Articulação entre Literatura Infantil e Matemática: um estudo com professoras da Educação Infantil
Stefane Cristine Silva Nery
Acadêmica de Pedagogia e bolsista de residência pedagógica (Unimontes)
A pesquisa apresentada traz como tema a articulação entre a Literatura Infantil e a Matemática: um estudo com professoras da Educação Infantil. A opção em discutir sobre a Literatura Infantil e a Matemática surge por meio dos estudos da disciplina Fundamentos e Metodologia da Matemática, nas séries iniciais do Ensino Fundamental, ministrada no 5º período do curso de Pedagogia de uma universidade estadual de Montes Claros/MG durante o 2º semestre letivo de 2019, disciplina que proporcionou, por meio de atividades realizadas e vivenciadas, visualizar a Matemática de forma mais lúdica e prazerosa.
Em uma dessas atividades, a professora da disciplina apresentou diversos livros de Literatura Infantil à turma, dividindo-a em grupos e solicitando que cada grupo escolhesse um livro. Após a leitura ‘deleite’, solicitou que identificassem a linguagem matemática contida nele e a justificasse. Posteriormente, por meio de uma aula expositiva dialogada, enfatizou que para que o trabalho com a Literatura Infantil e a Matemática fosse leve e interessante, os conceitos matemáticos encontrados nos livros literários não deveriam ser todos explorados em um único livro. Então, cada grupo deveria escolher apenas um conceito matemático e desenvolver um plano de aula, baseado na exploração da história e do conceito escolhido, como fora apresentado nas aulas subsequentes, permitindo observar os benefícios trazidos pela articulação Literatura/ Matemática no processo de ensino-aprendizagem.
Ao perceber que tal articulação era possível, surgiram questionamentos acerca da prática docente. Na Educação Infantil da atualidade, os professores realizam esse trabalho? De que maneira o fazem?
Esses questionamentos se instauraram no seguinte problema: “Como as professoras da Educação Infantil de seis Cemeis da cidade de Montes Claros/MG estão trabalhando a articulação entre a Literatura Infantil e o aprendizado matemático?”.
O objetivo geral desta pesquisa é o de realizar essa análise sob objetivos específicos, como identificar se as professoras da Educação Infantil utilizam a Literatura Infantil no processo de ensino-aprendizagem da Matemática, explicar como elas fazem isso nas instituições pesquisadas e verificar quais são os critérios que as docentes utilizam no trabalho pedagógico.
Para o desenvolvimento da proposta, utilizamos uma abordagem qualitativa e descritiva no que diz respeito aos procedimentos metodológicos. Foram realizadas a revisão de literatura e a pesquisa de campo e, para a coleta de informações, devido à pandemia, realizamos as entrevistas semiestruturadas, por meio de videoconferência com seis professoras de seis Cemeis de Montes Claros no aplicativo Google Meet, juntamente com o aplicativo Wondershare Filmora.
Para apresentar o fruto encontrado por meio da análise, o trabalho foi estruturado em dois tópicos e considerações finais. No primeiro tópico, apresentamos o arcabouço teórico que serviu de base para a execução da pesquisa. No segundo, evidencia-se o processo metodológico da proposição, com a descrição e as análises das informações obtidas. Por fim, são apresentadas as considerações finais a respeito da pesquisa.
Arcabouço teórico
Para iniciar o debate sobre o tema mencionado, realizaremos uma explanação acerca da Literatura Infantil como tendência para o ensino da Matemática, trazendo sobre o contexto histórico em que a Literatura Infantil surgiu a sua importância para a formação das crianças, bem como os benefícios que a sua utilização traz para o processo de ensino-aprendizagem da Matemática.
Conforme Maccarini (2010), a Literatura Infantil é uma tendência que aponta para o desenvolvimento do raciocínio lógico e das habilidades matemáticas de forma lúdica e prazerosa, pois “o mundo mágico da Literatura Infantil, o colorido das imagens e a observação e análise das cenas prendem a atenção de qualquer criança” (Maccarini, 2010, p. 68).
Quando se fala em Literatura Infantil como tendência para o ensino da Matemática, entende-se em que momento histórico esse gênero surgiu, qual é a sua definição e a importância de sua utilização.
Segundo Cadermartori (2010), a Literatura Infantil surgiu no século XVII, momento em que começa a ter um olhar mais atento à criança, percebendo-a como um ser diferente dos adultos. Antes disso, ela era vista como “um adulto em potencial, cujo acesso ao estágio dos mais velhos só se realizaria através de um longo período de maturação” (Cadermatori, 2010, p. 33). Nessa perspectiva, nota-se que a criança era considerada como um adulto em miniatura, que não possuía características que permitissem a sua diferenciação. Somente quando essa visão passa a ser desmistificada, surgem os primeiros livros infantis.
Segundo essa autora, o precursor da Literatura Infantil foi o francês Charles Perrault. Ele coletava as narrativas populares da Idade Média, adaptando-as à sociedade e tornando-as mais viáveis para o público infantil. Além disso, ele acrescentava a essas narrativas valores que correspondiam ao gosto da classe burguesa.
Ainda nas ideias da autora, no Brasil, a Literatura Infantil iniciou-se a partir dos escritos de Monteiro Lobato que desenvolveu histórias infantis com características brasileiras, valorizando a cultura da sua nacionalidade, incentivando a investigação sobre as questões sociais e rompendo com os padrões da cultura europeia, por meio da maioria dos livros infantis, pois tinha o intuito de difundir lições de caráter moral e bons costumes.
Ao tratar sobre a Literatura Infantil, Coelho fornece sua visão sobre esse gênero, esclarecendo que
a Literatura Infantil é, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua possível/impossível realização (Coelho, 1991, p. 24).
Nessa perspectiva, a Literatura Infantil, ao permitir que a criança faça ligações entre a realidade e a fantasia, aprimora a sua capacidade imaginativa, favorecendo o seu desenvolvimento social e cultural, assim como uma maior compreensão do mundo que a cerca.
Smole (2003) aborda a relevância da utilização desse gênero nas aulas, afirmando que ele tem sido apresentado como uma prática pedagógica atual, possibilitando à criança uma relação mais ativa entre a escrita e a fala, além de poder vivenciar, se renovar e até discordar das ideias apresentadas a ela.
Ao discutir o processo de ensino-aprendizagem da Matemática, a autora supracitada explica que a Literatura Infantil pode ser conectada a esse processo, servindo como “um complemento para o material tradicionalmente utilizado nas aulas: a lousa, o giz e o livro didático’’ (Smole, 2003, p. 68).
Silva (2012) corrobora essa perspectiva apresentando, pois quando o professor conecta a Literatura com a Matemática nas aulas, os alunos podem ser estimulados a compreenderem a linguagem matemática presente nos textos e ainda estabelecer relações entre a língua materna, situações da realidade e a linguagem matemática formal, sendo possível, a partir disso, desenvolver habilidades e competências nas duas linguagens.
Com a Literatura Infantil podemos provocar o desenvolvimento de habilidades das linguagens – natural e matemática – que permitem ao aluno, por meio da leitura, escrever e conversar sobre ideias matemáticas. Entendemos desta maneira que a leitura contribui para o desenvolvimento da imaginação, da observação, da análise, da criatividade e da concentração, que são operações de pensamento necessárias à construção do conhecimento em qualquer área do saber. E, ainda, ao explorar a Literatura Infantil e a Matemática concomitantemente, podemos envolver os alunos na fantasia e no sonho, possibilitando que aprendam Matemática de forma lúdica sem desconsiderar as especificidades desses conhecimentos (Silveira; Gonçalves; Silva, 2016, p. 156).
Assim, pelo caráter lúdico presente no gênero, os alunos podem entender que não é difícil aprender os conhecimentos lógico-matemáticos em situações presentes no cotidiano (Santos, 2020).
É importante deixar claro que a Literatura Infantil pode ser relacionada às aulas de Matemática em todas as etapas de ensino, pois essa ligação dos conteúdos com o cotidiano faz com que a Matemática se torne mais contextualizada, possibilitando aos professores mostrar a utilização prática dessa disciplina na vida dos alunos (Roedel, 2016).
Segundo Campos e Montoito (2010), o ponto de partida para que essa relação aconteça é a imaginação. Esses autores defendem que a imaginação é fundamental no processo de aprendizagem da Matemática, uma vez que “em muitas passagens da História da Matemática é inegável o uso da imaginação para a tomada de decisões, investigação de teoremas e resolução de problemas” (Campos e Montoito, 2010, p. 165). Para eles, a Literatura Infantil é um material de extrema importância.
Ao se valorizar a imaginação do estudante, que desenvolverá um papel importante na construção das ideias à medida que a leitura avança, o professor, utilizando-se das ideias do autor que será trabalhado, tentará tirar o aluno da postura de passividade, tão característica do ensino receptivo (Campos; Montoito, 2010, p. 165).
Nesse ponto de vista, nota-se que o uso da Literatura Infantil junto à Matemática, não segue os moldes da perspectiva tradicional, pois permite que o aluno saia da postura de receptor de informações. O professor é o mediador que não reduz o ensino à memorização e à repetição de conteúdos, mas que pode encorajar o estudante a ser mais engajado e ativo na construção dos seus saberes. Para Smoleet et al. (2007), o trabalho envolvendo a Literatura Infantil e a Matemática possibilita que o professor crie situações que encorajem os alunos a desenvolver habilidades para formularem e resolverem problemas.
Nesse contexto, o professor pode estimular os alunos a resolverem os problemas por meio da análise, da comparação, dos questionamentos, formulando argumentos diante do que foi proposto, não apenas para que o estudante chegue às respostas, seguindo regras preestabelecidas.
Zacarias e Moro (2005) possuem perspectivas semelhantes nesse aspecto, visto que defendem que, durante o trabalho com os livros literários, é interessante que sejam propostos problemas de Aritmética elementar, a fim de que as crianças os resolvam, estimulando que explorem e formulem outros problemas a serem resolvidos, debatendo, dialogando, criticando e criando inúmeros meios de resolução.
Essas autoras destacam que, na Educação Infantil, a Literatura Infantil, além de apresentar um contexto favorável para a formulação e a resolução de problemas, é capaz de tornar o aprendizado ainda mais contextualizado, garantindo a participação no seu desenvolvimento. O ato de ouvir histórias é instigante para as crianças e faz parte do contexto da Educação Infantil. Defendem elas que esse ato de ouvir histórias pode ser utilizado para a abordagem de noções que irão prepará-las para a alfabetização, sendo ainda pouco empregado na aprendizagem dos conceitos matemáticos. Muitas obras trazem consigo ideias matemáticas que podem ser exploradas nesse processo.
Montoito e Cunha (2020) também trazem considerações sobre o trabalho com a Literatura Infantil e a Matemática na Educação Infantil. A partir de seus estudos, eles nos mostram que os contos clássicos, como Cachinhos Dourados, Branca de Neve, Os três porquinhos, Pinóquio, O Pequeno Polegar, Soldadinho de Chumbo, As 12 princesas dançarinas e o Patinho Feio, podem desenvolver nas crianças os sete processos mentais necessários para o desenvolvimento do raciocínio lógico matemático, descritos por Lorenzato (2006): a correspondência, a comparação, a classificação, a sequenciação, a seriação, a inclusão e a conservação.
Segundo eles, embora nem todas as obras tenham elementos matemáticos em seu interior, as ilustrações presentes são aspectos de suma importância para que os professores relacionem a Literatura Infantil e a Matemática.
Nesse contexto, nota-se um dos critérios apresentados por esses autores, o de que os professores devem observar processos mentais nos livros infantis com a observação das ilustrações, pois “em muitas histórias são elas que fornecem os elementos necessários para que se desenvolva este trabalho com os conceitos matemáticos” (Montoito; Cunha, 2020, p. 181).
Smole (2003) também apresenta critérios para que o trabalho com a Literatura Infantil e a Matemática seja feito de forma produtiva. Segundo ela, primeiramente é necessário que o professor goste de ler e cuidadosamente conheça e leia a história antes de apresentá-la para os alunos. Esse critério é essencial, pois possibilita que o professor possa elaborar atividades que sejam adequadas para a classe em que for desenvolver o seu trabalho. A autora esclarece ainda que,
ao observar um livro que pretenda apresentar aos alunos, o professor deve refletir se os assuntos que ele aborda têm relação com o mundo da criança e com os interesses dela, facilitando suas descobertas e sua entrada no mundo social e cultural [...] no referente à Matemática, mais especificamente, o professor pode selecionar um livro tanto porque ele aborda alguma noção matemática específica, quanto porque ele propicia um contexto favorável à resolução de problemas [...] muitos livros trazem a Matemática inserida ao próprio texto, outros servirão para relacionar a Matemática com outras áreas do currículo; há aqueles que envolvem determinadas habilidades matemáticas que deseja desenvolver e outros ainda providenciam uma motivação para uso de materiais didáticos (Smole, 2003, p. 75).
Ao trabalhar a Literatura Infantil nas aulas de Matemática, é importante que o professor não distorça a impressão trazida pela história, com uma ênfase extrema a algum aspecto matemático ou que esgote todos os conteúdos matemáticos presentes no livro. O trabalho deve ser leve e interessante para que a criança se divirta e faça um melhor aproveitamento dele durante a aprendizagem da Matemática (Santos, 2020).
Além disso, para Smole (2003), é indispensável que o professor deixe o livro ser manuseado pelas crianças de modo que seja folheado até que a curiosidade seja despertada. Segundo ela, é importante ficar claro que uma história pode ser contada e recontada entre as atividades desenvolvidas, com o intuito de que as crianças entendam todos os seus aspectos, por isso um mesmo livro pode ser usado diversas vezes no ano.
Em relação à contação de história, é importante que o professor também siga critérios. Abramovich (2009) esclarece que ele não pode realizar a contação de qualquer maneira, é necessário que esteja familiarizado com as palavras presentes na história, fazendo a pronúncia de cada palavra corretamente. Seguindo tais critérios, os professores podem desenvolver um trabalho mais eficaz entre a Literatura Infantil e a Matemática (Abramovich, 2009).
Nesse sentido, utilizar a Literatura Infantil no processo de ensino-aprendizagem da Matemática é muito importante, pois as crianças, por meio do lúdico e do interesse em conectar o real ao abstrato, desenvolvem habilidades para formar conceitos. Além disso, a linguagem matemática pode ser compreendida de uma forma mais clara, pois a utilização das histórias permite com que façam conexões com a língua materna, entendendo os conceitos trazidos pela Matemática.
Desse modo, é de suma importância analisar como as professoras da Educação Infantil de seis Cemeis da cidade de Montes Claros/MG estão trabalhando a relação da Literatura Infantil e o aprendizado matemático. Assim, tomando como base as contribuições fornecidas pelos autores para o tema e a fim de concretizar a pesquisa, no próximo tópico será apresentado o processo metodológico utilizado e analisadas as informações obtidas, a partir da entrevista semiestruturada realizada com os professores da Educação Infantil.
O processo metodológico, a apresentação e a análise das informações
O processo metodológico constitui-se na etapa da pesquisa que responde a perguntas do tipo como?, com quê?, onde?, quanto? (Marconi; Lakatos, 2003, p. 216). Esse processo é de suma importância em uma investigação, uma vez que a partir dele são explicitados os instrumentos, os métodos e os procedimentos a serem utilizados, promovendo uma maior organização do conhecimento científico, mais praticidade e mais segurança à sua concretização.
A natureza desta pesquisa foi considerada básica, visto que objetiva aprofundar e ampliar os conhecimentos obtidos ao longo do curso. Segundo Gil (2008), as pesquisas de natureza básica buscam o avanço do conhecimento científico, ou seja, seu aprofundamento, sendo que o pesquisador não necessita se preocupar diretamente com as suas aplicações e consequências práticas. Em relação aos objetivos, classifica-se como pesquisa descritiva, pois visa descrever as características de determinadas populações ou fenômenos. Para Triviños,
a maioria dos estudos que se realizam no campo da educação é de natureza descritiva. O foco essencial destes estudos reside no desejo de conhecer a comunidade, seus traços característicos, suas gentes, seus problemas, suas escolas, seus professores, sua educação. O estudo descritivo pretende descrever com “exatidão” os fatos e fenômenos de determinada realidade (Triviños, 1987, p. 110).
Quanto aos procedimentos técnicos, utilizou-se revisão de literatura, a qual serviu de base para o desenvolvimento do arcabouço teórico e para a estruturação do primeiro tópico. Nessa perspectiva, foram utilizadas as contribuições de autores como Maccarini (2010), Smole (2003), Smole et al. (2007), Santos (2020), dentre outros, os quais realizam abordagens sobre a Literatura Infantil e a Matemática, ajudando a compreender qual é a importância delas para a formação das crianças, estabelecendo relações entre ambas no processo de ensino-aprendizagem da Educação Infantil. Foi realizada também uma pesquisa de campo, tendo como locus seis Cemeis situados em Montes Claros/MG. Para Marconi e Lakatos, a pesquisa de campo
é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles (Marconi; Lakatos, 2003, p. 186).
Para a coleta de informações, utilizou-se a entrevista semiestruturada. Gil (2002) apresenta a definição de entrevista como um instrumento que proporciona ao pesquisador obter informações necessárias sobre determinado assunto ou problema, a partir de uma conversação com os participantes. Com base no objetivo da pesquisa, as informações coletadas foram analisadas segundo uma abordagem qualitativa, que envolve três etapas, sendo elas: a redução das informações obtidas, a categorização e interpretação dessas informações e, por último, a redação do relatório, que permite ao pesquisador uma análise mais profunda do fenômeno a ser estudado, pois não se restringe à quantificação desse fenômeno. Segundo Minayo,
a pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. (Minayo, 2001, p. 21).
As entrevistas semiestruturadas tiveram a duração de 30 a 50 minutos. A fim de preservar a identidade das participantes, não serão citados seus nomes verdadeiros, mas utilizadas letras, com o acréscimo de números, para identificá-los. Dessa forma, as professoras serão denominadas P1, P2, P3 (e assim por diante).
Com o intuito de saber acerca da relação que as professoras estabelecem entre a Literatura Infantil e a Matemática em suas aulas, foi solicitado a elas que descrevessem um planejamento elaborado com essa temática. Todas as professoras descreveram os planejamentos, demonstrando que desenvolvem articulações entre a Literatura e a Matemática. Diante da importância das respostas fornecidas e do detalhamento que as professoras realizaram em relação a essas respostas, optou-se por descrever dois planejamentos e, também, elaborar um quadro, com base nos argumentos das professoras. Portanto, primeiramente, serão descritos os planejamentos das P4 e P5, por meio de citações diretas. Posteriormente, será apresentado o quadro contendo os planejamentos das P1, P2, P3 e P6. A professora denominada P4 disse:
No início você vai contar uma história. Você faz uma introdução, então você vai trabalhar primeiro a linguagem oral [...] depois você pode estar trabalhando a linguagem escrita [...] Depois, vem a Matemática [...]pode contar as letras, as cores, as formas, trabalhar Ciências e História ao mesmo tempo. [...] Pra finalizar você pode estar pedindo pra eles contarem uma história pra cantar uma música, ou fazer um desenho. Nesse planejamento os objetivos poderiam ser entender o nome identificar as partes do corpo, selecionar, quantificar, identificar cores, quantidades, números e letras. Pra finalizar, pra concluir a sua aula, você já estudou Matemática e Português, vamos agora ver um pouquinho de Ciências, a criança é capaz de identificar as partes dos corpos dos animais? Identificar se ele é terrestre, se ele é aquático, ou aéreo? No caso dos recursos didáticos seria o livro literário [...], você pode trabalhar a caixa, eu gosto muito da caixas surpresa, porque você pode puxar de dentro dela cada cadinho que você tirar, você pode estar trabalhando tanto música como história. Você pode estar trabalhando também o reconto com fantoches, você pode estar confeccionando com eles um desenho para eles colorirem e colarem num palitinho de picolé para que cada um tenha um personagem, e fazer o reconto[...] (P4, agosto de 2021).
A P5 salientou que
nós trabalhamos muito com a história do João Jiló [...] e na história, ele está caçando passarinhos, e as crianças não sabem o que é um estilingue, então eu já vou lá pra sociedade e cultura. Quem usava estilingue? O que era um estilingue? A mamãe do João Jiló falou com ele pra não fazer aquilo, eu estou trabalhando valores. [...]Aí a gente já coloca a quantidade de passarinhos da cena, quantas vezes o João Jiló foi, o peso do passarinho, porque ele vai cozinhar, e aí dentro da comidinha que o João Jiló vai fazer, a gente trabalha a receita, com quantidades de ingredientes, e já insere uma receita que a mãe faz[...] Então partiu da história do João Jiló, foi desenvolvida a contagem de passarinhos, foi desenvolvido o peso dos ingredientes, os valores trabalhados, os conselhos dados, então essa foi uma história que trouxe muitos frutos [...]trabalhou muito o lúdico, porque ele cozinha, ele fala do caldeirão que ele usa, então a gente contou panelas na cozinha, então a gente procurou colheres grandes para o caldeirão (P5, agosto de 2021).
O Quadro 1 traz os planejamentos das P1, P2, P3 e P6.
Quadro 1: Planejamentos das professoras
Professora |
História infantil |
Objetivos |
Metodologia |
Recursos didáticos |
Avaliação |
P1 |
João e Maria |
- Perceber quantas letras têm nas palavras bruxa e Maria - Quantificar os doces da história - Desenvolver as noções de contagem, sequenciação e adição |
- Contação e exploração da história por meio de vídeo ou fantoches - Contagem dos personagens da história e das guloseimas - Realização da operação de adição com as guloseimas da história - Desenvolvimento de uma sequenciação com balas e bombons - Desenvolvimento de um gráfico a partir da contagem das guloseimas - Análise da criança sobre a parte da história que mais gostou, fazendo com que ela reflita sobre os valores presentes nela |
- Livro literário - Vídeo ou fantoches - Balas e bombons |
- Observação da participação dos alunos nas atividades propostas, registrando o que eles conseguiram realizar, e em que sentiram dificuldades |
P2 |
Cachinhos de ouro e os três ursos |
- Ouvir e recontar histórias - Dramatizar histórias - Identificar personagens na história - Adquirir as noções de contagem, tamanho, as cores e as formas dos objetos - Contar e quantificar os objetos presentes na história |
- Contação da história - Reprodução de um vídeo sobre a história - Exploração da história - Contagem dos personagens - Comparação dos tamanhos dos ursinhos e suas tigelas a partir de questionamentos relacionados a maior e menor (qual era o ursinho maior? Qual era o menor? Qual a tigela que o ursinho maior usava e por quê?) |
- Livro literário - Painel com a história trabalhada - Vídeos - DVD - Televisão - Lápis de cor - Cadernos de desenho |
- Observação da participação dos alunos nas atividades propostas - Análise do registro dos alunos |
P3 |
O pintor |
- Explorar e compreender a palavra peteca (letra inicial, letra final, o fonema, a consciência fonológica) - Adquirir as noções de contagem e quantificação. - Executar uma tarefa solicitada (confecção de uma peteca) |
- Contação e exploração da história - Apresentação de um vídeo contendo a biografia do pintor trabalhado na história - Apresentação das telas do pintor retratando várias brincadeiras - Enumeração das telas - Exploração da palavra peteca, a partir da tela que retratava essa brincadeira - Apresentação de várias petecas, para a realização da contagem e quantificação - Confecção de uma peteca com folhas de jornal |
- Livro literário - Vídeos - Petecas |
- Observação da participação dos alunos nas atividades propostas, bem como a análise se eles conseguiram executar a atividade da confecção da peteca |
P6 |
Branca de Neve e os sete anões |
- Interpretar a história trabalhada - Compreender o gênero textual receita - Desenvolver as noções de contagem e quantificação do número sete - Desenvolver a oralidade por meio do reconto da história - Respeitar as diferenças dos colegas a partir da compreensão de que cada anão era diferente um do outro |
- Contação e exploração da história a partir de questionamentos (Quem eram os personagens, quantos anões tinham) - Apresentação de um vídeo contendo as características de cada anão - Trabalho com as emoções dos alunos, suas características e formas de agir - Representação do número sete com material concreto - Reconto da história trabalhada - Pintura dos anões da história - Preparo de um bolo na cantina da escola, desenvolvendo ações como pesar os ingredientes, colocar todos os ingredientes na receita - Divisão do bolo entre os alunos - Desenvolvimento de reflexões acerca dos órgãos dos sentidos usados para preparar o bolo e para comê-lo |
- Material concreto (palitos e tampinhas - Livro literário - Vídeo - Ingredientes do bolo - Tinta - Pincel |
- Observação da participação dos alunos nas atividades propostas, registrando se eles conseguiram contar e quantificar o número sete |
Fonte: Informações coletadas nas entrevistas, em agosto de 2021.
Ao analisar os planejamentos, pode-se afirmar que exibem riqueza de detalhes. Por meio deles, as professoras descrevem os objetivos que querem alcançar, a história a ser trabalhada, bem como a metodologia para alcançar os objetivos propostos.
Com esses planejamentos, elas conseguem realizar relações entre a Literatura Infantil e a Matemática na Educação Infantil e estabelecer convergências importantes de objetivos e metodologia. Essas convergências residem no fato de todas deixarem explícito que iniciaram a execução das aulas com a contação e a exploração das histórias. Após isso, desenvolveram o trabalho com as noções matemáticas de contagem e de quantificação.
Smole (2003) explica que para realizar a conexão entre a Literatura Infantil e a Matemática é imprescindível efetuar a leitura e a exploração da história, haja vista que “após uma leitura, há muito o que analisar, o que fazer para a criança perceber e opinar criticamente” (Smole, 2003, p. 76). Ou seja, essa perspectiva fornecida pela autora se encontra em consonância com o que foi dito pelas entrevistadas, pois elas não deixam a leitura e a exploração da história em segundo plano. Caso isso ocorresse, não estariam realizando uma conexão, mas uma deturpação da história, apenas para colocar em evidência o desenvolvimento de conteúdos e noções matemáticas.
Em relação ao trabalho com a contagem e a quantificação, a BNCC destaca que os professores da EF devem apropriar-se de recursos que os auxiliem na construção desse conhecimento.
Um importante ponto para alcançar o objetivo da pesquisa era saber como as professoras articulam a Literatura Infantil e a Matemática no processo de ensino-aprendizagem remoto e como faziam esse trabalho antes da pandemia. Ao serem questionadas sobre isso, as professoras afirmaram que na pandemia tiveram que se reinventar. Então, para trabalhar a conexão entre a Literatura Infantil e a Matemática, primeiramente elas mandavam a história para as crianças, utilizando vídeos gravados por elas ou baixados de outras plataformas tecnológicas. Posteriormente, exploravam a história e, quando as crianças estavam familiarizadas, articulavam a história com a Matemática, como apresentado pelas P3, P4, P5 e P6. Destacam-se as falas das P3 e P6.
No remoto, a gente manda um vídeo contando a história, agora mesmo eu falo que a gente está se reinventando como professora, eu tinha um vídeo, eu tirava a voz de quem estava contando a história no vídeo, era uma história narrada [...] eu tirava a voz da pessoa e colocava a minha voz, aí no vídeo ia passando as páginas do livro e eu ia contando a história para a criança, depois tinha todas as atividades [...] é a partir da história, é que você vem colocando os conteúdos [...] você vai explorando [...] vai elaborando atividades dentro da história, e para registrar a Matemática [...] você vai explorando a história e trabalhando os conteúdos (P3, agosto de 2021).
A gente trabalha, ou com o vídeo já, a gente pega na internet a contação da história, ou então nós professores mesmo fazemos a edição do vídeo com a contação da história, [...] os objetivos que a gente quer dentro daquela história, a gente faz tudo aquilo de uma forma bem explicadinha, bem detalhada para os pais através de um roteiro de atividades [...] a gente propõe no caso a história [...] a gente vai fazer uma discussão [...] então eu proponho pra eles as questões que eu quero saber, eles me enviam essas questões através de um áudio, através de um vídeo [...] Muitas vezes dentro dessa própria discussão você já vai está desenvolvendo algumas questões ligadas à Matemática (P6, agosto de 2021).
P1 e P2 também afirmaram que encaminham a história para os alunos e, após a sua exploração, trabalham com os conteúdos matemáticos. Entretanto, quanto ao formato da história, elas optam por enviar, por meio do WhatsApp, a história escrita ou baixar o livro e enviar.
No ensino presencial, a contação da história é realizada de uma forma mais interessante, haja vista que as professoras podem contá-la, utilizando recursos como fantasias e fantoches, instigando a imaginação das crianças. Esse aspecto é perceptível nos argumentos fornecidos pelas P1 e P4.
Antes da pandemia, na sala de aula é mais fácil, [...] eu mesma contaria a história, eu poderia me fantasiar de bruxa, eu poderia usar fantoches (P1, agosto de 2021).
Nas aulas presenciais, eu sou um pouco palhaça, eu me visto de personagem, às vezes a gente faz uma culminância entre as colegas, as vezes cada uma é um personagem, ou a bruxa, ou o João e Maria, a gente monta um cenário, aí faz a introdução pra eles [...] ou através do reconto com o fantoche, e depois que a gente faz essa introdução, a gente vai pra sala fazer a interpretação oral e escrita. E após essa interpretação oral e escrita, a gente faz a contextualização dos personagens com a Matemática, quantos personagens são (P4, agosto de 2021).
A forma pela qual as professoras descreveram que realizam a conexão da Literatura Infantil e a Matemática, tanto no ensino remoto, quanto no presencial, encontra-se adequada e compatível com o que elas pontuaram, quando solicitadas a descreverem um planejamento elaborado com a temática. Percebe-se que, para desenvolver essa conexão, elas não dão ênfase exagerada em algum aspecto matemático e relegam a leitura e a exploração do livro literário, mas só trabalham com os conteúdos matemáticos após realizar a leitura e a exploração da história.
Esse aspecto também está fundamentado nos pressupostos teóricos de Smole et al. (2007), posto que, segundo elas, “seja qual for a forma pela qual se leve a Literatura Infantil para as aulas de Matemática, é bom lembrarmos que a impressão fundamental da história não deve ser distorcida por uma ênfase indevida em um aspecto matemático” (Smole et al., 2007, p. 9). Portanto, como já exposto, o trabalho com a Literatura Infantil nas aulas de Matemática deve ter sua introdução a partir da leitura e da exploração da história, sem que haja a distorção dos aspectos literários.
Outro ponto evidente nas falas das entrevistadas é que elas utilizam recursos variados para realizar a contação da história, tais como vídeos no ensino remoto e fantasias e fantoches no ensino presencial. Sobre isso, mais uma vez relembramos a visão de Smole et al. (2007), pois elas dizem que, para desenvolver um trabalho conectando Literatura Infantil e Matemática, o professor pode se valer
dos mesmos recursos que utiliza ao trabalhar as histórias nas aulas de língua materna e é até interessante que faça assim para que as atividades surjam naturalmente como uma extensão do que os alunos estão acostumados a fazer com os textos infantis (Smole et al, 2007, p. 8).
Assim sendo, os recursos utilizados pelas professoras se encontram em conformidade com alguns recursos também citados pelas autoras, tais como dramatização, fantoches, personagens feitos em dobradura e outros. Para elas, tais recursos permitem que as professoras realizem uma transferência de linguagem, o que é crucial para aguçar nos alunos o desenvolvimento do letramento, da formação da leitura, bem como das noções matemáticas.
Ademais, outra questão que foi indagada às entrevistadas foi acerca dos critérios que elas utilizavam para o trabalho com a Literatura Infantil nas aulas de Matemática. Nessa questão todas as professoras afirmaram seguir critérios, como a seleção da história a ser trabalhada, um estudo prévio sobre ela e sua apresentação para as crianças.
A primeira coisa que eu faço é isso, eu seleciono o livro e vejo se ele está adequado àquele objetivo que eu quero alcançar, apresento o livro para as crianças, trabalho a história de forma bem tranquila e depois venho com os conteúdos matemáticos (P2, agosto de 2021).
Um dos critérios é a escolha do livro, por exemplo, eu gosto muito de trabalhar a autoestima das crianças [...]. A criança tem que se ver no ambiente dela, então o critério do livro, ele perpassa muitas coisas (P5, agosto de 2021).
Escolho o livro e vejo se ele não só está adequado para o interesse da criança, mas eu tenho que pensar bem na história, conhecer bem a história, pra ver se os objetivos que eu tenho para aquele conteúdo a ser trabalhado podem ser alcançados diante daquela história que eu estou propondo. E aí eu tenho que também levar em consideração não só o texto que a história tem, mas também a ilustração, que chama atenção dos meninos [...]. Eu tenho que observar também se aquela história a ser contada, ela tem a ver com a realidade dos meus alunos (P6, agosto de 2021).
Os critérios citados pelas professoras se encontram condizentes aos critérios descritos por Smole (2003). Conforme já apresentado, a autora destaca que há critérios que devemos seguir para realizar essa relação entre a Literatura Infantil e a Matemática. Portanto, tais critérios expostos por elas são coerentes aos cuidados metodológicos que se deve ter, pois “a utilização da Literatura Infantil precisa ser bem-organizada e estruturada” (Santos, 2020, p. 551).
Para finalizar a entrevista, as professoras foram questionadas sobre o processo de ensino-aprendizagem da Matemática, se ele tinha se tornado mais lúdico e prazeroso com a utilização das histórias infantis e as razões disso. Todas as professoras afirmaram que sim.
Nossa, bem mais, porque eu falo assim, como uma professora da Educação Infantil que tem uma vida toda que trabalha com a Educação Infantil, a criança ela tem que gostar, tem que saber que linguagem você vai usar, e não tem uma linguagem melhor do que a de uma história infantil (P3, agosto de 2021).
Olha, o trabalho com a Literatura Infantil é bastante prazeroso para a criança. Porque a criança, por si, ela já gosta de história. Então tudo que envolve história [...] a criança, ela já fica vidrada (P2, agosto de 2021).
Ao explicarem os motivos que levam a Literatura Infantil a promover o prazer e a ludicidade ao processo de ensino da Matemática, as P1, P3 e P4 afirmaram que a utilização das histórias infantis nas aulas faz com que os conteúdos da Matemática fiquem mais contextualizados. Já as P2 e P5, argumentaram que as crianças aprendem com mais facilidade.
A magia e o encantamento das histórias infantis têm esse papel de deixar a Matemática mais encantadora. Quantos de nós se entramos, por exemplo, em uma sala universitária e pedir para levantar a mão quem gosta da Matemática, um ou dois vão levantar a mão. Porque esse trabalho feito conosco lá atrás com a Matemática era uma Matemática difícil, uma Matemática que é só para os inteligentes [...], mas trabalhar dentro de uma história onde você vai interdisciplinar com o encantamento, principalmente com crianças [...] com certeza, facilita e encanta muito mais do que antigamente a gente fazia (P6, agosto de 2021).
Conforme Roedel (2016), um ensino que conecta Literatura e Matemática é capaz de estimular o espírito criativo e investigativo dos alunos, incentivando-os a resolverem as situações-problema que surgem, aspectos imprescindíveis ao cotidiano dos estudantes. Em relação à resposta fornecida pela P6, pode-se perceber que ela traz um aspecto essencial à discussão, pois aponta para a forma como a Matemática é trabalhada, como descrito por ela, algo apenas para “inteligentes”. Sobre isso, Costa e Lacerda (2016) realçam que o ensino da Matemática ocorre, muitas vezes, por meio de uma certa desconsideração às situações que levam os alunos a refletirem e a expressarem sua aprendizagem, o que é ocasionado por uma ausência de explicações adequadas sobre os conteúdos trabalhados ou pela utilização de abordagens tradicionais, o que colabora para que esses alunos passem a apresentar um desinteresse pela disciplina, desenvolvendo a visão de que a Matemática é difícil ou impossível de ser aprendida.
Por meio dos argumentos da P6, fica evidente também que ela considera a Literatura Infantil como um recurso capaz de reverter esse quadro, pois as histórias infantis promovem a magia e o encantamento. Sob a ótica de Smole (2003), pode-se inferir que já está ocorrendo “uma substancial mudança no ensino tradicional da matemática” (Smole, 2003, p. 68), pois os professores já estão utilizando a Literatura Infantil em suas aulas e conseguem enxergar que ela faz a diferença no interesse e na compreensão dos alunos sobre os conteúdos trabalhados.
Considerações finais
Neste trabalho foi apresentado um recurso lúdico importante na construção de habilidades para o processo de ensino-aprendizagem das crianças. A Literatura Infantil, quando trabalhada de forma articulada com a Matemática, traz vários benefícios, tornando as aulas mais atraentes e proporcionando a magia e o encantamento a fim de colaborar para que os alunos não tenham medo de aprender conteúdos matemáticos.
Por meio da análise realizada, constatou-se que as professoras articulam a Literatura Infantil e a Matemática, tanto no contexto remoto como no presencial, demonstrando, em seus planejamentos e argumentos, suas metodologias nessa articulação para a Educação Infantil.
Por tudo que foi exposto pelas professoras, pode-se perceber que desenvolvem essa articulação de uma forma coerente e organizada, pois seguem critérios para efetivar o trabalho pedagógico. Esses critérios se fundamentam na seleção dos livros literários a serem trabalhados, no cuidado com os temas abordados, na leitura e na exploração da história e, posteriormente, no trabalho com as noções matemáticas.
Dessa forma, esta pesquisa traz uma abordagem que auxilia tanto os acadêmicos que estão em formação no curso de Pedagogia, como os professores que já estão atuando, haja vista que por meio dessa abordagem é possível que visualizem como é realizado o trabalho pedagógico de articulação entre a Literatura Infantil e a Matemática, assim como os seus benefícios ao processo de ensino-aprendizagem.
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Publicado em 20 de fevereiro de 2024
Como citar este artigo (ABNT)
NERY, Stefane Cristine Silva. Articulação entre Literatura Infantil e Matemática: um estudo com professoras da Educação Infantil. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 24, nº 5, 20 de fevereiro de 2024. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/24/5/articulacao-entre-literatura-infantil-e-matematica-um-estudo-com-professoras-da-educacao-infantil
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