Curso Técnico em Desenvolvimento de Sistemas: uma proposta de intervenção para a inclusão de alunos surdos na sala de aula

Vinicius de Souza Felix

Pós-graduando em Docência para a Educação Profissional e Tecnológica (IFPB)

Jefferson Flora Santos de Araújo

Mestre em Formação de Professores (UEPB), doutorando em Ensino (UEPB), professor mediador do Curso de Especialização em Docência para a Educação Profissional e Tecnológica (IFPB)

A Educação Especial e Inclusiva é um direito de todos os alunos e que atende às suas diversas necessidades, transmitindo a todos um saber em concordância com as suas capacidades, segundo versa o inciso III, do Artigo n° 208, da Constituição Federal (Brasil, 1988).

Levando essa discussão ao âmbito da formação profissionalizante, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), a principal função é “preparar para o exercício de profissões, contribuindo para que o cidadão possa se inserir e atuar no mundo do trabalho e na vida em sociedade”. Assim, por meio dessa prática, a inclusão se faz necessária, tendo em vista que os cursos técnicos precisam considerar as particularidades dos alunos.

O ensino, por meio da escolha dos conteúdos cruciais para a formação dos estudantes, é concretizado no projeto pedagógico curricular (PPC). Nesse sentido, o documento apresenta detalhadamente a estrutura, os objetivos, o currículo e outros aspectos essenciais de um curso técnico. O PPC assume um caráter norteador não apenas para a equipe docente, mas para os alunos e os demais envolvidos no processo escolar.

Dessa forma, analisamos o PPC do Curso Técnico em Informática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado de Minas Gerais (IFMG) do ano de 2016 e do Curso Técnico em Desenvolvimento de Sistemas do Instituto Federal do Sul de Minas Gerais do ano de 2019 (câmpus Poços de Caldas). Foi observado que não há uma explícita menção à acessibilidade de estudantes com deficiências nessas formações, omitindo a descrição de ações direcionadas a esse público estudantil.

É sabido que os estudantes com necessidades especiais podem atingir as competências previstas em qualquer curso técnico profissionalizante mediante a proposição de adaptações necessárias às suas demandas, tanto na arquitetura da instituição quanto nos aspectos atitudinais (Sassaki, 2009).

Para a realização de um Curso Técnico em Desenvolvimento de Sistemas, foco desta pesquisa, é imprescindível fazer adaptações para facilitar a acessibilidade aos deficientes, pois o eixo central da proposta é propiciar ao aluno surdo a oportunidade (garantia) de passar por uma formação de qualidade na área de tecnologia.

Nesse sentido, este artigo tem como objetivo geral apresentar uma proposta de intervenção pedagógica para os alunos do Curso Técnico em Desenvolvimento de Sistemas, com a finalidade de propor estratégias para o acesso e a permanência dos alunos surdos em sala de aula, tendo como objetivo específico descrever as possibilidades para uma aprendizagem eficiente e inclusiva.

Consideramos o estudo da temática relevante, pois a inclusão é um direito resguardado por lei ao indivíduo com deficiência, assegurando-lhe o pleno exercício à cidadania e o direito ao mundo do trabalho.

Referencial teórico

A inclusão de deficientes auditivos nas aulas de Desenvolvimento Web Frontend no Curso Técnico Desenvolvimento de Sistemas é uma questão fundamental na busca por uma educação mais igualitária e acessível. A tecnologia da web está se tornando cada vez mais essencial em nossas vidas e o mercado de trabalho, para desenvolvedores web, está em constante crescimento, segundo o site Firjan/Senai. Em dezembro de 2020, o site comentou que o aumento de profissionais da área foi alavancado devido à pandemia da covid-19, época em que as instituições corporativas e as educacionais precisavam executar suas atividades de forma remota. É necessário garantir que todas as pessoas, incluindo as com deficiência auditiva, tenham a oportunidade de adquirir as habilidades necessárias para se destacarem na área.

O avanço das tecnologias emergentes oferece novas oportunidades para promover a inclusão de deficientes auditivos no desenvolvimento web. A tradução de voz para texto pode ser incorporada em sites e aplicativos para converter automaticamente a fala, permitindo que os deficientes auditivos compreendam o discurso. Isso é particularmente útil em ambientes onde a comunicação em tempo real é necessária, como em videoconferências e em chats ao vivo.

Atualmente, diversas tecnologias assistivas (TA) direcionadas a pessoas com deficiência auditiva estão disponíveis no mercado. Em uma pesquisa realizada na Google Play Store, com dados até o dia 20 de novembro de 2020, identificaram-se vários aplicativos desenvolvidos para a plataforma Android. Entre eles, apenas três foram escolhidos por apresentar como funcionalidade principal a tradução em texto e áudio para a Língua Brasileira de Sinais (Libras), representando os sinais por meio de um avatar:

  • Hand Talk, uma plataforma que realiza a tradução instantânea de conteúdos em português para a Língua Brasileira de Sinais oferecendo duas modalidades: um aplicativo para dispositivos móveis e um plugin para instalação em sites corporativos, visando torná-los acessíveis. Apresenta dois avatares, Hugo e Maya. Foi concebida por Ronaldo Tenório, Carlos Wanderlan e Thadeu Luz, sendo lançada em julho de 2013.
  • VLibras é fruto de uma parceria entre o Ministério da Fazenda e a Universidade Federal da Paraíba. Trata-se de um conjunto de ferramentas computacionais de código aberto. Sua missão é traduzir conteúdos digitais, como texto, áudio e vídeo para a Língua Brasileira de Sinais (Libras), promovendo a acessibilidade para pessoas surdas. O aplicativo conta com dois avatares, Ícaro e Hozana, sendo compatível com computadores Windows e Linux, dispositivos iOS e navegadores Chrome, Firefox e Safari.
  • Rybená, por sua vez, é uma tecnologia assistiva brasileira desenvolvida por surdos com a colaboração entre o Grupo de Usuários Java do Distrito Federal (DFJUG) e o Instituto CTS (2003). Descrito como uma ferramenta que traduz textos do português para Libras e voz, Rybená permite que surdos, pessoas com deficiências intelectuais e disléxicos consumam conteúdos e interajam com diversas plataformas online.

Os aplicativos se destacam pela presença de avatares na tela principal, com ícones que possibilitam a inserção de texto via digitação ou ditado por microfone. Além disso, oferecem a opção de trocar avatares femininos e masculinos, bem como uma aba de dicionário contendo diversos sinais e seus significados. O Hand Talk inclui recursos adicionais, como vídeos educativos da língua de sinais e uma loja virtual para a personalização dos avatares Hugo e Maya, permitindo a troca de roupas mediante o uso de moedas disponíveis para compra no aplicativo com preços que variam de R$9,90 a R$139,90.

Assim, a tecnologia Text-to-Speech pode ser usada para converter texto em voz, possibilitando que os deficientes auditivos comuniquem informações de maneira eficaz aos ouvintes. Essa tecnologia pode ser integrada em sistemas de bate-papo e assistentes virtuais para tornar a comunicação mais fluida e inclusiva; o Google Cloud (2023, p. 1) informa acerca da descrição do software:

O Text-to-Speech permite que os desenvolvedores criem voz sintética e com som natural como áudio para reprodução. É possível usar os arquivos de dados de áudio criados com o Text-to-Speech para melhorar seus aplicativos ou aumentar a mídia, como vídeos ou gravações de áudio, incluindo conformidade com todos os Termos de Serviço do Google Cloud Platform e com as leis aplicáveis. O Text-to-Speech converte a entrada de texto ou Linguagem de marcação de síntese de fala (SSML, na sigla em inglês) em dados de áudio, como MP3 ou LINEAR16 (a codificação usada em arquivos wav).

Em aspectos gerais, destaca-se a utilidade do Text-to-Speech para os desenvolvedores, oferecendo aos consumidores finais do software a capacidade de criar vozes sintéticas com qualidade sonora natural.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB n° 9.394/96) garante um importante avanço no que diz respeito à inclusão de alunos com deficiência, transtorno ou síndrome no sistema educacional brasileiro. A legislação estabelece diretrizes claras e compromissos sólidos para a promoção da Educação Inclusiva em todas as etapas e modalidades de ensino.

A LDB de 1996 reconhece a diversidade como um princípio fundamental e estabelece que é dever do Estado assegurar o atendimento educacional especializado (AEE), preferencialmente na rede regular de ensino, para que alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades possam participar plenamente do processo educacional.

Além disso, a LDB de 1996 enfatiza a importância da formação de professores para o atendimento às necessidades específicas desses alunos, buscando garantir uma educação de qualidade que promova a igualdade de oportunidades para todos. Essa abordagem reflete um compromisso com a construção de uma sociedade mais inclusiva e igualitária, onde cada aluno, independentemente de suas características individuais, tenha a chance de desenvolver todo o seu potencial.

Como meios de promover a inclusão no meio digital, a tecnologia assistiva ou ajuda técnica, cuja definição se encontra no Artigo 3º da Lei n° 13.146/15, assim como as tecnologias da informação e comunicação (TIC), desempenham papéis fundamentais na promoção e melhoria da qualidade de vida de pessoas com diferentes tipos de deficiência.

As tecnologias assistivas são todo e qualquer item, equipamento ou parte dele, produto ou sistema fabricado em série ou sob medida utilizadas para aumentar, manter ou melhorar as capacidades funcionais das pessoas com deficiência (Sartoretto; Bersch, 2023). Esses recursos podem ser desde equipamentos simples, como bengalas e próteses, até softwares e aplicativos que auxiliam na comunicação e no acesso à informação (Stein, 2023).

As TIC desempenham um papel complementar, fornecendo acesso à informação, à comunicação e às oportunidades de educação e emprego, possibilitando, especialmente ao indivíduo surdo (ou deficiente auditivo), o acompanhamento das inovações sociais. Segundo Homa e Pellanda (2006), ele é considerado um indivíduo incluído na sociedade quando consegue acompanhar o ritmo das novidades que se apresentam diante da sociedade.

Por meio de interfaces acessíveis e dos softwares adaptativos, as TIC permitem que pessoas com deficiência se conectem com o mundo digital, participando das redes sociais, acessando o conteúdo educacional e desfrutando de entretenimento, entre outras atividades. Além disso, as TIC possibilitam uma automação de tarefas do dia a dia, tornando a vida mais independente para muitos indivíduos com deficiência.

Em conjunto, a tecnologia assistiva e as TIC, segundo Bersch (2006), têm um impacto transformador na vida das pessoas com deficiência, capacitando-as a alcançarem seu pleno potencial, contribuindo de maneira significativa para a sociedade. É fundamental que essas tecnologias continuem a evoluir e se tornem cada vez mais acessíveis e inclusivas, garantindo que ninguém seja deixado para trás na era digital.

O primeiro passo para promover a inclusão de deficientes auditivos nas aulas de Desenvolvimento Web Frontend é a conscientização. Professores, alunos e administradores devem ser educados acerca das necessidades e dos desafios enfrentados por pessoas com deficiência auditiva. Isso inclui a compreensão das barreiras de comunicação que podem surgir e a importância de criar um ambiente inclusivo.

A sensibilização pode ser promovida por meio de workshops, palestras e materiais educativos que abordem as questões relacionadas à deficiência auditiva. Além disso, é importante incentivar a empatia e a compreensão entre os alunos, promovendo a aceitação da diversidade e a valorização das contribuições de todos.

A inclusão de deficientes auditivos nas aulas de Desenvolvimento Web Frontend é uma responsabilidade de todos os envolvidos na educação. Ao promover a conscientização, utilizando a tecnologia assistiva, adotando as práticas de comunicação efetiva e oferecendo flexibilidade no ensino e na avaliação, podemos criar um ambiente educacional acessível e enriquecedor para todos os alunos, independentemente de suas habilidades auditivas. Portanto, a inclusão não apenas beneficia alunos com deficiência, mas enriquece a experiência educacional de toda a comunidade acadêmica, preparando futuros desenvolvedores web para um mercado de trabalho diversificado.

Metodologia

Para a construção da intervenção pedagógica, recorremos às contribuições teóricas de Bersch (2006), Homa e Pellanda (2006), Sartoretto e Bersch (2023), Sassaki (2009) que abordam a temática em estudo.

A proposta apresentada consiste em um curso de extensão que pode ser desenvolvido na disciplina Desenvolvimento Web Frontend no Curso Técnico em Desenvolvimento de Sistemas, com a carga horária de 10 horas-aula semanais durante quatro meses, totalizando 160 horas de formação. Com a intervenção, temos o propósito de contemplar discentes das mais diversas idades, tendo como foco a inclusão de deficientes auditivos nas aulas.

O projeto de extensão terá como público-alvo os alunos do Curso Técnico em Desenvolvimento de Sistemas e abordará o tema web designer, contemplando os alunos surdos por meio de tecnologias assistivas:

Etapa 1

Realização de palestras para fins de conscientização da classe acerca da inclusão de estudantes com deficiências, transtornos ou síndromes. Assuntos a serem abordados nas palestras:

  • a importância de incentivar a qualificação dos profissionais em Libras;
  • o preparo dos educadores para receber os alunos surdos, tornando-os aptos a elaborar atividades que considerem suas particularidades;
  • o investimento na capacitação dos profissionais para acolher a diversidade dos estudantes; e
  • o incentivo a investimentos em recursos necessários para ambientes adaptados.

Período: 2 dias.

Etapa 2

Estudo de conceitos e fundamentos do WebDesign, com introdução a HTML “linguagem de marcação de hipertexto”, “manipulação de cores”, “manipulação de arquivos”, “inserção e dimensionamento de imagens em páginas web”.

Período: 30 dias.

Etapa 3

Instrução de como integrar a linguagem de marcação de texto a uma estilização de páginas web, utilizando CSS (Cascading Style Sheet) ou Folha de Estilo em Cascatas, com a aplicação de fontes, cores, leiautes e elementos específicos em uma página para criar um design agradável aos usuários.

Período: 30 dias.

Etapa 4

Apresentação do conceito Javascript, uma linguagem de programação para funcionalidades interativas em páginas web, a fim de aprender como integrar HTML, CSS e Javascript no mesmo projeto.

Período: 30 dias.

Etapa 5

Período reservado para exercícios de verificação da aprendizagem com o fim de testar os conhecimentos adquiridos durante o curso. Dentre as atividades avaliativas propostas, os alunos terão de desenvolver o projeto de webdesign, criando um site com cores, fontes e imagens.

Período: 30 dias.

  • Em todas as instruções orais dadas pelo professor durante o curso haverá o auxílio de um intérprete de Libras para interpretação ao aluno surdo. É importante que o professor fale pausadamente aos discentes com deficiência a fim de que aqueles em condições de realizarem leitura labial possam fazê-la. Nas telas dos alunos surdos haverá ferramentas tecnológicas, recursos didáticos e outros meios, como a inclusão de legendas em vídeos, transcrições de áudio com a tecnologia text-to-speech e a disponibilização de materiais em formatos acessíveis, com a implementação de QR Code redirecionando para vídeos com intérprete em Libras. Eles poderão ser empregados na adaptação e no processo de aprendizagem desse público específico, visando à sua permanente integração no curso.

Durante todo o curso da extensão haverá a promoção da interatividade dos alunos surdos com os demais integrantes da sala de aula. Essa integração é elemento crucial para uma inclusão eficaz, pois não é o resultado apenas de diretrizes técnicas, mas da empatia humana e da colaboração de toda a comunidade.

Assim, estas ações serão propostas para que haja a referida interação:

  • Elaboração constante de abordagens e de atividades em equipe, reforçando princípios de convivência, afeto, empatia e respeito entre todos os estudantes;
  • Nas aulas dinâmicas, as carteiras estarão dispostas em formato circular. Dessa maneira, o aluno terá a oportunidade de acompanhar o que os colegas estão comunicando por meio da leitura labial.

Resultados esperados

De acordo com os objetivos estabelecidos na proposta de intervenção pedagógica, pretende-se que o saber científico seja ativamente adquirido pelos alunos público-alvo desta pesquisa por meio das ações inclusivas descritas na seção “metodologia”.

Considerando o papel de cada participante, almeja-se a formação de um profissional capaz de aplicar os conhecimentos adquiridos em sua prática, fomentando o fortalecimento do processo de ensino-aprendizagem. A disseminação do conhecimento prático adquirido visa contribuir para a sua aplicação no dia a dia, consolidando e ampliando a aquisição de um conhecimento vasto e expressivo. Isso se traduz em uma formação abrangente e inclusiva.

Espera-se que na etapa 1, junto às palestras, seja desenvolvido o conhecimento acerca das necessidades específicas das pessoas surdas, transformando comportamentos e extinguindo preconceitos, influenciando positivamente as atitudes de cada estudante.

Espera-se que, na etapa 2, os estudantes adquiram conhecimento de HTML, peça-chave no âmbito da web e na construção de páginas, pois todo o conteúdo online possui elementos formatados por meio dessa linguagem, tornando-se, portanto, indispensável para qualquer iniciante ou profissional de desenvolvimento web compreendê-la.

Espera-se que, na etapa 3, os estudantes dominem a integração HTML e CSS, pois juntas elas representam um ponto de partida empolgante rumo ao universo do desenvolvimento web. Essas linguagens estabelecem o alicerce fundamental para a criação de páginas. Com elas são construídas a parte textual e a parte visual dos sites.

Espera-se que na etapa 4 os estudantes dominem o Javascript, uma vez que essa linguagem possibilita a inclusão de diversos recursos visuais, tornando o site mais interativo ao conceder ao desenvolvedor web a capacidade de aprimorar o conteúdo. Essa linguagem de programação possibilita a execução de comandos em resposta às interações do usuário.

Espera-se que a atividade de desenvolvimento do projeto de webdesign, durante a etapa 5, criando um site com cores, fontes e imagens, seja uma excelente forma de aplicar na prática os conhecimentos adquiridos durante o curso. Ademais, isso representa uma oportunidade valiosa para desenvolver projetos web com potencial de se tornarem produtos tangíveis fora do contexto do curso.

Considerações finais

A inclusão de estudantes com deficiência auditiva nos cursos de desenvolvimento web é indispensável para a promoção da diversidade e da igualdade de oportunidades no campo da tecnologia. Ao longo deste trabalho, pudemos observar como a adaptação de práticas pedagógicas e o uso de recursos específicos, visando ao atendimento das demandas desses estudantes, podem contribuir para a integração eficaz desse público, uma vez que a inclusão é um direito à cidadania.

Nesse sentido, a inclusão não se resume a um ato de justiça social, mas se configura como estratégia que enriquece a experiência educacional de todos os envolvidos, pois, ao promover a inclusão de pessoas com deficiência auditiva, cria um ambiente mais diversificado, em que diferentes perspectivas e habilidades se somam para enriquecer o processo de ensino-aprendizagem.

Durante a apresentação da proposta de intervenção, com foco na inclusão de estudantes com deficiência auditiva no Curso de Desenvolvimento Web, vimos como a utilização de legendas em vídeos, transcrições de áudio e a disponibilização de materiais em formatos acessíveis (a inserção de QR code direcionador para vídeos com intérprete em Libras, por exemplo) podem fazer toda a diferença para os alunos público-alvo desta pesquisa. Essas práticas não apenas tornam o conteúdo acessível como também demonstram um compromisso com a igualdade de oportunidades.

Por conseguinte, ao envolver estudantes com deficiência auditiva na área de desenvolvimento web, criamos profissionais mais conscientes da importância da acessibilidade às atividades laborais desenvolvidas durante o referido curso. Eles se tornam agentes de mudança, contribuindo para a construção de um ambiente mais inclusivo para todos, afinal nada mais pertinente do que o envolvimento de um profissional que sente na pele as dificuldades encontradas no mercado de trabalho por não ser capaz de abranger um público de profissionais com demandas específicas. Com isso, podendo elencar tais necessidades, bem como apontar as ameaças e as oportunidades que rondam o mundo do trabalho e o ambiente escolar no que se diz à inclusão de pessoas com deficiência.

É imprescindível continuar a promover a inclusão de pessoas com deficiência auditiva em cursos de Desenvolvimento Web, compartilhando boas práticas, incentivando à sensibilização e garantindo que todos tenham a oportunidade de participar ativamente na construção de um futuro mais equitativo na área de tecnologia. A inclusão é uma jornada constante e cada passo dado em sua direção representa um avanço para um mundo mais igualitário e acessível.

Referências

BERSCH, R. Tecnologia assistiva e Educação Inclusiva. In: BRASIL. MEC. Ensaios pedagógicos. Brasília: MEC/Seesp, 2006.

BRASIL. Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988.

BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília: Presidência da República, 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em: 27 out. 2023.

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SARTORETTO, Mara Lúcia; BERSCH, Rita. Tecnologia assistiva e Educação: o que é tecnologia assistiva? 2023. Disponível em: https://www.assistiva.com.br/tassistiva.html. Acesso em: 17 nov. 2023.

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STEIN, Otávio. Tecnologia e acessibilidade: uma dupla Inseparável. 2023. Disponível em: https://www.vlibras.com.br/acessibilidade-e-tecnologia/. Acesso em: 17 nov. 2023.

Publicado em 09 de abril de 2025

Como citar este artigo (ABNT)

FELIX, Vinicius de Souza; ARAÚJO, Jefferson Flora Santos de; Curso Técnico em Desenvolvimento de Sistemas: uma proposta de intervenção para a inclusão de alunos surdos na sala de aula. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 25, nº 13, 9 de abril de 2025. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/25/12/curso-tecnico-em-desenvolvimento-de-sistemas-uma-proposta-de-intervencao-para-a-inclusao-de-alunos-surdos-na-sala-de-aula

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