O mercado de trabalho para profissionais surdos egressos do curso Técnico Integrado em Comunicação Visual
Felipe Araujo de Miranda Gomes
Bacharel em Design (Unisul), licenciado em Educação Profissional e Tecnológica (IFSC)
Wenis Vargas de Carvalho
Doutorando em Educação (Udesc), professor intérprete na Prefeitura Municipal de Florianópolis/SC
Marcio Hollosi
Professor adjunto na Unifesp, doutor e mestre em Educação e Saúde (Unifesp)
Sabemos que pessoas surdas têm dificuldades para obter formação acadêmica e para se inserir no mercado, pois há preconceito nos ambientes de trabalho, e as instituições de ensino ainda estão evoluindo para serem mais inclusivas e acompanhar os surdos desde o processo de formação acadêmica até o ambiente profissional.
Neste artigo procuramos analisar o mercado de trabalho para os profissionais surdos egressos do Curso Técnico Integrado de Comunicação Visual do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) - câmpus Palhoça bilíngue, na perspectiva de formadores da instituição. O IFSC é uma das poucas instituições com turmas exclusivas para surdos.
Nosso objetivo com este trabalho é responder à seguinte questão: que motivos levam à baixa empregabilidade dos estudantes surdos egressos do Curso Técnico Integrado de Comunicação Visual do IFSC – câmpus Palhoça bilíngue na perspectiva de formadores da instituição?
Este artigo se justifica pela necessidade de identificar os fatores que influenciam na baixa empregabilidade desses estudantes surdos. Justifica-se ainda que, antes da realização do presente artigo, o grupo realizou atividades acadêmicas de observação e diálogos realizados no curso de Licenciatura em Educação Profissional Tecnológico (Complementação Pedagógica) do IFSC, servindo assim como base na escolha do tema deste trabalho, tendo em vista a constatação de que os profissionais formados no câmpus, especialmente os surdos, apresentam dificuldades para se inserir no mercado de trabalho.
Foram coletados dados para analisar de que forma a instituição de ensino e as associações de surdos poderão contribuir para uma melhoria significativa na empregabilidade desses alunos nas inúmeras empresas existentes no município de Palhoça e seu entorno.
Metodologia
O presente artigo traz uma pesquisa exploratória de natureza aplicada com abordagem qualitativa de interpretação da coleta e análise dos dados adquiridos em campo, utilizando como procedimento técnico o levantamento da atual situação do mercado de trabalho em questão.
Aplicamos um questionário online como instrumento de coleta de dados para responder sobre os motivos que levam à baixa empregabilidade dos surdos egressos do curso de Comunicação Visual do IFSC – câmpus Palhoça bilíngue. Como público-alvo, quatro professores do curso de Comunicação Visual e um representante da Associação de Surdos da Palhoça responderam o questionário para melhor entendermos o problema.
Para fundamentar este estudo, foi necessária a realização de uma pesquisa do tipo bibliográfica e documental. Os autores do texto também analisaram leis e documentos como o projeto pedagógico do curso em questão.
Conceito de surdez
Ao abordarmos o tema, faz-se necessário primeiramente trazer pontos a respeito dos surdos. Em um conceito socioantropológico de pessoa surda, o Decreto n° 5.626, de 22 de dezembro de 2005, em seu Art. 2º menciona que:
Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras (Brasil, 2005, Art. 2°).
A pessoa surda, conforme citado, é aquela que, pelo fato de ter perda auditiva, desenvolve outras habilidades de comunicação por meio de experiências visuais na interação com o mundo à sua volta.
Em uma visão clínica terapêutica, consta dessa mesma lei: “Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de 41 decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz”.
Ainda para certificar-se com clareza do entendimento do conceito de pessoa surda, Nogueira (2018) explica que a surdez não é uma deficiência, e sim uma diferença que influencia no modo de se comunicar e de interagir nos diversos ambientes do cotidiano, como, por exemplo, no mercado de trabalho.
Mercado de trabalho para os surdos
Sabe-se que são inúmeras as dificuldades que os trabalhadores em geral têm para se inserir no mercado de trabalho; muitas vezes as demandas existentes são insatisfatórias, e em paralelo buscam uma formação acadêmica para se inserir no mercado de trabalho. Mesmo assim, muitos deles não encontram vagas para trabalhar na área em que se formam; no contexto do surdo não é diferente. Carneiro e Soares (2017) relatam que o surdo enfrenta diversas dificuldades para conseguir uma vaga de emprego relacionada à sua formação acadêmica.
Para os Surdos, as opções são de auxiliares de várias funções, professor de Libras, instrutor, promotor de vendas, entregador, linha de produção, pedreiros, marceneiros, serventes, zeladores e outras vagas que não utilizem telefone ou tenha atendimento ao público. Pode-se ver que, dentre as opções possíveis, a carreira universitária, como professor de Libras, é a mais atraente, mais bem remunerada e a que oferece melhor status social (Carneiro; Soares, 2017, p. 24).
As vagas de emprego geralmente são secundárias, de assistente ou em funções nas quais o surdo não entra em contato direto com o público.
Como podemos perceber, os surdos enfrentam discriminação, pois há dificuldade de se relacionar com as equipes e na maioria das vezes não há intérprete de Libras nas empresas. Infelizmente, essa falta de intérpretes compromete a compreensão e a identificação de competências e habilidades dos surdos nas entrevistas de emprego. Muitos recrutadores não estão aptos, principalmente por não terem domínio da Libras, o que se torna um dificultador na hora de contratar pessoas surdas; quando isso ocorre, eles podem fazer a contratação apenas para cumprir a cota estabelecida pela lei. Eles precisam ter informações sobre o que é ser surdo para melhorar a inclusão deles no mercado de trabalho.
Políticas públicas para inserção da pessoa com deficiência no mercado de trabalho
Os surdos têm respaldo em leis que abordam direitos a partir de demandas emergentes no cotidiano que estão de acordo com suas reais necessidades, como apresenta o subtítulo a seguir.
Ressaltamos duas leis que amparam o vínculo dos surdos no mercado de trabalho. A Lei n° 13.146, de 6 de julho de 2015, que institui o Estatuto da Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), em seu Art. 3°, dispõe:
I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida; [...]
V - comunicação: forma de interação dos cidadãos que abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos multimídia, assim como a linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados e os modos, meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, incluindo as tecnologias da informação e das comunicações (Brasil, 2015, Art. 3°).
A outra lei que vem a vincular é a Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, que traz informações sobre os planos de benefícios da Previdência Social para o trabalhador. Conhecida como “lei das cotas”, aborda a responsabilidade e o dever que “a empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência” (Brasil, 1991). As empresas habilitadas devem seguir a seguinte proporção: de 100 a 200 empregados – 2%; de 201 a 500 – 3%; de 501 a 1.000 – 4%; 1.001 ou mais – 5%.
Tais leis, articuladas, reconhecem ser fundamental o direito a ter cidadania e vêm contribuir para a inclusão do surdo como trabalhador nos mais variados espaços sociais. Para a inclusão do surdo no mercado profissional, o ambiente de trabalho deve estar conforme consta na lei, possibilitando a total integração do empregado.
Curso Técnico Integrado em Comunicação Visual do IFSC - câmpus Palhoça bilíngue
O câmpus Palhoça bilíngue fica na Cidade Universitária Pedra Branca, no Município de Palhoça/SC. Possui estrutura com salas de aula para surdos e ouvintes com laboratórios de tradução e interpretação, Física, Química, Biologia, Matemática, Informática, multimídia e estúdio para filmagem.
De acordo com o projeto pedagógico do curso (IFSC, 2020), disponibilizado em site, a oferta do curso justifica-se pela possibilidade de trabalho e renda para emancipação do cidadão, visando desenvolvimento socioeconômico local e regional. O curso Técnico Integrado em Comunicação Visual se destina aos jovens que tenham o Ensino Fundamental completo, sejam residentes no município de Palhoça ou na região da Grande Florianópolis. Tem duração de quatro anos e é ofertado por meio de sorteio público com 20 vagas para formar uma turma somente de surdos e 40 vagas para ouvintes.
As turmas para surdos têm suas aulas ministradas em Língua Brasileira de Sinais e é garantida a presença de tradutores/intérpretes de Libras/Português até os professores se tornarem fluentes em língua de sinais. As turmas para ouvintes cuja língua de instrução é a Língua Portuguesa têm suas aulas ministradas na modalidade oral sem a possibilidade da oferta de tradutores/intérpretes da Língua Brasileira de Sinais, como consta no projeto político do curso (IFSC, 2020). O curso faz parte do eixo tecnológico Produção Cultural e Design e está ligado ao Departamento de Ensino, Pesquisa e Extensão do câmpus.
Os conteúdos apresentados oferecem a possibilidade de obter uma síntese de como o curso é oferecido e estruturado. Acreditamos que, com esse referencial teórico, temos a base para analisar e discutir os resultados desta pesquisa.
Análise e discussão dos resultados
Devido ao isolamento social provocado pela pandemia da covid-19, que ocorreu no período da pesquisa, utilizamos questionário online para a coleta de dados, abrangendo nove perguntas abertas preestabelecidas, que serviram para responder à problemática do artigo. Sendo assim, foi possível categorizar as respostas em seis temas: introdução de parcerias com empresas, instituições que mais auxiliam os surdos na busca por emprego, visibilidade do profissional surdo no mercado, habilidades e interesse pela lei de cotas.
Nossa pesquisa teve como público-alvo quatro professores do curso de Comunicação Visual do IFSC - câmpus Palhoça bilíngue. Também fez parte do público-alvo um representante da Associação dos Surdos de Palhoça.
A principal barreira apontada foi a comunicação no ambiente de trabalho, como relatado pelos respondentes 1 e 5, apresentados a seguir. Outro fator é a busca por estudar no câmpus Palhoça bilíngue, em razão da proposta de educação bilíngue, e não motivados pela formação profissional, como pode-se perceber nas falas dos respondentes 4 e 5, que reforçam essa afirmação.
O desconhecimento da Língua Brasileira de Sinais e da cultura surda por parte dos empregadores pode colocar o profissional surdo em funções que não são adequadas ou minimizar suas habilidades. Esse é o principal, se o empregador tem noção das características culturais e linguísticas dos surdos; cabe ao profissional surdo mostrar seus talentos. Outro fato é a comunicação dentro do local de trabalho, se houver barreiras não funciona (Respondente 1).
A maioria dos surdos que fazem Curso Técnico de Comunicação Visual atualmente não está trabalhando nessa área. Alguns estão em faculdades e trabalhando em empresas em outras áreas. O que dificulta o encaminhamento para a área de comunicação visual seria a barreira de comunicação (Respondente 5).
Acredito que o problema não está relacionado à contratação dos surdos, mas ao interesse deles em trabalhar na área. A maioria busca estudar no câmpus Palhoça bilíngue, em razão da proposta de educação bilíngue, e não motivados pela formação profissional. Ao se formar, buscam cursos de graduação em áreas diversas e não buscam a inserção no mercado de trabalho (Respondente 4).
A Lei n° 13.146/15 em seu Art. 3° aponta questões sobre a comunicação como forma de interação dos cidadãos. Portanto, eles devem estar em condições de interagir em um ambiente de trabalho como em demais áreas. Carneiro e Soares (2017) confirmam que o problema de comunicação parece uma grande dificuldade para a empregabilidade do surdo em sua área de formação.
De acordo com os respondentes, o fator de comunicação tem grande peso na empregabilidade dos alunos egressos do Curso de Comunicação Visual do IFSC - câmpus Palhoça bilíngue; outro fator é que a maioria dos egressos procura o câmpus Palhoça bilíngue em razão da proposta de educação bilíngue, e não motivados pela formação profissional, pois verifica-se no projeto pedagógico do curso, abordado no referencial teórico do presente artigo, a formação de turmas exclusivas para surdos, atraindo-os cada vez mais para o câmpus.
Com base nos relatos, o setor de estágio/orientação é recente no câmpus e as parcerias com empresas estão apenas iniciando. Alguns dos respondentes não souberam informar se esse setor atua diretamente com os estudantes do curso de Comunicação Visual.
Até meados de 2019 ainda não havia no câmpus um setor/servidor que desse conta dos estágios. Ainda são pouquíssimas parcerias com empresas e não há ainda um tipo de orientação para esses alunos. Isso seria fundamental. Não funciona ainda (Respondente 1).
Acredito que sim, mas no momento é importante ter orientação para explicar quais as importâncias de buscar o estágio para o futuro dos conhecimentos. Estamos em fase de elaboração de documentos para vínculo com empresas (Respondente 3).
Atualmente, há servidores envolvidos com as questões relacionadas ao estágio. Não sei se estão atuando diretamente com os alunos do curso de Comunicação Visual (Respondente 4).
Fica evidente que o setor de estágio foi instituído há pouco tempo, são inexistentes as ações efetivas para auxiliar os estudantes do curso de Comunicação Visual. Pelo fato de o curso ser recente, fica evidenciado que os egressos necessitam de orientação para conseguir um estágio na sua área de formação. Entendemos que, em muitos casos, estagiários realizam trabalhos de auxiliares justamente por estarem se inserindo pela primeira vez no mercado de trabalho. Como observamos em Carneiro e Soares (2017), “para os surdos, as opções são de auxiliares”, mas é fundamental que essa seja a primeira experiência como estágio, e não a função exercida depois de formados.
Os respondentes relataram que os mecanismos que os estudantes e egressos surdos do IFSC usam para se colocar no mercado de trabalho são, além daqueles comumente usados, as associações de apoio aos surdos, como relatado pelos Respondentes 1 e 2.
Comumente procuram o CAS (Centro de Atendimento aos Surdos), na Fundação Catarinense de Educação Especial, as Associações de Surdos, feiras de empregos, indicação de colegas. O CAS é mais acessível (Respondente 1).
Indicações, redes sociais, entregas de currículo pessoalmente. Talvez existam outras formas, mas desconheço até o momento (Respondente 2).
Com relação aos mecanismos usados pelos egressos para sua colocação no mercado de trabalho, observamos que o Centro de Atendimento aos Surdos (CAS), na Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE), é o meio mais utilizado, além de feiras de empregos, indicação de colegas, redes sociais e entrega de currículo pessoalmente; um dos professores não soube responder a essa pergunta.
Quanto à visibilidade do egresso no mercado de trabalho, existem eventos da Prefeitura do Município de Palhoça e de empreendedores, campanhas em escolas da região e visitas técnicas em empresas, como é demonstrado nos relatos a seguir.
Sim, uma das ações que presenciei no semestre 2019.2 foi a divulgação do Curso em alguns eventos da prefeitura, eventos de empreendedores; os resultados dessas ações ainda não chegaram, mas acredito que virão (Respondente 1).
Acredito que, após a implantação do câmpus, as empresas começaram a conhecer melhor a instituição. Realizamos muitas campanhas de ingresso nas mais variadas escolas; isso faz com que o nome do IFSC seja promovido na região. Agora percebo que existe um problema nas contratações de alunos egressos do Ensino Médio, pois as empresas vêm procurando alunos do Ensino Superior pelas características de profissional que precisam (Respondente 2).
Ao longo dos últimos anos, os docentes e outros profissionais têm buscado aproximar as relações com a comunidade surda e com as empresas da área através de visitas técnicas e parcerias (Respondente 4).
De acordo com os respondentes e com Carneiro e Soares (2017), há contratação de surdos, porém, não os contratam para sua área de formação, desencadeando a contratação como forma de cumprir a Lei de Cotas. As autoras afirmam também que “a carreira universitária como professor de Libras é a mais atraente, mais bem remunerada e a que oferece melhor status social”. Por consequência, a oferta de trabalho como docente em Libras é a mais procurada pelos surdos. Essa procura acontece em decorrência dos seguintes aspectos apresentados neste trabalho: quesitos financeiros; por estarem em ambientes propícios para melhor lidar com o cotidiano dos surdos e por apresentar condições ideais de comunicação no ambiente de trabalho.
Os dados coletados mostram alguns indicativos que justificam a baixa empregabilidade dos alunos do curso de Comunicação Visual do IFSC - câmpus Palhoça bilíngue em sua área de formação. Além da comunicação, identificamos outro fato preocupante, que é o perfil desse aluno surdo ingressante no curso. Ele busca o instituto em função da proposta bilíngue, e não pela formação técnica. Feita a análise, vamos às considerações finais apresentando conclusões a respeito da importância do tema abordado e sugestões para os problemas encontrados.
Considerações finais
Ao analisar a opinião dos formadores em relação ao mercado de trabalho dos surdos, por meio do questionário online reconhecemos as dificuldades de comunicação entre empresas e surdos. Portanto, faz-se necessário reconhecer e estimular a introdução de uma relação mais próxima entre instituição, profissional e mercado de trabalho, sejam eles surdos ou não; o importante é identificar se há discriminação ou falta de conhecimento da realidade dos surdos, das leis para assim aplicar projetos de inclusão dos surdos.
Nas empresas em geral, é necessário ter um ambiente de trabalho adequado para que o surdo possa desenvolver suas habilidades, seja com intérpretes ou com outros mecanismos de comunicação que permitam que o surdo possa se comunicar tranquilamente; é preciso criar condições para que as empresas contratem funcionários bilíngues (português/Libras) para aprimorar a integração e a comunicação entre os profissionais surdos com os demais componentes do quadro de funcionários das empresas, além de identificar que profissionais surdos podem desenvolver outras habilidades que os ouvintes têm dificuldade em realizar.
É positivo prover uma maior divulgação dos egressos para as empresas, apresentando suas capacidades e habilidades que vão além de simples tarefas repetitivas, já que eles possuem formação técnica; e potencializar as relações entre associações de surdos, surdos, IFSC e empresas do entorno por meio de cadastros e grupos em redes sociais.
Outro ponto muito importante é o Setor de Estágio do IFSC, que, apesar de ter sido criado há pouco tempo, é fundamental seu acompanhamento na resolução do problema de empregabilidade do aluno surdo. Com a inserção dos estudantes no ambiente de trabalho durante o período de estágio, será mais fácil que professores acompanhem o momento de inserção dos estudantes nos ambientes de trabalho.
Recomendamos iniciar o planejamento de um projeto de ação para orientação e construção de portfólios articulado com as empresas do entorno, apresentando esses profissionais e suas habilidades.
Percebemos que os estudantes surdos optam por estudar no IFSC pelo fato de ter a opção bilíngue e não necessariamente pelas opções de cursos ofertados; portanto, além de sugerir uma investigação mais aprofundada no perfil desses estudantes surdos, acreditamos que também deve haver na instituição maior estímulo dos estudantes com a área de atuação cursada para que ele se identifique com o perfil profissional e com as demandas de trabalho. Então fica, como sugestão, estimular mais os alunos surdos a respeito da importância dos cursos técnicos, com práticas pedagógicas que apresentem outras perspectivas de trabalho, além de relacionar o perfil do estudante às características e disciplinas das áreas de atuação técnicas dos cursos ofertados no câmpus.
A criação de uma empresa júnior em conjunto com o curso de Graduação em Tecnologia em Produção Multimídia, sob orientação de um professor, motivaria muito esse aluno, pelo empreendedorismo, a aplicar todo o conhecimento adquirido no curso e vislumbrando até empreender seu próprio negócio ao término do curso.
Percebe-se a necessidade de viabilizar a inclusão do surdo no meio social, no trabalho ou no lazer de acordo com o prescrito nas políticas públicas citadas neste estudo. Os dados e os resultados aqui alcançados são de suma importância para validar futuros projetos de inclusão social na busca da garantia de direitos dos surdos.
Referências
BAHIA, Melissa. Responsabilidade social e diversidade nas organizações: contratando pessoas com deficiência. Rio de Janeiro: Qualiymark, 2006.
BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146. Acesso em: 25 maio 2021.
BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os planos de benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons. Acesso em: 25 maio 2021.
BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Disponível em: https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/96150/decreto-5626. Acesso em: 23 jun. 2021.
CARNEIRO, Marília Ignatius Nogueira; SOARES, Beatriz Ignatius Nogueira. As pessoas surdas e o mercado de trabalho. Revista Virtual de Cultura Surda, v. 20, p. 14, jan. 2017. Disponível em: http://editora-arara-azul.com.br/site/admin/ckfinder/userfiles/files/4%C2%BA%20Artigo%20de%20M%20 Carneiro%20%26%20B%20Soares.pdf. Acesso em: 25 maio 2021.
INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA (IFSC). Projeto pedagógico de Curso Técnico Integrado em Comunicação Visual. Disponível em: http://palhoca.ifsc.edu.br/index.php/comunicacao. Acesso em: 24 jun. 2021.
Publicado em 16 de janeiro de 2024
Como citar este artigo (ABNT)
GOMES, Felipe Araujo de Miranda; CARVALHO, Wenis Vargas de; HOLLOSI, Marcio. O mercado de trabalho para profissionais surdos egressos do curso Técnico Integrado em Comunicação Visual. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 24, nº 1, 16 de janeiro de 2024. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/24/1/o-mercado-de-trabalho-para-profissionais-surdos-egressos-do-curso-tecnico-integrado-em-comunicacao-visual
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