Resenha de “O livro que não tinha fim”, de Sandra Aymone

Giselle Soares da Silva Baeta

Acadêmica de Pedagogia (Faculdade de Educação da UEMG)

Karina Gracielle de Jesus Silva

Acadêmica de Pedagogia (Faculdade de Educação da UEMG)

Marcelo Diniz Monteiro de Barros

Professor (Faculdade de Educação da UEMG)

O trabalho com o livro de literatura infantil pode ser uma das metodologias de ensino utilizadas no ambiente educacional pelos profissionais em exercício da docência. A sua aplicabilidade no contexto escolar tem como objetivo facilitar e estreitar os caminhos para uma aprendizagem significativa, que seja efetiva e eficaz para os educandos. Por intermédio da aplicabilidade da literatura infantil nas atividades escolares, é possível desenvolver assuntos relevantes, trabalhar com temáticas sensíveis, propor análises pedagógicas, criar reflexões para problemas sociais, econômicos, culturais e situações cotidianas que merecem novas ações e opiniões. Ademais, ela tem o poder de influenciar e modificar pensamentos, além de criar possibilidades que fortaleçam mudanças geracionais. Sendo assim, o livro literário pode auxiliar na formação de leitores críticos e formar cidadãos conscientes sobre os acontecimentos e contextos em que estão inseridos.

Com base no exposto, recomenda-se a utilização de O livro que não tinha fim, cuja 1ª edição foi publicada em 2015, para o ensino de Ciências no contexto educacional. Em sua narrativa, aborda-se a temática do aquecimento global, além de fazer referência a reciclagem, poluição, efeito estufa e às contribuições que o ser humano pode realizar no planeta. Dessa forma, é válido o desenvolvimento de atividades com base no livro para as crianças que estão nos anos iniciais do Ensino Fundamental, pois sua história é relevante e facilita a compreensão dos temas abordados. Outrossim, instiga a capacidade reflexiva dos educandos.

A autora, Sandra Aymone, é ilustradora de livros didáticos, paradidáticos e de obras de literatura infantil; tem mais de 70 títulos publicados. Em seus livros, a proposta é abordar conteúdos relevantes, como a ética e a cidadania, mas propiciando um enredo divertido e repleto de aventuras. A obra foi realizada em parceria com a Fundação Educar DPaschoal, que tem como objetivo oportunizar a educação cidadã como estratégia de transformação social na qual as crianças e os jovens consigam absorver o seu potencial, tornando-se capazes de realizar modificações ao seu redor.

O livro que não tinha fim narra a história de um livro intitulado “Aquecimento global”. Ao iniciar, a narrativa demonstra que ele está em um recipiente de descarte de materiais para a reciclagem. A justificativa de ele ter sido jogado fora é que não possuía um final, ou seja, suas últimas páginas encontravam-se em branco. Os demais materiais (vidro, lata, garrafa de plástico, revista) que estavam nas outras lixeiras tornam-se seus amigos e juntos tentam modificar o destino final do livro descartado. Ao longo da narrativa, vemos que, para a construção das páginas em branco, era necessário que o livro contasse o seu conteúdo.

Dessa forma, o enredo abrange assuntos diversos que estavam relacionados ao “Aquecimento Global”. Logo, vemos que os demais personagens aprendem sobre o efeito estufa, sua causa e as consequências. Além disso, retrata a composição de detalhes e exemplos que impactam o planeta a partir do fenômeno descrito. Ainda dentro da temática, apresentam-se brevemente a reciclagem e a poluição. É interessante observar, ao final da história, que os demais materiais ajudam a escrever as páginas em branco com uma lista de sugestões que ensinam crianças, jovens e adultos, permitindo que eles auxiliem o planeta Terra a fim de amenizar os impactos que contribuem para o aumento do aquecimento global. Assim, compreende-se a importância de trabalhar com esse livro literário em sala de aula, pois de forma lúdica apresenta conceitos da área científica importantes para o conhecimento dos alunos.

A primeira proposta é trabalhar o conceito de aquecimento global e sua relação com o efeito estufa, conforme apresentado no livro. Ao discorrer sobre o assunto, o docente pode aprofundar a temática, elencando mais detalhes sobre suas causas, efeitos, consequências, estratégias de mudança, críticas. Logo, juntamente com os discentes, o docente poderá inicialmente construir uma nuvem de palavras contemplando o que os alunos entenderam e extraíram da história.

Sugere-se dividi-los posteriormente em grupos, para que possam construir uma cartilha. Cada grupo assume um dos tópicos detalhados. A cartilha pode ser construída com o auxílio de programas tecnológicos para pesquisa e desenvolvimento escrito. Ao final, pode ser feita a construção de um mural com as informações mais importantes e que em cada sala da escola seja colada a cartilha construída.

Ainda baseado no livro, na segunda alternativa de trabalho é importante abordar a poluição. O professor pode identificar as formas de poluição apresentadas no livro e outras que estão relacionadas ao conhecimento dos alunos sobre a temática. Ao propor atividades relacionadas à poluição, o docente deve utilizar uma estratégia que pretende sensibilizar os alunos de forma que possam se tornar mais participativos nas ações que envolvam o meio ambiente. O tema é importante para falar a respeito de sustentabilidade e consumo consciente.

Em seguida, o professor pode trabalhar com a reciclagem, pois ela contribui para criar cidadãos que participem do processo de conservação do planeta. Como proposta, é possível que o docente solicite aos alunos que levem para a sala de aula alguns materiais que possam ser reciclados. O objetivo é utilizar os objetos que os educandos trouxeram para desenvolver outro brinquedo, como carrinho de PET e tampinha, casinha de papelão, boneca de tampinha, chocalho de pote de iogurte.

Em conjunto com os discentes, o professor pode instigá-los a escrever um outro final para a história, sugerindo alternativas para os demais materiais que estavam na lixeira de reciclagem. Assim, o discente pode registrar as contribuições que o ser humano pode apresentar ao planeta e que foram bem desenvolvidas e destacadas no texto.

Por fim, percebe-se que a literatura infantil pode ser uma importante aliada para promover o ensino, uma vez que, de forma lúdica e criativa, propicia o desenvolvimento de conceitos relevantes para a aprendizagem científica. Por meio de O livro que não tinha fim, o professor pode propor aos alunos atividades que sejam produtivas e exemplificativas, de forma a facilitar o processo de ensino aos estudantes. Ademais, permite a ampliação do repertório cultural e do conhecimento sobre a área.

Referência

AYMONE, Sandra. O livro que não tinha fim. Campinas: Fundação Educar DPaschoal, 2015. Disponível em: http://www.educardpaschoal.org.br/web/files/files/O%20livro%20que%20nao%20tinha%20fim.pdf. Acesso em: 03 jan. 2023.

Publicado em 04 de junho de 2024

Como citar este artigo (ABNT)

BAETA, Gisele Soares da Silva; SILVA, Karine Gracielle de Jesus; BARROS, Marcelo Diniz Monteiro de. Resenha de “O livro que não tinha fim”, de Sandra Aymone. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 24, nº 19, 4 de junho de 2024. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/24/18/resenha-de-ro-livro-que-nao-tinha-fimr-de-sandra-aymone

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