Práticas pedagógicas para reconhecimento de gêneros textuais e compreensão de descritores da Matemática em classe multisseriada

Anastacio Souza Junior

Mestre em Novas Tecnologias Digitais na Educação (UniCarioca), professor na Secretaria de Educação de Iguatu/CE, licenciado em Pedagogia (UniCarioca), pós-graduado em Psicopedagogia Clínica e Institucional (UCAM)

André Cotelli do Espírito Santo

Mestre em Ciências e Tecnologias Nucleares (IEN), graduado em Ciências da Computação (UGF), professor no curso de mestrado profissional em Novas Tecnologias Digitais na Educação, coordenador do Núcleo de Computação aplicada (UniCarioca)

Ana Paula Legey

Bolsista de produtividade em Pesquisa (CNPq 2), Jovem Cientista do Nosso Estado (Faperj), doutora em Ciências (IOC/Fiocruz), coordenadora adjunta do mestrado profissional em Novas Tecnologias Digitais na Educação (UniCarioca)

Os principais desafios enfrentados pela escola pública em classe multisseriada

A escola pública rural é composta por diversos desafios e chama a atenção para o desafio da formação da sala de aula, com número reduzido de alunos em suas comunidades, conforme identificamos na citação de Teruya et al. (2013):

A disposição dessa modalidade de ensino no meio rural se consolida pelas características geográficas. Esse modelo de ensino é destinado às comunidades com pequeno número de habitantes, que constituem uma clientela reduzida, não dispondo de número suficiente de estudantes para formarem classes independentes.

A organização do ensino em classe multisseriada em comunidades da zona rural do município de Iguatu/CE é comum. Essa organização busca superar os baixos índices de aprendizagem do aluno, a aceitação dos pais e os desafios da falta de materiais adequados para o exercício pedagógico em sala de aula, com o aluno.

É nítida a forma como a sociedade consegue conceituar a organização da classe multisseriada, conforme a ideia de que se trata de uma classe de segunda categoria. Diante disso, vale ressaltar que, apesar de todas as dificuldades, os profissionais que atuam no âmbito da escola rural, com classes multisseriadas, têm buscado novas práticas pedagógicas para orientar, de forma significativa, seus fazeres e, desta forma, superar inúmeros desafios que inviabilizam o aprendizado do seu aluno.

Como sabemos, os desafios da educação rural são históricos e estão na base da estrutura para a oferta do ensino, como afirma Arroyo (2007, p. 158):

a história nos mostra que não temos uma tradição nem na formulação de políticas públicas, nem no pensamento e na prática de formação de profissionais da educação que focalize a educação do campo e a formação de educadores do campo como preocupação legítima.

Portanto, a escola rural ainda é vista como uma educação deixada para segundo plano, pois as próprias condições físicas, à disposição do aluno, ainda são limitadas. Esse é um aspecto que inviabiliza determinadas práticas pedagógicas voltadas às atividades diferenciadas.

Assim, faz-se necessário o investimento em políticas públicas que atendam às especificidades da escola rural e que atendam à formação pedagógica dos profissionais que nela atuam.

Souza (2020) aponta que, o país, em 2020, já enfrentava problemas de acesso à internet nas escolas rurais. Com a pandemia do covid-19, a problemática aumentou de forma significativa, com a necessidade de acompanhamento de alunos em aulas remotas e mediação, de forma interativa, das aulas com alunos que, naquele período, estavam em medida de isolamento. Não há dúvida de que a pandemia alargou os desafios da educação, que precisou se adaptar para a efetivação de suas ações pedagógicas. Como sabemos, no Brasil, as políticas públicas voltadas à expansão da tecnologia para a educação, ainda são tímidas.

Silva e Leão (2022) relacionam os investimos formativos como um aspecto necessário para o atendimento às especificidades do público atendido na escola rural e, consequentemente, entendemos que as necessidades pedagógicas da classe multisseriada se devem exatamente pela falta de apoio, acompanhamento e investimentos a ela destinados.

Para Rosa (2008), a escola se organiza conforme o pensamento dominante, ou seja, pelos interesses das políticas públicas urbanas, conforme aponta Arroyo (2007), que levanta a ideia de que o nosso sistema de ensino é pensado por este modelo. Parente (2014) afirma que a escolarização em multisséries, contempla a junção de anos em um só espaço de aprendizagem e dentro da sala de aula física.

É difícil compreender o desenvolvimento da aprendizagem do aluno sem pensar em políticas públicas que não atendam às suas especificidades, tendo em vista a formação de professores e a construção de materiais de apoio pedagógico às crianças assistidas, pois é aspecto fundamental que existam condições mínimas de acesso desse aluno a um conteúdo estruturado, pensado para o desenvolvimento da sua aprendizagem.

A corroboração dos autores nos leva a pensar que precisamos encontrar uma saída viável e prática para atender às reivindicações tão necessárias de produção do conhecimento do aluno da escola rural. Para Castro (2019), a oferta e as garantias do direito à educação, no campo, se deram a partir de intensas lutas das comunidades do entorno. A formação continuada ofertada aos professores regentes que atuam em escolas rurais pode ser uma possibilidade para impulsionar a autoestima desses profissionais, desacreditados do seu trabalho.

É importante relatar sobre a autoestima desse professor em exercício de regência, pois não basta preencher a lotação com um profissional que não compreende, não confia e, até mesmo, não tem segurança no seu próprio trabalho. Entendemos que a garantia da aprendizagem do aluno perpassa necessariamente a competência pedagógica do professor comprometido com a sua prática.

Malaquias e Peixoto (2016) observam que para o professor não é mais possível o trabalho didático-pedagógico distanciado dos recursos tecnológicos como suporte. Para os autores, o uso das tecnologias digitais tornou-se peça importante na prática inovadora pedagógica, em complemento ao cotidiano da sociedade contemporânea.

A organização do ensino em classe multisseriada em uma escola pública do município de Iguatu/CE

A escolha da Escola de Ensino Fundamental José Pereira Lopes aconteceu pelo fato de a unidade de ensino, além de atender às classes multisseriadas de 4º e 5º anos, atende outras turmas com a mesma organização de ensino, a exemplo do 1º e 2º anos. Assim, trata-se de uma escola da zona rural, distante 18km da sede urbana, que possui pouco mais de 100 alunos matriculados. Suas dependências são compostas por três salas de aula, uma cozinha, com depósito para a merenda escolar e uma sala para os gestores.

Segundo Oliveira e Gimenez (2018), a classe multisseriada é organizada por alunos com idades e anos de escolarização diferentes, em um só espaço pedagógico. Isso diz muito sobre os desafios pedagógicos sobre os quais os gestores da unidade de ensino devem se debruçar e atentar, assim como sobre o que o professor deve planejar para o desenvolvimento da aprendizagem discente.

A prática pedagógica na classe multisseriada não deve ser uma adaptação da escola urbana ou da seriação. Nesse aspecto, deixamos claro que a escola rural traz características próprias, assim, a metodologia para atender à organização desse ensino deve ser respeitada.

Percebemos que existe um desalinhamento quanto à estrutura de apoio ao trabalho docente, inicialmente em uma escola que não dispõe de um coordenador para acompanhar os trabalhos do professor ou uma formação continuada, direcionada às problemáticas dessas escolas rurais. Como mencionado, a sociedade educacional insiste em comparar ou assemelhar a organização do ensino da escola urbana com o da escola rural, contudo tal comparação exclui as características e as peculiaridades que cada organização de ensino possui. Entendemos que quando essa insistência é evidenciada, nega-se a existência da diversidade.

Zuin e Dias (2017) revelam que a escola rural e a organização da classe multisseriada precisam ser conhecidas, por isso os cursos de formação de professores precisam debater sobre o assunto. Com isso, se espera uma melhor preparação do professor para a sua atuação como regente em escolas rurais, em especial um profissional com habilidades pedagógicas capaz de atender, com maior preparo, à classe multisseriada.

Uma atividade pedagógica por meio do aplicativo Socrative

Costa e Leme (2014) alertam para o consumo dos bens gerados pelas novas tecnologias. Conforme a compreensão dos autores, faz-se necessária uma reflexão a respeito do que está sendo consumido tecnologicamente e a necessidade de uma consciência sobre a demanda.

Esse alerta é significativo no campo educacional, pois para cada conteúdo apresentado ao aluno, há uma intencionalidade. Ao mesmo tempo, deve-se observar se ele despertou no aluno a curiosidade necessária para novas aprendizagens.

Para Melo (2018, p. 28), “a tecnologia sozinha não auxilia no processo de ensino-aprendizagem. Ela é um recurso que necessita ser usada criticamente”. Dessa forma, acreditamos que, para qualquer atividade pedagógica desenvolvida (com o uso das tecnologias ou não), necessariamente deve existir uma intencionalidade da parte do professor. Sendo possível é necessário alcançar um objetivo, que eleve o grau de conhecimento do aluno sobre o objeto de estudo.

A formação de professores precisa acontecer para que os docentes atentem para os acontecimentos e programas de governos direcionados pelas secretarias de educação, estaduais e municipais.

Apesar das mudanças que já foram mostradas, até mesmo pelas condições desfavoráveis em relação à situação social dos sujeitos (como por exemplo, a pandemia da covid-19), a educação precisa constantemente se reinventar, adequando-se a novas práticas pedagógicas, viáveis ao acesso do aluno.

Conforme relatam Anastácio e Voelzke (2019, p. 4),

apesar da resistência que permeia o ambiente escolar, algumas experiências levadas para o contexto de sala de aula, mostraram que é possível ensinar de modo diferente e, assim, este trabalho teve por objetivo avaliar o impacto quanto ao uso da ferramenta Socrative no modo como os alunos interagem, participam e se engajam no processo de ensino-aprendizagem, independente de tempo e espaço, levando o conceito de sala de aula para a tela do smartphone.

Sabemos que existe resistência por parte dos professores à permeabilidade do uso das novas tecnologias digitais, como parte do processo educativo. Infelizmente, quebrar paradigmas já construídos não é uma tarefa fácil. A luta para que o profissional da educação potencialize o uso das novas tecnologias digitais em seu planejamento educacional é uma necessidade constante e urgente.

Como bem sabemos, o aluno tem o domínio do uso dos meios tecnológicos para o acesso de diversos aplicativos e informações extraídas do próprio celular. Cabe aos profissionais da educação acompanhar, de forma adequada, a evolução deste processo, pois as crianças que dominam os equipamentos de mídias, para acesso aos diversos conteúdos, não possuem orientações suficientes para que esses conteúdos sejam acessados com o fim de agregar valores à construção do conhecimento.

O presente estudo utilizou o aplicativo Socrative como meio pelo qual o aluno tem a possibilidade de acesso ao material pedagógico, disponibilizado para a realização da tarefa: o simulado digital.

É importante salientar que o aluno tem muita facilidade de instalar e desinstalar o aplicativo em seu celular ou tablet. Assim com os demais aplicativos, o Socrative pode ser encontrado na loja virtual Play Store, e sua instalação ocorre sem burocracia ou dificuldades.

O aplicativo possui a versão paga e a gratuita. Optou-se, então, pela gratuita, sem ônus aos professores e aos alunos. Ao ser cadastrado, o professor logo tem acesso ao aplicativo e pode utilizá-lo da forma como desejar expor suas atividades pedagógicas. As configurações ficam a critério de cada educador, quando disponibilizado ao aluno, conforme o seu interesse.

Metodologia

Existe uma relação íntima e necessária entre homem e sociedade. Todos os processos sociais são advindos das relações humanas existentes (Godoy, 1995). A prática da pesquisa constrói, por meio do conhecimento extraído, uma consciência daquilo que empiricamente é realizado nos espaços de aprendizagem, mas que, muitas vezes, não é percebido nem compreendido pelo aluno (Tripp, 2005). A pesquisa ajuda o professor, em suas ações, levando-o a descobrir a relação existente entre o contexto social e a Ciência.

Aprovado pelo Conselho de Ética em Pesquisa (CEP), sob nº 4.811.807, a pesquisa foi realizada na escola de Ensino Fundamental José Pereira Lopes, pertencente à Secretaria da Educação de Iguatu (Seces) e localizada no Sítio Cajás, zona rural do Distrito de José de Alencar, Município de Iguatu/CE. Gestores, professores e responsáveis foram convidados a participar da pesquisa. Cada grupo respondeu a um questionário, por meio do Google Forms, com perguntas relativas aos fatores internos e externos que influenciam as classes multisseriadas, buscando diagnosticar e compreender os principais entraves que acompanham o insucesso desses alunos.

Na pesquisa foram utilizados, como critérios de inclusão: morar na zona rural, ser matriculado na Escola José Pereira Lopes, pertencer a uma turma multisseriada, ser matriculado no 5º ano, concordar em assinar o Registro de Assentimento Livre e Esclarecido e assinar o Registro de Consentimento Livre e Esclarecido (responsável).

Os critérios de exclusão adotados na pesquisa foram: não concordar ou não assinar o Registro de Assentimento Livre Esclarecido ou, ainda, não assinar o Registro de Consentimento Livre Esclarecido pelo responsável e não fazer parte da matrícula da escola José Pereira Lopes.

A pesquisa teve dezoito pessoas como público participante, entre elas, dois gestores, duas professoras regentes, sete responsáveis e sete alunos do 5º ano multisseriado.

A pesquisa foi realizada em três etapas:

  1. Reunião com os responsáveis da secretaria da Educação e gestores da Escola de Ensino Fundamental José Pereira Lopes;
  2. Reuniões com gestores, professoras e responsáveis com a assinatura do Registro de Consentimento Livre e Esclarecido e do Registro de Consentimento Livre e Esclarecido. Nelas, os responsáveis, de forma remota e por meio do Google Meet, foram indagados sobre quais os alunos precisariam de equipamento tecnológico, a exemplo do celular, para que fosse disponibilizado o material pedagógico, por meio do aplicativo Socrative. Na reunião houve o convite para a participação dos onze professores/gestores da rede municipal de ensino para o pré-teste do apêndice A da dissertação. Em seguida, a participação de 11 professores de escolas, que ofertam a classe multisseriada para o pré-teste dos apêndices B e D da dissertação, além de 11 professores participantes para o pré-teste do apêndice C da dissertação.
  3. Ainda nesta etapa aplicaram-se os questionários elaborados pelo pesquisador e disponibilizados pelo Google Forms. A partir da assinatura do Registro de Assentimento Livre e Esclarecido, houve uma explicação aos alunos sobre o simulado digital, por meio do aplicativo Socrative, com definição de data. Os alunos foram convidados a baixar o aplicativo no Play Store ou do site do Socrative. Pelo pesquisador foi disponibilizado o nome da sala do software e a aplicação do simulado digital do aplicativo. Os alunos matriculados no 5º ano, na classe multisseriada, responderam, por meio do aplicativo Socrative, um simulado digital elaborado pelo pesquisador contendo questões de Língua Portuguesa e Matemática.

Em um recorte, apresentamos parte da pesquisa da dissertação, com a intenção de embasar os principais pontos que citamos, ao apresentar os principais problemas enfrentados pela escola pública.

Com distribuição feita pela rede social para o grupo de professoras e duas regentes de sala, perguntamos: “o material pedagógico, a exemplo do livro didático, é adequado para as atividades com a turma multisseriada, que respondem às avaliações externas como forma de medir suas aprendizagens?”.

Resultados

Existe uma divergência entre as professoras pesquisadas quando se procurou compreender se o material pedagógico que o aluno possui é adequado para o trabalho pedagógico com a classe multisseriada, a fim de prepará-lo para as avaliações externas. Uma professora discordou parcialmente, enquanto outra concordou parcialmente, com a afirmativa.

Na realidade, nesta pesquisa, podemos refletir sobre a urgência de investimentos em formação para capacitação dos professores no exercício do magistério em classe multisseriada. Perguntamos às professoras se a secretaria de educação municipal ou estadual disponibiliza algum material pedagógico consumível, a exemplo de cadernos de apoio, apostilas ou cartilhas, exclusivo para alunos da classe multisseriada. Uma professora afirmou discordar parcialmente com a oferta de material consumível exclusivo para o grupo de alunos atendidos na classe multisseriada, enquanto a outra afirma concordar parcialmente com a disponibilidade de material.

Nesse sentido, observa-se uma divergência quanto à disponibilização do material pedagógico que atenda à demanda e às necessidades de aprendizagem do aluno matriculado nessas classes.

As participantes foram questionadas se a secretaria da educação municipal ou estadual disponibiliza algum material pedagógico consumível, a exemplo de cadernos de apoio, apostilas e cartilhas, materiais exclusivos para os alunos da classe multisseriada. Socializa-se que, entre as professoras, exista um desalinhamento quanto à questão. Uma professora nem concorda, nem discorda da afirmativa, enquanto outra professora concorda parcialmente que a escola disponibiliza material didático diversificado suficiente para o trabalho pedagógico com alunos da classe multisseriada.

Os dados das entrevistas registram a importância de se elaborar uma proposta educacional inovadora para atender aos urgentes anseios da classe multisseriada.

Quanto à aplicação do simulado, a pesquisa obteve a participação de todos os sete alunos matriculados na classe multisseriada.

De acordo com Araújo et al. (2019, p. 306), “o modelo de política de responsabilização implantado na área educacional brasileira é disciplinado por leis que estabelecem padrões curriculares”. Isso significa dizer que o Estado do Ceará possui uma política curricular, que estabelece metas elaboradas e acompanhadas para atender à legislação proposta pelo estado.

A seguir, nos Quadros 1 e 2, apresentamos os resultados do simulado digital, com quinze questões de múltipla escolha em Língua Portuguesa, contemplando os gêneros textuais.

Quadro 1: Erros e acertos do simulado digital de Português de 1 a 10

Gêneros textuais da língua portuguesa

Alunos da pesquisa

01

02

03

04

05

06

07

08

09

10

Voluntário 1

A

A

A

X

A

A

A

A

A

A

Voluntário 2

A

X

X

X

X

X

X

A

X

X

Voluntário 3

A

A

X

A

A

A

X

A

A

A

Voluntário 4

A

A

A

A

A

X

A

A

A

A

Voluntário 5

A

A

X

A

X

X

X

A

X

X

Voluntário 6

X

X

A

X

X

A

A

X

X

X

Voluntário 7

A

X

X

A

A

X

A

A

X

A

Geral Total de Erros - X

14%

57%

57%

43%

43%

57%

43%

14%

57%

43%

Geral Total de Acertos - A

86%

43%

43%

57%

57%

43%

57%

86%

43%

57%

Observam-se no Quadro 1 os índices de erros e acertos nas primeiras dez questões, contemplando os gêneros textuais elaborados para o simulado digital, aplicado por meio do aplicativo Socrative.

Quadro 2: Erros e acertos do simulado digital/português de 11 a 15

Gêneros textuais da língua portuguesa - Continuação Tabela 1

Alunos da pesquisa

11

12

13

14

15

Acertos por aluno (%)

Erros por aluno (%)

Voluntário 1

A

A

X

A

A

86,58%

13,42%

Voluntário 2

X

X

X

X

A

19,98%

80,02%

Voluntário 3

X

A

A

A

A

79,92%

20,08%

Voluntário 4

A

A

X

A

A

86,58%

13,42%

Voluntário 5

A

A

A

X

A

53,28%

46,72%

Voluntário 6

X

A

X

A

X

33,30%

66,70%

Voluntário 7

A

A

X

X

A

59,94%

40,06%

Geral Total de Erros - X

43%

14%

72%

43%

14%

 

Geral Total de Acertos – A

57%

86%

28%

57%

86%

Os erros e acertos das cinco questões em complemento às afirmativas elaboradas para as quinze questões de Português se encontram no Quadro 2. Em detalhe, identificam-se os erros e os acertos, em geral, por voluntário da pesquisa. O maior índice de acerto dos voluntários, 1 e 4, foi de 86,58% para cada uma das quinze questões, enquanto o maior índice de erros foi do voluntário 2, com 80,02% de erros, ao responder as quinze questões.

Foram elaboradas quinze questões no simulado digital contemplando os descritores da Matemática para os alunos do 5º ano. Apresentamos os resultados nos Quadros 3 e 4.

Afonso (2009) coloca em evidência que a aplicação da avaliação censitária é um processo de prestação de contas e responsabilização.

Quadro 3: Erros e acertos do simulado digital dos descritores de Matemática (16 a 25)

Descritores de Matemática

Alunos da pesquisa

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

Voluntário 1

A

A

A

X

A

X

X

X

A

A

Voluntário 2

X

X

X

X

X

X

X

X

A

X

Voluntário 3

A

A

A

A

X

X

X

A

A

A

Voluntário 4

A

A

A

A

A

A

X

A

A

A

Voluntário 5

X

A

X

A

X

X

X

A

A

A

Voluntário 6

X

X

X

A

A

X

X

A

A

X

Voluntário 7

X

A

X

A

A

A

X

A

X

X

Geral Total de Erros - X

57%

28%

57%

28%

43%

72%

100%

28%

14%

43%

Geral Total de Acertos - A

43%

72%

43%

72%

57%

28%

-

72%

86%

57%

O Quadro 3 apresenta as primeiras dez questões elaboradas contemplando os descritores de Matemática. Parcialmente, apresentamos os erros e acertos por descritores em cada voluntário, pontuando a questão 22, que nenhum participante acertou.

Quadro 4: Erros e acertos do simulado digital dos descritores de Matemática (26 a 30)

Descritores de Matemática - Continuação Tabela 3

Alunos da pesquisa

26

27

28

29

30

Acertos por aluno (%)

Erros por aluno (%)

Voluntário 1

X

X

A

X

A

53,28%

46,72%

Voluntário 2

X

X

X

X

X

6,66%

93,34%

Voluntário 3

A

A

A

A

A

79,92%

20,08%

Voluntário 4

A

A

A

A

A

93,34%

6,76%

Voluntário 5

X

A

X

X

A

46,62%

53,38%

Voluntário 6

A

A

X

X

A

46,62%

53,38%

Voluntário 7

A

X

A

A

X

53,28%

46,72%

Geral Total de Erros - X

43%

43%

43%

57%

28%

 

Geral Total de Acertos - A

57%

57%

57%

43%

72%

Os dados do Quadro 4 resumem a participação dos voluntários nas quinze questões elaboradas com os descritores de Matemática, com exceção da questão 22. Erros e acertos, das demais questões respondidas pelos alunos, foram registrados. Ressaltamos que o voluntário 4 realizou o maior índice de acertos, chegando a 93,34% das questões. Identificamos o voluntário 2 como o de maior índice de erros, com 93,34% das questões respondidas.

Considerações finais

Este artigo teve como objetivo propor uma nova estratégia educacional para o reconhecimento dos gêneros textuais e a compreensão dos descritores da Matemática em classe multisseriada, com os alunos do 5º ano, por meio de um simulado digital. Os autores concluem que este objetivo foi alcançado, apesar dos desafios enfrentados ao longo da pesquisa.

Foram respeitadas todas as fases do projeto, assim como a participação de cada voluntário e o seu direito de participação. Ao todo, tivemos a participação de dezoito pessoas entre alunos, gestores, professores e responsáveis.

Ao desenvolver a pesquisa de forma remota, em função da pandemia da covid-19, contou-se com as mídias digitais WhatsApp, Google Meet e com o aplicativo Socrative, verdadeiros aliados no cumprimento de todas as etapas estabelecidas.

Ao realizar este estudo, caracterizou-se a fragilidade da rede de internet que atende às famílias da zona rural, assim como as dificuldades para o acesso do simulado digital na data que foi disponível para os alunos responderem ao simulado. Além disso, considerou-se a ausência da figura do coordenador pedagógico, como um ponto fraco, tanto para a realização do acompanhamento das ações do professor, como para sugestões no planejamento das aulas das disciplinas ou para a ausência de formação continuada específica ofertada pelas secretarias da educação em atenção às demandas dos desafios da classe multisseriada da escola rural.

As respostas das professoras foram importantes para compreender que não existe um material didático específico, a exemplo de livros, apostilas ou cartilhas, que atendam aos desafios da classe multisseriada, salvo as cópias em papel de atividades pesquisadas pelos professores, em função de um determinado conteúdo trabalho com a turma.

Ressaltamos a necessidade de investimentos na compra de equipamentos tecnológicos para o acesso às mídias digitais, como suporte às atividades diferenciadas oferecidas aos alunos da classe multisseriada e elegemos também a interação do professor com as mídias digitais como uma ação fundamental para o acesso a diferentes meios de pesquisas de atividades pedagógicas que estimulem a curiosidade do aluno a novas aprendizagens.

Diante de todos os desafios, o aplicativo Socrative foi um aliado para aplicação do simulado digital com os alunos do 5º ano participantes. Observamos a funcionalidade e praticidade do aplicativo para a realização da atividade de forma remota.

Por fim, avaliamos como relevante a divisão de cada passo para o trabalho de pesquisa. O debate sobre este tema é essencial e consiste em demonstrar, com clareza, as dificuldades enfrentadas pela classe multisseriada no alcance da aprendizagem do aluno. Desse modo, o aplicativo Socrative surge como alternativa de impacto para despertar a participação, o interesse e a curiosidade dos alunos, haja vista a participação de todos os estudantes na atividade elaborada para a pesquisa.

Referências

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Publicado em 14 de março de 2023

Como citar este artigo (ABNT)

SOUZA JUNIOR, Anastácio; ESPÍRITO SANTO, André Cotelli; LEGEY, Ana Paula. Práticas pedagógicas para reconhecimento de gêneros textuais e compreensão de descritores da Matemática em classe multisseriada. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 23, nº 9, 14 de março de 2023. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/23/9/praticas-pedagogicas-para-reconhecimento-de-generos-textuais-e-compreensao-de-descritores-da-matematica-em-classe-multisseriada

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1 Comentário sobre este artigo

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Ricardo da Silva Pereira • 1 ano atrás

A leitura do texto só veio corroborar para a minha pesquisa de mestrado da Unicarioca, que é o ensino da matemático pelos futuros professores da pedagogia, que terão suas licenciaturas para atuar no Ensino Fundamental I. Como posso ensinar Matemática a alguém se nem mesmo sei para mim. Essa e a pergunta que faço aos meus alunos quando estou lecionando Matemática, Estatística e as duas Metodologias para as séries iniciais e finais. Venho ao longo da minha atuação docente trabalhando para que posso dirimir dúvidas sobre o ensino e a aprendizagem desta Ciência, com o intuito de tornar mais próximo destes futuro professor um aprendizado com muito mais qualidade e muito mais significativo para seus futuros alunos.

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Este artigo e os seus comentários não refletem necessariamente a opinião da revista Educação Pública ou da Fundação Cecierj.