Um estudo de caso sobre inclusão digital: a importância do uso da tecnologia como ferramenta pedagógica
Jeferson Novais de Souza
Licenciando em Ciência da Computação (UAB-IFBA), tecnólogo em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (Unopar)
Ítala Camilly da Silva Ribeiro
Licencianda em Ciência da Computação (UAB-IFBA)
Flávio Pereira da Silva
Mestre em Modelagem Computacional do Conhecimento (UFAL), especialista em Docência do Ensino Superior (UFAL), licenciado em Informática (Uninassau), bacharel em Ciências da Computação (UFAL)
A sociedade está em constante mudança, tanto em sua forma de trabalhar como no seu lazer ou na forma de aprender e/ou de ensinar. É perceptível que atualmente as formas de ensinar não se encaixam nos moldes contemporâneos tecnológicos. Dessa forma, as tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) são ferramentas úteis que facilitam o processo educacional. A falta de aplicação das TDIC pode afetar não somente no tempo de desenvolvimento das aulas dos professores, mas também demandam mais tempo do aluno para o aprendizado, desmotivando ambos os lados (Moran, 2000).
Com o passar dos anos, o professor deixou o giz de lado e foi adotando o uso do pincel atômico (ou Pilot) e o quadro branco, atualmente bem aceitos pela categoria docente, solucionando os problemas que o quadro-negro trazia. Com a inovação da tecnologia, apenas o uso da lousa e do Pilot não se tornaram suficientes para promover uma educação de qualidade.
Para isso, as TDIC despertam interesse e curiosidade. A tecnologia é o principal fator de transformação e crescimento de uma sociedade, daí a importância de considerar a sua inserção de maneira inteligente no processo de ensino-aprendizagem. Elas permitem ao aluno a oportunidade de interagir com novos conceitos e práticas educativas que o farão evoluir na mesma proporção que seu meio social e, consequentemente, profissional.
As TDIC ainda não são acessíveis para toda a população, mesmo com sua rápida disseminação e evolução constante. O Brasil não é um caso diferente, a internet ainda é restrita para boa parte da população, principalmente para a de baixa renda. Por isso, as escolas devem oferecer à sociedade um meio de acesso às tecnologias. A educação, desse modo, torna-se cada vez mais digital, aprimorando a forma de ensinar e de aprender (Takahashi, 2000; Cruz; Carvalho, 2007).
Diante da questão do uso das TDIC, é sabido que os professores nem sempre conseguem acompanhar as inovações tecnológicas. Ainda há educadores que não pertencem a essa geração que utiliza os recursos tecnológicos no dia a dia. Muitos ainda resistem e se surpreendem com as mudanças impostas pelo uso das TDIC. A falta de recursos disponíveis no ambiente dificulta o seu uso, tanto por parte dos professores como por parte dos estudantes (Ferreira, 2010; Cruz; Carvalho, 2007).
Os alunos, por sua vez, precisam ser mais autônomos quanto à obtenção das informações e dados, a partir do uso das TDIC, ou seja, dependerá cada vez mais do aluno o processo de pesquisa e construção do seu conhecimento pelas tecnologias. As TDIC podem trazer infinitas informações de forma rápida e fácil para eles. É papel do professor ajudar o aluno a compreender todos esses dados adquiridos, porém para isso ocorrer o estudante precisa estar pronto para aprender, de forma madura (Moran, 2000).
Lemos (2011) afirma que, para alcançar a inclusão digital, o indivíduo (aluno ou professor) deve ir além do computador e do acesso à internet, a fim de exercer sua plena cidadania. Para isso, deve ser estimulado o uso das TDIC para promover uma educação de qualidade, com o direito de acesso a computadores e a rede de comunicação (internet), para uma nova geração social, com novos empregos e com mudanças cotidianas existentes.
Este trabalho se propõe a analisar as práticas de inclusão digital escolar no Centro Educacional de Seabra (CES) no Ensino Médio da rede estadual. Para tanto, foram utilizados, como instrumentos de coleta de dados, um questionário semiestruturado aplicado aos alunos da escola, por meio de uma pesquisa qualitativa, quantitativa, webgráfica e outra descritiva.
Tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC)
A humanidade vem se desenvolvendo há milhares de anos e, a cada época, o aprimoramento de artefatos tecnológicos vem promovendo mudanças sociais para a população. Como exemplos, temos: o uso da pedra como ferramenta, a descoberta e o domínio do fogo, a escrita no papel e, atualmente, as TDIC. O mundo sempre está em constante mudança, entretanto essas mudanças não acontecem do dia para a noite. Diante da desigualdade na aprendizagem, na evolução pessoal e social do indivíduo, o processo de aprendizagem tem a tendência a se estagnar ou a retardar (Pontes, 2000; Moran, 2000).
Houve um tempo em que as pessoas viviam sem as TDIC, tempo em que não existiam e-mails, mensagens e, principalmente, ligações. As cartas eram enviadas pelos correios e as comunicações rápidas eram realizadas pelos telégrafos (Bagatini, 2015).
Kenski (2001) afirma que as TDIC estão presentes em todo o nosso cotidiano, sendo utilizadas constantemente e de forma simples, e se tornaram comuns as evoluções tecnológicas, sempre se desenvolvendo para facilitar a nossa vida.
Existem pessoas que não imaginam sua vida sem as tecnologias, principalmente sem os benefícios e a facilidade já adquiridas, como enviar mensagens, realizar compras online e principalmente buscar conhecimento. A facilidade no uso da tecnologia permite que em poucos cliques, na “palma da mão”, sem necessidade de sair de casa, o usuário possa resolver seus problemas (Bagatini, 2015).
Assim, as TDIC são elementos fundamentais na resolução de problemas. Elas auxiliam a realizar atividades de que gostamos de maneira mais eficiente, com longo alcance, e as de que não gostamos de forma mais rápida e complexa (Moran, 2000). O meio digital vem ganhando espaço na vida das pessoas, impactando seu dia a dia com o uso de redes sociais, GPS, aplicativos bancários entre outras. As ferramentas tecnológicas têm favorecido novos olhares sobre a maneira de ensinar e transmitir conhecimento aos alunos de forma digital nas diversas disciplinas.
As TDIC podem ser desenvolvidas com processos de transmissão a distância com web aulas, troca de informações, com trabalhos enviados por e-mail, colocando professor e estudantes em contato fora das aulas, tendo a facilidade de contato para sanar dúvidas e envios de trabalhos com grande velocidade. Entre as aulas desenvolvidas com recursos de som, imagens, filmes, há resultados de pesquisas para apresentações em sala e enriquecimento do conteúdo abordado pelo professor (Masetto, 2006).
As TDIC têm como seu principal meio de comunicação a internet, visando à facilidade e à rapidez na condução das informações, trazendo uma gama de conhecimento por meio de sites, jogos, redes sociais, de forma que se tornem cada vez mais digitais (Silva, 2001).
Dessa maneira, as TDIC entraram nos espaços escolares, gerando um choque entre o sistema análogo e o sistema digital: professores, em sua grande maioria, com o modelo antigo de ensino e alunos bem-informados sobre as tecnologias, fazendo interação com as TDIC (Bagatini, 2015). Com isso, houve um grande confronto de saberes de professores e alunos e uma grande expectativa de que novas melhorias de ensino sejam alcançadas pelo uso das tecnologias na sala de aula.
Uso das TDIC na educação
A educação nunca foi tão valorizada como no uso das tecnologias dentro do ambiente escolar. As TDIC passaram a se apresentar como instrumentos que possibilitam aos alunos acessarem a informação, construir conhecimentos e colocá-los em prática por meio da interação com os outros (Masetto, 2006).
Atualmente, as TDIC não podem ficar ausentes das escolas. São inúmeros projetos e sistemas informatizados e escolares. Sem dúvida, hoje, as tecnologias têm ampliado e modificado o conceito de ensino, permitindo novas formas de aprendizagem, tanto no modo presencial como no virtual (Moran, 2000).
É necessário que os educandos se sintam confortáveis para utilizar as TDIC. Estar convidativo significa conhecê-los, facilitando o aprendizado e aumentando o interesse por parte dos alunos, pois dominando os principais procedimentos técnicos para sua utilização, o professor se sentirá confortável no meio tecnológico e com confiança em avaliá-los criticamente, criando novas possibilidades pedagógicas para a integração desses meios com o processo de ensino (Kenski, 2001).
Como em outros períodos históricos, há expectativas de que as novas tecnologias solucionarão os problemas da educação. Sem dúvida, as tecnologias permitem um novo conceito de aula, oportunizando novas formas de comunicação e ampla busca de conteúdo (Gewehr, 2016, p. 23).
As TDIC estão conduzindo novas formas de ensino nas escolas e nas universidades. Os professores, em qualquer modalidade, precisam capacitar-se para melhor gerenciar e incluir – de forma clara, equilibrada e inovadora – os estudantes em espaço com equipamentos e atividades diferentes que proporcionem diferentes atividades e integração com as tecnologias. No entanto, é válido lembrar que o conhecimento básico das formas de usar os equipamentos (computadores, ligar um datashow e navegar na internet) não torna o professor qualificado pedagogicamente ou eficiente para ensinar as atividades (Moran, 2004; Kenski, 2003).
Avaliando esse cenário, a eficiência do uso das TDIC interessa seriamente ao processo de aprendizagem. Com o surgimento de tecnologias avançadas, proporcionam oportunidades de buscas mais rápidas de informações na produção de pesquisas, trazendo recentes conteúdos publicados e atualizados. Isso proporciona desenvolvimento de conhecimentos, curiosidades por parte dos alunos em todas as áreas do ensino a partir de internet e microcomputadores em laboratórios da escola ou até mesmo de casa (Masetto, 2006).
A aprendizagem é um processo de construção de relações e de integração de informações telemáticas, audiovisuais, textuais, orais, musicais, lúdicas, corporais (Moran, 2006). Cada docente pode encontrar sua forma mais adequada de compor as tecnologias em suas metodologias pedagógicas, mas é importante diversificar as formas de dar as aulas para uma boa avaliação, comunicação e aprendizado.
As TDIC como ferramenta de inclusão digital
A inclusão digital é um evento contemporâneo que acontece em toda a sociedade. Ela tornou-se alvo de todos os setores sociais, em todas as partes do mundo.
Diante disso, os excluídos digitais têm três grandes formas de serem rejeitados. Primeira: não possuir acesso à rede de computadores. Segunda: ter ingresso às TDIC, porém com habilidade técnica muito reduzida. Terceira e mais importante: ter acesso à internet e não saber usá-la, qual conhecimento buscar, como combinar uma ideia com outra e como usá-la em seu cotidiano (Castells, 2005).
O acesso às TDIC pode ser visto como forma de exclusão social, mascarando as desigualdades e impossibilitando o acesso às redes de comunicações e computadores (Silveira, 2008). Visando a inclusão digital entre as pessoas, o Governo Federal, por meio do Decreto nº 5.542, ampliou o âmbito do Programa de Inclusão Digital, o Projeto Cidadão Conectado – Computador para Todos, cujo objetivo é promover a inclusão digital mediante a aquisição de condições facilitadas de soluções de informática constituídas de computadores e programas de computador (software) neles instalados com suporte e assistência técnica necessários ao seu funcionamento, observadas as definições, especificações e características técnicas mínimas estabelecidas em ato do ministro de Estado da Ciência e Tecnologia (Brasil, 2005).
A TDIC são tecnologias de liberdade, porém podem dar poderes para oprimir ainda mais os desinformados, levando à restrição das minorias pelos dominadores de conhecimento. Na definição geral, a sociedade continua igual. Assim, é necessário agir de forma individual e coletiva para utilizar e compartilhar facilidades da internet, com o objetivo de melhorar a sociedade (Castells, 2003).
Com isso, a educação tem um grande desafio: inserir as TDIC nas escolas, promovendo a alfabetização tecnológica. A educação está diante de um desafio: inserir as TIC na escola a fim de promover a alfabetização tecnológica, popularizando o seu acesso aos alunos e, consequentemente, à comunidade para melhorar o ensino. Dessa forma, não adianta apenas investimento em máquinas e infraestrutura, se não existirem professores capacitados para operá-las com finalidades educativas (Bergamann, 2010). A inclusão digital nas escolas passa por amplas dificuldades. Na maioria delas, por parte dos professores, por não conseguirem se familiarizar com as TDIC ou por falta de interesse em aprender a manusear esses recursos tecnológicos. Dessa forma, os alunos acabam privados de um ensino de qualidade. No entanto, vale ressaltar que a cada instante a interação digital é mais rotineira, uma realidade no cotidiano escolar.
As TDIC ativam inúmeras possibilidades de integração para a melhoria e a ampliação dos materiais educacionais. Com isso, apresentam novas formas de diálogos entre professores e alunos, porém ainda devemos tomar cuidado para não repetir os erros e continuar com a exclusão. Dessa forma, para que o ensino a distância tenha seu potencial alcançado é necessário disponibilizar avanços tecnológicos, atividades e principalmente acompanhar os indicadores de qualidade (Takahashi, 2000).
Sem dúvida, as TDIC apareceram como forma característica para facilitar a comunicação entre todos. Há um anseio de que as novas tecnologias ofereçam soluções rápidas para mudar o modo de educação. Sem dúvida, elas permitem amplificar o conceito de ensino, demonstrando novos elos entre o presencial e o ensino a distância (Moran, 2006).
Metodologia
Toda pesquisa é consequência de um problema que se inicia por uma questão. Da mesma forma que uma pergunta precisa de uma resposta, uma teoria é formada para demonstrar resultados e ser compreendida. Assim, todo processo de busca científica precisa de novas soluções; contudo, por melhor que seja elaborada, ela não conseguirá explicar todos os eventos (Minayo, 2001).
As pesquisas são definidas como procedimentos que têm como objetivos proporcionar soluções aos problemas propostos (Gil, 2007).
Abordagem da pesquisa
A metodologia deste trabalho se constitui como uma pesquisa webgráfica com base em pesquisas em artigos, livros e referenciais teóricos, buscados na internet. A presente pesquisa foi realizada a partir da utilização da abordagem descritiva. De acordo com Gil (2002, p. 42), “as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis” na escola CES.
O CES é uma escola que oferece a estrutura necessária para o desenvolvimento educacional dos alunos, com internet do tipo banda larga, biblioteca, quadra esportiva, laboratório de Ciências, laboratório de Informática, sala dos professores e cantina. No ano de 2022, a escola passou por reformas e ampliou sua estrutura para melhor conforto. A obra foi contemplada pelo governo de estado e instalada em uma quadra poliesportiva coberta, um grande refeitório com uma cozinha bem equipada, um campo society com grama sintética de primeiríssima qualidade e uma piscina poliolímpica que ainda não está pronta, mas que será para o uso do novo Ensino Médio (Chapadanews, 2022).
População e amostra
No início do ano letivo, a escola possuía um total de 1.200 estudantes. No dia da aplicação do questionário, ela estava com 477 alunos matriculados. Os alunos são do 1º, 2º e 3º anos, turnos matutino, vespertino e noturno. Os estudantes do turno vespertino se caracterizam como alunos da zona rural, com acesso a transporte oferecido pela prefeitura. Já os estudantes do turno noturno são maiores de 18 anos e trabalham durante o dia para estudarem à noite, sendo alguns ingressantes do Ensino de Jovens e Adultos (EJA).
O questionário foi aplicado no período de recuperação das disciplinas, ou seja, no final do ano letivo. Estavam aptos a participar do questionário 172 estudantes. Dessa população, 34 participaram. O link foi disponibilizado via WhatsApp para o vice-diretor, para alguns professores, para o representante do grêmio estudantil e para a coordenadora do curso. Os estudantes foram convidados a participar da pesquisa de forma anônima.
Coleta de dados
Ainda sobre as pesquisas científicas, listamos os procedimentos realizados para a coleta de dados no Quadro 1. Foram elaborados dois questionários: um quantitativo, com quatorze questões de múltipla escolha aplicadas aos estudantes, e outro qualitativo, aplicado aos gestores da escola. Ambos os instrumentos foram elaborados no Google Forms.
O questionário quantitativo foi disponibilizado aos alunos por intermédio de um link aberto por quatorze dias.
O questionário aplicado aos coordenadores e diretores possuía dez questões qualitativas, também disponibilizado pelo mesmo período do questionário dos discentes, mas respondido pelo vice-diretor e coordenador da instituição.
Quadro 1: Etapas para coleta de dados
Etapa |
Descrição da etapa |
1ª etapa |
Definição do tema |
2ª etapa |
Escolha da instituição |
3ª etapa |
Entrevista com responsável da escola para aceite da pesquisa |
4ª etapa |
Elaboração dos questionários |
5ª etapa |
Aplicação do questionário com os estudantes |
6ª etapa |
Aplicação do questionário com os responsáveis pela escola |
7ª etapa |
Análise dos questionários |
A utilização da tecnologia de inclusão digital no CES
Considerando os relatos do coordenador e vice-diretor, as ferramentas digitais mais utilizadas no CES para o ensino-aprendizado na escola são smartTV, notebook, aparelho de som, datashow, computador e celular. Os diretores afirmam que os professores estão dispostos a usar as ferramentas, mesmo com dificuldades no manuseio dessas tecnologias.
Vale ressaltar que os professores, após o período de distanciamento social imposto pela pandemia da covid-19, continuam usufruindo os avanços tecnológicos que a escola proporcionou. Para realizar as aulas online por meio de equipamentos digitais, os professores faziam o uso do Google Classroom e, para as aulas síncronas, o Google Meet.
De acordo com os diretores, a escola incentiva a inclusão digital com recursos que auxiliam na aprendizagem. Tal fato pode ser respaldado pelo uso da internet – tecnologia que se apresenta na rotina dos professores e nos recursos auxiliares para acesso aos estudantes às aulas, como o computador e o celular. Para a mediação das aulas, os aplicativos mais utilizados são: o e-mail, o Instagram, o Facebook e as ferramentas do Google.
As formações promovidas para os professores com o uso das tecnologias, são ofertadas pela Secretaria de Educação da Bahia em curso de formação continuada. A oferta ocorre anualmente e, durante a pandemia, foram promovidos cursos gratuitos online durante todo o período.
No caso da escola CES, de acordo com os profissionais que atuam lá, os alunos apresentam dificuldades em metodologias de ensino que estejam voltadas para o uso de tecnologias no ambiente virtual (internet). Nesse caso, o fator de dificuldade apresentado é a indisponibilidade de uma boa internet nas casas dos estudantes. A escola acredita que os estudantes iriam desenvolver suas atividades escolares sem dificuldades caso possuíssem acesso.
Resultados e discussão
Foram obtidas 34 respostas ao questionário, sendo 17 respondidas por pessoas do sexo feminino e 17 pelo sexo masculino, na faixa etária entre 15 a 35 anos de idade. A maior parte dos declarantes era parda (52,9%), com 29,4% brancos, 14,7% negros e 2,9% indígenas.
Referente à renda familiar, 44,1% disseram que não sabem informar o quanto recebem, 32,4% informam que recebem um salário mínimo, 17,6% até dois salários, 2,9% até três salários e 2,9% disseram que recebem somente bolsa família. Dos alunos pesquisados, 94,1% responderam que possuíam internet em casa.
Gráfico 1: Finalidade da internet, para os estudantes
Como se pode verificar, as TDIC ainda são utilizadas com maior ênfase no lazer, porém os estudantes afirmam que a internet é fator primordial para a realização dos estudos e atividades escolares em casa.
Apesar de a grande maioria acessar a internet em suas residências, alguns alunos responderam que não utilizam programas para pesquisar fora da escola e 20,5% informaram que utilizam o Google.
Gráfico 2: Finalidade da internet para os estudantes
Em relação à finalidade do uso da internet, assim como apresentado no Gráfico 2, percebe-se que 41,2% dos estudantes comparam as informações em sites que apresentam o conteúdo a ser pesquisado e selecionam as informações para as pesquisas dos trabalhos escolares. Dentre as demais categorias,17,6% copiam o que aparece no primeiro site.
Gráfico 3: Tempo disponível para estudo fora da escola
Em relação ao tempo disponível para fazer atividades escolares em casa, 41,2% responderam que fazem uso das TDIC todos os dias, 32,4% uma a duas vezes na semana e 8,8% afirmam não acessar a internet para realizar as atividades escolares. Com isso, é possível perceber uma divisão entre os alunos que fazem o uso da tecnologia fora da escola diariamente e os que a usam menos.
Gráfico 4: Tecnologias mais utilizadas pelos professores
Em relação às TDIC utilizadas em sala de aula pelos professores, observa-se que são utilizadas várias mídias e dentre elas se destacam os slides (PowerPoint), com 70,6%, e vídeos no YouTube, com 52,9%. Além disso, perante a disponibilidade de recursos computacionais na atualidade, ainda existem professores que não utilizam nenhum recurso em sala de aula – cerca de 5,9%.
Gráfico 5: Facilidade para aprender com o uso de tecnologia
Com relação à facilidade de aprendizado, 58,8% dos alunos afirmam que aprendem com maior facilidade, enquanto 32,4% alegam que aprendem com ou sem o uso da tecnologia e 8,8% afirmam que possuem dificuldades ao aprender quando os professores utilizam tecnologias em suas aulas.
Gráfico 6: Conhecimentos tecnológicos
A respeito dos conhecimentos dos alunos, muitos tem grande familiaridade com os recursos básicos da TDIC: baixar música (64,7%), baixar vídeos (61,8%) e salvar imagens (55,9%). Entretanto, num contexto de utilização da tecnologia de forma mais técnica e levando em consideração que a escola não possui formação em nível técnico em informática, observou-se um número baixo que utiliza fórmulas em planilhas (8,8%), edita páginas na web (14,7%) ou formata celulares e wi-fi (2,9%).
Gráfico 7: Tecnologia fundamental para aprendizagem
No quesito sobre qual tecnologia é fundamental na escola, 64,7% afirmam que a internet é essencial, 58,8% responderam que o celular é fundamental e 50% responderam que o notebook é a mais importante tecnologia.
Considerações finais
Neste estudo, observa-se que a educação e a sociedade se encontram em constante processo evolutivo e de adaptação com os avanços das TDIC. A tecnologia se faz presente no cotidiano das pessoas, seja ela para pagar uma conta ou até em pesquisas escolares, edições de textos, vídeos, dentre outros.
O CES aumentou o investimento em tecnologia no ano de 2022 e foi contemplado com uma ampliação total da escola, transformando-se em uma unidade de ensino integral. Nessa ampliação, melhorou seu espaço físico, sua tecnologia, com a ampliação do laboratório de informática, com a disponibilização de datashow em todas as salas de aula e cursos de aperfeiçoamento digital para professores.
A escola incentiva e inclui a tecnologia, porém alguns professores apresentam dificuldades em manusear as TDIC, mas é perceptível o interesse em utilizar tais recursos. Dessa forma, o uso de internet, de aplicativos e de recursos como o datashow é presente no cotidiano, tanto em sala de aula, como na utilização de metodologias educacionais, que incluem os mensageiros eletrônicos WhatsApp e Google Meet.
Já os estudantes que participaram do questionário, afirmaram possuir uma grande familiaridade com a tecnologia em redes sociais, edição de vídeos e baixar músicas. Em certo momento, nos resultados da pesquisa percebemos indícios visíveis de plágio pelo fato de os alunos somente copiarem os textos da internet e enviarem.
Fora da escola, o tempo que os alunos dedicam aos estudos é curto, dedicando seu tempo disponível ao lazer e procrastinando as tarefas em vídeos e redes sociais. Provavelmente, o percentual de estudantes em recuperação esteja um pouco acima do esperado, totalizando 36% dos alunos.
Tendo em vista que os alunos estavam em período de recuperação das disciplinas, verificou-se que aproximadamente 20% responderam ao questionário. A preocupação em participar das avaliações pode ter influenciado neste quantitativo de respostas.
Com uma nova era, as TDIC estão cada vez mais presentes em nosso dia a dia e dessa forma vemos que, por intermédio do questionário, alunos respondentes acreditam que é importante usar novas tecnologias para melhorar o ensino-aprendizagem, principalmente, a internet e os celulares, recursos,hoje, praticamente indispensáveis para a população.
Referências
BAGATINI, Fabrício Agostinho. Tessituras da docência em tempos de tecnologias de informação e comunicação. 2015. 337f. Dissertação (Mestrado em Ensino) – Centro Universitário Univates, Lajeado, 2015.
BERGMANN, Helenice Maria Barcellos. Escola e inclusão digital: desafios na formação de redes de saberes e fazeres. Revista Brasileira de Educação a Distância, 2010. Disponível em: http://www.abed.org.br/revistacientifica/Revista_PDF_Doc/2010/2010_1952010173424.pdf. Acesso em: 20 nov. 2022.
BRASIL. Decreto nº 5.542, de 20 de setembro de 2005. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5542.htm. Acesso em: 16 jan. 2023.
CASTELLS, Manuel. A Galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. São Paulo: Zahar, 2003.
CASTELLS, Manuel. O caos e o progresso: entrevista com Manuel Castells. Jornal Extra Classe, Porto Alegre, 7 de março de 2005. Disponível em: https://www.extraclasse.org.br/geral/2005/03/o-caos-e-o-progresso/. Acesso em: 16 nov. 2022.
CHAPADA NEWS. Seabra: Confira como foi a entrega do Complexo de esportivo do CES. 2022. Disponível em: https://www.chapadanews.com/seabra-confira-como-foi-a-entrega-do-complexo-de-esportivo-do-ces/. Acesso em: 25 dez. 2022.
CRUZ, S.; CARVALHO, A. Produção de vídeo com o MovieMaker: um estudo sobre o envolvimento dos alunos do 9º ano na aprendizagem. In: MARCELINO, Maria José; SILVA, Maria João (org.). SIIE’ 2007: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE INFORMÁTICA EDUCATIVA, 9. Porto, 2007.
FERREIRA, A. A. O computador no processo de ensino-aprendizagem: da resistência à sedução. Trabalho e Educação, Belo Horizonte, v. 17, n° 2, p. 65-76, 2010.
GEWEHR, Diógenes. Tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) na escola e em ambientes não escolares. Dissertação (Mestrado em Ensino) – Centro Universitário Univates, Lajeado, 2016.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2007.
GROSSI, M. G. R.; FERNANDES L. C. B. E. Educação e tecnologia: o telefone celular como recurso de aprendizagem. EccoS Revista Científica, São Paulo, n° 35, p. 47-65, set./dez. 2014.
KENSKI, V. M. Em direção a uma ação docente mediada pelas tecnologias digitais. In: BARRETO, R. G. (org.). Tecnologias educacionais e educação a distância: avaliando políticas e práticas. Rio de Janeiro: Quartet, 2001. p. 74-84.
KENSKI, V. M. Aprendizagem mediada pela tecnologia. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 4, n° 10, 2003.
LEMOS, André. Cidade digital: portais, inclusão e redes no Brasil. Salvador: Edufba, 2007.
MARTINS, C. B. M. J.; MOREIRA, H. O campo CALL (Computer Assisted Language Learning): definições, escopo e abrangência. Calidoscópio, v. 10, n° 3, p. 247-255, 2012. Disponível em: https://revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopio/article/view/3254. Acesso em: 20 out. 2022.
MARX, K. O capital: crítica da economia política. São Paulo: Civilização Brasileira, 1968.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa social. Teoria, método e criatividade. 18ª ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
MORAN, J. E.; MASETTO, M.; BEHRENS, M. A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. São Paulo: Papirus, 2000; 15ª ed., 2009.
PONTE, João Pedro da. Tecnologias de informação e comunicação na formação de professores: que desafios? Revista Iberoamericana de Educacion, n° 24, p. 63-90, 2000.
SILVA, M. Sala de aula interativa: a educação presencial e a distância em sintonia com a era digital e com a cidadania. In: CONGRESSO BRASILEIRO DA COMUNICAÇÃO, 24., 2001, Campo Grande. Anais... Campo Grande: Intercom, 2001. p. 1-20. Disponível em: http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/80725539872289892038323523789435604834.pdf. Acesso em: 1 jul. 2021.
SILVEIRA, Sergio Amadeu da. A noção de exclusão digital diante das exigências de uma cibercidadania. In: HETKOWSKI, Tânia Maria. Políticas Públicas & Inclusão Digital. Salvador: Edufba, 2008.
TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO e comunicação como recurso de mediação pedagógica. Revista Observatório, Palmas, v. 5, nº 4, set. 2019. Disponível em: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2017v5n4p613. Acesso em: 2 nov. 2022.
THAKAHASHI, T. (org.). Sociedade da informação no Brasil – livro verde. Brasília: MCT, 2000.
Publicado em 09 de julho de 2024
Como citar este artigo (ABNT)
SOUZA, Jeferson Novais de; RIBEIRO, Ítala Camilly da Silva; SILVA, Flávio Pereira da. Um estudo de caso sobre inclusão digital: a importância do uso da tecnologia como ferramenta pedagógica. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 24, nº 24, 9 de julho de 2024. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/24/24/um-estudo-de-caso-sobre-inclusao-digital-a-importancia-do-uso-da-tecnologia-como-ferramenta-pedagogica
Novidades por e-mail
Para receber nossas atualizações semanais, basta você se inscrever em nosso mailing
Este artigo ainda não recebeu nenhum comentário
Deixe seu comentárioEste artigo e os seus comentários não refletem necessariamente a opinião da revista Educação Pública ou da Fundação Cecierj.