Educação Ambiental aplicada: um relato de experiência na Educação Infantil

Vitor Carvalho Gomes

Graduado em Administração (Ferlagos), mestrando em Sustentabilidade (IFPR –Câmpus Umuarama)

Fabricio Mitsuyochi Ito

Graduado em Administração Pública (UEM), especialista em Gestão Municipal (UEM)

Norma Barbado

Doutora em Agronomia (Unioeste), docente no IFPR - Câmpus Umuarama

A preocupação com o meio ambiente tem se tornado um tema cada vez mais presente na sociedade atual, ocupando os mais diversos espaços, dada a sua relevância. De acordo com Boff (2017, p. 18),

se olharmos à nossa volta, damo-nos conta do desequilíbrio que tomou conta do Sistema Terra e do Sistema Sociedade. Há um mal-estar cultural generalizado com a sensação de que imponderáveis catástrofes poderão acontecer a qualquer momento. Elenquemos alguns pontos nevrálgicos da insustentabilidade generalizada, sem a pretensão de sermos completos. Basta-nos captar as tendências e os pontos críticos.

Essa citação traz à tona a preocupação com o desequilíbrio existente nos sistemas Terra e Sociedade, refletindo um senso de mal-estar cultural em relação às possíveis catástrofes iminentes. Essa reflexão provoca um questionamento sobre a sustentabilidade generalizada, levando-se em consideração os pontos críticos que contribuem para essa situação.

No bojo dessa reflexão, a Educação Ambiental (EA) desempenha papel fundamental na sensibilização e no engajamento das pessoas em relação às questões ambientais. Por meio da EA, pode-se promover a compreensão dos desafios ambientais atuais, incentivando a adoção de atitudes sustentáveis e a participação ativa na busca por soluções. Como afirma Jacobi (2003, p. 193), a EA “é condição necessária para modificar um quadro de crescente de degradação socioambiental”.

O debate da EA na etapa da Educação Infantil é recente e necessário, visto que a vivência das crianças em espaços naturais e artificiais, contribuem para a formação da sua identidade e de suas capacidades individuais (Tiriba, 2007). Observa-se que, na maioria das creches e pré-escolas, as crianças estão emparedadas, mantidas por muito tempo em espaços fechados, sem contato com a Natureza (Tiriba, 2007).

Diante do exposto, Saheb e Rodrigues (2016) sugerem que se articule a EA com as crianças, iniciando pela exploração do seu entorno, para que comecem a visualizar situações decorrentes da intervenção inadequada do homem com o meio ambiente.

Ferraz (2012) destaca que as crianças têm contato diário com a beleza da Natureza, mas também enfrentam os impactos negativos da destruição ambiental. Ensinar desde cedo medidas de proteção e conservação se torna mais eficaz, pois as crianças têm a capacidade de refletir criticamente sobre sua relação com o meio ambiente, outras formas de vida e seus semelhantes. Essa reflexão possibilita a mudança de comportamento, repensando a exploração abusiva do meio ambiente e buscando alternativas (Ferraz, 2012).

No entanto, a inserção da EA na Educação Infantil depende de valorização, incentivo e formação continuada dos docentes. Assim, como afirma Leite Filho (2005), pode-se obter uma nova postura dos professores de creches e pré-escolas no Brasil no sentido de desenvolver uma Educação Infantil que respeite a criança como sujeito de direitos.

Diante do exposto, esse estudo teve como objetivo principal relatar a experiência de uma oficina de Educação Ambiental aplicada por meio de uma abordagem participativa com crianças da Educação Infantil.

Material e métodos

Este estudo é um relato de experiência sobre a utilização de metodologias participativas, de caráter qualitativo, oriundas de uma oficina de EA, aplicada no Colégio Sagrada Família, em Forquilhinha/SC. A instituição é reconhecida por sua dedicação à formação integral dos alunos, promovendo uma educação que abrange diversos aspectos da vida. A escola busca constantemente proporcionar vivências e aprendizados significativos aos estudantes, incluindo a conscientização ambiental como parte essencial do currículo. O público participante foi composto por crianças da Educação Infantil, com idade entre 6 e 8 anos, alunos do contraturno escolar.

A oficina de EA ocorreu no dia 24 de abril de 2023, integrando a Campanha Ciclo Siete, uma iniciativa que surgiu na Colômbia e envolve líderes de 22 países da América Latina. Anualmente, durante a semana do Dia da Terra (22 de abril), os líderes da campanha estabelecem um tema central e lançam um desafio para demonstrar ao mundo que é possível gerar um impacto positivo nos ecossistemas da Iberoamérica, por meio de diversas experiências. A oficina de EA fez parte da Campanha Ciclo Siete por contemplar alguns de seus objetivos, como envolver pessoas e instituições interessadas no desenvolvimento sustentável, mostrando que é possível promover ações e mudanças positivas para o meio ambiente (Barbado et al., 2022). Nesta abordagem, propomos a realização de atividades planejadas com o objetivo de envolver as crianças na compreensão da importância do meio ambiente, incentivando-as a adotar práticas sustentáveis. Algumas das principais atividades desenvolvidas foram:

  1. Explicação sobre o tema meio ambiente: introduziu-se o conceito de meio ambiente e os participantes receberam informações sobre sua importância para a sobrevivência humana;
  2. Valorização da natureza: foi enfatizada a importância da natureza, não apenas como provedora de recursos essenciais, como ar, água e alimentos, mas também como fonte de beleza e lazer. As crianças foram incentivadas a reconhecer e valorizar a diversidade de plantas e animais presentes em seu entorno, especialmente pelo Colégio possuir uma grande diversidade de plantas e espaço ecológico;
  3. Reflexão sobre os problemas ambientais: foram abordados os principais problemas ambientais, como a poluição, o desmatamento, uso de agrotóxicos e as mudanças climáticas. As crianças foram convidadas a refletir sobre as consequências dessas ações para o meio ambiente e para a vida das pessoas;
  4. Práticas sustentáveis: foram apresentadas sugestões de práticas sustentáveis que as crianças poderiam adotar em seu cotidiano, como economizar água e energia, separar os resíduos para reciclagem e cuidar das plantas ao seu redor;
  5. Atividade prática: plantio de cinco mudas de ipês-amarelos no jardim do colégio. As crianças foram divididas em grupos e ficaram responsáveis por pesquisar e aprender como cuidar dessas árvores nativas. Elas participaram ativamente da preparação do solo, do plantio das mudas, além de aprenderem sobre a importância da flora para o equilíbrio ecológico.

Ao longo da oficina de EA, adotou-se uma abordagem participativa, na qual o expositor assumiu o papel de facilitador. Essa abordagem buscou envolver ativamente as crianças no processo de aprendizagem, estimulando sua participação e promovendo a troca de ideias e experiências.

O facilitador atuou como mediador das atividades, proporcionando um espaço seguro e acolhedor para que as crianças pudessem expressar suas opiniões, fazer perguntas e compartilhar suas vivências relacionadas ao meio ambiente. Em vez de apenas transmitir informações de forma passiva, o facilitador incentivou a interação e o diálogo entre os participantes.

Durante as explanações sobre o meio ambiente, os problemas ambientais e as práticas sustentáveis, o facilitador utilizou uma linguagem acessível às crianças, adaptando-se ao seu nível de compreensão.

Resultados e discussão

No decorrer da oficina de EA, foi extremamente interessante e enriquecedor ouvir os relatos e experiências práticas das crianças. Essas interações proporcionaram um espaço aberto e seguro para que elas pudessem compartilhar suas percepções e ações em relação ao meio ambiente, inclusive relatando práticas que são contrárias à preservação ambiental. Assim, concorda-se com Guimarães (2012) quando afirma que a EA não ocorre isoladamente, mas por meio das relações estabelecidas no ambiente escolar, na interação entre diversos atores, sendo o professor o principal condutor dessa prática pedagógica.

Compreender a importância da EA, nessa fase inicial da vida, é reconhecer que as crianças são capazes de assimilar conceitos e valores relacionados à sustentabilidade de forma lúdica e prazerosa. Por meio de vivências e práticas pedagógicas adequadas à faixa etária, despertamos nelas a consciência ambiental, incentivando atitudes responsáveis e valorização dos recursos naturais.

No entanto, é essencial não negligenciar o encantamento das crianças pela natureza, assim como a importância de vivenciar, experimentar e despertar a sensibilidade delas em relação ao meio ambiente e à sociedade. Esses elementos devem ser trabalhados em sala de aula. Por outro lado, a formação e a prática docentes devem estar embasadas em uma abordagem crítica da EA e na busca por um desenvolvimento contínuo, evitando que se tornem meramente atividades vazias. Segundo Loureiro (2012, p. 101), "teoria sem prática é um exercício abstrato sem efeito real, enquanto prática sem teoria é ativismo sem resultados concretos de mudança". Teoria e prática são complementares, portanto, a formação dos professores deve contemplar as necessidades enfrentadas por eles em sala de aula, contribuindo para sua efetiva melhoria.

Nesse contexto, a EA é um instrumento essencial para promover a sensibilização sobre a importância da preservação do meio ambiente desde a infância. Na Educação Infantil, em particular, é fundamental proporcionar experiências significativas e enriquecedoras que despertem o interesse das crianças pelo mundo natural ao seu redor.

Nesse universo, é relevante citar que a Constituição Federal do Brasil aborda o meio ambiente de forma ampla, estabelecendo princípios, diretrizes e garantias relacionados à proteção ambiental (Brasil, 1988). Em seu Art. 225, ela estabelece que todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo dever do poder público e da coletividade preservá-lo para as presentes e futuras gerações (Brasil, 1988). Além disso, esse artigo determina que a utilização dos recursos naturais deve ser feita de forma racional e sustentável (Brasil, 1988). Assim, de forma simples, com a oficina de EA integrada às aulas regulares, as crianças tiveram noção do que estipula a legislação vigente.

Além disso, no Brasil, em 27 de abril de 1999, foi publicada a Lei nº 9.795/99, dispondo sobre a EA e instituindo a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), que tem como objetivo promover a conscientização sobre a importância da preservação ambiental e estimular a participação ativa da sociedade na busca por um desenvolvimento sustentável (Brasil, 1999). A legislação vigente reconhece a EA como um processo contínuo e permanente, que deve ser integrado aos diversos níveis e modalidades de ensino, além de estar presente em todos os setores da sociedade (Brasil, 1999). Considerando que a Educação Infantil objetiva formar os indivíduos em sua integralidade, a EA pode contribuir categoricamente para essa formação (Rodrigues; Saheb, 2018).

A Lei da EA estabelece que ela deve ser desenvolvida de forma integrada aos conteúdos curriculares, abordando temas como conservação e uso sustentável dos recursos naturais, preservação da biodiversidade, responsabilidade socioambiental e cidadania (Brasil, 1999). Também enfatiza a importância da participação da comunidade, da valorização dos conhecimentos tradicionais e da cooperação entre os diversos atores envolvidos (Brasil, 1999). Além disso, determina que a EA deve ser realizada de maneira transversal, interdisciplinar e participativa, promovendo o diálogo, a reflexão crítica e a capacidade de tomar decisões informadas sobre questões ambientais (Brasil, 1999). No entanto, apenas com as Diretrizes Curriculares Nacionais é que se estabeleceu a obrigatoriedade da EA em todos os níveis de ensino de maneira interdisciplinar (Brasil, 2012).

Outro avanço na legislação brasileira sobre EA foi a Resolução nº 05, de 17 de dezembro de 2009, do Conselho Nacional de Educação (CNE) e da Câmara de Educação Básica (CEB), que, em seu Art. 6º, parágrafo I, embora não traga a EA expressamente no princípio ético, deixa muito clara a importância do tema:

Art. 6º - As propostas pedagógicas de Educação Infantil devem respeitar os seguintes princípios:

I – Éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, identidades e singularidades (Brasil, 2009, p. 2).

Nessa conjuntura, ao promover a autonomia, a responsabilidade, a solidariedade e o respeito ao bem comum, a Resolução CNE/CEB nº 05/2009, reconhece que a Educação Infantil não pode se limitar apenas aos aspectos cognitivos e emocionais, mas deve abordar também a dimensão ética e ambiental. Essa inclusão do meio ambiente como um elemento a ser respeitado e valorizado indica a necessidade de integrar a temática ambiental às práticas educativas desde a infância. A EA, como processo formativo e exercício de cidadania, representa uma abordagem inovadora na relação entre o ser humano e a Natureza. Ela se fundamenta em uma nova ética, que engloba valores morais distintos e uma visão de mundo e das pessoas de maneira transformada (Jacobi, 2003).

Durante a abordagem da oficina de EA, o facilitador estimulou a participação ativa das crianças por meio de perguntas, discussões em grupo e atividades práticas. Essa abordagem participativa foi fundamental para engajar as crianças no processo de EA, tornando-as protagonistas de sua própria aprendizagem. Ao invés de receberem informações de forma passiva, elas foram encorajadas a refletir, questionar e buscar soluções para os desafios ambientais. Isso contribuiu para sensibilizar sobre a necessidade de uma consciência crítica e responsável em relação ao meio ambiente, empoderando as crianças a se tornarem agentes de mudança em suas comunidades.

Nesse contexto, o facilitador da oficina de EA teve a oportunidade de compreender melhor o nível de consciência ambiental das crianças e identificar quais conceitos ou comportamentos ainda precisavam ser trabalhados. As experiências práticas relatadas pelas crianças, como tomar banhos longos com alto consumo de água ou não separar o lixo para reciclagem em suas residências, revelaram importantes pontos de partida para o processo educativo, corroborando com o pensamento de Boff (2017, p. 171), quando enfatiza que “somente um processo generalizado de educação pode criar novas mentes e novos corações como pedia a Carta da Terra”.

Esses relatos forneceram uma base realista para a discussão e a reflexão das práticas sustentáveis. Assim, o facilitador teve a oportunidade de abordar as consequências dessas ações e de explorar alternativas mais conscientes e sustentáveis, promovendo uma reflexão crítica sobre o impacto que cada indivíduo pode ter no meio ambiente. Além disso, ao compartilhar suas experiências, as crianças também sensibilizaram seus colegas. Ao ouvirem falar das ações contraditórias e impactantes ao meio ambiente, as demais crianças pensaram sobre suas próprias práticas diárias, ressaltando a importância de adotar comportamentos mais sustentáveis. Como afirma Tiriba (2007), formar pessoas que respeitem a Natureza não é uma opção de cada docente ou instituição de ensino, mas sim um direito das crianças, portanto, uma obrigação pedagógica de se orientar em relação às três ecologias: a pessoal, a social e a ambiental.

Essa troca de experiências e relatos proporcionou um ambiente de aprendizagem inclusivo e participativo, no qual as crianças puderam se sentir à vontade para expressar suas opiniões, dúvidas e desafios. Esses momentos de compartilhamento contribuíram para criar um senso de comunidade e responsabilidade coletiva em relação à preservação do meio ambiente. Assim, como cita Morin (2011), a missão do ensino não é transmitir o mero saber, mas sim constituir uma cultura que permita compreender a condição de melhoria da qualidade de vida, favorecendo um modo de pensar aberto e livre.

Vale ressaltar que a integração entre a oficina de EA e as aulas regulares reforçaram a importância de uma abordagem transversal e interdisciplinar, na qual a temática ambiental permeia por diferentes áreas do currículo escolar. Ao trabalhar a EA de forma contínua e integrada, os educadores proporcionam uma compreensão mais abrangente e aprofundada sobre as questões ambientais, engajando as crianças em um processo de aprendizado significativo. Para Aguirre et al. (2022), a EA transcende a visão de uma única geração, colocando nossa existência em perspectiva tanto para a espécie humana quanto para o planeta como um todo.

Durante a atividade prática, em que os alunos plantaram mudas de ipês-amarelos no jardim do colégio, foi enfatizado que o simples ato de plantar não é suficiente. Então, promoveu-se a reflexão sobre a importância do compromisso e do cuidado contínuo com as plantas, pois esse cuidado vai além de regá-la e garantir a sua sobrevivência física, na direção da formação de um pensamento crítico-reflexivo, objetivo educacional fundamental. Para tanto, buscou-se por meio de experiências teórico-práticas e interações, estimular a percepção das crianças de que a intervenção no mundo traz mudanças (Aguire et al., 2022).

De acordo com Tiriba (2007), a Educação Infantil deve oferecer às crianças a oportunidade de aprender a se relacionar com os elementos naturais, como água, sol e terra e a usar esses elementos como matéria-prima em suas atividades. A autora propõe que as instituições de Educação Infantil enfrentem os desafios da EA, buscando resgatar as tradições étnicas brasileiras e criar maneiras de viver, sentir e pensar a vida na Terra. Além disso, Tiriba (2007) destaca a importância de incorporar atividades como semear, plantar, cuidar e colher alimentos, bem como assumir espaços como cozinhas, hortas, marcenarias e oficinas de produção e conserto de brinquedos como ambientes privilegiados para a educação.

Nesse aspecto, os alunos foram sensibilizados sobre responsabilidade, paciência, dedicação e respeito, elementos necessários para cuidar das plantas. Ressaltou-se, ainda que, assim como as plantas, todas as formas de vida exigem atenção e cuidado para prosperar. Esse entendimento contribui para o desenvolvimento de valores como responsabilidade ambiental, empatia e consciência coletiva, tão necessários no contexto atual. Para destacar o potencial de beleza e encanto que as árvores podem proporcionar quando florescem, foram mostradas imagens de ipês-amarelos floridos. Essa experiência despertou neles a compreensão de que o cuidado e o compromisso individual são fundamentais para que as plantas atinjam todo o seu potencial e possam florescer, trazendo benefícios não apenas estéticos, mas também ambientais.

Durante a atividade prática, as crianças aprenderam valores como cooperação, trabalho em equipe, liderança, proatividade, organização, limpeza, engajamento e gratidão. O plantio de árvores permitiu que expressassem gratidão pela Natureza e valorizassem os benefícios que ela nos oferece, como ar limpo, clima regulado e habitat para diversas espécies. Afinal de contas, somente respeitando aos ciclos naturais, consumindo racionalmente os recursos renováveis e aguardando o tempo necessário para sua renovação é que poderá ser garantida a sustentabilidade global (Boff, 2017).

As atividades relatadas neste estudo podem servir de inspiração para outros docentes da Educação Infantil, considerando que, segundo Sauvé (2005), geralmente as práticas de EA nessa faixa etária são pautadas nas correntes naturalistas e conservacionistas, com pouca criticidade. Para maiores avanços da EA na Educação Infantil, sugere-se a formação continuada dos docentes, pensada na direção de mudanças nas práticas, provocando reflexões dos profissionais, conforme recomendam Rodrigues e Saheb (2019).

A capacitação contínua em EA exige profissionais que possuam uma compreensão abrangente desse tema, indo além da mera transmissão de conteúdo. É fundamental que esses profissionais sejam envolvidos e experientes nessa prática, conforme afirmado por Carvalho (2012), pois somente dessa forma poderão encontrar as abordagens mais eficazes para sensibilizar os professores. Essa formação deve proporcionar um ambiente de aprendizado que promova tanto a interação social quanto o desenvolvimento individual na experiência de aprender. Uma forma de aprendizagem que transcende a simples transmissão de informações, estimulando a formação integral do indivíduo (Carvalho, 2012).

Considerações finais

A oficina de EA para crianças revelou seu engajamento e conscientização ambiental, bem como sua compreensão dos aspectos negativos e degradantes em relação à natureza. Nesse sentido, é essencial aumentar a motivação em atividades desse gênero, a fim de conscientizar as gerações futuras sobre a responsabilidade e o cuidado com o planeta.

Esta abordagem educacional também promoveu a conexão emocional com a natureza e a valorização da biodiversidade, podendo contribuir para o bem-estar físico, mental e emocional das crianças.

Por fim, conclui-se que a oficina de EA ofereceu oportunidades de aprendizado prático e experiencial, na direção da formação de agentes de mudança positiva em suas comunidades. Além disso, destaca-se a necessidade da criação de novas políticas públicas que incentivem a formação continuada dos profissionais da Educação Infantil, com vistas à capacitação do desenvolvimento de uma EA mais crítica que contribua com a práxis docente.

Referências

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Publicado em 18 de junho de 2024

Como citar este artigo (ABNT)

GOMES, Vítor Carvalho; ITO, Fabrício Mitsuyochi; BARBADO, Norma. Educação Ambiental aplicada: um relato de experiência na Educação Infantil. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 24, nº 21, 18 de junho de 2024. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/24/21/educacao-ambiental-aplicada-um-relato-de-experiencia-na-educacao-infantil

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