Educação Ambiental na perspectiva crítica: análise dos estudantes do 3º ano do Ensino Médio de uma escola pública de Vila Rica/MT
Mônica Strege Médici
Acadêmica do curso de Especialização em Ensino de Ciências – anos finais do Ensino Fundamental “Ciência é Dez” (UFMT/IB/UAB), mestranda em Educação (PPGE/UFT), graduada em Ciências Biológicas (Univag), especialista em Ensino de Biologia (UCAM), pesquisadora do grupo de pesquisa CNPq/UFT Gepce
Marcelo Franco Leão
Licenciado em Química (Unisc) e em Física (Unemat), especialista em Orientação Educacional (Dom Alberto) e em Relações Raciais e Educação na Sociedade Brasileira (UFMT), mestre em Ensino (Univates), doutor em Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde (UFRGS), professor de Química no IFMT - câmpus Confresa, membro do grupo de pesquisa Ensino de Ciências e Matemática no Baixo Araguaia (EnCiMa)
Carla Spiller Rocha
Professora orientadora do curso de Especialização em Ensino de Ciências – anos finais do Ensino Fundamental “Ciência é Dez” (UFMT/IB/UAB)
A leitura do mundo antecede a leitura da palavra; dessa forma, o sujeito se identifica como pertencente ao mundo e capaz de fazer intervenções nele. Segundo Freire (1996, p. 2) “a leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente”. Em outras palavras, a educação não pode ser concebida como uma mera transmissão de conteúdos e sim como o agente capaz de promover transformações sociais por meio da construção de saberes.
Nesse sentido, a educação problematizadora, de natureza reflexiva, é preconizada por Freire (1964), o qual destaca a importância da educação crítica, que apresente aos estudantes a importância de fazer a leitura do mundo. Desse modo, ao abordar temas relevantes e transversais como a Educação Ambiental (EA), é possível ir além da mera reprodução de conceitos ecológicos e a apresentação de atitudes ditas corretas, ou seja, é possível oferecer formação humana que envolva questões de vida.
Ademais, temas sensíveis e relevantes como a EA precisam ser conduzidos interligados às áreas de conhecimento, a fim de instigar o estudante a conhecer a realidade e os elementos associados a ela, afim de construir um caminho para enfrentar os desafios contemporâneos (Gadotti, 2001).
Ao fazer essa leitura de mundo, o estudante por si só compreenderá que os principais desafios enfrentados na área estão diretamente relacionados ao modelo econômico: o capitalismo, que gera crescentes impactos ambientais por meio da exploração de recursos naturais de forma desenfreada (Bauman, 2008).
Para compreender a dimensão dos desafios impostos pelo capitalismo, é preciso que a escola ofereça também noções acerca do cenário político e suas confluências com todas as áreas sociais. Nesse sentido, é preciso haver debates e ações no âmbito da educação que viabilizem as mudanças necessárias em nível global em face das mazelas sociais que abalam o planeta (Albuquerque, 2007).
Para Freire (2018, p. 15), “é necessário que haja conscientização e essa conscientização muitas vezes significa o começo da busca de uma iniciação de luta; sendo assim, a educação crítica atinge diferentes dimensões, prática, política e social”. Nesse sentido, a escola tem grande responsabilidade no sentido de inserir o sujeito no debate de forma crítica.
Em se tratando de um tema de tamanha relevância como a EA, Albuquerque (2007) afirma que o diálogo precisa ir além do ambiente escolar e permear todas as esferas sociais, no sentido de construir mudanças de paradigmas que só são alcançados no coletivo, porque os desafios ambientais serão enfrentados de maneira eficiente mediante a construção e o desenvolvimento de políticas públicas. Essas, por sua vez, são construídas por meio das demandas sociais. Diante do exposto, é visto e necessário estar em discussão durante a Educação Básica a percepção dos estudantes acerca do lugar que vivem.
É papel da escola oportunizar e ampliar o debate para que os estudantes se sintam engajados na defesa do meio ambiente, uma bandeira que deve ser de toda a sociedade. Na verdade, é na escola que os estudantes necessitam ampliar suas percepções referentes às devastações do planeta e ter condições de propor mudanças, mas antes de tudo de mudar sua própria concepção do mundo. De acordo com Alves (2002), isso acontece quando a escola não é uma gaiola, quando a escola dá asas, ou seja, possibilita que o estudante integre os saberes construídos com seu universo.
O presente estudo teve por objetivo analisar as percepções dos estudantes do 3º ano do Ensino Médio de uma escola pública sobre as condições ambientais no bairro em que vivem na cidade de Vila Rica/MT. O intuito foi de que, por meio de observação, registro e análise das situações que vivenciam onde moram, os estudantes possam melhorar a percepção ambiental e da importância da Educação Ambiental.
Referencial teórico
Atualmente vivemos em crise em diferentes contextos; dentre eles temos a crise ambiental, preocupação cada vez mais crescente entre os cientistas e as lideranças políticas de todo o planeta (Souza Santos, 2018).
Essa preocupação é crescente; desde o ano de 1972, ambientalistas, lideranças políticas e a sociedade civil promoveram a Conferência de Estocolmo, onde foi produzida a Declaração da ONU sobre o Meio Ambiente, formada por 26 princípios; representa um manifesto ambiental e tem por objetivo estabelecer visão global e princípios comuns; o documento foi assinado por liderança de 113 países (Santos, 2017).
Essa declaração teve o propósito de servir de inspiração e orientação à humanidade quanto aos aspectos de preservação e melhoria do ambiente. Consta no parágrafo 6 dessa declaração: “Defender e melhorar o meio ambiente para as atuais e futuras gerações se tornou uma meta fundamental para a humanidade” (Passos, 2009), uma vez que a humanidade precisa pensar sobre o meio ambiente na perspectiva da existência de vida ao longo dos anos.
De acordo com Rufino e Crispim (2015), as conferências internacionais reafirmam a urgência de buscar alternativas voltadas a mitigar os impactos ambientais causados pela ação antrópica, uma vez que já há um consenso de que os ecossistemas da Terra não podem sustentar os níveis de atividade econômica e de consumo de energia da sociedade contemporânea.
Albuquerque (2007, p. 73) afirma que “a crise socioambiental demanda urgência. Nunca ficou tão claro que a ação do homem sobre a natureza é responsável pelos grandes desastres ambientais que estão colocando em risco a vida no planeta Terra”. No Estado de Mato Grosso, ambientalistas manifestam preocupação diante da expansão das fronteiras agrícolas em face do avanço do agronegócio. Cardoso, Sousa e Reis (2019) destacam que o agro mata por meio do uso exacerbado de defensivos agrícolas, polui os cursos de água, o solo e atmosfera, avança sobre as terras indígenas e destrói as reservas nativas, detém grandes latifúndios em face daqueles que não têm onde morar e os submete a condições de vida precárias nas periferias das grandes cidades, sob o pretexto da produção de alimentos.
É preciso superar o “mito da produtividade”, construir (ou reconstruir) uma agricultura localmente adaptada, reconhecer os limites ecológicos, ouvir as demandas da sociedade por alimentos e preservar as culturas regionais. Em suma, construir (ou reconstruir) uma agricultura que garanta a soberania alimentar em todas as regiões do globo e que sirva de suporte aos modelos de desenvolvimento sustentável (Soglio, 2016, p. 12).
Segundo Soglio (2016), o uso sustentável dos recursos ambientais permite a sobrevivência desta e de outras gerações, pois considera os limites do planeta. Assim, são cada vez mais crescentes as discussões que vão ao encontro de soluções voltadas a ações sustentáveis em nível global.
De acordo com O’Meara (1999), as áreas urbanas, com um pouco mais da metade da população mundial, são responsáveis por 80% das emissões de carbono, 75% do uso da madeira e 60% do consumo de água. Ocupam apenas 5% da área do mundo inteiro, mas consomem 75% dos seus recursos. As cidades podem ser consideradas “pontos quentes”, pois um hectare de uma área metropolitana consome mais de 1.000 vezes a energia que uma área semelhante utiliza em um ambiente natural. Estudos mais recentes, como o de Gomes (2019), apontam que na última década o Brasil atingiu o ápice do desmatamento, situação que tem alertado a comunidade internacional.
Em um crescente avanço de degradação ambiental, é verificada, dia após dia, a diminuição de recursos naturais, comprometendo a qualidade de vida e a própria existência do planeta. Passivamente, observa-se o capitalismo avançar de forma desenfreada aos limites da Terra. Bauman (2008) afirma que há interesse econômico por trás da degradação ambiental, que, amparado na mídia, programa a obsolescência dos bens de consumo a fim de girar a engrenagem econômica.
Afinal de contas, nos mercados de consumidores-mercadorias, a necessidade de substituir objetos de consumo defasados está inscrita no design dos produtos e nas campanhas publicitárias calculadas para o crescimento constante das vendas. A curta expectativa de vida de um produto na prática e na utilidade proclamada está incluída na estratégia de marketing e no cálculo de lucros: tende a ser preconcebida, prescrita e instilada nas práticas dos consumidores mediante a apoteose das novas ofertas (de hoje) e a difamação das antigas (de ontem) (Bauman, 2008, p. 31).
Esse autor apresenta uma reflexão que vai no sentido de repensar os padrões de consumo e a degradação ambiental impostos à nova geração.
Diante do cenário apresentado, a escola não pode ficar indiferente; precisa estar comprometida com a construção de uma visão crítica para que esse processo de destruição não avance livremente, sem resistência, em face da expansão de fronteiras agrícolas, extrativismo exacerbado e acúmulo de resíduos que comprometem a saúde humana e a manutenção da biodiversidade.
Entendemos que a Educação Ambiental (EA) é uma pauta relevante para a sociedade contemporânea. A luta é continua, as agendas internacionais reforçam ano após ano a importância da redução de impactos em face da existência da preservação da vida.
A Educação Ambiental surgiu no contexto de emergência de uma crise ambiental reconhecida nas décadas finais do século XX e estruturou-se como fruto de uma demanda para que o ser humano adotasse uma visão de mundo e uma prática social capazes de minimizar os impactos ambientais então prevalecentes (Layrargues; Lima, 2011, p. 5).
Como apontam os autores, a EA surge como uma área de conhecimento voltada para a qualidade ambiental e por meio dela permite a tomada de ações potencialmente mitigadoras. Sabemos que as instituições de ensino tomam para si essa tarefa por meio da articulação de saberes que são desdobrados em ações voltadas para a melhoria da qualidade ambiental – logo, em benefícios para a sociedade. “Uma primeira questão diz respeito ao significado do ambiental como qualificador da educação” (Carvalho, 2001, p. 44).
Ao trazer para a escola temas abrangentes como a percepção dos estudantes sobre as questões ambientais, é importante nos ampararmos em outras experiências educativas que possam contribuir com a discussão. Esse estudo recorreu a Cabral et al. (2015), Almeida et al. (2017), Cabral e Nascimento (2020) e Souza (2021).
A EA na perspectiva crítica é capaz de contrapor os discursos daqueles que se beneficiam diretamente com a degradação ambiental, que se apoiam no discurso de que a preservação do meio ambiente é um entrave ao progresso, uma ideia equivocada que herdamos dos colonizadores, a concepção de que a floresta é “mato” e deve ser desmatada para dar passagem à civilização (Rufino; Crispim, 2015). A educação precisa caminhar no sentido de emancipar o sujeito para que ele compreenda em qual dos polos está inserido e possa construir argumentos para rebater essas ideias que comprometem a qualidade ambiental.
Destarte, se faz necessário que a educação se debruce sobre o tema a fim de pavimentar o caminho da EA em uma perspectiva crítica, voltada para a realidade do estudante, ou seja, ter como ponto de partida o local em que ele vive, o que proporciona condições de analisar a estrutura social em face da realidade.
Não resta dúvida de que esta concepção do desenvolvimento coloca em xeque o consumismo do modo de produção capitalista, principal responsável pela degradação do meio ambiente e pelo esgotamento dos recursos materiais do planeta. Esse modelo de desenvolvimento, baseado no lucro e na exclusão social, não só distancia cada vez mais ricos e pobres, países desenvolvidos e subdesenvolvidos, globalizadores e globalizados (Gadotti, 2001, p. 87).
Em outras palavras, a educação libertadora vai na contramão da opressão e amplia as possibilidades de luta na defesa de uma sociedade mais justa, em detrimento dos opressores que se mantêm no poder e para isso desmatam, poluem, queimam – enfim, destroem o meio ambiente de forma vil (Gadotti, 2001).
No cenário atual, a Educação Básica deve abordar temas que permeiam a sociedade; é cada vez mais importante a aproximação da escola com a comunidade, e isso se dá quando os temas discutidos na escola se voltam para as demandas sociais.
A relação íntima do currículo escolar com a realidade contribui para uma formação pautada na construção do compromisso e do comportamento ético que deve pautar toda sociedade.
Para Freire (2018, p. 128), “A educação é um ato de amor; por isso, um ato de coragem. Não pode temer o debate. A análise da realidade. Não pode fugir à discussão criadora, sob pena de ser uma farsa”. Assim, é possível entender que teoria e prática se enlaçam e que a educação passa a ter sentido. Ainda de acordo com Freire (2018), deve oportunizar ao estudante o seu lugar de falar e permitir a ele compreender os conceitos científicos e a importância de sua aplicabilidade. A educação também o empodera no sentido de questionar acerca da responsabilidade em relação ao cenário. Apenas uma educação libertadora e emancipadora possibilita ao estudante participar ativamente do processo educativo.
Para Padilha (2007, p. 72), “as fronteiras do nosso mundo são construções históricas, geográficas, sociais, culturais, econômicas, políticas, arquitetônicas, que revelam o mundo dividido”. Essa segmentação se dá principalmente pela relação de poder, que estabelece quem oprime e quem é oprimido.
O pensamento de Freire (1964) foi forjado em um contexto social único; portanto, é uma construção social que promove uma ruptura com a educação opressora que cerceia o direito da fala do estudante e assim rompe com o pensamento “pedagógico oficial” ou a “educação bancária” e constrói um ideário pedagógico novo, crítico, a serviço dos oprimidos e dessa forma dando voz a todos como um processo de humanização dos sujeitos que participam da sociedade e, logo, devem dialogar por meio de uma prática educativa entre sujeitos livres, pois educar é um ato político.
Materiais e métodos
A pesquisa foi de natureza básica, descritiva e exploratória, de abordagem qualitativa. De acordo com Gil (2002), os saberes sobre determinado fenômeno social precisam ser construídos em face da realização de uma investigação.
No intuito de analisar as percepções dos estudantes de uma escola pública sobre as condições ambientais no bairro em que vivem, foi proposta esta investigação, que envolveu treze estudantes do Ensino Médio da Escola Estadual Professora Maria Esther Peres, localizada em Vila Rica/MT.
Os participantes da pesquisa foram previamente convidados e informados dos objetivos e métodos a serem adotados, ficando a participação de caráter livre e voluntário; contudo, foi solicitado o preenchimento do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE); também obtivemos a carta de anuência da direção e do conselho deliberativo da escola que ambientou a pesquisa.
Devido ao cenário pandêmico na época do estudo, a escola seguiu as recomendações do distanciamento social; durante o período do estudo, o ensino foi ofertado de forma remota de novembro a dezembro de 2020. O número de estudantes participantes da pesquisa corresponde ao quantitativo de estudantes que acompanharam as atividades escolares de forma remota; os demais optaram pelo material impresso ou se evadiram da escola após realizado o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
O estudo abordou a percepção dos estudantes acerca da situação ambiental dos bairros Vila Nova, Setor Oeste, Tiradentes, Centro e Cristo Rei, do município de Vila Rica/MT.
Para coletar dados, foi utilizado um formulário eletrônico contendo oito questões, sendo seis abertas e duas fechadas, que serviram para sistematizar as percepções ambientais dos estudantes. O link do formulário foi disponibilizado via WhatsApp.
Após a coleta dos dados, o primeiro procedimento foi o levantamento bibliográfico sobre o papel da educação crítica a respeito da situação ambiental. Foi realizada uma análise por meio da exibição de fotos e vídeos coletados entre os estudantes que apresentaram a realidade do município de Vila Rica/MT em face às condições ambientais.
Para a análise dos dados foram construídos quadros que aglutinaram as respostas por semelhança, seguida de discussão de acordo com a proposta de Gil (1999), que diz:
A análise tem como objetivo organizar e sumariar os dados de tal forma que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para investigação. Já a interpretação tem como objetivo a procura do sentido mais amplo das respostas, o que é feito mediante sua ligação a outros conhecimentos anteriormente obtidos (Gil, 1999, p. 168).
Ao término da análise, foi realizada a triangulação entre os dados coletados e os referenciais teóricos, também com a matriz curricular e as percepções dos estudantes dessa escola pública de Mato Grosso para então evidenciar os saberes construídos sobre a situação ambiental do município de Vila Rica/MT.
Resultados e discussão
A apresentação da percepção dos estudantes acerca do trabalho em que vivem permitiu concluir que os estudantes obtiveram noção da importância da EA. Foi questionado aos estudantes quais os principais aspectos que despertam sua atenção da realidade ambiental; eles responderam conforme está no Quadro 1.
Quadro 1: Aspectos observados que mais chamaram a atenção
Quantidades de respostas iguais ou semelhantes | Respostas informadas no formulário eletrônico |
2 | O desmazelo da população; entendo que, se todas pessoas colaborassem, nossa cidade teria um aspecto melhor. |
2 | Que as pessoas não ligam muito, a queimada de lixo é frequente. Percebi que só quem tem condições de vida melhor é quem tem moradias boas, ao contrário das pessoas mais carentes, que moram em bairros mais distantes. |
2 | Muitos lotes baldios com muito lixo acumulado e muitos problemas com esgoto; há tantos problemas na nossa cidade, porém na correria do cotidiano nem percebemos, mesmo tendo estado nesses lugares anteriormente. |
2 | Apesar de a cidade ser pequena é muito triste ver que as pessoas não ligam muito para a higiene do próprio quintal, quanto mais dos lugares públicos da nossa cidade. |
2 | O acúmulo de lixo em todo lugar, a falta de estrutura para escoamento de água, obras abandonadas, buracos nas ruas, entre outros. |
1 | Todos nós sabemos que há problemas ambientais, mas quando saímos com o olhar para mapeá-los é que damos conta de quantos pontos degradados há, bem como dos impactos desses problemas. |
1 | O fato de que alguns lugares terem bastante lixo na rua e poucos coletores. |
1 | Não sabia que Vila Rica tinha esse tanto de quintais com lixo, e matérias descartados de maneira errada. |
Fonte: Dados coletados na pesquisa (2020).
Os apontamentos dos estudantes revelam que a educação pode provocar mudanças de atitudes por meio de diferentes abordagens; a transposição didática se constitui de forma efetiva quando ela alia teoria e prática voltada para a investigação de vivências, voltada ao contexto local.
Essas respostas demonstram que, mesmo fazendo a observação na própria cidade, especialmente, no próprio bairro, lugar com que eles estão familiarizados, foi a proposição deste estudo que possibilitou um novo olhar aos problemas ambientais identificados.
O papel da educação voltada para a realidade é preponderante no sentido de promover mudanças na sociedade. Freire (1964) afirma que “a educação problematizadora se faz, assim, um esforço permanente através do qual os homens vão percebendo, criticamente, como estão sendo no mundo com que e em que se acham” (Freire, 1964, p. 73). Nesse entendimento, quando o sujeito se percebe no mundo como ser atuante concebe a possibilidade de mudança e passa a adotar uma nova postura diante do mundo.
Também foi perguntado aos estudantes sobre as condições ambientais da sua cidade. Para oito deles, as condições da cidade e do bairro avaliado são ruins, e para três são péssimas.
Essas respostas refletem o que defende Albuquerque (2007, p. 10), que “os problemas ambientais estão entre os inúmeros problemas que o homem criou”. No bojo desses problemas, tem-se o descaso da sociedade, que vê com apatia a possibilidade de mudança; nesse sentido, é imperativo trazer o debate para a educação, para que estudantes possam atuar de forma crítica no sentido de refletir e ressignificar acerca das ações antrópicas.
Em seguida, os estudantes foram questionados em relação à proposição de mudanças para melhorar a qualidade ambiental da cidade; oito responderam que é necessário investir em EA de forma mais efetiva, enquanto que três entrevistados afirmaram que há necessidade de mais investimento público em infraestrutura.
As respostas obtidas corroboram o que dizem Almeida et al. (2017): as discussões sobre a qualidade ambiental deve privilegiar o diálogo entre os diferentes atores sociais; isso ajuda na compreensão dos desafios e na formação de criticidades voltadas para o comprometimento da sociedade com a sustentabilidade. Assim, a EA é tida como um meio de articulação entre o saber e a prática.
Diante dessa realidade, entende-se que a educação precisa se voltar à temática, considerando que do ponto de vista social e escolar é um espaço privilegiado; todos os sujeitos adentram a escola com o objetivo de disseminar conhecimento e promover mudanças de paradigmas.
Foi perguntado aos estudantes quanto às suas perspectivas em relação à possibilidade de mudanças frente aos problemas evidenciados por eles durante a investigação. As respostas obtidas estão apresentadas no Quadro 2.
Quadro 2: Possibilidade de mudar a realidade ambiental na cidade
Quantidades de respostas iguais ou semelhantes | Respostas informadas no formulário eletrônico |
05 | É possível, mas depende de um esforço coletivo. |
01 | Será possível apenas mediante aplicação de multa àqueles que não contribuem. |
05 | Será possível por meio de implantação de Educação Ambiental em todos os níveis da educação. |
Fonte: Dados coletados na pesquisa (2020).
Dois participantes da pesquisa não responderam à pergunta, enquanto pelas respostas dos demais é possível constatar que os estudantes observaram os problemas ambientais e acreditam que poderão ser revertidos, porém divergem quanto às alternativas – aplicação de multas, esforço coletivo e Educação Ambiental –, ou seja, os estudantes apontam que a Educação Ambiental é o caminho para solucionar os problemas ambientais observados.
As respostas dos estudantes corroboram o que apontam Cabral et al. (2015): a escola deve considerar a abordagem de temas voltados à qualidade ambiental, na busca de promover reflexões no sentido de despertar o senso crítico do estudante acerca de quem é a responsabilidade sobre os problemas ambientais, bem como suas consequências para que a educação possa de fato descortinar um novo caminho possível para os problemas ambientais evidenciados.
Sendo assim, o papel da educação é provocar e instigar, e não de ensinar; o aprendizado é uma experiência individual e se dá por meio da interação do sujeito com o meio.
Em seguida foi perguntado aos estudantes sobre a relevância desse trabalho para sua formação, de acordo com suas perspectivas; as respostas dadas estão apresentadas no Quadro 3.
Quadro 3: Importância da realização desse trabalho
Quantidades de respostas iguais ou semelhantes | Respostas informadas no formulário eletrônico |
5 | Sim, pois trouxe uma nova perspectiva para minha vida; observei coisas simples de onde tirei aprendizados que levarei para minha vida. |
4 | Sim. Com certeza, Educação Ambiental é fundamental para que cada um se conscientize. |
4 | Importante para analisarmos como está o ambiente à nossa volta e refletirmos se contribuímos para que ele seja mais bonito. |
Fonte: Dados coletados na pesquisa (2020).
Os estudantes apontaram a relevância da pesquisa realizada; isso denota que há preocupação por parte deles em relação às condições ambientais. As respostas indicam que a educação, na perspectiva crítica, promove resultados significativos na vida do estudante que é capaz de transpor o que aprende para o seu cotidiano.
Gadotti (2001) aponta que a Educação Básica deve explorar o conceito de desenvolvimento sustentável, pois ele se constitui em um componente educativo formidável, uma vez que a preservação do meio ambiente depende de consciência ecológica e a formação da consciência depende da educação.
Os estudantes foram questionados sobre de quem é a responsabilidade de solucionar os problemas ambientais da cidade. Foram seis os estudantes que responderam que o problema deve ser de responsabilidade da população, cinco responderam ser do poder público, enquanto dois afirmam ser da iniciativa privada, conforme a Figura 1.

Figura 1: Responsável por mudar a situação da cidade
Fonte: Dados coletados na pesquisa (2020).
A maioria das respostas atribui responsabilidade de forma dividida entre o poder público e a população; uma pequena parcela atrela essa responsabilidade à iniciativa privada. Assim, vemos que os estudantes compreendem a influência da relação entre a população e o poder público em relação aos problemas que envolvem a sociedade.
Essa compreensão e boa relação só é possível por meio de ações educativas. Na compreensão de Freire (2018), a educação quando é emancipatória posiciona o estudante em seu lugar de fala e, desse modo, ele está preparado para cobrar seus direitos, mas também se vê obrigado a cumprir seus deveres.
Esse é o papel preponderante de uma educação investigativa, aquela que movimenta o estudante a olhar à sua volta, identificar problemas e buscar apontar soluções.
Questionados sobre a responsabilidade do poder público na melhoria dos aspectos urbanos, seis responderam ser a limpeza urbana de responsabilidade do poder público; quatro afirmaram sobre a coleta de lixo, dois indicam a pavimentação e um mencionou outros serviços serem de obrigação da administração municipal (Figura 2).

Figura 2: Ações do poder público para melhorar as condições da cidade
Fonte: Dados coletados na pesquisa (2020).
A cidade de Vila Rica/MT, assim como a grande maioria das cidades brasileiras, apresenta problemas urbanos. Isso foi observado pelos estudantes durante a realização da investigação. Os estudantes atribuem tais problemas observados ao descaso do poder público.
Para eles, aspectos como limpeza urbana, coleta de lixo e pavimentação, entre outros, são problemas visíveis e passíveis de solução por meio de medidas simples.
Lamentavelmente, no país que se orgulha de ser o celeiro do mundo existem muitos problemas ambientais para solucionar; dentre eles o descarte de resíduos, que culmina em diversos problemas que podem afetar a vida humana, como transmissão de doenças, enchentes, poluição do solo, poluição atmosférica e diminuição da água potável.
Grande parte dos problemas ambientais, dentre eles o acúmulo excessivo de resíduos sólidos, é causada pelo consumo exacerbado. Bauman (2008) aponta que, imersa na ilusão do consumo, a sociedade não dá atenção para a própria vida, vive para o consumo. “A sociedade de consumo prospera enquanto consegue tornar a não satisfação de seus membros (e assim, em seus próprios termos, a infelicidade deles)” (Bauman, 2008, p. 64). Assim, quanto mais infeliz, maior a necessidade de consumo; logo provocam cada vez mais impactos ambientais.
Indagados quanto aos aspectos positivos e negativos da pesquisa realizada, as respostas estão apresentadas no Quadro 4.
Quadro 4: Aspectos positivos e negativos na realização deste trabalho
Quantidades de respostas iguais ou semelhantes | Respostas informadas no formulário eletrônico | |
Aspectos positivos | 4 | Aprofundar o conhecimento sobre os efeitos da EA e sua importância. |
3 | Ao longo da vida escolar, trabalhamos sobre Meio Ambiente, mas nunca tinha sido dessa forma; agora entendo a importância desse tema. | |
4 | Aulas realizadas dessa maneira produzem resultados excelentes, ensinamentos para a vida. | |
2 | O aprendizado mais importante é que toda a população pode contribuir para a melhoria da qualidade ambiental. | |
Aspectos negativos | 3 | Constatar que somos nós, os humanos, que estamos destruindo o planeta. |
3 | Não gosto de sair de casa e ver a cidade tão suja. | |
2 | Na verdade, este trabalho não apresentou nenhuma novidade, nada diferente do que vejo todo dia no meu bairro. | |
3 | O aspecto negativo foi a exposição das fotos, porque elas revelam a realidade que sempre escondemos | |
2 | Não vejo nenhum aspecto negativo. |
Fonte: Dados coletados na pesquisa (2020).
Ao analisar as respostas, é possível perceber que a atividade encaminhou-os no sentido de identificar a relevância da EA para a sociedade. Contudo, o caminho foi percorrido pelos estudantes que se organizaram para desenvolver o trabalho por meio da observação, sistematização dos registros coletados, a produção do relatório e a sua apresentação via Google Meet seguido de debate.
O espaço da apresentação e do debate trouxe aos envolvidos com a atividade a consolidação de suas perspectivas iniciais; por meio delas as leituras dos textos passaram ser ressignificadas com a leitura de mundo, do próprio mundo, dados que coadunam com Freire (1996), pois a leitura do mundo precede a leitura da palavra; logo, a educação deve associar as diversas leituras.
Considerações finais
A educação com base na investigação aponta um caminho para a EA no sentido de fazer uma leitura crítica voltada para a perspectiva local; desse modo o estudante se vê como cidadão capaz de evidenciar os problemas e propor soluções para o coletivo.
Assim, o estudante deixa de ser ouvinte passivo e passa ser ativo diante dos desafios contemporâneos. Sabemos que isso não ocorre em um passe de mágica, mas é assim, devagar, num processo lento, que aos poucos vamos construindo uma consciência coletiva voltada para a qualidade ambiental e, consequentemente, para a qualidade de vida.
Consideramos que este trabalho foi importante para aproximar os estudantes da realidade em relação às condições ambientais dos bairros em que vivem, das situações que precisam ser modificadas na cidade, bem como em relação ao compromisso social de cada um.
Por fim, acredita-se que a realização deste trabalho amplia a possibilidade de discussão acerca da importância da EA e do poder transformador da Educação Básica de qualidade. Para tanto, sugerimos que propostas semelhantes sejam implementadas em outras etapas de ensino.
Referências
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BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
CABRAL, Fabiana Ferreira; LARA RIBEIRO, Ingrid de; HRYCYK, Marluce Francisca. Percepção ambiental de alunos do 6º ano de escolas públicas. Revista Monografias Ambientais, v. 14, nº 2, p. 151-161, 2015. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/index.php/remoa/article/view/18392. Acesso em: 02 abr. 2022.
CABRAL, Hugo Marques; NASCIMENTO, Gabriela Paulino do. A percepção ambiental de discentes do ensino fundamental II em escolas públicas de Goiânia (GO). Braz. Ap. Sci. Rev., Curitiba, v. 4, nº 1, p. 186-201, jan./fev. 2020. Disponível em: https://www.brazilianjournals.com/index.php/BASR/article/download/6500/5742. Acesso em: 02 abr. 2022.
CARDOSO, Antônio Sidnei Ribeiro; SOUSA, Raimunda Áurea Dias de; REIS, Leandro Cavalcanti. O agro é tech, é pop, é tudo: o (des)velar dessa realidade. Geosul, v. 34, nº 71, p. 836-857, 2019. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/geosul/article/view/1982-5153.2019v34n71p836. Acesso em: 23 jan. 2022.
CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Educação Ambiental: a formação do sujeito ecológico. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2001.
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Publicado em 19 de março de 2025
Como citar este artigo (ABNT)
MÉDICI, Mônica Strege; LEÃO, Marcelo Franco; ROCHA, Carla Spiller. Educação Ambiental na perspectiva crítica: análise dos estudantes do 3º ano do Ensino Médio de uma escola pública de Vila Rica/MT. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 25, nº 10, 19 de março de 2025. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/25/10/educacao-ambiental-na-perspectiva-critica-analise-dos-estudantes-do-3-ano-do-ensino-medio-de-uma-escola-publica-de-vila-ricamt
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