A literatura e o cinema numa lição de amor

Maria Engrácia Carvalho Madureiro

Mestranda em Tecnologia Educacional (UFC), especialista em Metodologia do Ensino e Gestão Escolar, graduada em Pedagogia e Matemática, diretora escolar e professora de Matemática da rede pública estadual de ensino

Inspirado no conto de fadas A Bela Adormecida, que retrata a história de uma princesa que é acometida de sono profundo, vítima da maldição de uma bruxa, o filme Malévola, protagonizado pela atriz Angelina Jolie, conta essa história de um novo jeito, a partir de um questionamento sobre o quanto conhecemos de nós mesmos, desse clássico da literatura e das telas.

Inicialmente, o filme conta que apenas um grande herói ou um terrível vilão poderia unir dois reinos que se odiavam. Malévola era uma fada de coração puro que vivia no reino dos Moors, onde havia as criaturas mais estranhas e fantásticas: não conheciam a ganância governante do reino dos humanos. Ao conhecer Stefan (Sharlto Copley), o ódio entre as fadas e os humanos parecia distante para os dois, mas a ambição humana logo os afastou.

Ao ser traída por aquele que acreditava ter lhe mostrado o que era o amor verdadeiro, a decepção torna Malévola vingativa, e a fotografia do filme mostra que a frieza da personagem também transforma em cores sombrias a antiga vivacidade e a beleza que costumavam habitar o reino dos Moors.

Para se vingar de Stefan, Malévola usa a sua filha Aurora (Elle Fanning): lançou sobre ela um feitiço e lhe concede vida somente até os 16 anos e reservou a ela um sono profundo, dando somente a chance de ser salva pelo que acreditava não existir – o verdadeiro amor.

A partir do feitiço, o filme segue desenvolvendo as faces da protagonista, que mostra não ser totalmente tomada pela vilania ao salvar a vida de um corvo, que passa a segui-la como servo na tarefa de acompanhar a vida de Aurora.

O encantamento pela menina e o bem-querer crescem no coração da protetora dos Moors. Aurora chega à mocidade e, aos 16 anos, exatamente como foi predestinada, fura o dedo e cai em sono profundo; sua “fada madrinha” está arrependida e resolve enfrentar a todos e o passado para ajudá-la. Sem saber como reverter o feitiço, mas revestida do poder de seus sentimentos mais verdadeiros, Malévola beija Aurora, que desperta livre de todo o mal.

O quanto somos bons ou ruins: qual o limite do bem e do mal? Esses são questionamentos que o filme Malévola propõe a todos de todas as faixas etárias. Será a dualidade da magia apresentada na história de A Bela Adormecida que alimenta nossa capacidade de crença na bondade ou maldade do ser humano? O que buscamos nas relações interpessoais todos os dias? O que caracteriza o “amor verdadeiro”?

O “amor verdadeiro” é retratado de forma muito sublime; rompe-se a ideia de que ele é encontrado na relação entre o príncipe e a princesa; surge o amor materno, a capacidade feminina de amar para além da existência humana.

Malévola é um filme com produção primorosa, fotografia com encanto, texto com humor e emoção; essa produção revela a força de alguém que foi vilã e heroína da própria história, numa obra capaz de atingir o mais variado público.

Referência

MALÉVOLA (Maleficent). Roteiro: Linda Woolverton; direção: Robert Stromberg; produção: Don Hahn, Joe Roth e Richard D. Zanuck. Estados Unidos da América: Walt Disney Pictures, 2014, Colorido, sonoro, 97 minutos, 1 DVD.

Publicado em 16 de julho de 2024

Como citar este artigo (ABNT)

MADUREIRO, Maria Engrácia Carvalho. A literatura e o cinema numa lição de amor. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 24, nº 25, 16 de julho de 2024. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/24/25/a-literatura-e-o-cinema-numa-licao-de-amor

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