Aprendizagem colaborativa e Taxonomia de Bloom em sala de aula

Décio Oliveira dos Santos

Mestrando em Ensino (Univates), graduado em Gestão, Educação e Saúde, gestor de polo da Uninter, coordenador do IMDH, gerente da Fênix Educacional

José Clécio Silva de Souza

Doutorando em Ciências da Educação (FICS), mestre em Ciências da Educação (ACU), mestrando em Tecnologias Emergentes em Educação (Must University), graduado em Educação, Gestão, Saúde e Assistência Social, professor da Rede Municipal de Delmiro Gouveia/AL, orientador educacional do IMDH

Este estudo ancorou-se no tema da aprendizagem colaborativa e da Taxonomia de Bloom, destacando a utilização das tecnologias como meio de ampliar o ensino e as aprendizagens dos alunos em sala de aula. De natureza básica e de cunho qualitativo, a pesquisa se constitui numa breve revisão de bibliografia, que muito contribui para a reflexão de professores e sua prática docente.

O tema se torna de elevada relevância, pois busca discutir os conceitos elaborados para o entendimento e a aplicação prática da aprendizagem colaborativa nos planejamentos diários dos professores em diferentes níveis de aprendizagem. É necessário encontrar o sentido para o uso desse método, buscando maior eficiência nos espaços da sala de aula. O trabalho também buscou desenvolver o conceito de Taxonomia de Bloom, reconhecido pelos processos desenvolvidos na área de ensino e aprendizagem como procedimentos para os processos de avaliação. Percebe-se a necessária competência e habilidade para o uso desses métodos, sendo inevitável a busca de formação adequada dos professores para o uso dos procedimentos junto aos alunos.

Nesse sentido, o texto apresenta primeiramente uma breve revisão bibliográfica, tendo em sua tessitura o sentido da aprendizagem colaborativa e o conceito de Taxonomia de Bloom. A seguir, apresenta uma proposta prática para o uso desses métodos em sala de aula utilizando tecnologias. Essa prática ressalta o objetivo geral e os objetivos específicos para a aplicação e reconhecimento dos métodos.

Aprendizagem colaborativa e Taxonomia de Bloom

Pensar os mecanismos do ensino e da aprendizagem a partir das experiências que geram o conhecimento autônomo e o protagonismo possibilita aos profissionais da Educação e aos alunos vivências dinâmicas que alavancam os processos emancipatórios da educação. Quando a escola se transforma em um grande laboratório de experiências, ela se faz viva e enriquece toda a sociedade no seu entorno.

Uma escola precisa provocar a todos na dimensão do saber empírico e da prática que sedimenta as suas teorias. Nesse sentido, o ambiente escolar precisa insistir nos métodos colaborativos que deverão envolver seus profissionais e seus alunos, promovendo sempre as interações e as mediações relacionais, de modo a provocá-las para que se constituam aprendizagens consistentes e conscientes do mundo vivido.

Nessa perspectiva, a intenção está em apresentar o sentido das aprendizagens colaborativas e o que é a Taxonomia de Bloom, dois conceitos que contribuem para o ensino de qualidade e para que as aprendizagens alcancem os sentidos mais plenos daquilo que se constitui o saber.

O sentido da aprendizagem colaborativa

A aprendizagem precisa se tornar um campo de reflexão permanente. Sendo espaço de cooperação e colaboração, ela se torna uma via de projeção para a autonomia e a participação ativa daquele que busca o conhecimento. Dessa forma, pensar a aprendizagem significa abrir espaço para a diversidade de métodos e didáticas possíveis para que ela se afirme como possibilidade de construção.

Segundo Carneiro, Garcia e Barbosa (2020), são necessários os espaços dialógicos entre professor e aluno. Isso significa que a aprendizagem não pode ser passiva e executada por um transmissor de conhecimento; sua intenção deverá pautar-se nos aspectos de interação, relação e protagonismo daqueles que se envolvem na busca do conhecimento.

A educação se faz um compromisso autêntico com a arte de ensinar. Aqui não se pode entendê-la como uma busca passiva, em que um aprende e o outro ensina. É preciso tomá-la em uma dimensão que transborda as metodologias tradicionais do detentor do conhecimento e daquele que recebe tudo pronto. A educação do século XXI é um permanente labutar das melhores formas de chegar à qualidade de um ensino que seja desafiador e dinâmico na sua prática.

Conforme Carneiro, Garcia e Barbosa (2020), essa relação de ensino e aprendizagem precisa conceber a autenticidade dos processos que possam se tornar colaborativos, estimulando tanto a cognição quanto a afetividade, potencializando os valores encontrados na relação entre ambos. Para os autores, o professor precisará ser dialógico e criativo na forma como estimula seu aluno a aprender. O professor necessita problematizar o ensino sem cair na tentação de entregar as fórmulas e as respostas prontas. Isso requer técnicas que promovam trabalhos de pesquisa em grupo, em que os alunos poderão aprender uns com os outros, tendo sempre a mediação do professor.

Segundo Carneiro, Garcia e Barbosa (2020, p. 55),

podemos afirmar que o principal objetivo da aprendizagem colaborativa é a participação ativa dos membros. Isso é possível porque a interdisciplinaridade dos alunos pode fomentar novas descobertas a partir dos feedbacks e apoios. Essa dinâmica aperfeiçoa as práticas de aprendizagem.

Esse ambiente exige a maturidade dos participantes mediante a participação coletiva, em que precisarão contribuir a partir de suas opiniões e pesquisas realizadas sobre o assunto em pauta. O espaço de reflexão coletiva, na compreensão de Carneiro, Garcia e Barbosa (2020), alavanca as possibilidades de cognição e orienta para processos de amadurecimento na busca do conhecimento.

Borssoi, Silva e Ferruzzi (2021) corroboram Carneiro, Garcia e Barbosa (2020), entendendo que a “aprendizagem colaborativa é um constructo que se origina de diferentes abordagens conhecidas na literatura, como: grupos de aprendizagem, comunidades de aprendizagem, aprendizagem por pares, aprendizagem cooperativa, entre outras” (Borssoi; Silva; Ferruzzi, 2021, p. 944). As autoras destacam a necessidade do trabalho em grupos para que aconteçam as aprendizagens e elas se configurem colaborativas sob os aspectos de organização, coordenação e disciplina, dando sentido às ideias e aos posicionamentos de cada participante.

Percebe-se que, a partir do desenvolvimento da aprendizagem colaborativa, é possível uma educação não mais passiva e não mais solitária. A responsabilidade do trabalho em grupo torna dinâmica a ação da aprendizagem. Nesse sentido, professor e aluno se ocupam do método dialógico, em que ambos transcendem as metodologias tradicionais e ampliam sua visão de mundo pela pesquisa.

O conceito de Taxonomia de Bloom

Esse conceito nasce com as experiências de Benjamin Samuel Bloom, psicólogo educacional, em análise na área da Educação. Num primeiro momento, pode-se definir a Taxonomia de Bloom como uma classificação de objetivos educacionais para a teoria do aprendizado. Nesse sentido, o entendimento dessa taxonomia está em aprimorar os métodos de aprendizagem, oportunizando mudanças, pensamentos, ações e condutas na perspectiva de ampliação do conhecimento.

Para Cabral (2019, p. 33), “a Taxonomia de Bloom apresenta finalidade de auxiliar a identificação e a declaração dos objetivos ligados ao desenvolvimento cognitivo, que engloba a aquisição de conhecimentos, competências e atitudes”. A autora destaca principalmente os aspectos da afetividade no ambiente do desenvolvimento cognitivo e psicomotor, valorando as emoções com base em problemas emocionais e técnicos.

A disposição para a efetividade da aplicação da Taxonomia de Bloom requer o desenvolvimento dos instrumentos de avaliação e a utilização de estratégias diferenciadas, bem como o estímulo para o auxílio estruturado e consciente na aquisição de competências, buscando dominar habilidades simples para se chegar às mais complexas. Conforme Cabral (2021, p. 34), “a Taxonomia de Bloom do domínio cognitivo é estruturada em níveis de complexidade crescente, do mais simples para o mais complexo, e isso significa que, para adquirir uma nova habilidade, o aluno deverá ter domínio da habilidade do nível anterior”.

Torres, Dal Forno e Massuda (2021) corroboram Cabral (2021) quando entendem que a Taxonomia de Bloom está para garantir melhores aprendizagens que oportunizem efetivas ações e condutas no processo de ensino. Para as autoras, torna-se muito importante o cuidado com a forma como aplicar o ensino, pois o profissional da Educação precisa entender as necessidades dos alunos para que possa produzir o conhecimento com eficiência buscando desenvolver suas competências e qualificar suas habilidades.

Segundo Torres, Dal Forno e Massuda (2021, p. 3), a Taxonomia de Bloom é a

ciência de denominação, classificação e organização de um esquema predeterminado. Possui como resultante um determinado leque conceitual que permite algumas discussões, análises e recuperação de informações a respeito do processo. Alguns pesquisadores utilizaram o referido termo conceitual com base em algumas classificações orientadas e estruturadas com o objetivo de definir certas teorias instrucionais.

Essa ciência chamada Taxonomia de Bloom, na concepção de Torres, Dal Forno e Massuda (2021), busca apresentar um leque de possibilidades quanto ao processo a ser executado pelos profissionais. Primeiramente, destacam-se os processos avaliativos. Em um segundo momento, destaca-se a condução consciente e estruturada do aluno realizada pelo professor.

Os procedimentos que buscam elevar os níveis de conhecimento perpassam o desenvolvimento intelectual, o desenvolvimento de habilidades e o desenvolvimento de atitudes. Os objetivos a serem adquiridos pelo desenvolvimento intelectual se constituem em seis categorias: conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação. Segundo Torres, Dal Forno e Massuda (2021), “os conceitos propostos por esse domínio cognitivo podem ser relacionados com o processo de ensino-aprendizagem que se dá em uma sala de aula, pois os conteúdos são propostos seguindo uma hierarquia de dificuldades, e o aluno apenas consegue atingir o conteúdo seguinte” (Torres; Dal Forno; Massuda, 2021, p. 4).

Quando referido ao domínio afetivo, Torres, Dal Forno e Massuda (2021) afirmam que está imbuído de sentimentos e posturas significados por comportamentos, atitudes, respeito, responsabilidades, valores e emoções. Nesse domínio, as categorias a serem aprimoradas são receptividade, resposta, valorização, organização e caracterização.

Proposta de prática colaborativa

A proposta da prática de aprendizagem colaborativa está vinculada ao tema do uso das ferramentas tecnológicas no ensino e na aprendizagem em sala de aula. O tema de abordagem escolhido justifica-se pela necessidade de ampliação das atividades pedagógicas com o auxílio de ferramentas tecnológicas nos trabalhos individuais e em grupos no ambiente de sala de aula.

As habilidades dos alunos com o uso das tecnologias tornam-se cada vez mais notórias nos espaços escolares. Por vezes, percebe-se o quanto eles são devotados ao manuseio das teclas, deixando de lado o folhear do livro didático ou mesmo outro material de leitura. A apropriação das ferramentas tecnológicas pelo aluno coloca a ação pedagógica elaborada pelo professor em cheque, pois percebe-se maior fluidez e o despertar do interesse para a atividade quando o aluno é motivado a usar essas ferramentas.

Na perspectiva de trabalhos efetivados com o uso das tecnologias, verifica-se a possibilidade da presença das categorias cognitivas do conhecimento, da compreensão e da aplicação, tendo como categoria afetiva a postura. Tanto o planejamento do professor quanto a execução da atividade pedagógica em sala de aula com os alunos devem promover as habilidades de responsabilidade, de atitude e de respeito, pois contribuem para o êxito de todo o trabalho.

Considerações finais

Diante da proposta de ensaio sobre o tema desenvolvido nesse estudo pode-se perceber a necessidade de aprofundamento quanto aos métodos da aprendizagem colaborativa e da Taxonomia de Bloom. O professor precisa deter-se sobre a relevância do assunto buscando meios para aplicá-lo em sua sala de aula, conduzindo os alunos às práticas colaborativas e de cooperação.

Nesse sentido, as tecnologias aplicadas ao movimento da sala de aula alavancam os saberes dos alunos, definindo as competências e habilidades a serem contempladas na ação pedagógica. Disso resulta elevada capacidade de aproximação entre professor e aluno, definindo as potentes condições do ensino e da aprendizagem no ambiente da sala de aula. Esse trabalho garante as mudanças de postura quanto aos métodos de ensino e aprendizagem, fazendo avançar o conhecimento empírico e o conhecimento socioemocional.

Referências

BORSSOI, A. H.; SILVA, K. A. P. da; FERRUZZI, E. C. Aprendizagem colaborativa no contexto de uma atividade de modelagem matemática. Bolema, Rio Claro, v. 35, nº 70, p. 937-958, ago. 2021.

CABRAL, M. M. W. A utilização da Taxonomia de Bloom no processo de ensino- aprendizado para alunos do Ensino Superior. Revista Eletrônica Calafiori (online), v. 3, nº 1, jun. 2019.

CARNEIRO, L. A.; GARCIA, L. G.; BARBOSA, G. V. Uma revisão sobre aprendizagem colaborativa mediada por tecnologias. Revista Desafios, v. 7, nº 2, 2020.

TORRES, V. L. T.; DAL FORNO, L. F.; MASSUDA, E. M. (2021). Taxonomia de Bloom: um estudo sobre o conhecimento e o processo de aprendizagem. Ciki Maringá, 18 a 19 de novembro, 2021.

Publicado em 27 de fevereiro de 2024

Como citar este artigo (ABNT)

SANTOS, Décio Oliveira dos; SOUZA, José Clécio Silva de. Aprendizagem colaborativa e Taxonomia de Bloom em sala de aula. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 24, nº 6, 27 de fevereiro de 2024. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/24/6/aprendizagem-colaborativa-e-taxonomia-de-bloom-em-sala-de-aula

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