A preferência pelo Inglês no Enem: um estudo de caso no interior do Amazonas

Maria Ayane Costa Bastos

Mestra em Letras (UFAM)

Eliana de Macedo Medeiros

Mestra em Ensino de Ciências e Humanidades (UFAM)

Marta de Faria e Cunha Monteiro

Doutora em Linguística (UFSC)

Este artigo faz parte de um projeto de extensão da Universidade Federal do Amazonas, Instituto de Saúde e Biotecnologia (ISB/UFAM), cujo objetivo é ensinar aos alunos do 3º ano do Ensino Médio de uma escola pública de tempo integral do interior do Amazonas as técnicas de leitura em Língua Inglesa.

Para isso, utilizamos as provas do Enem de Língua Inglesa dos últimos cinco anos (2015-2020), trabalhando as técnicas de leitura e como aplicá-las em cada gênero textual abordado. Ao perceber que os alunos tinham facilidade em ler e interpretar textos em Inglês, surgiu a curiosidade em saber qual língua esses alunos escolheriam na prova do Enem, já que estudos como os de Mendes e Nunes (2019) e de Barbosa e Miguel (2019) demonstraram que, apesar dos alunos estudarem Inglês desde o Ensino Fundamental na escola, eles optam pelo Espanhol no Enem, especialmente na região norte do Brasil.

Este estudo aponta para uma quebra de paradigmas que ocorre para privilegiar em sua metodologia o ensino baseado em projetos, colocando seus estudantes como protagonistas do processo de aprendizagem, deixando de lado o tradicionalismo que por anos foi o principal método de ensino utilizado pelos professores das escolas públicas. Outra questão importante a ser mencionada é o fato da professora de Inglês - das turmas investigadas - estar em constante processo de formação continuada.

A relevância desse estudo se justifica pelo fato de a pesquisa mostrar que o processo de ensino-aprendizagem do Inglês pode ser significativo e cumprir o seu papel na escola pública.

Este artigo propõe a verificação da preferência dos alunos em relação ao idioma na prova do Enem, apresentando uma breve história da Escola CETI, discutindo o Enem e a avaliação da língua estrangeira, expondo o processo de ensino-aprendizagem do Inglês no Amazonas, apresentando metodologia, resultados da pesquisa e as considerações finais.

O que são as escolas CETI?

Os Centros Educacionais de Tempo Integral (CETI) fazem parte de um projeto de implementação que visa a melhoria da qualidade de educação ofertada no estado do Amazonas. Segundo Oliveira (2021), em 2002 o projeto de educação em tempo integral começou a ser implantado no estado do Amazonas em escolas estaduais adaptadas. Após testes pilotos realizados na capital foi necessário repensar uma estrutura adequada para receber os alunos que estudavam em tempo integral. Nesse contexto, ainda de acordo com Oliveira (2021, p. 9),

Em 20 de outubro de 2008, o Conselho Estadual de Educação publicou a Resolução n° 112/2008 (CEE/AM, 2008) aprovando o Projeto das Escolas de Tempo Integral por 02 anos (art.1º), autorizando o funcionamento de 8 (oito) escolas que já funcionavam com jornada ampliada desde 2002.

Surgiram, então, as escolas CETI. Segundo Oliveira (2021, p. 11), a primeira delas foi inaugurada em 2010, em Manaus. Posteriormente, a proposta das escolas de tempo integral foi ampliada, alcançando também o interior do estado do Amazonas, processo que vem ocorrendo gradativamente.

A escola CETI Professor Manuel Vicente Ferreira Lima, onde este estudo ocorreu, foi implantada em 2017, em Coari/AM. Ainda hoje, ela é a única escola em tempo integral do município. A instituição de ensino atende apenas o Ensino Médio e tem se mostrado relevante para a região onde está inserida.

São diversos os projetos desenvolvidos na escola, tanto nas disciplinas da Base Nacional Comum Curricular /BNCC (Brasil, 2018), como na parte diversificada do currículo. Os projetos corroboram o objetivo geral proposto pelo Projeto das Escolas de Tempo Integral que, segundo Amazonas (2008, p. 38 apud Oliveira, 2021, p. 10) é para

oferecer aos educandos uma formação em tempo integral capaz de construir competências e habilidades de acordo com áreas de conhecimento e saberes necessários à vida.  Desenvolvendo, assim, a ascensão social dos estudantes de baixa renda.

Dessa forma, percebe-se que é oportunizado mais que um acréscimo na carga horária, pois os professores se empenham em oferecer situações que tornem a aprendizagem significativa para a vida do estudante, auxiliando no seu pleno desenvolvimento, para que sejam capazes de protagonizar sua própria história.

O Enem e a avaliação de língua estrangeira

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) teve sua primeira aplicação em 1998. Inicialmente era utilizado para avaliar o desempenho dos alunos que saíam do Ensino Básico, consequentemente informando acerca do nível de educação ofertado no Brasil. Segundo o site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), em 2009 houve uma reformulação e esse exame passou a ser utilizado para o ingresso ao Ensino Superior.

O exame é considerado uma das principais portas de entrada para as universidades, o que o torna fundamental para a realização do sonho de muitos estudantes, sobretudo após os aprimoramentos feitos ao longo dos anos, pois, de acordo com o INEP (2020),

as notas do Enem podem ser usadas para acesso ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e ao Programa Universidade para Todos (ProUni). Elas também são aceitas em mais de 50 instituições de educação superior portuguesas. Além disso, os participantes do Enem podem pleitear financiamento estudantil em programas do governo, como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

Os conteúdos avaliados no Enem estão inseridos dentro de quatro grandes áreas de conhecimento:

  1. Linguagem, Códigos e suas Tecnologias,
  2. Ciências da Natureza e suas Tecnologias,
  3. Ciências Humanas e suas Tecnologias e
  4. Matemática e suas Tecnologias.

O exame é constituído por um total de cento e oitenta questões objetivas, divididas igualmente entre as quatro áreas de conhecimento e por uma questão subjetiva que é a redação.

De acordo com Rodrigues e Tagata (2014), a Língua Estrangeira se tornou objeto de avaliação no Enem em 2010 e foi inserida na área de Linguagem, Códigos e suas Tecnologias. No que concerne ao formato das questões de Língua Inglesa, segundo Sousa (2021, p. 44), ela "é organizada no seguinte formato: suporte em Inglês, comando em Português e alternativas, gabarito e distratores, também em Português".

Segundo Rodrigues e Tagata (2014), na avaliação de Língua Estrangeira a principal habilidade avaliada é a de leitura. Por isso, Sousa (2021) destaca a necessidade de se conhecer as estratégias de leitura para que o participante consiga realizar a prova em um tempo favorável.

Nesse contexto, no intuito de conhecer os rumos das pesquisas no cenário brasileiro, realizamos buscas referentes ao período de 2017 a 2022 no site Google Acadêmico por meio das palavras-chave: "Enem língua estrangeira". Nas páginas 1 e 2 da busca, encontramos nove trabalhos, entre eles artigos e dissertações os quais apresentamos, em ordem cronológica.

Quadro 1: Trabalhos voltados para a escolha do Inglês ou do Espanhol na prova Enem

 Ord.

Título do trabalho

Objetivo do trabalho

Ano

Linguística Aplicada e estudos discursivos: ensino-aprendizagem de espanhol como língua estrangeira num cursinho popular voltado para o Enem

Apresentar questões relacionadas ao ensino de língua espanhola tendo como foco a preparação dos alunos para a avaliação do Enem

2017

O ensino de espanhol abrindo caminhos para o Enem: entre a expectativa e a prática

Investigar como, na prática, os professores selecionam a tratam os conteúdos nas aulas de Espanhol - Língua Estrangeira (ELE) preparatórias para o referido exame nacional

2018

Políticas linguísticas e impacto social: a língua estrangeira no Enem

Investigar de que forma e quais políticas linguísticas fundamentam e justificam as provas de língua estrangeira (inglês e espanhol) do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)

2018

Estratégias de compreensão-interação leitora aplicadas às questões de Espanhol do Enem – Um gênero vale mais que mil palavras?

Propõe um olhar para um processo leitor baseado em estratégias metacognitivas de leitura a partir de aplicações de questões originais selecionadas de Espanhol/Língua Estrangeira Moderna, do caderno de "Linguagens, Códigos e suas Tecnologias" do Enem, e de questões elaboradas pelos pesquisadores em conformidade com os originais para alunos na condição de vestibulandos

2018

Inglês para o ENEM: relato de experiência de um projeto de extensão no IFPB campus Guarabira

Investigar a preferência pela língua estrangeira (inglês ou espanhol) no Exame Nacional do Ensino Médio dos alunos concluintes da EEEM Emir de Macedo Gomes de Linhares/ES, e os fatores que os levaram a essa predileção

2019

Concepção de compreensão leitora na prova de Língua Inglesa do Enem: um enfoque dialógico discursivo

Analisar as questões de língua estrangeira do Enem que trazem o enunciado verbo-visual e investigar como a habilidade de compreender tais enunciados é exigida dos candidatos/alunos

2019

Avaliação em língua estrangeira no Enem: um estudo das questões de língua espanhola

Refletir sobre a posição da Língua Espanhola em espaços educacionais brasileiros – neste caso, a prova do Enem

2019

Crenças linguísticas que norteiam a escolha da língua espanhola para o Enem

Investigar as crenças linguísticas que norteiam a escolha da Língua Espanhola como língua estrangeira para o Enem bem como quais delas são predominantes

2019

Língua Espanhola nas provas do Enem – considerações sobre as concepções de ensino-aprendizagem presentes nas provas de 2015 e 2016

Compreender que(quais) concepção(ões) de ensino/aprendizagem subjaz(em) à prova de Língua Estrangeira Moderna: Espanhol

2022

Dos nove trabalhos encontrados no site de busca durante o referido período, seis deles retratam a Língua Espanhola. Um dos trabalhos traz as políticas linguísticas que fundamentam e justificam as provas de língua estrangeira, tanto de Inglês como de Espanhol no Enem e dois dos trabalhos retratam a Língua Inglesa no referido exame.

Como é perceptível, as discussões acerca das questões em Inglês no Enem estão em um número inferior às questões de Espanhol. Nesse sentido, este trabalho foi desenvolvido justamente por se reconhecer a importância das estratégias de leitura na avaliação da Língua Inglesa como proposta no ENEM e por sua importância aos alunos, principalmente, porque muitos deles só tiveram acesso à língua ofertada na escola regular e, no estado do Amazonas, a língua de oferta é a Língua Inglesa.

Processo de ensino-aprendizagem do Inglês no Amazonas

As discussões acerca da temática trouxeram grandes contribuições para o setor educacional e para o desenvolvimento humano de um modo geral. Nesse sentido, trazemos um pequeno recorte de como esse ensino é orientado nas escolas regulares do Amazonas.

Vygotsky (1984) leva a refletir a respeito do ensino-aprendizagem como um processo, quando propõe que o desenvolvimento cognitivo deve depender da interação de um homem com o outro no espaço social. Segundo Figueiredo (2019), no caso da sala de aula, esse mediador é o professor.

Nesse sentido, compreendemos o ensinar-aprender como um processo gradativo, flexível e árduo que extrapola o limite de duas aulas na semana. Essas aulas devem fazer conexão e serem a base para a compreensão do Inglês, visto fora dos muros da escola.

O ensino de línguas estrangeiras ofertado nas escolas regulares brasileiras foi regulamentado com a Lei de Diretrizes e Bases - LDB (Brasil, 1996), tornando a oferta obrigatória no Ensino Fundamental e Médio. Posteriormente, com o surgimento da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o Inglês recebeu o status de língua franca. O Referencial Curricular Amazonense (RCA) (Amazonas, 2019) coaduna com a BNCC (Brasil, 2018), uma vez que orienta o ensino do Inglês considerando os interesses do aluno e o ambiente no qual ele está inserido.

Na prática, o processo de ensino-aprendizagem do Inglês se inicia formalmente nas escolas regulares do Amazonas a partir do sexto ano do Ensino Fundamental, em duas aulas por semana da disciplina, como componente da Base Nacional Comum Curricular.

No que concerne aos objetos de conhecimento da área de linguagens em que a disciplina Inglês se encontra situada, eles são organizados em cinco eixos: escrita, leitura, oralidade, aspectos linguísticos e dimensão intercultural (Brasil, 2018). É importante compreender que, de acordo com Amazonas (2019, p. 59),

no Ensino Médio, a Língua Inglesa está ancorada em aspectos como o protagonismo juvenil, cujo foco está no desenvolvimento da autonomia de forma crítica, ética e permeia as práticas sociais e interculturais. Dessa forma, as aprendizagens da língua franca permitirão aos estudantes uma compreensão ampla do mundo em que vivem a partir de sua realidade, além de explorar novas perspectivas e acesso a informações.

Nesse sentido, entendemos que a interpretação de texto não deve se encerrar no próprio texto, mas deve ser uma oportunidade de conhecer o mundo e de refletir criticamente sobre ele, pois o trabalho com textos não pode ser engessado, mas deve competir para o desenvolvimento linguístico, bem como para formação integral do estudante.

Metodologia

Esta pesquisa é de abordagem qualitativa. Segundo Creswell (2014, p. 49), "consiste em um conjunto de práticas interpretativas que tornam o mundo visível. Essas práticas transformam o mundo". Os participantes foram 42 alunos de 2 turmas do 3˚ ano do Ensino Médio de uma escola pública. O instrumento de coleta de dados foi um questionário com 3 questões. Para a análise dos dados foi utilizada a Análise de Conteúdo, tendo por referência Bardin (2016).

A Escola CETI oferta o Ensino Médio para uma média de 600 alunos matriculados no período diurno/integral, com duas horas-aula de Inglês semanalmente. Porém, disponibiliza-se ainda duas disciplinas eletivas (da parte diversificada do currículo) voltadas ao aprofundamento da Língua Inglesa.

A pesquisa de campo ocorreu após a aplicação da prova do Enem, no ano de 2021, junto às turmas que participaram do projeto de extensão aplicado por uma professora do Instituto de Saúde e Biotecnologia (ISB/Coari/UFAM).

Resultado da pesquisa

Este estudo visou verificar a escolha dos alunos do 3º ano do Ensino Médio acerca do idioma (inglês ou espanhol) para a prova do Enem, assim como saber quantas questões foram acertadas no exame pelos estudantes. Os dados obtidos, dessa amostra de 42 alunos de uma escola de tempo integral, localizada no interior do Amazonas, sugere uma quebra de paradigmas em relação ao ensino da Língua Inglesa nas escolas públicas.

A primeira pergunta foi a seguinte: "Qual a sua escolha de idioma no momento da inscrição do exame?".

Como respostas, 54,8% dos participantes escolheram o Inglês e 45,2%, o Espanhol. Dessa forma, podemos perceber que os alunos da escola investigada, em sua maioria, optaram pelo Inglês na prova do Enem. Esses dados vão de encontro à pesquisa realizada por Mendes e Nunes (2019, p. 124), pois eles constatam que,

apesar de os alunos estudarem o Inglês desde o Ensino Fundamental II e o Espanhol apenas no último ano do Ensino Médio, a maioria dos estudantes opta pelo Espanhol para a realização do exame.

A escolha dos estudantes da escola CETI pelo Inglês no Enem, deve-se ao fato de os professores de Inglês trabalharem as técnicas de leitura diretamente por meio dos gêneros textuais, voltados às avaliações externas.

Os dados demonstram ainda a valorização do Inglês ensinado na escola pública, indo de encontro ao argumento de que os alunos que escolhem o Inglês como Língua Estrangeira são todos oriundos de cursinhos, conforme proposto em Barbosa e Miguel (2007, p. 310).

Esse número reduzido de estudante que ainda optam pela LI deve-se, possivelmente, ao fato de terem frequentado cursinhos ou outro ambiente pensado especificamente para o ensino de língua estrangeira.

Conforme exposto anteriormente, alguns estudos indicam a preferência dos alunos pelo Espanhol em algumas regiões do Brasil, mesmo quando a língua ensinada nas escolas estaduais ou municipais é o Inglês. Porém, as respostas expostas no quadro (gráfico) demonstram que o Ensino do Inglês está ganhando mais espaço na hora da realização do exame do Enem, pois os alunos se mostraram confiantes e estão percebendo que não precisam ser fluentes no idioma para conseguirem desenvolver uma determinada habilidade. Nesse caso, a leitura e a interpretação de texto, quando aprendidas como técnicas, auxiliam na interpretação desses textos.

Outra pergunta feita aos alunos foi: "O que fez você optar por este idioma?". Para essa pergunta tivemos as seguintes respostas:

  1. Estudamos inglês desde a sexta série, então acho que seria mais fácil que no espanhol, mesmo espanhol sendo mais parecido com o português é difícil pois tem os falsos cognatos.
  2. É o idioma que mais consigo entender.
  3. Tenho mais conhecimento nesse idioma.
  4. Disciplina em que eu estava tendo aula na escola.
  5. A facilidade em compreender muitas das vezes por conta da familiaridade que tenho com o idioma de Língua Inglesa.
  6. Por eu ter uma noção base sobre a escrita e fala da Língua Inglesa.
  7. No decorrer do meu Ensino Médio, tive uma excelente base na disciplina de Língua Inglesa, o que me despertou muito interesse na mesma e me fez optar por ela no Idioma do Enem.
  8. É o idioma do mundo globalizado.
  9. Por fazer inglês desde o Fundamental é bem mais fácil interpretar texto em inglês do que espanhol, pois conheço mais palavras em inglês do que espanhol.
  10. Minha professora de inglês no ano que aconteceu a prova ensinava tão bem que por esse motivo optei pelo idioma Inglês.

Com base nessas respostas, podemos perceber que os alunos que optaram por fazer o Enem privilegiando o Inglês, fizeram a prova pelo fato de terem uma facilidade maior no idioma e, também, eles mencionam que a metodologia utilizada pela professora do Ensino Médio facilitou a aprendizagem da disciplina.

Esse dado demonstra que "o professor deve oportunizar situações de aprendizagem em que o aluno participe ativamente desse processo". (Tabile; Jacometo, 2017, p. 79). Esse processo de aprendizagem significativa está entrelaçado às metodologias diferenciadas e adotadas pela escola CETI que prioriza o ensino-aprendizagem com base em projetos. Para Souza e Queiroz (2016, p. 179), "é preciso adaptar o conteúdo a um contexto que permita a aprendizagem".

Os depoimentos dos participantes G e J nos levam a enxergar a escola pública como um ambiente que pode, sim, cumprir o seu papel na sociedade, de oferecer uma educação de qualidade.

A outra pergunta feita aos alunos foi a seguinte: Como foi seu desempenho em relação ao idioma selecionado? A resposta está representada no Gráfico 1.

Gráfico 1: Desempenho na prova

Pelo Gráfico 1, podemos constatar que a maioria dos alunos conseguiu êxito na prova de Língua Estrangeira do Enem, pois quase a metade deles conseguiu acertar mais de quatro questões em uma prova que contém cinco perguntas. Isso mostra o quanto as aulas de Inglês, na escola pesquisada, estão sendo proveitosas para os alunos que estão concluindo o Ensino Médio.

O desempenho dos alunos em responder às questões de leitura e interpretação de texto sugere que estão conseguindo aprender a habilidade de leitura e, ainda, aprender vocabulários na língua. Também revela que grande parcela dos alunos deste estudo, consegue interpretar um texto em inglês, independentemente do gênero textual apresentado. 

Considerações finais

Por meio da análise dos dados, constatou-se que a maioria dos estudantes que fizeram parte da pesquisa optaram pela Língua Inglesa no Enem. Essa escolha se deu pelo fato dessa disciplina ter sido ofertada desde o Ensino Fundamental. Outros fatores que contribuíram para ela, foi uma metodologia diferenciada e profissionais comprometidos.

As respostas dos alunos nos fazem perceber o quanto são necessários planejamentos e um método de ensino adequado em sala de aula. Oportunizar aos alunos estratégias de aprendizagens direcionadas ao que se pretende alcançar em sala de aula, tornando a sala de aula um local de construção de conhecimento e ensino, torna a ação pedagógica mais prazerosa, tanto para o docente quanto para os discentes.

Dessa forma, podemos constatar que para existir uma aprendizagem significativa é preciso formação contínua aos docentes, assim como uma parceria entre escola-universidade-comunidade. Também é significativo trabalhar por meio de estratégias de ensino que possibilitem o protagonismo do aluno, quebrando o paradigma do ensino tradicional, com projetos voltados para uma aprendizagem mais significativa.

Em suma, os dados evidenciaram que a maioria dos participantes (54,8%) optou pelo Inglês na realização da prova do Enem no ano de 2021. Essa parcela conseguiu êxito na avaliação. Dessa maneira, esperamos que este estudo amplie as discussões acerca da temática que ainda é carente de pesquisas. 

Referências

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Publicado em 07 de maio de 2025

Como citar este artigo (ABNT)

BASTOS, Maria Ayane Costa; MEDEIROS, Eliana de Macedo; MONTEIRO, Marta de Faria e Cunha. A preferência pelo Inglês no Enem: um estudo de caso no interior do Amazonas. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 25, nº 16, 7 de maio de 2025. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/25/16/a-preferencia-pelo-ingles-no-enem-um-estudo-de-caso-no-interior-do-amazonas

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