Guia do educador para o filme "Miss Evers’ Boys"
Letícia Oliveira Ribeiro Maia
Especialista em Microbiologia (PUC Minas), licenciada em Ciências Biológicas (PUC Minas)
Marcelo Diniz Monteiro de Barros
Doutor e pós-doutor em Ensino em Biociências e Saúde (IOC/Fiocruz), professor da PUC Minas, da Faculdade de Educação da UEMG e do Programa de Pós-Graduação em Ensino em Biociências e Saúde do IOC/Fiocruz
Estratégias educacionais tradicionais enfrentam desafios para despertar o interesse dos alunos pela aprendizagem. Assim, é necessário que os docentes inovem nos métodos pedagógicos para aumentar a disposição dos alunos para as atividades educacionais propostas (Melo; Barros, 2019). Com o avanço dos meios de comunicação, especialmente a TV e o cinema, recursos audiovisuais tornaram-se elementos importantes na cultura e na disseminação do conhecimento (Carvalho, 1998). Existem ferramentas tecnológicas que podem auxiliar o professor em sala de aula, como o cinema, que propicia reflexão sobre o tema escolhido, além de trabalhá-lo de maneira mais rica, completa e multidisciplinar (Araújo, 2014; Nez; Consone, 2015).
O uso de filmes como estratégia pedagógica melhora o ensino e a aprendizagem, capturando a atenção dos alunos e motivando sua participação nas atividades propostas (Nez; Consone, 2015). A cinematografia tem o poder de reconstruir contextos e práticas sociais de determinada época, permitindo uma compreensão histórica mais profunda e exemplificando conceitos (Carvalho, 1998).
O docente deve planejar a abordagem de filmes em sala de aula de forma a não se restringir ao entretenimento, mas considerar pontos essenciais de discussão e reflexão desejados (Arroio; Giordan, 2006; Cunha; Giordan, 2009). A escolha de um filme deve estar alinhada com o tema a ser discutido e sua conexão com o conteúdo a ser explorado. A análise da obra cinematográfica é imprescindível para planejar atividades que desenvolvam a capacidade de percepção dos alunos (Cunha; Giordan, 2009).
Vários estudos sobre o uso de filmes como estratégia pedagógica foram publicados, como Cinema e educação: o uso de filmes na escola (Silva, 2014), Luz, câmera, ação: o uso de filmes como estratégia para o ensino de Ciências e Biologia (Costa; Barros, 2014) e Os filmes na escola: um instrumento de ensino e aprendizagem (Gunzel et al., 2019).
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (Brasil, 2018) destaca habilidades a serem desenvolvidas por meio de filmes na área de linguagem, como a capacidade de produzir comentários apreciativos e críticos, além de avaliar e ampliar o repertório de conhecimento associado à diversidade cultural dos alunos. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, no seu Art. 26, § 8, incluído pela Lei nº 13.006/14, estabelece a exibição de filmes de produção nacional como componente curricular integrado à proposta pedagógica da escola, tornando sua exibição obrigatória.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (Brasil, 1998) e a BNCC orientam o desenvolvimento de conhecimentos científicos relacionados aos microrganismos e à saúde. Nesse contexto, este trabalho visa desenvolver um guia do educador para o ensino de Bioética, Microbiologia e infecções sexualmente transmissíveis (IST) na disciplina de Biologia a partir do filme Miss Evers’ Boys. Os autores buscam apresentar temas que possam ser explorados como estratégia educacional a partir do filme e propor práticas de ensino sobre Microbiologia e IST, com foco na sífilis.
Revisão da literatura: Bioética
Warren Reich propôs uma das primeiras definições de Bioética: análise sistemática do comportamento humano na área das ciências da vida e da saúde, considerando princípios e valores morais (Reich, 1996). A trajetória da Bioética pode ser narrada através de uma sequência de acontecimentos marcantes nos últimos 100 anos (Goldim, 1997). Durante a Segunda Guerra Mundial, atrocidades foram cometidas sob o pretexto de "pesquisas", direcionadas contra judeus, ciganos e outros grupos vulneráveis (Rego; Palácios; Siqueira-Batista, 2009). Após o término da guerra e a criação do Tribunal de Nuremberg para julgar os nazistas, incluindo os médicos envolvidos, foi estabelecido um conjunto de dez princípios para orientar pesquisas envolvendo seres humanos. Conhecido como Código de Nuremberg e criado em 1949, esse documento internacional enfatizou a importância do consentimento informado e reforçou a necessidade de que a atividade científica respeitasse os direitos dos participantes (Oliveira, 2007).
Outro evento controverso de pesquisa com seres humanos ocorreu nos Estados Unidos após a guerra: o Tuskegee Syphilis Study (em tradução livre, Estudo da Sífilis de Tuskegee, 1932-1972) (Bozeman; Slade; Hirrsch, 2009; Katz et al., 2008), no qual 399 homens negros com sífilis foram submetidos a uma pesquisa sobre o desenvolvimento da doença, sem a garantia de tratamento com penicilina ou mesmo acesso a essa terapia (Katz et al., 2008). Esses eventos desempenham papel crucial na definição e compreensão do campo da Bioética. As pressões surgidas em pesquisas envolvendo seres humanos destacaram a necessidade de estabelecer regulamentações éticas para guiar essas investigações, além de promover reflexões sobre os dilemas morais que surgem com o avanço tecnocientífico (Bonamigo, 2011).
A BNCC propõe o desenvolvimento de habilidades durante o Ensino Médio, incluindo a capacidade de examinar e discutir questões controversas relacionadas à aplicação dos conhecimentos das Ciências da Natureza, usando argumentos sólidos, legais, éticos e responsáveis, reconhecendo e diferenciando diversas perspectivas. Além disso, é essencial analisar e debater o uso inadequado dos conhecimentos das Ciências da Natureza para legitimar práticas discriminatórias, segregacionistas e violações dos direitos individuais e coletivos em diferentes contextos sociais e históricos, com o objetivo de promover equidade e respeito à diversidade (Brasil, 2018). Portanto, as escolas devem oferecer atividades que desenvolvam essas habilidades.
Sífilis
A sífilis é uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum, pertencente ao grupo das espiroquetas, altamente patogênica e que não se cora bem pelo método de Gram.
Figura 1: Esquema da morfologia da bactéria Treponema pallidum
Fonte: Trabulsi, 2015.
Classificada como IST curável e exclusiva do ser humano, a sífilis pode apresentar diversas manifestações clínicas e se desenvolver em diferentes estágios. A transmissão ocorre principalmente mediante relações sexuais desprotegidas com uma pessoa infectada, mas também pode ser transmitida da mãe para o feto durante a gestação ou para o recém-nascido durante o parto (Brasil, 2022). No caso de transmissão fetal durante a gestação, as possíveis consequências incluem aborto, natimorto, parto prematuro, morte neonatal e manifestações congênitas precoces ou tardias (Brasil, 2019).
A maioria das pessoas com sífilis é assintomática e, quando elas apresentam sinais ou sintomas, muitas vezes não os percebem ou não lhes dão a devida importância, transmitindo a doença para seus parceiros. Se não for tratada, a sífilis pode evoluir para formas mais graves, podendo comprometer os sistemas nervoso e cardiovascular (Brasil, 2022).
Manifestação da doença
A transmissão da sífilis é mais alta nos estágios iniciais da doença, diminuindo à medida que ela progride. Isso ocorre devido à alta concentração de Treponema nas lesões comuns nos estágios iniciais (cancro duro, condiloma plano, placas mucosas, lesões úmidas) (Brasil, 2019), que penetram diretamente nas mucosas ou através de abrasões na pele. Após o segundo ano da doença, essas lesões se tornam raras ou desaparecem completamente (Brasil, 2022).
Durante a gestação, a transmissão pode ocorrer em qualquer fase, sendo influenciada pelo estágio da infecção da mãe, maior nos estágios primários e secundários da doença e pelo tempo de exposição do feto (Brasil, 2022).
Fora do hospedeiro, o T. pallidum perde rapidamente sua capacidade de infectar. Esse organismo não possui enzimas para produzir moléculas complexas ou fatores de virulência evidente, mas produz várias lipoproteínas que induzem uma resposta inflamatória do sistema imunológico, o que aparentemente causa a destruição tecidual da doença (Tortora, 2017).
A sífilis é classificada em estágios para orientar o tratamento e monitoramento:
- Sífilis primária: com período de incubação de 10 a 90 dias, caracteriza-se por uma única ferida no local de entrada da bactéria, chamada de "cancro duro". Essa lesão é rica em treponemas e desaparece mesmo sem tratamento, podendo passar despercebida.
- Sífilis secundária: surge entre seis semanas e seis meses após a cicatrização do cancro. Pode manifestar-se com manchas pelo corpo, incluindo as palmas das mãos e as plantas dos pés. Essas lesões são também ricas em treponemas e geralmente não causam coceira. Sintomas como febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas pelo corpo podem ocorrer.
- Sífilis latente: fase assintomática da doença.
- Sífilis terciária: pode surgir entre 1 e 40 anos após o início da infecção. Nessa fase, ocorre destruição tecidual, que pode afetar os sistemas nervoso e cardiovascular, além de lesões cutâneas e ósseas, podendo ser fatal.
Figura 2: Sinais e sintomas da sífilis
Fonte: Planeta Biologia, 2018.
Tratamento, prevenção e controle
As estratégias adotadas pelos profissionais de Saúde para a prevenção da sífilis começam pela Educação em Saúde. A realização de palestras em salas de espera e a organização de rodas de conversa para discutir o tema são essenciais para promover a compreensão do público-alvo sobre o curso da doença e incentivar o uso de preservativos, que são até agora o método mais eficaz para prevenir o contágio e devem ser amplamente distribuídos para a população. Isso aumenta a adesão dos pacientes aos testes de diagnóstico periódicos, permitindo identificar a infecção ainda nos estágios iniciais (Silva, 2014; Gomes, 2020).
Além disso, para prevenir a sífilis congênita, é fundamental acompanhamento pré-natal adequado, incluindo testes não treponêmicos no primeiro e terceiro trimestres da gestação e durante o trabalho de parto (Vilela et al., 2019).
No que se refere ao tratamento da sífilis, a penicilina é a escolha medicamentosa utilizada. Para adultos, adolescentes e gestantes nos estágios iniciais da doença, recomenda-se o uso de penicilina benzatina G por via intramuscular ou penicilina procaína. Nos estágios mais avançados, que correspondem a infecções com mais de dois anos, o tratamento é o mesmo, com a diferença de tempo prolongado de administração. Crianças com sífilis congênita devem ser tratadas com benzilpenicilina aquosa ou penicilina procaína (WHO, 2016).
Em casos de reações alérgicas por parte do paciente, é recomendável primeiro controlar a hipersensibilidade antes de iniciar o tratamento. No entanto, algumas alternativas estão sendo consideradas, como o uso de doxiciclina, azitromicina e ceftriaxona, que podem ser úteis no caso de indisponibilidade do medicamento padrão na rede pública (Coelho; Coelho, 2019).
Dados epidemiológicos atuais
Entre 2020 e 2021, o Brasil e suas regiões observaram um aumento nas taxas de detecção de sífilis adquirida. No país, o aumento foi de 32,9% (de 59,1 para 78,5 casos por 100.000 habitantes) (Brasil, 2022).
As taxas de detecção de sífilis no Brasil cresceram significativamente na última década, conforme ilustrado no Boletim Epidemiológico da Sífilis de 2022, elaborado pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. Isso evidencia a necessidade de abordar a doença e suas formas de prevenção e de tratamento.
Figura 3: Taxa de detecção de sífilis adquirida (por 100.000 habitantes), sífilis em gestantes (por 1.000 nascidos vivos) e incidência de sífilis congênita (por 1.000 nascidos vivos), por ano de diagnóstico (Brasil, 2011-2021)
Fonte: Brasil, 2022.
Outro dado relevante, conforme o Boletim Epidemiológico da Sífilis de 2022 e representado na Figura 4, é a alta taxa de detecção de sífilis adquirida. Essa detecção é particularmente elevada entre a população jovem, sendo mais pronunciada na faixa etária de 20 a 29 anos. Há também uma taxa significativa na faixa de 13 a 19 anos, evidenciando a necessidade de uma abordagem mais ampla das IST e da educação sexual nas escolas.
Figura 4: Taxa de detecção de sífilis adquirida (por 100.000 habitantes), por faixa etária (Brasil, 2011-2021)
Fonte: Brasil, 2022.
Público-alvo
Este guia foi desenvolvido para auxiliar no ensino de Bioética e Microbiologia na disciplina de Biologia para alunos do 2º ano do Ensino Médio. Ele visa ser uma atividade investigativa que ajude os alunos a fixar conceitos, promovendo um ambiente de reflexão e discussão sobre o tema.
Sinopse do filme
Em 1932, a sífilis se tornou uma epidemia nos Estados Unidos. Um grupo de afrodescendentes recebeu tratamento médico sem saber que tudo não passa de um experimento humano autorizado pelo governo norte-americano (Miss Evers’ Boys, 1997).
Atividades sugeridas
Com base na sinopse do filme e sua exibição, seja na escola ou previamente visto pelos alunos, serão apresentadas a seguir algumas atividades que podem ser desenvolvidas explorando a obra cinematográfica.
Debate
Cabe ao professor promover uma discussão entre os estudantes sobre as ações dos personagens no filme, encorajando cada um a expressar sua opinião sobre os principais temas abordados. O docente pode intervir quando necessário, oferecendo orientações relacionadas ao tópico transversal de Ética, conforme previsto na BNCC.
Tópicos a serem abordados no debate:
- Consentimento informado: o filme mostra como os pacientes envolvidos no estudo não foram devidamente informados sobre os objetivos e os riscos da pesquisa, levantando questões sobre a importância do consentimento informado em pesquisas médicas;
- Justiça social: a pesquisa foi realizada em homens afro-americanos de baixa renda e com pouca educação, suscitando discussões sobre equidade, justiça social e exploração em pesquisas científicas;
- Benefício dos participantes: o estudo não trouxe benefícios diretos aos participantes e negou-lhes até mesmo tratamento adequado para a sífilis. Isso levanta questões sobre o equilíbrio entre o benefício da sociedade e o bem-estar dos indivíduos envolvidos em pesquisas;
- Papel dos profissionais de Saúde: o filme retrata como os profissionais de Saúde envolvidos no estudo, incluindo a enfermeira Miss Evers, enfrentaram o dilema entre ajudar os pacientes e manter a lealdade ao estudo, destacando o conflito ético enfrentado pelos profissionais de Saúde em tais situações;
- Responsabilidade dos pesquisadores: o filme suscita questões sobre a responsabilidade dos pesquisadores em assegurar a ética em suas pesquisas e a necessidade de supervisão e regulamentação adequadas;
- Legado histórico: a discussão do filme pode ser ampliada para examinar outros estudos controversos da história da Medicina e as lições aprendidas para evitar a repetição de erros éticos;
- Consequências da má conduta científica: o filme oferece oportunidade para explorar as consequências éticas e sociais da má conduta científica e seu impacto duradouro em comunidades marginalizadas.
Roteiro de questões
Após a exibição do filme, será entregue um roteiro de questões para posterior discussão, que pode ser respondido em casa ou em sala de aula.
- Como apresentado no filme, a sífilis é causada por uma bactéria. As bactérias são seres unicelulares e procariontes. Caracterize uma célula procariota e suas diferenças para uma célula eucariota.
- Quais os tipos de morfologias bacterianas? Qual delas pertence ao Treponema pallidum?
- As bactérias são seres microscópicos. Como é feita a sua visualização? Quais as diferenças entre as bactérias classificadas como Gram positivas e as Gram negativas?
- Por que o Treponema pallidum não se cora bem pelo método de Gram?
- Todas as bactérias possuem flagelo? Descreva o tipo de flagelo presente na bactéria causadora da sífilis.
- Vimos que a sífilis é uma infecção sexualmente transmissível causada por uma bactéria. Quais outras infecções sexualmente transmissíveis são causadas por bactérias? Descreva essas infecções.
- Existem infecções sexualmente transmissíveis causadas por vírus. Caracterize a morfologia básica de um vírus. Quais vírus podem ser transmitidos por contato sexual e quais as suas complicações no nosso organismo?
- Disserte sobre as formas de prevenção de infecções sexualmente transmissíveis e a importância de realizar testes diagnósticos.
- O filme apresenta a epidemia de sífilis nos Estados Unidos na década de 1930. Pesquise os dados epidemiológicos dos últimos anos sobre a infecção no Brasil. Houve aumento ou diminuição no número de casos?
Cenas importantes
Neste tópico foram selecionadas cenas que podem ser utilizadas para exemplificar e trabalhar conceitos importantes associados aos conhecimentos científicos. O professor, em sala, deve exibir tais cenas para discutir com os alunos aspectos importantes do conteúdo que são apresentados ao longo do filme.
- Cena A1 (00:04:43) e Cena A2 (00:08:43): Na cena A1, a personagem Eunice Evers, na comissão do senado, afirma que a sífilis era uma epidemia nos Estados Unidos na década de 1930. Na cena A2, vemos um mapa de incidência de sífilis. A partir dessas cenas, é possível discutir conceitos epidemiológicos com os alunos.
Figura 5: Cena do filme
- Cena B (00:16:46): Nessa cena, o personagem Willie Johnson afirma que não pode estar doente, pois possui vigor físico. É possível que uma pessoa infectada com sífilis esteja assintomática. Faça esse questionamento aos alunos.
- Cena C (00:23:24): A cena mostra os pacientes sendo testados para sífilis. Discuta com os alunos a importância dos testes para o diagnóstico das doenças e quais doenças sexualmente transmissíveis possuem testes rápidos.
- Cena D (00:24:47): Nessa cena, o Dr. Douglas tenta explicar aos pacientes que estão sendo testados para saber se possuem sífilis. Ele explica que a doença é causada por um germe que infecta a área genital, resultando em uma úlcera temporária nessa área, que com o tempo desaparece e que a doença pode ficar latente durante vários anos, até que apresente sintomas sérios que podem ocorrer em vários sistemas do organismo. Pergunte aos alunos, depois de terem realizado as atividades solicitadas anteriormente, qual germe é esse, quais formas ele pode ser transmitido, quais são as fases de evolução da doença e seus sintomas.
Figura 6: Cena do filme
- Cena E (00:32:17): Após ler o livro que a Miss Evers lhe emprestou, Caleb afirma que já teve sífilis e questiona se ainda possui a infecção. A enfermeira afirma que a doença possui tratamento com guaiaco e aplicações de mercúrio. Quais os tratamentos atuais para a cura da sífilis?
- Cena F (01:11:46): Durante o depoimento da enfermeira na comissão do Senado, um dos parlamentares questiona Miss Evers sobre o fato de que, em 1942, a penicilina já era considerada um tratamento eficaz para a cura da sífilis. Discuta com os alunos o que é a penicilina, quando ela foi descoberta e como age.
- Cena G (01:14:25): Nessa cena, o personagem Willie Johnson sente fraqueza e diz que suas pernas de repente pararam de funcionar. Discuta com os alunos por que isso pode ter acontecido.
- Cena H (01:26:37): A enfermeira Evers afirma que a sífilis ataca os corpos e a mente dos pacientes. O personagem Hardman parece estar mentalmente confuso. Discuta com os alunos como a infecção por sífilis pode afetar a mente dos portadores.
- Cena I (01:28:32): Nessa cena, o personagem Ben afirma estar ficando cego e apresenta um quadro de saúde muito delicado. Essa cena representa a gravidade da doença caso não seja tratada de maneira eficaz.
Considerações finais
Com tantas distrações proporcionadas pela tecnologia, o trabalho do professor se torna cada vez mais desafiador, especialmente no que se refere à capacidade de atrair os alunos para a importância e a sistematização do conhecimento. Nesse contexto, a utilização de filmes na sala de aula pode ser uma valiosa ferramenta pedagógica. O uso de filmes pode não apenas despertar o interesse dos alunos e promover a reflexão, mas também ampliar o conhecimento e abordar temas de forma multidisciplinar, como Bioética, Microbiologia e Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), incluindo a sífilis. Portanto, incorporar filmes como estratégia educativa pode facilitar a compreensão de conceitos complexos e incentivar uma aprendizagem mais profunda e engajada.
Referências
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Publicado em 20 de agosto de 2024
Como citar este artigo (ABNT)
MAIA, Letícia Oliveira Ribeiro; BARROS, Marcelo Diniz Monteiro de. Guia do educador para o filme "Miss Evers’ Boys". Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 24, nº 30, 20 de agosto de 2024. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/24/30/guia-do-educador-para-o-filme-miss-eversr-boys
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