O ensino híbrido na Educação Física Escolar no contexto da abordagem Saúde Renovada: relato de experiência

Priscylla Teixeira Lima

Pós-graduanda em Educação Física Escolar (UFG), especialista em Atividade Física, Saúde e Sociedade (UNEB - Câmpus Guanambi), licenciada em Educação Física (UNEB - Câmpus Guanambi)

Maria Meire Ataíde Brandão

Especialista em Atividade Física, Saúde e Sociedade (UNEB - Câmpus Guanambi), licenciada em Educação Física (UNEB - Câmpus Guanambi)

Kelly Dayane Martins Malheiros

Especialista em Atividade Física, Saúde e Sociedade (UNEB - Câmpus Guanambi), licenciada em Educação Física (UNEB - Câmpus Guanambi)

Geysimara Pereira Teixeira de Souza

Mestranda em Educação (UESB), especialista em Atividade Física, Saúde e Sociedade (UNEB - Câmpus Guanambi) e em Metodologia e Didática do Ensino Superior (Facceba), licenciada em Educação Física (UNEB - Câmpus Guanambi)

A Educação Física é uma área que trata dos conhecimentos da cultura corporal de movimento que foram se adaptando de acordo com as mudanças de valores políticos, sociais e econômicos em cada momento histórico da sociedade. Os referidos avanços na Educação Física escolar foram endossados e legitimados pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei nº 9.394/96, no Art. 26, que a determina como integrante da proposta pedagógica da escola e a define como componente curricular obrigatório da Educação Básica (Brasil, 2013).

É fundamental que o trato com o conhecimento seja organizado a partir dos princípios curriculares, como a relevância social do conteúdo e a simultaneidade dos conteúdos, como dados da realidade.

Diante disso, nos últimos três anos, a sociedade mundial passou por momentos difíceis. A pandemia da covid-19 refletiu nos modelos de ensino educacional, tanto nas redes públicas quanto nas redes particulares de ensino.

A situação vivida pela sociedade resultou na suspensão das aulas presenciais nos âmbitos escolares em todo o mundo, devido às medidas de isolamento e distanciamento social adotadas por todos os países que foram afetados, sem ter solução imediata para o problema (Alves, 2020; Nunes; Dutra, 2020). A população em geral passou a adotar rígidas regras de isolamento em casa, gerando a paralisação de distintos serviços e atividades, inclusive do processo de ensino-aprendizagem, que afetou mais de 1,5 bilhão de crianças, adolescentes e universitários em 165 países (Presse, 2020; Unesco, 2020).

Diante disso, o Ministério da Educação publicou as Portarias n° 343, n° 345, n° 356 e n° 473 de caráter emergencial para a atualização das atividades no cenário escolar da Educação Básica e Superior, indicando o ensino remoto (Brasil, 2020) como proposta viável à situação emergencial. O termo se refere a práticas pedagógicas mediadas por recursos tecnológicos, ferramentas e plataformas digitais, com a utilização de aplicativos como: Google Meet, Google Class e Teams (Microsoft), com aulas em tempo real chamadas aulas síncronas (Gomes, 2020).

Nessa perspectiva, o ensino híbrido foi utilizado como modelo pedagógico de inclusão e apropriação do mundo digital por meios de recursos digitais que fazem parte do cotidiano dos professores e dos alunos (Brito, 2020). Nesse contexto, a LDBEN nº 9.394, estabelece em todos os níveis de ensino o ensino a distância como modalidade utilizada para a complementação da aprendizagem ou para situações emergenciais.

No Brasil, a Educação a Distância foi regulamentada por meio do decreto de nº 5.622/05, caracterizando a modalidade como o “processo de ensino e aprendizagem por meios da utilização de tecnologias de informação e da comunicação com professores e estudantes desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos” (Oliveira et al., 2019, p. 4).

A Educação Física Escolar precisou se adequar à nova realidade com a utilização de tecnologias digitais. Diante da velocidade das informações que chegam de forma quase instantânea, o universo pedagógico não poderia ficar à parte dessas mudanças. Compreendemos que a inserção de recursos digitais em salas de aula é um processo necessário já em processso nas instituições de ensino. Esses recursos são ferramentas que podem ser utilizadas e reutilizadas em diferentes situações, tornando-se alternativas flexíveis para a ministração de conteúdos didáticos.

Ao analisarmos as competências gerais propostas pelas BNCC (Brasil, 2017), encontramos a cultural digital, que propõe compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de forma crítica, significativa e ética. Diante disso, a competência cultural digital tem como objetivo proporcionar a comunicação, o acesso à produção de informações e de conhecimentos, abrangendo a pesquisa, a aplicação e a produção de textos expositivos e argumentativos que circulam no contexto escolar.

Atualmente, na área da Educação Física, há diversas concepções a respeito do seu papel no âmbito escolar. Isso se faz necessário na prática pedagógica, pois ela é “responsável pelo tipo de representação que o professor constrói sobre o seu papel, o papel do aluno, a metodologia, a função social da escola e os conteúdos a serem trabalhados” (Darido, 2012, p. 34). Entre as diversas concepções, destaca-se a abordagem Saúde Renovada, cujo objetivo é proporcionar uma formação integral aos estudantes por meio da promoção, prevenção e atenção à saúde do corpo. A prática de atividades físicas deve ser incentivada desde a infância, com o intuito de criar hábitos de vida saudáveis que podem ser levados para a vida adulta, prevenindo várias doenças relacionadas ao sedentarismo.

Este trabalho teve como objetivo discutir a relevância do ensino híbrido na Educação Física escolar no contexto da abordagem Saúde Renovada, tendo por finalidade garantir aos estudantes conhecimentos acerca das práticas de atividades físicas e de uma alimentação balanceada, como meios de promoção e prevenção da saúde do corpo durante o período da pandemia da covid-19.

Educação Física Escolar no contexto da abordagem Saúde Renovada

A história da Educação Física no âmbito escolar teve vários objetivos de inclusão ao longo do seu percurso como componente curricular. No Brasil, a Educação Física exerceu grande influência sobre a sociedade, vista como a “síntese perfeita da educação e da saúde” e colaborando para formar um indivíduo produtivo, robusto e saudável (Bracht, 1999). Posteriormente, serviu a preceitos militaristas (de 1930 a 1945) e ao competitivismo, voltando-se à técnica e ao desempenho (1964), A partir das décadas de 1980 e 90, incorporou discursos das áreas humanas e sociais, possibilitando a adoção de uma postura mais crítica, como elucidam Silva, Ludorf, Silva e Palma (2009).

Nessa perspectiva, na década de 1980, a área da Educação Física passou a ser estudada por diversos pesquisadores em busca de alternativas para definições de modelos, linhas, perspectivas, concepções, tendências e abordagens pedagógicas no contexto educacional. Foi a partir dessas inúmeras pesquisas que surgiram as abordagens pedagógicas da Educação Física. Assim, destaca-se a abordagem Saúde Renovada, considerada fundamental em auxiliar na recuperação, aquisição e manutenção da saúde do corpo (Darido, 2012).

Guedes e Guedes (1996) destacaram que uma das principais preocupações dos pesquisadores nas áreas da Educação Física e da saúde pública é buscar alternativas que contribuam para a diminuição dos distúrbios orgânicos associados à falta de atividade física. Diante disso, a proposta das aulas de Educação física é colaborar com o conhecimento sobre comportamentos saudáveis, qualidade de vida e a prática regular de atividades físicas, com o intuito de impedir o avanço de hábitos pouco saudáveis, que poderiam levar ao sedentarismo e à obesidade dos estudantes. Vale ressaltar que a atividade física é todo e qualquer movimento corporal produzido pela musculatura esquelética que resulta em gasto energético acima dos níveis de repouso (Pitanga, 2010).

Para Nahas (2017), os programas tradicionais de Educação Física têm sido organizados exclusivamente em torno de esportes formais. Pressupõe-se, assim, que a prática esportiva por si só conduzirá aos benefícios educacionais esperados como: desenvolvimento de habilidades motoras, aptidão física e um estilo de vida ativo. Porém, o esporte passa a ser considerado como um fim em si mesmo, resultando no desinteresse dos estudantes ou mesmo na exclusão de um grande número deles quando pouco habilidosos, contribuindo para a não manutenção de sua saúde.

Nessa perspectiva, Nahas (1997) ressalta a importância das informações e dos conceitos relacionados à aptidão física e à saúde no âmbito escolar. É preciso adotar novas estratégias de ensino que contemplem a abordagem de conceitos e princípios teóricos que forneçam subsídios aos estudantes sobre hábitos saudáveis por intermédio de práticas de atividades físicas. Além disso, é preciso procurar atender a todos os públicos, principalmente aos mais necessitados, como os estudantes com deficiências, os obesos e os de baixa aptidão física. Assim, a prática de atividades físicas nas aulas de Educação Física proporciona melhorias incalculáveis para o desenvolvimento de aptidões físicas: flexibilidade, equilíbrio, resistência, velocidade, coordenação e força muscular.

Com esses argumentos, prioriza-se a prática de atividades físicas no 1º ano do Ensino Médio, pois os estudantes já têm instrução teórico-prática. Assim, podemos enfatizar os conceitos sobre atividade física, aptidão física e saúde (Nahas, 2017).

Tecnologia digital no ensino a distância

O século XXI foi marcado pelas tecnologias digitais da informação e comunicação que estão cada vez mais presentes em quase todas as classes sociais da sociedade, permitindo que os usuários se conectem e se comuniquem, mesmo estando em diferentes locais. Essa forma de comunicação foi potencializada pela democratização do acesso à internet que possibilitou o aumento do fluxo de informação, com trocas de experiências entre usuários das mais diversas partes dos continentes (Moran, 2015).

Com esses avanços em mãos, diversos ambientes modificaram e ampliaram a forma de comunicação, alterando a maneira de como recebem e de como acessam as informações. Nesse aspecto, o Brasil se apropriou de um decreto, regulamentando a Educação a Distância. A partir desse decreto, ocorreu uma transformação na educação, no sentido de uma maior reflexão sobre as tendências educacionais, mudanças que tornaram o ensino mais flexível, digital e híbrido.

Assim, durante a pandemia da covid-19, o professor teve como suporte os recursos de tecnologia da informação e da comunicação para oferecer conhecimentos aos alunos que se encontravam no isolamento social por meio do ensino híbrido que, conforme Moran (2015), apresenta diversos valores de competências amplas com o uso das metodologias ativas, além de contar com uma infraestrutura tecnológica sofisticada. Em outras palavras:

O ensino híbrido é muito mais do que o ensino semipresencial, comumente conhecido nas instituições de ensino. Refere-se a combinações de atividades, com diferentes propostas, baseadas em deixar o aluno no centro de sua aprendizagem. O professor, nesse caso, deixa de ser um mero transmissor do conteúdo, função que exerce tradicionalmente (Kraviski, 2020, p. 7).

Com a metodologia de ensino, o aluno se torna responsável pelo seu aprendizado, cabendo ao professor um papel de mediador dessa ação. Diante da situação, o modelo de ensino tradicional tem pela frente enormes desafios. Dentre eles, a reorganização do currículo, as metodologias de ensino, além do tempo e dos espaços destinados à aprendizagem (Moran, 2015). Outro grande desafio é realizar mudanças que proporcionem ao estudante a oportunidade de aprender em seu ritmo, pois nem todos têm o mesmo nível de conhecimento e acesso a aparelhos digitais. Então, o que a tecnologia traz para o ensino é integração de espaços e tempos, possibilitando que o ensinar e o aprender aconteçam numa interligação (Silva, 2017).

As escolas particulares e públicas tiveram necessidade de utilizar o ensino híbrido como forma de ensino-aprendizagem no sistema educacional, pois trata-se de uma metodologia que utiliza o ensino on-line e o ensino tradicional para dar conta das demandas do aluno contemporâneo. Esse modelo é uma extensão da ampliação da sala de aula formal, com o auxílio – presenciais/blended/online – de poderem se reunir em modo individual ou em grupo (Moran, 2015).

Christensen, Horn e Staker (2013, p. 3-4) elucidam a vantagem de um ensino híbrido na escola:

Em muitas escolas, o ensino híbrido está emergindo como uma inovação sustentada em relação à sala de aula tradicional. Esta forma híbrida é uma tentativa de oferecer “o melhor de dois mundos” — isto é, as vantagens da educação online combinadas com todos os benefícios da sala de aula tradicional.

Nesse sentido, o ensino híbrido propõe ao aprendiz a oportunidade de ter acesso aos dois tipos de ensino que podem lhe proporcionar várias maneiras de aprender. Os estudantes aprende tanto na sala do ambiente escolar, quanto no ambiente on-line, complementando o ensino tradicional (Christensen; Horn; Staker, 2013).

Portanto, por mais que tenham ocorrido críticas a respeito do ensino a distância nos últimos anos, ele foi de extrema importância para a aprendizagem de milhares de estudantes das redes públicas e particulares de ensino, pois todos puderam ter acesso aos conteúdos dos componentes curriculares de forma flexível e contínua.

Educação Física Escolar e o ensino híbrido

Com a rapidez das informações e com todas as demais mudanças que a tecnologia trouxe ao mundo, adequou-se o conteúdo escolar à nova realidade social. Durante a pandemia da covid-19, muitas transformações ocorreram na educação. Milhares de professores tiveram que se reinventar para se integrar aos ambientes on-line e às plataformas educacionais.

No componente curricular da Educação Física não foi diferente. O desafio foi grande aos educadores fisicos, pois além de apresentarem as habilidades cognitivas, ainda precisavam trabalhar as habilidades motoras e sociais dos estudantes, sem um contato presencial. O professor teve que elaborar uma proposta de ensino em várias etapas, contemplando informações, pesquisas, diálogos e atividades físicas, além de buscar a promoção de experiências pedagógicas que permitissem aos estudantes reconhecerem a importância dos hábitos de uma vida saudável, fazendo com que se adequassem a essa nova realidade. Obviamente, as condições do isolamento social interferiam no cotidiano dos adolescentes, alterando seu estilo de vida, sua alimentação e sua saúde, comprometendo sua qualidade de vida. Diante de todas essas mudanças educacionais, o ensino híbrido tornou-se algo necessário e mais flexível, um modelo que possibilitar ao aluno aprender, tanto dentro como fora do ambiente de ensino formal.

Nessa perspectiva, as aulas de Educação Física proporcionaram atividades individuais com situações que conduziram à aprendizagem e ao desenvolvimento individual e social, trazendo ao estudante experiências e conhecimentos, mesmo com as dificuldades encontradas em relação ao espaço e os recursos/materiais (fita adesiva, baldes, garrafas de plástico e entre outros) presentes em casa.

Consequentemente, as propostas pedagógicas ganharam uma diversidade de adaptações que permitiam aos estudantes diferentes níveis de habilidades, na participação das vivências, mesmo com limitações e dificuldades.

Estratégias metodológicas

Este trabalho teve como suporte pedagógico a abordagem Saúde Renovada, tendo em vista a forma de lidar com a nova realidade de isolamento social, visando as possibilidades do ensino híbrido na aula de Educação Física escolar no Ensino Médio:

Se um dos objetivos é fazer com que os alunos venham a incluir hábitos de atividades físicas em suas vidas, é fundamental que compreendam os conceitos básicos relacionados com a saúde e a aptidão física, que sintam prazer na prática de atividades físicas e que desenvolvam um certo grau de habilidade motora, o que lhes dará a percepção de competência e motivação para essa prática. Esta parece ser uma função educacional relevante e de responsabilidade preponderante da Educação Física escolar (Nahas, 2017, p. 170).

Essa abordagem pedagógica é compreendida por defender a promoção e a manutenção da saúde pela práticas de atividades físicas desde o período da adolescência. Conforme a Organização Mundial da Saúde (2010), recomenda-se que adolescentes em idade escolar pratiquem pelo menos 60 minutos por dia de atividades físicas de intensidade moderada a vigorosa, devendo incluir atividades de resistência muscular, força e alongamento, pelo menos três dias por semana. Visto que esse público têm muitas vezes comportamentos de risco (consumo de álcool, drogas, alimentos ricos em gorduras saturadas e sódio), eles devem merecer maior atenção, recebendo uma alimentação adequada aliada à prática de atividade física contínua.

Nessa perspectiva, a prática física de intensidade moderada a vigorosa auxilia na melhoria da saúde esquelética, no controle da pressão sanguínea, na obesidade, na memória e no comportamento em sala de aula, entre outros benefícios (Tenório; Tassitano; Bezerra, 2009). 

Diante disso, propomos experiências com aulas teóricas e práticas, com elementos que compõem o desenvolvimento da aptidão física e de uma alimentação balanceada, de acordo com a pirâmide alimentar. Consideramos esses elementos materiais pedagógicos de interesse individual e coletivo dos estudantes.

As experiências em aulas síncronas foram realizadas em um colégio estadual da rede de ensino de Urandi/BA. As aulas aconteceram nas turmas do 2º ano do Ensino Médio, no curso Formação Geral, no turno matutino, com alunos dos quinze aos dezessete anos de idade.

  • Primeira aula: realizamos a prática de alongamentos e relaxamentos por meio do Google Meet. Inicialmente, foi reproduzida uma música instrumental, com o intuito de que os alunos compreendessem a importância de conectar o corpo e a mente, principalmente naquele momento. Com as câmeras ligadas, iniciamos a conversa. Logo depois, começamos a fazer os alongamentos, primeiramente membros superiores e, depois, membros inferiores. Ao terminarmos, solicitamos que todos deitassem de forma confortável. Nesse momento, proferimos palavras que levassem os estudantes à consciência do seu corpo, com o intuito de encontrarem o equilíbrio entre corpo e mente. A finalização da atividade aconteceu por meio de uma roda de conversa, onde os alunos puderam expor suas sensações a respeito da experiência vivenciada. 
  • Segunda aula: propusemos uma aula teórica, com indicação de práticas de atividades sobre as capacidades físicas: agilidade e velocidade. Inicialmente, ocorreu uma apresentação com slides do conteúdo, com explicação simultânea. Para facilitar a compreensão de todos, foram gravados dois vídeos com a realização das atividades propostas. Em seguida, foi apresentado o primeiro vídeo, mostrando um circuito com materiais adaptados. Esse circuito foi realizado três vezes com o tempo sendo cronometrado. O objetivo era verificar qual era o menor tempo gasto em cada volta dada no circuito. Depois, no segundo vídeo, foi projetada uma apresentação de dança com o bambolê, com o tempo cronometrado também. Essa atividade tinha como objetivo saber qual o maior tempo que o/a participante ficaria dançando com o aro na cintura, sem deixá-lo cair. Diante disso, foi solicitado que os alunos reproduzissem as mesmas atividades que foram postas, observando seus limites e seus avanços, além de gravarem as realizações das atividades por meio de um celular. Dias depois, as atividades foram encaminhadas, via WhatsApp, para a professora visualizar os limites e os avanços individuais.
  • Terceira aula: propusemos uma aula prática de ginástica aeróbica, com a durabilidade de 50 minutos, por meio do Google Meet. Inicialmente, fizemos um aquecimento de 10 minutos e enfatizamos exercícios de alongamento com o objetivo de aquecer as principais articulações. Foram realizados movimentos que iniciavam lentos e aumentavam gradativamente a intensidade. Assim, preparamos o corpo para atividades mais intensas. Também foram evidenciados o ritmo e a coordenação do estudante. Em seguida, a parte principal com 30 minutos, os elementos de aptidão física: o equilíbrio, a flexibilidade e a força muscular. Nessa parte da aula, realizamos exercícios de diferentes posições, como em pé, deitado e sentado. Os movimentos dos exercícios foram feitos de forma consciente, com o acampamento musical, com a finalidade de respeitar as diferenças da coordenação motora de cada estudante. Depois, a parte final com o relaxamento muscular, com a durabilidade de 10 minutos, para a volta aos padrões fisiológicos do início da aula.
  • Quarta aula: a proposta foi uma aula teórica de Educação Física, com a temática Educação Física e Nutrição. O objetivo era compreender a pirâmide alimentar e qual a sua função na vida das pessoas, identificando hábitos alimentares inadequados, vivenciados pelos estudantes em seu dia a dia. Inicialmente, ocorreu uma apresentação com slides do conteúdo. Em seguida, foi apresentado o documentário Super Sizeme: a dieta do palhaço. Depois, foi solicitado que fizessem uma lista do que costumavam ingerir durante um dia e classificassem esses alimentos de acordo com a pirâmide alimentar. Avaliada a dieta, tendo como parâmetro as necessidades diárias, conforme a faixa etária de cada um deles, criaram um Quiz da alimentação para um público específico: criança, adolescente, jovem, adulto, idoso ou atleta.

Nesse contexto, as atividades propostas para estudantes foram realizadas com sucesso em todas as turmas do 2º ano do Ensino Médio, visando ao reconhecimento dos benefícios à saúde, à prática de atividade física regular e à alimentação balanceada.

A avaliação ocorreu de forma contínua. Segundo Darido (2005), o processo de ensino-aprendizagem se dá em momentos de reflexões conjunta entre a turma e o professor. Diante disso, foram avaliados os interesses e a motivação dos estudantes em participar dos debates on-line sobre os conteúdos e, também, suas expectativas em realizarem as atividades propostas nos vídeos enviados. 

Considerações finais

Por meio da realização das atividades propostas, foi possível obter subsídios teóricos e práticos que favorecessem o aprendizado de cada conteúdo em determinada turma, por meio de debates on-line e vivências com vídeos, no objetivo de gerar mudanças para o estilo de vida de cada estudante. No período da pandemia, os alunos ficaram muito tempo dentro de casa, apresentando um quadro de sedentarismo. Eles deixaram de ter vida social, de frequentar espaços de lazer, locais de atividades físicas, escola, dentre outros ambientes.

Por intermédio dos debates on-line e das aulas pudemos ter uma compreensão de que os estudantes tinham pouco conhecimento sobre os benefícios das práticas de atividades físicas regulares, que podiam ser praticadas em qualquer espaço. Em relação à alimentação, eles relatam o consumo de muitos alimentos gordurosos e salgados, doces e produtos industrializados, como refrigerantes e bebidas alcoólicas. Diante disso, a abordagem Saúde Renovada assume um papel importantíssimo, pois norteia os professores de Educação Física na área da saúde, com a finalidade de educar os estudantes para o futuro, buscando estimular neles o interesse pela prática de uma atividade física, não só durante o período escolar, mas durante toda a vida. 

Quanto às dificuldades encontradas, podemos dizer que uma pequena parcela dos estudantes não possuíam computadores ou notebooks em casa. Desse modo, eles assistiam às aulas em seus aparelhos celulares. Diante disso, algumas estratégias foram utilizadas para minimizar o problema. Uma delas foi propor aos alunos que gravassem as atividades, assim, eles poderiam assistir mais vezes e em outros momentos, preparando-se melhor para executar o trabalho solicitado e encaminhá-lo à professora.

Portanto, o ensino a distância teve relevância social impactante, pois permitiu que muitos estudantes tivessem acesso ao conteúdo didático do ano letivo, já que não podiam frequentar o espaço escolar. Além disso, a proposta do ensino híbrido pode e deve ser levada para o ensino presencial, como uma ferramenta de enriquecimento de estudo e de pesquisas científicas, com o finalidade de ampliar cada vez mais o acervo de conhecimento dos estudantes.

Referências

ALVES, Lynn. Educação remota: entre a ilusão e a realidade. Interfaces Científicas - Educação, v. 8, n° 3, p. 348-365, 2020. Disponível em: https://periodicos.set.edu.br/educacao/article/view/9251/4047. Acesso em: 3 abr. 2023.

BRACHT, V. A. Constituição das teorias pedagógicas da educação física. Caderno Cedes, Campinas, v. 19, n° 48, p. 69-88, 1999.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular – Educação é a Base. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 4 abr. 2023.

BRASIL. Ministério da Educação. Portaria nº 473, de 12 de maio de 2020. Brasília, 2020. Disponível em: https://abmes.org.br/arquivos/legislacoes/Portaria-mec-473-2020-05-12.pdf. Acesso em: 5 abr. 2023.

BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. Brasília: MEC, 2013. Disponível em: https://bit.ly/2YDr1PV. Acesso em: 5 abr. 2023.

BRITO, M. S. A singularidade pedagógica do ensino híbrido. Revista EaD em Foco, v.10, e 948, 2020. Disponível em: https://eademfoco.cecierj.edu.br/index.php/Revista/article/view/948/537. Acesso em: 23 abr. 2023.

CHRISTENSEN, C.; HORN, M.; STAKER, H. Ensino Híbrido: uma Inovação Disruptiva: uma introdução à teoria dos híbridos, 2013. Disponível em: https://s3.amazonaws.com/porvir/wpcontent/uploads/2014/08/PT_Is-K-12-blended-learning-disruptive-Final.pdf. Acesso em: 23 abr. 2023.

DARIDO, S. C.; RANGEL, I. C. A. Educação Física na escola. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

DARIDO, S. C. Educação Física na escola: realidade, aspectos legais e possibilidades. In: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. Prograd - Caderno de formação: formação de professores didática geral. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012. p. 21-33, v. 16.

GOMES, Helton. Como o Google quer fazer você esquecer do Zoom para videoconferências. 2020. Disponível em: https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2020/04/29/como-o-google-quer-fazer-voce-esquecer-do-zoom-para-fazer-videoconferencias.htm.

GUEDES, D. P; GUEDES, J. E. R. P. Associação entre variáveis do aspecto morfológico e desempenho motor em crianças e adolescentes. Revista Paulista de Educação Física, v. 2, n° 10, p. 99-112, 1996. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rpef/article/view/138523 Acesso em: 17 maio, 2023.

KRAVISKI, M. R. Ensino híbrido. Curitiba: Contentus, 2020.

MORAN, J. Mudando a educação com metodologias ativas. In: SOUZA, C. A.; MORALES, O. E. T. (org.). Convergências midiáticas, educação e cidadania: aproximações jovens. v. 2. Ponta Grossa: UEPG/Proex. 2015. p. 15-33. (Coleção Mídias Contemporâneas). Disponível em: http://www2.eca.usp.br/moran/wp-content/uploads/2013/12/mudando_moran.pdf. Acesso em: 6 abr. 2023.

NAHAS, M. V. Educação Física no Ensino Médio: educação para um estilo de vida ativo no terceiro milênio. IV SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR, Anais... Escola de Educação Física e Esportes, p. 17-20, 1997.

NAHAS, M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 7ª ed. Florianópolis: Ed. do Autor, 2017.

NUNES, R. C. A.; DUTRA, C. M. Ensino remoto para alunos do atendimento educacional especializado. Research, Society and Development, v. 9, n° 11, e64291110060, 2020. DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i11.10060 Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/download/10060/9191/141021. Acesso em: 17 abr. 2023.

OLIVEIRA, Aldimária Francisca P. de; QUEIROZ, Aurinês de Sousa; SOUZA JÚNIOR, Francisco de Assis de; SILVA, Maria da Conceição Tavares da; MELO, Máximo Luiz Veríssimo de; OLIVEIRA, Paulo Roberto Frutuoso de. Educação a Distância no mundo e no Brasil. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 19, nº 17, 20 de agosto de 2019. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/19/17/ead-educacao-a-distancia-no-mundo-e-no-brasil. Acesso em: 14 abr. 2023.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E CULTURA (UNESCO). A Unesco reúne organizações internacionais, sociedade civil e parceiros do setor privado. 2020. Disponível em: https://pt.unesco.org/news/unesco-reune-organizacoes-internacionais-sociedade-civil-e-parceiros-do-setor-privado-em-uma. Acesso em: 17 maio 2023.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Global recommendations on physical activity for health. Genebra: OMS, 2010.

PITANGA, F. J. G. Epidemiologia da atividade física, do exercício e da saúde. 3ª ed. São Paulo: Phorte, 2010.

PRESSE, France. Unesco: metade dos estudantes do mundo sem aulas por conta da covid-19. G1, 18 de março de 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2020/03/18/unesco-metade-dos-estudantes-do-mundo-sem-aulas-por-conta-da-covid-19.ghtml Acesso em: 10 maio 2023.

SILVA, A. C.; LÜDORF, S. M. A.; SILVA, F. A. G. da; PALMA, A. A visão de corpo na perspectiva de graduandos em Educação Física: fragmentada ou integrada. Movimento, v. 15, n° 3, p. 109-126, 2009. DOI: 10.22456/1982-8918.3036. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/Movimento/article/view/3036. Acesso em: 11 maio 2023.

SILVA, J. B. O contributo das tecnologias digitais para o ensino híbrido: o rompimento das fronteiras espaço-temporais historicamente estabelecidas e suas implicações no ensino. ArtefactumRevista de Estudos em Linguagem e Tecnologia, ano IX, n° 2, 2017. Disponível em: http://artefactum.rafrom.com.br/index.php/artefactum/article/view/1531. Acesso em: 14 maio 2023.

TENÓRIO, M. C. M; TASSITANO, R. M.; BEZERRA, J. Atividade física e adolescentes. Recife: Edupe, 2009.

Publicado em 30 de abril de 2024

Como citar este artigo (ABNT)

LIMA, Priscylla Teixeira; BRANDÃO, Maria Meire Ataíde; MALHEIROS, Kelly Dayane Martins; SOUZA, Geysimara Pereira Teixeira de. O ensino híbrido na Educação Física Escolar no contexto da abordagem Saúde Renovada: relato de experiência. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 24, nº 14, 30 de abril de 2024. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/24/14/o-ensino-hibrido-na-educacao-fisica-escolar-no-contexto-da-abordagem-saude-renovada-relato-de-experiencia

Novidades por e-mail

Para receber nossas atualizações semanais, basta você se inscrever em nosso mailing

Este artigo ainda não recebeu nenhum comentário

Deixe seu comentário

Este artigo e os seus comentários não refletem necessariamente a opinião da revista Educação Pública ou da Fundação Cecierj.