatamente o nível de complexidade das perguntas. Inicialmente, solicitamos aos professores que formulassem questões que exigissem a lembrança do material já estudado. Já, em outra situação, solicitamos aos docentes que as perguntas formuladas testassem o entendimento e a interpretação dos alunos.

Assim, de início, as perguntas elaboradas deveriam oferecer aos alunos a oportunidade do uso dos conhecimentos já adquiridos em situações textuais que demonstrassem a organização de deduções, exprimissem pensamentos e interpretassem evidências. Os professores foram motivados a elaborar perguntas que incitassem os alunos ao desenvolvimento de suas capacidades de síntese, envolvendo-os em atividades criativas, além de outras que os levassem a uma avaliação, estimulando-os a expor as razões porque suportavam o julgamento.

Habilidade de empregar reforço

Percebemos, nas simulações durante o curso, que muitos dos participantes ignoravam a habilidade de reforçar. Eles esquecem que o ato de elogiar e o ato de aceitar ideias de alunos fazem com que os alunos participem mais nos trabalhos em classe. Inúmeras pesquisas empíricas chegaram também a esse mesmo resultado: o comportamento do professor em aceitar as ideias dos alunos é um dos fatores do seu crescimento cognitivo (Abreu, 2018; Brophy, 1982).

Para Abreu (2018), estimular atividades interdisciplinares e contextualizadas para os alunos pode ser uma boa maneira de empregar reforços e promover uma aprendizagem mais significativa, uma vez que o conteúdo faz mais sentido para o aluno quando é compreendido de modo contextualizado, contribuindo para a sua motivação em sala de aula. Assim, conforme a autora, é importante que professores e alunos mantenham um bom relacionamento, pois o aprendizado se torna mais produtivo.

De acordo com Carvalho (1989), o que encontramos, com frequência, é o reforço negativo, isto é, a crítica direta aos alunos ou a rejeição de suas ideias, seja por meio de palavras, gestos ou caretas. Isso pode ser devastador para o aluno, perpetuando sequelas depreciativas ou interferindo negativamente nas suas escolhas futuras.

Habilidade de ilustrar com exemplos

Essa é uma habilidade que está relacionada com muitas outras habilidades, pois, como explicita Carvalho (1989), esse é um bom método de verificação se os alunos entendem o que o professor está explicando e, por sua vez, se são capazes de exemplificar para ele ou para a classe a respeito do seu aprendizado.

Faz-se necessário sistematizar as ideias, pois o problema de exemplificar um conceito, relacionando-o ao dia a dia dos alunos, faz com que eles prestem mais atenção e entendam melhor as ideias postas. Consequentemente, os alunos têm uma aprendizagem mais significativa.

Habilidade de ensinar a partir da solução de problemas

A técnica de solução de problemas ou Aprendizagem Baseada em Problemas (Problem Based Learning – PBL) consiste em apresentar ao aluno um problema que estimule o pensamento reflexivo para alcançar uma solução satisfatória. Alguns estudiosos do assunto elencam alguns passos considerados essenciais, tais como formulação do problema, levantamento de possíveis alternativas de solução, avaliação crítica das soluções sugeridas, colocando à prova cada uma delas à luz dos dados recolhidos até chegar a uma solução satisfatória e comprovação da solução aceita. O seguinte plano indica o quanto é necessária a flexibilidade na organização das atividades de busca de solução ao problema apresentado, ao mesmo tempo que sugere ao docente uma sistemática de procedimentos.

Assim, o método desafiador, no início, leva o estudante ao desenvolvimento de habilidades para dirigir o próprio aprendizado, de integração de conhecimentos, de identificação e exploração de novos temas, gerenciamento da sua educação permanente e capacidade de trabalhar em equipe (Bate; Taylor, 2013).

Habilidade de estudo em grupo

Nas técnicas de ensino em grupo, a ênfase dada é no aproveitamento das possibilidades que o indivíduo traz na interação com o outro. Tais técnicas permitem a sua participação, gerando um processo de aprendizagem libertador, porque permitem a discussão de um processo coletivo e de reflexão conjunta, bem como a ampliação do conhecimento individual e coletivo, enriquecedor do potencial e conhecimento da equipe, gerando possibilidades de criação, formação, transformação e conhecimento, quando os participantes são sujeitos de sua própria elaboração e execução.

Entende-se que o grupo, segundo Fernandes (2002), é um espaço de possibilidades a partir do qual as pessoas fortalecem sua identidade, na compreensão de si e dos outros, inseridos num determinado meio social. Alguns participantes do grupo podem desempenhar papéis de coordenador; de secretário; de relator, mas para que os membros estejam bem integrados, é importante o interesse pelo sucesso do grupo. Para isso, deve-se empregar o máximo de seus esforços no objetivo, colocando os interesses do grupo acima dos seus próprios.

Habilidade de empregar recursos tecnológicos

No ano 2000, uma verdadeira revolução tecnológica aconteceu e a utilização da tecnologia na sala de aula modificou muito o modo como os jovens aprendem, assim como o modo como os professores fazem abordagens inovadoras, quando o assunto é ensino. Asseveramos que, para existir um uso transformador das tecnologias da informação e comunicação (TIC), muitas coisas precisam mudar. A começar pelos professores que têm esse poder nas mãos, mas devem assumir o seu papel e a sua responsabilidade na escola.

Com a Educação em constante transformação, a tecnologia está cada vez mais presente nos processos pedagógicos. As novas tendências educacionais têm ajudado as escolas a se aproximar dos alunos, a melhorar o aprendizado e a atualizar os processos pedagógicos. É o que enfatiza Silva (2001), quando afirma que a tecnologia gera novas possibilidades, capacidades de pesquisa e poder de criação. No entanto, Vieira (2011) ressalta que, mesmo com toda inserção tecnológica, os professores continuarão sendo responsáveis pela transmissão de conhecimento no processo de ensino-aprendizagem.

Assim, cabe aos educadores e gestores escolares acompanharem os avanços das principais tendências, investindo cada vez mais em métodos de ensino que trazem a tecnologia para a sala de aula, tais como, o Livro Digital e a Gamificação, que consiste em fazer da cultura dos games, uma aliada na sala de aula. Entre os aspectos que garantem a popularidade dessa tecnologia, o mais relevante provavelmente é o Livro Digital, possível de se explorar e que vai muito além do que é apresentado no livro didático impresso.

Resultados e discussões

Apesar de o curso de extensão ter ocorrido em pouco tempo, os participantes ficaram impressionados com o número de pessoas interessadas em uma nova educação, com mais impacto e qualidade. Para eles, a mudança na prática dos professores não vai acontecer do dia para a noite, mas é fato que muitos já entendem o que está obsoleto e já buscam por novidades. A transformação é inevitável.

Nos seus depoimentos sobre o curso, verificaram que a organização do ensino de maneira mais dinâmica, aproveitando as oportunidades que surgem durante o processo, certamente aclaram habilidades que o professor nem sabia conhecer.

Como o aprendizado ocorre em todos os lugares, na sala de aula e no mundo que nos rodeia, viu-se que os alunos obtêm informações de muitas fontes e a realidade exterior desempenha um papel cada vez mais potente no ensino e na aprendizagem.

Considerações finais

No que se refere à adoção de habilidades técnicas de ensino, o professor, preocupado com a aprendizagem de seus alunos, deve sempre estar empenhado à utilização de procedimentos inovadores e criativos, além de observar os conteúdos teóricos, mostrando-se um facilitador da integração entre o currículo em estudo e as experiências, os conhecimentos prévios dos alunos. Ele deve buscar inovações em suas práticas pedagógicas, por causa da tecnologia, buscando se especializar a respeito da influência das tecnologias da informação e da comunicação em escolas públicas e particulares.

O objetivo basilar deste artigo foi levar à compreensão de que o ato de ensinar exige cuidados, além do domínio de diversificadas habilidades, sem as quais não se atingiria o objetivo maior do ensino-aprendizagem: ser significativo.

Assim, o professor precisa auxiliar nesse processo, mediando as transformações dos alunos, a fim de que se tornem agentes ativos e criadores. Ainda promovendo o seu envolvimento na geração de novos conhecimentos e de novas soluções, sendo responsável pelo uso dos seus procedimentos, de suas técnicas e ferramentas, para formar o seu aluno eficientemente, por meio de uma sala de aula-laboratório, voltada às experiências e com a liberdade ao erro e ao acerto.

Referências

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BROPHY, J. Research on the self-fulfilling prophecy and teacher expectations. Paper presented at the Annual meeting of the American Educational Research Association, New York, 1982.

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CRUZ, Jucélia; TAVARES, Elizabeth dos Santos; COSTA, Michel da. Aprendizagem significativa no contexto do ensino remoto. Dialogia, São Paulo, n° 36, p. 411-427, set./dez. 2020. Disponível em: https://doi.org/10.5585/dialogia.n36.17760.

FERNANDES, Elisângela. David Ausubel e a aprendizagem significativa. Nova Escola, nº 248, 01 de dezembro de 2011. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/262/davidausubel-e-a-aprendizagem-significativa.

FERNANDES, I. A dialética dos grupos e das relações cotidianas. In: GUIMARÃES, G. T. D. (org.). Aspectos da teoria do cotidiano: Agnes Heller em perspectiva. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002.

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TROTT, A.; STRONGMAN, H.; GIDDENS, L. Association for Educational and Training Technology. Annual conference, 16th, London, 1983.

VIEIRA, R. S. O papel das tecnologias da informação e comunicação na educação: um estudo sobre a percepção do professor/aluno. Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Formoso, 2011.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1988.

Publicado em 14 de março de 2023

Como citar este artigo (ABNT)

SOARES, Maria Vilani; CABRAL, Maria Janete; SANTOS, Maxwel Soares; CARVALHO, Cláudio Rêgo de; MOURA, Rafael Ferro. Desenvolvendo habilidades para ingressar na carreira docente com sucesso. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 23, nº 9, 14 de março de 2023. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/23/9/desenvolvendo-habilidades-para-ingressar-na-carreira-docente-com-sucesso

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