Educação e recursos educacionais digitais

Fábio Batista Fernandes

Especialista em Gênero e Diversidade na Escola (UFPB), graduado em Tecnologia em Processamento de Dados (Asper) e em Pedagogia (Uninabuco Digital)

A motivação para realizar esta pesquisa surgiu do tema Educação e recursos educacionais digitais, que, de forma delimitada, gerou o interesse em explorar mais os efeitos da usabilidade dos recursos educacionais digitais (RED) na Educação Básica. Esse interesse justifica-se pela relevância das ferramentas digitais no aprimoramento da qualidade do ensino-aprendizagem. A questão central que orientou esta investigação foi: qual é a real importância da usabilidade dos RED na Educação Básica?

Nesse contexto, a pesquisa justifica-se não apenas pelo potencial de melhorar a qualidade da educação, mas também pela capacidade dos RED de atuarem como ferramentas motivacionais, uma vez que possibilitam o protagonismo dos/das alunos/as no processo de ensino-aprendizagem, proporcionando uma interatividade que vai além das aulas expositivas tradicionais.

Os RED são ferramentas tecnológicas voltadas para fomentar o processo de ensino-aprendizagem por meio de plataformas on-line, softwares educacionais, redes sociais, jogos digitais, simuladores on-line, vídeos, animações, entre outros (Medeiros et al., 2018). Tais recursos podem ser usados tanto em sala de aula quanto fora do ambiente escolar, tornando o aprendizado mais acessível e interativo. Segundo Santana (2020), cada discente tem uma maneira própria de aprender, o que está diretamente relacionado à forma como o conhecimento é transmitido.

Ao longo da educação brasileira recente, tem-se observado o uso crescente de materiais didáticos digitais para promover transformações na forma de ensinar e aprender. Ferramentas como computadores, notebooks, tablets e smartphones possibilitam a aplicação dos RED, permitindo que o conhecimento alcance um número maior de alunos/as, promovendo diferentes níveis de aprendizagem.

De acordo com Silva e Góes (2020), o uso do computador como recurso facilitador do processo de ensino-aprendizagem oferece a oportunidade de trabalhar com softwares educacionais, como os jogos digitais, que são ferramentas eficazes para intensificar o aprendizado em diversas áreas do conhecimento. Segundo os autores: “as tecnologias, em geral, das mais simples às mais complexas, ampliam as possibilidades do professor ensinar e do estudante aprender” (Silva; Góes, 2020, p. 49).

Este artigo objetivou conhecer os RED e analisar a importância de seu uso para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem na Educação Básica. Especificamente, identificou-se onde se encontram os RED, compreendeu-se seus tipos e sua utilização crítica e reflexiva, além de como esses recursos podem colaborar com o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.

Referencial teórico

Nas últimas décadas, o debate sobre a utilização das tecnologias da informação e comunicação (TIC) para fins educacionais tem se intensificado. Atualmente, as tecnologias estão presentes em diversas áreas do conhecimento, configurando-se como um fenômeno cultural da sociedade contemporânea que não pode ser ignorado no contexto educacional. Todavia, a apropriação das TIC no ambiente escolar deve ser constantemente debatida, a fim de explorar seu potencial educativo da melhor maneira possível, uma vez que essas tecnologias possibilitam a criação de ambientes de aprendizagem antes inimagináveis (Martini; Bueno, 2014).

Historicamente, a educação tem se adaptado ao uso de recursos tecnológicos e metodológicos para atender às demandas da sociedade, buscando aprimorar os processos de ensino e aprendizagem. Nesse sentido, Garcia et al. (2011) reconhecem que os recursos digitais na educação podem potencializar a reestruturação das práticas pedagógicas. Nesse contexto, Torrezan e Behar afirmam:

Os recursos digitais são elementos informatizados que permitem que conteúdos sejam abordados em materiais como imagens, vídeos, hipertextos, animações, simulações, páginas web, jogos educativos, dentre outros. Os materiais digitais educacionais são ferramentas que possibilitam novas práticas pedagógicas, pois possibilitam a interatividade entre o aluno e uma determinada atividade com o objetivo de aprendizagem. O planejamento pedagógico em que esses recursos digitais estão inseridos é o grande desafio dos professores na atualidade (Torrezan; Behar, 2009 apud Garcia et al., 2011, p. 82).

De acordo com o Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB) (Cechinel, 2017), os RED devem ser compreendidos como qualquer ferramenta digital utilizada no âmbito da educação. Esses recursos também são conhecidos por terminologias que emergiram nas últimas duas décadas, como objetos de aprendizagem, recursos educacionais abertos e objetos educacionais reutilizáveis.

Esses recursos podem assumir diferentes formatos, como textos, imagens, vídeos, áudios ou páginas web, e variar em tipos, incluindo animações, simulações, tutoriais ou jogos. Podem ser utilizados em diversas plataformas, como computadores pessoais, notebooks, tablets ou smartphones, e apresentam diferentes licenças e condições de uso, como gratuitos, pagos, abertos, adaptáveis ou fechados, abrangendo uma ampla gama de temáticas e de disciplinas (Cechinel, 2017).

Diante dos benefícios proporcionados pelo uso das tecnologias no sistema educacional brasileiro, o MEC reconhece a urgência e a importância de integrar as tecnologias ao trabalho escolar, afirmando:

Tem-se constatadas a importância e a urgência de se promover a integração das tecnologias ao trabalho escolar, visto que elas estão cada vez mais presentes no cotidiano de crianças e jovens e que sua utilização é uma competência básica fundamental que deve ser desenvolvida no ambiente escolar, tendo em vista sua relevância para a formação de cidadãos críticos e aptos a utilizar essa competência no ambiente de trabalho, nos estudos e em outros contextos (Brasil, 2011, p. 46).

Assim, a legislação educacional brasileira, por meio da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), estabelece a Cultura Digital como uma das competências gerais, alinhando-se aos objetivos do uso dos RED, considerando importante

compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva (Brasil, 2018, p. 9).

Machado e Amaral (2021) ressaltam que

é possível constatar que as escolhas técnicas feitas ao longo do texto da Competência Cultura Digital deliberam sobre o modelo de educação e de educando que deve ser formado a partir dessa proposta curricular: que domine as ferramentas digitais propostas no escopo da Competência, em todas as áreas do conhecimento e que esteja, dessa forma, adequado ao paradigma social vigente.

Nesse contexto, observa-se que a realidade da maioria das escolas públicas no Brasil ainda está distante desse modelo de educação em que os/as alunos/as tenham amplo domínio das ferramentas digitais, como proposto na competência Cultura Digital da BNCC. Entretanto, espera-se que, por meio de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento tecnológico na infraestrutura digital nas escolas públicas, seja possível criar um modelo de educação em que os alunos realmente dominem essas ferramentas.

Considerando que os recursos tecnológicos são vistos como fundamentais para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem e que sua importância é destacada pelo MEC e pela BNCC, Couto (2017, p. 36) enfatiza a necessidade de disseminar a cultura de uso dos RED:

A disseminação de uma cultura de uso dos recursos educacionais digitais na educação básica passa pela inclusão dos alunos na cadeia de autoria, seja nas atividades regulares associadas ao currículo, seja estimulando iniciativas autônomas de produção de conteúdo em atividades complementares. Essa tomada de posição traz para a relação de ensino-aprendizagem o reconhecimento de que todas as experiências são válidas na trajetória de formação dos alunos.

Os RED podem ser encontrados em repositórios, que são plataformas digitais nos quais alunos e professores podem localizar os recursos mais adequados às suas demandas educacionais. Esses repositórios digitais são plataformas de colaboração dedicadas à preservação, divulgação e acesso à produção intelectual.

Essas plataformas oferecem acesso transparente, suporte a uma ampla variedade de documentos e gerenciamento digital (Pires, 2015). Embora existam várias plataformas dedicadas à disponibilização de RED, esta pesquisa destaca alguns repositórios brasileiros criados e/ou mantidos pelo governo, como o Portal do Professor (MEC), o Portal eduCAPES e a Plataforma Integrada MEC de Recursos Educacionais Digitais.

Metodologia

A metodologia adotada foi de revisão bibliográfica, com buscas nos bancos de dados do Google Acadêmico, Scientific Electronic Library Online (SciELO – Brasil) e Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD). A pesquisa, de caráter exploratório e qualitativo, teve como foco compreender o uso dos RED na Educação Básica.

O Quadro 1 traz os autores encontrados nas buscas sobre a temática desta pesquisa.

Quadro 1: Fontes de busca da pesquisa

Nome dos autores

Ano de publicação

Link de acesso à obra

Martini, C. M.; Bueno, J. L. P.

2014

https://revistas.pucsp.br/index.php/emp/article/view/16952/pdf

Garcia, M. F. et al.

2011

https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4391891/mod_folder/content/0/COMPET%C3%8ANCIAS%20DOCENTES.pdf

Cechinel, C.

2017

https://cieb.net.br/wp-content/uploads/2019/04/CIEB-Estudos-5-Modelos-de-curadoria-de-recursos-educacionais-digitais-31-10-17.pdf

Machado, A. A.; Amaral, M. A.

2021

https://www.scielo.br/j/ciedu/a/xPtrsyZK5Sd4bPctZwC4wYd/?format=pdf&lang=pt

Brasil

2011

http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=9345-link-08112011-editalpnld2014&Itemid=30192

Brasil

2018

http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase

Couto, Z. K.

2017

https://periodicos.ifpb.edu.br/index.php/praxis/article/view/1451

Pires, D. C. G. B.

2015

https://teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27151/tde-17112015-100104/publico/DanieleCristinaGoncalvesBrenePires.pdf

Fontes: Base de Dados do Google Acadêmico, SciELO – Brasil e BDTD, entre 2011 e 2021.

Instrumentos de coleta de dados e procedimentos

Durante a busca pelo conteúdo desejado, foram consultadas três bases de dados: na Base de Dados do Google Acadêmico, localizaram-se 29 textos, dos quais quatro foram selecionados; na Scientific Electronic Library Online (SciELO – Brasil), encontraram-se três textos, com um selecionado; e na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), identificaram-se três textos, também com um selecionado. Assim, ao longo da pesquisa, foram analisados 35 textos nas três bases consultadas, resultando na seleção de seis trabalhos que constituem o referencial teórico deste estudo, os quais são discutidos detalhadamente na próxima seção.

Análise dos dados e interpretação dos resultados

No início desta pesquisa, foram estabelecidos critérios para a seleção dos trabalhos e autores que compõem a base de estudos. Foram escolhidos, assim, trabalhos publicados a partir de 2011, avaliando-se se o objetivo proposto corresponde ao tema central e se as referências conceituais apresentadas eram pertinentes ao objeto de estudo. Além disso, considerou-se a objetividade do trabalho e seu alinhamento teórico com a problematização desta pesquisa.

Os temas abordados neste estudo mostraram relações entre as tecnologias da informação e comunicação e tecnologias digitais e recursos educacionais digitais. Nesse contexto, a primeira busca teve como foco o tema: Tecnologias na formação inicial dos professores. Foi selecionado um trabalho listado no Google Acadêmico: O desafio das tecnologias de informação e comunicação na formação inicial dos professores de matemática, de Martini e Bueno.

A pertinência da obra de Martini e Bueno para esta pesquisa reside na relevância do debate sobre o uso de tecnologias da informação e comunicação no contexto educacional. Conforme Martini e Bueno (2014), as tecnologias permeiam diversas áreas do conhecimento, configurando-se como um fenômeno cultural da sociedade contemporânea, não podendo ser desconsideradas pela educação.

O segundo tema investigado foi Tecnologias digitais interativas, e, nessa busca, foi selecionado o trabalho Novas competências docentes frente às tecnologias digitais interativas, de Garcia, Rabelo, Silva e Amaral (Garcia et al., 2011). Nesse estudo, os autores reconhecem que os recursos digitais utilizados na educação são capazes de potencializar a reestruturação de práticas pedagógicas.

A obra de Garcia et al. (2011) cita diretamente as autoras Torrezan e Behar (Torrezan; Behar, 2009 apud Garcia et al., 2011, p. 82), cuja definição de recursos digitais dialoga com a problemática desta pesquisa, ao apresentá-los como elementos informatizados que incluem imagens, vídeos, hipertextos, animações, simulações, páginas web, jogos educativos, entre outros. Esses RED são ferramentas capazes de colaborar com o desenvolvimento de novas práticas pedagógicas, possibilitando a interação entre os/as alunos/as e atividades de aprendizagem. Esse tipo de planejamento pedagógico se configura como um grande desafio para os/as professores/as na atualidade.

O terceiro tema investigado foi Curadoria de recursos educacionais digitais, e o trabalho selecionado foi Modelos de curadoria de recursos educacionais digitais, de Cechinel (2017), publicado pelo Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB). O estudo de Cechinel (2017) contribui para esta pesquisa ao abordar inicialmente a nomenclatura associada aos RED, que também podem ser conhecidos como objetos de aprendizagem, recursos educacionais abertos ou objetos educacionais reutilizáveis, entre outros.

Assim como Torrezan e Behar, Cechinel (2017) reconhece que os recursos digitais podem se apresentar em diversos formatos, como textos, imagens, vídeos, áudios ou páginas web, e podem ser usados em diferentes dispositivos, como computadores, notebooks, tablets ou smartphones. Eles também possuem diferentes licenças e condições de uso: gratuitos, pagos, abertos, adaptáveis ou fechados, abrangendo várias temáticas e disciplinas.

O quarto tema investigado foi Uso de recursos educacionais digitais na Educação Básica. O trabalho selecionado foi O uso de recursos educacionais digitais na Educação Básica (Redeb): relato de experiência, de Couto (2017), que destaca a importância da disseminação de uma cultura de uso dos RED na Educação Básica, por meio da inclusão dos/as alunos/as na cadeia de autoria. Nesse contexto, Couto (2017) abre espaço para o protagonismo do/a aluno/a na produção de RED.

A partir da obra de Couto (2017), foi possível observar o reconhecimento do MEC acerca da necessidade urgente de integrar as tecnologias ao contexto escolar, conforme o trecho:

Tem-se constatada a importância e a urgência de se promover a integração das tecnologias ao trabalho escolar, visto que elas estão cada vez mais presentes no cotidiano de crianças e jovens e que sua utilização é uma competência básica fundamental que deve ser desenvolvida no ambiente escolar, tendo em vista sua relevância para a formação de cidadãos críticos e aptos a utilizar essa competência no ambiente de trabalho, nos estudos e em outros contextos (Brasil, 2011, p. 46).

Portanto, pode-se concluir que, há mais de uma década, o MEC já reconhecia a necessidade de integrar as tecnologias ao ambiente escolar, destacando sua importância na formação de cidadãos críticos e preparados para utilizá-las no trabalho, nos estudos e em outros contextos.

O quinto tema pesquisado foi a Cultura Digital na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Nesse caso, foi selecionado um trabalho encontrado no SciELO – Brasil, intitulado Uma análise crítica da competência cultura digital na Base Nacional Comum Curricular, de Machado e Amaral (2021). O estudo constata que as escolhas técnicas feitas no texto da competência Cultura Digital da BNCC deliberam sobre o modelo de educação e de educando que deve dominar as ferramentas digitais propostas nessa competência geral.

Segundo a BNCC, a Competência Cultura Digital estabelece que os/as estudantes devem

compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva (Brasil, 2018, p. 9).

A análise feita por Machado e Amaral está em consonância com o texto da competência Cultura Digital. No entanto, na realidade atual da educação pública, observa-se que esse modelo de educação, no qual os/as alunos/as dominam amplamente as ferramentas digitais, ainda está distante de ser implementado de forma eficaz.

Todavia, é possível acreditar que, por meio da criação de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento tecnológico na infraestrutura digital das escolas públicas, possa-se estabelecer um modelo de educação no qual o/a aluno/a da escola pública venha a ter amplo domínio sobre ferramentas digitais, conforme sugere o texto da Competência Cultura Digital da BNCC.

Conforme as diretrizes da legislação educacional vigente e estudos científicos, o MEC e diversas pesquisas reforçam a importância da usabilidade dos RED na Educação Básica. Entretanto, sem uma infraestrutura tecnológica adequada, torna-se inviável desenvolver atividades pedagógicas que utilizem esses recursos.

O MEC, em 1º de outubro de 2023, anunciou em sua página oficial na plataforma Facebook (@ministeriodaeducacao) que “o Brasil garantirá conectividade adequada para uso pedagógico nas mais de 138 mil escolas públicas de educação básica até 2026” (Brasil, 2023a). Segundo o MEC, essa iniciativa contará com seis eixos: conectividade, ambientes e dispositivos, gestão e transformação digital, recursos educacionais digitais, competências e formação, e currículo, com um investimento de mais de R$ 8 bilhões.

O sexto tema investigado foi Gestão de Repositórios Digitais, e o trabalho selecionado foi a dissertação Gestão da informação e do conhecimento e repositórios digitais: construindo um contexto para o surgimento das competências organizacionais, de Pires (2015), encontrada na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD). Essa pesquisa contribui para o debate ao tratar dos repositórios digitais.

Pires (2015) define os repositórios digitais como plataformas colaborativas e sistemas de informação que, além de armazenar RED em variados formatos (vídeos, textos, áudios, jogos, animações e simuladores, entre outros), têm a função de preservação, divulgação e acesso à produção intelectual. Eles se caracterizam pelo acesso transparente, suporte a múltiplos tipos de documentos, autoarquivamento e gerenciamento digital.

Concluindo a análise dos dados e a interpretação dos resultados, foi possível verificar a relevância da usabilidade dos RED na Educação Básica. Durante esta pesquisa, foram identificados alguns repositórios de RED no Brasil mantidos ou criados pelo governo, como o Portal do Professor, do MEC, o Portal eduCAPES e a Plataforma Integrada MEC de Recursos Educacionais Digitais. Contudo, para que se possa obter os benefícios do uso de ferramentas digitais na educação, é imprescindível que as escolas contem com uma infraestrutura tecnológica adequada.

Dessa forma, a previsão de “conectividade adequada para uso pedagógico nas mais de 138 mil escolas públicas de educação básica até 2026” (Brasil, 2023a), conforme o MEC noticiou, oferece uma perspectiva otimista de que a escola e os/as estudantes finalmente possam utilizar ferramentas tecnológicas de forma abrangente na rede pública, o que promoverá maior inclusão digital e fortalecerá o desenvolvimento de competências essenciais para o século XXI.

Considerações finais

No decorrer deste estudo, foi possível analisar diversos trabalhos científicos e compreender o posicionamento do governo brasileiro, por meio do MEC, acerca da real necessidade das tecnologias em prol da educação. Ficou evidente que os objetivos propostos por esta pesquisa foram atingidos, uma vez que a investigação sobre os RED, suas funcionalidades e os locais onde esses recursos podem ser acessados tanto por alunos/as quanto por professores/as foi plenamente alcançada.

Nesse sentido, a análise dos dados e a interpretação dos resultados também evidenciaram que a importância da usabilidade dos RED na Educação Básica reside na melhoria da qualidade do processo de ensino-aprendizagem. Essas ferramentas digitais são capazes de fomentar o protagonismo do/a aluno/a, permitindo uma interatividade que transcende o plano teórico das aulas expositivas.

Todavia, para que tanto os/as alunos/as quanto as escolas possam usufruir dessas ferramentas digitais, é imprescindível a criação e o fortalecimento de políticas públicas voltadas à aquisição de equipamentos tecnológicos (como computadores, notebooks, tablets, smartphones, smart TVs, caixas de som, projetores, impressoras, scanners, roteadores, entre outros), além da disponibilização de uma infraestrutura adequada (lógica e elétrica) para a instalação desses dispositivos. Essa infraestrutura deve incluir uma rede elétrica de qualidade, compatível com a demanda dos equipamentos, ambientes climatizados, mobiliário apropriado e, sobretudo, acesso à internet com conectividade wi-fi eficiente, que realmente viabilize o uso pedagógico (em aulas, estudos, pesquisas e formação continuada, por exemplo).

Dessa forma, iniciativas como o Programa Estratégia Nacional de Escolas Conectadas, coordenado pelo MEC em parceria com o Ministério das Comunicações (MCom), oferecem uma perspectiva promissora de melhoria no processo de ensino-aprendizagem nas escolas públicas de Educação Básica, já que “tem como objetivo articular ações para universalizar a conectividade de qualidade para uso pedagógico e administrativo nos estabelecimentos de ensino da rede pública de Educação Básica” (Brasil, 2023b).

Para concluir, é fundamental reconhecer que a incorporação dos RED na Educação Básica não é apenas uma tendência, mas uma necessidade urgente para promover uma formação mais inclusiva, dinâmica e alinhada às demandas do século XXI. A continuidade de pesquisas nessa área é essencial, dado o caráter contínuo dos avanços tecnológicos. É necessário que governos, instituições e a sociedade civil se comprometam com a implementação de políticas públicas que assegurem as condições tecnológicas adequadas para que os/as alunos/as da rede pública possam se beneficiar plenamente dos RED, elevando, assim, a qualidade do processo de ensino-aprendizagem no país.

Referências

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BRASIL. Decreto nº 11.713, de 26 de setembro de 2023b. Estratégia Nacional de Escolas Conectadas. Brasília, 2023. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2023/decreto/D11713.htm. Acesso em: 19 out. 2023.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/. Acesso em: 28 ago. 2023.

BRASIL. Ministério da Educação. Programa Nacional do Livro Didático. Edital de convocação para o processo de inscrição e avaliação de coleções didáticas para o Programa Nacional do Livro Didático PNLD 2014. Brasília, 2011. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=9345-link-08112011-editalpnld2014&Itemid=30192. Acesso em: 16 ago. 2023.

CECHINEL, C. Modelos de curadoria de recursos educacionais digitais. São Paulo: CIEB, 2017. Disponível em: https://cieb.net.br/wp-content/uploads/2019/04/CIEB-Estudos-5-Modelos-de-curadoria-de-recursos-educacionais-digitais-31-10-17.pdf. Acesso em: 28 ago. 2023.

COUTO, Z. K. O uso de recursos educacionais digitais na Educação Básica (Redeb): relato de experiência. Revista Práxis: Saberes da Extensão, João Pessoa, v. 5, nº 9, p. 34-39, maio/ago. 2017. Disponível em: https://periodicos.ifpb.edu.br/index.php/praxis/article/view/1451. Acesso em: 28 ago. 2023.

GARCIA, M. F.; RABELO, D. F.; SILVA, D. da; AMARAL, S. F. do. Novas competências docentes frente às tecnologias digitais interativas. Teoria e Prática da Educação, Campinas, v. 14, nº 1, p. 79-87, jan./abr. 2011. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4391891/mod_folder/content/0/COMPET%C3%8ANCIAS%20DOCENTES.pdf. Acesso em: 28 ago. 2023.

MACHADO, A. A.; AMARAL, M. A. Uma análise crítica da competência cultura digital na Base Nacional Curricular Comum. Ciência & Educação, Bauru, v. 27, nº 1, p. 1-17, 22 fev. 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ciedu/a/xPtrsyZK5Sd4bPctZwC4wYd/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 18 out. 2023.

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Publicado em 05 de novembro de 2024

Como citar este artigo (ABNT)

FERNANDES, Fábio Batista. Educação e recursos educacionais digitais. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 24, nº 41, 5 de novembro de 2024. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/24/41/educacao-e-recursos-educacionais-digitais

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