Escola verde é escola segura: construindo um futuro sustentável

Marden Deivson de Melo

Mestrando em Sustentabilidade e Tecnologia Ambiental (IFMG - Câmpus Bambuí), graduado em Engenharia Elétrica (IFMG - Câmpus Formiga), em Matemática (UniBF) e em Física (UniBF), especialista em Docência no Ensino Superior, Engenharia de Automação e Eletrônica Industrial, Ensino da Matemática e Engenharia de Segurança do Trabalho, professor na E. E. Jalcira Santos Valadão e no projeto Trilhas de Futuro no IFMG - Câmpus Arcos

Fernanda Carla Wasner Vasconcelos

Doutora em Ciências (UFLA), mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos (UFMG), especialista em Gestão Ambiental (PUC-Minas), pós-doutoranda em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos (UFMG), coordenadora do curso de pós-graduação em Gestão Ambiental Organizacional (PUC Virtual), professora colaboradora no Mestrado Profissional de Sustentabilidade e Tecnologia Ambiental no IFMG - Câmpus Bambuí

Ariane Flávia do Nascimento

Doutora em Nutrição e Produção de Animais Não Ruminantes e Reprodução de Peixes (UFLA), mestre em Ciências Veterinárias (UFLA), pós-graduada em Docência (IFMG – Câmpus Arcos), graduada em Medicina Veterinária (UFLA), docente do IFMG - Câmpus Bambuí e do Mestrado Profissional em Sustentabilidade e Tecnologia Ambiental

Renan Donizette Fonseca

Mestre em Educação pela UFLA, licenciado em História, bacharel em Humanidades (UFVJM), professor/diretor escolar na E. E. Jalcira Santos Valadão

No início dos processos de industrialização, por volta de 1760, com a primeira Revolução Industrial e o advento da mecanização dos processos, principalmente através da energia hidráulica e do vapor, ocorreu um significativo avanço tecnológico e econômico. No entanto, a preocupação com os recursos naturais, assim como a segurança dos trabalhadores no ambiente fabril, era quase inexistente.

Durante muito tempo, a classe burguesa manteve seu foco na maximização de seus lucros, negligenciando questões fundamentais como a gestão adequada de resíduos e a proteção dos trabalhadores. A conscientização sobre a segurança no trabalho e o uso responsável dos recursos ambientais só emergiu de forma significativa no final do século XX.

Ao longo do tempo, tornou-se cada vez mais evidente e preocupante o aumento dos impactos ambientais e dos riscos à saúde dos trabalhadores, impulsionando a disseminação do termo 'ambiente' em sua dualidade, tanto no contexto de ambiente de trabalho quanto no âmbito do meio ambiente.

Esse termo foi sendo disseminado até fazer parte do primeiro grande encontro mundial – a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, ocorrida em Estocolmo, entre 5 e 16 de junho de 1972. Essa conferência gerou uma série de critérios e princípios comuns que objetivavam oferecer aos povos do mundo inspiração e guia para preservar e melhorar o meio ambiente humano, gerando a Declaração de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano (Carreira, 2020).

No Brasil, somente com a entrada em vigor da Constituição Federal de 1988 (Brasil, 1988), normas que tratavam da segurança do trabalho passaram a adequar-se à nova Carta Magna, criando garantias trabalhistas e preceitos de segurança e medicina do trabalho até então esquecidos pela legislação do país (Barsano; Barbosa, 2018).

A CF/1988 também trouxe importantes quesitos sobre meio ambiente. O Art. 225 da Constituição Federal de 1988, em seu § 1º, IV, incumbe o Poder Público, nas suas diversas esferas, de promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente (Gurgel Júnior, 2023).

Conquanto não seja pioneira, a CF/1988 ostenta um dos mais completos e avançados textos de proteção ambiental, que é o Art. 225, inserido no capítulo específico sobre o meio ambiente, dentro do título da ordem social (Capítulo VI do Título VIII), sem considerar que em todo o corpo constitucional aparecem várias referências explícitas e implícitas sobre o meio ambiente, correlacionadas a temas fundamentais da ordem constitucional (Santos, 2021).

Ela representa um marco histórico para a sociedade brasileira. Com sua promulgação, o Brasil viu-se diante de um panorama legislativo renovado, trazendo garantias trabalhistas e preceitos de segurança do trabalho antes negligenciados. Além disso, ela incorporou importantes quesitos sobre meio ambiente, evidenciando o compromisso do Estado em promover a preservação ambiental e a conscientização pública.

Sendo assim, como educadores, temos a responsabilidade de preparar nossos alunos para enfrentar os desafios relacionados à sustentabilidade e à segurança do trabalho auxiliando-os no desenvolvimento da consciência crítica e de competências e habilidades que permitam que os alunos sejam protagonistas no processo de ensino-aprendizagem, e se preparem para suas vidas pessoais e profissionais.

Segundo Tocafundo et al. (2021, p. 17), no sentido de que o aluno seja protagonista no processo de ensino-aprendizagem, surge um novo paradigma de ensino designado por metodologias ativas que está associado à mudança de postura, pela qual gradativamente o professor assume a posição de mediador ou de parceiro na construção de conhecimentos.

As bases das metodologias ativas apresentam muitas possibilidades de ensino-aprendizagem no ensino das ciências ambientais. Dentre as possibilidades de metodologias ativas, destaca-se a Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) que se orienta na construção de conhecimento por meio de um trabalho longo de investigação, que responda a uma pergunta complexa, problema ou desafio (Lessa, 2021).

O desafio apresentado aos alunos consistiu em encontrar meios pelos quais pudessem sensibilizar a comunidade escolar quanto à relevância das práticas sustentáveis e da segurança no ambiente de trabalho, buscando, dessa forma, elaborar propostas concretas para promover a conscientização e implementar aprimoramentos nessas áreas.

O presente artigo apresenta um relato de experiência de uma atividade utilizando o conceito de ABP, desenvolvida com alunos do 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Jalcira Santos Valadão, em Formiga/MG, visando responder à seguinte pergunta de pesquisa: como introduzir os alunos do 3º ano do Ensino Médio em práticas educativas voltadas para a sustentabilidade e segurança no ambiente de trabalho?

Educação Ambiental

A Educação Ambiental pode ser entendida como um conjunto de ensinamentos teóricos e práticos com o objetivo de levar à compreensão e de despertar a percepção do indivíduo sobre a importância de ações e atitudes para a conservação e a preservação do meio ambiente, em benefício da saúde e do bem-estar de todos (Teixeira, 2007).

Comportamentos ambientalmente corretos devem ser aprendidos na prática, no cotidiano da vida escolar, contribuindo para a formação de cidadãos responsáveis. Assim, a Educação Ambiental é uma maneira de estabelecer tais processos na mentalidade de cada criança, formando cidadãos conscientes e preocupados com a temática ambiental (Roos; Becker, 2012).

Segundo Jacobi (2003, p. 190), a dimensão ambiental está se tornando cada vez mais uma questão que requer a participação de diversos atores no âmbito educacional, potencializando o engajamento dos alunos, a colaboração entre diferentes sistemas de conhecimento, a capacitação de profissionais e o envolvimento da comunidade escolar em uma abordagem interdisciplinar. No entanto, a questão ambiental de modo instrumentalizado e dissociado das questões sociais e a ausência de abordagens críticas fortalecem uma formação que negligencia os problemas socioambientais e desqualifica a formação de pessoas atuantes em prol de justiça e igualdade socioambientais (Silva; Loureiro, 2020).

Assim, a Educação Ambiental assume papel importante na formação de cidadãos conscientes e responsáveis. Ela visa despertar a percepção dos alunos e promover comportamentos sustentáveis para que futuramente, como adultos, eles possam ser mais conscientes.

Para que o aprendizado seja efetivo, as escolas precisam tornar o processo claro, contínuo, e permitir que as ações aprendidas em sala de aula se integrem a todo o aprendizado diário dos alunos. A Educação Ambiental (EA) deve despertar o interesse dos alunos em levar esses ensinamentos para fora da escola para que, posteriormente, possam transmitir as práticas e os ensinamentos de seu aprendizado diário, para os ambientes sociais e familiares (Borges, 2024).

Nesse contexto, as questões ambientais e ecológicas se mostram como uma riquíssima fonte de desenvolvimento de ações educativas que proporcionam o engajamento da comunidade escolar na preservação das riquezas da natureza, para garantir uma melhor qualidade de vida para todas as pessoas (Souza, 2023).

A educação para a sustentabilidade

Durante várias décadas, a comunidade científica e as instituições internacionais vêm chamando a atenção para a situação de autêntica emergência socioambiental do planeta em que estamos inseridos e a necessidade de contribuir para a formação de uma cidadania consciente para atingir a sustentabilidade (Lima, 2020).

A sustentabilidade é um termo que expressa a preocupação com a qualidade de um sistema que diz respeito à integração indissociável (ambiental e humano), e avalia suas propriedades e características, abrangendo os aspectos ambientais, sociais e econômicos. Essa avaliação realiza-se em determinado ponto estático, como em uma fotografia do sistema, ou seja, sua qualidade naquele instante, apesar de o sistema ser dinâmico e complexo (Feil; Schreiber, 2017).

De acordo com Silva e Pontes (2020, p. 30.321),

muitas organizações internacionais e nacionais, governantes, organizações não governamentais e sociedade civil têm usado cada vez mais os termos ‘sustentável ou sustentabilidade’ como um mix de suas ações e gestões no ínterim do meio ambiente. Por que se tornou tão frequente e necessário o uso destes termos? Por que tudo agora tem dado ênfase à sustentabilidade?

Nesse contexto, a educação para a sustentabilidade tem sido amplamente reconhecida como ferramenta crucial para promover a conscientização e a mudança de comportamento em relação à sustentabilidade ambiental, econômica e social (Novaes et al., 2023).

É importante que os alunos, sendo protagonistas do processo de ensino-aprendizagem, desenvolvam uma capacidade crítica para discernir entre as diversas definições e abordagens da sustentabilidade, apesar das ambiguidades e contradições presentes em sua definição, muitas vezes influenciadas por modismos passageiros. Mais do que apenas uma preocupação ambiental, a sustentabilidade abrange dimensões econômicas e sociais igualmente importantes.

A Lei nº 13.415/17 alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e estabeleceu uma mudança na estrutura do Ensino Médio, ampliando o tempo mínimo do estudante na escola, de 800 para 1.000 horas anuais (até 2022) e definindo uma nova organização curricular, mais flexível, que contemple uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a oferta de diferentes possibilidades de escolhas aos estudantes, os itinerários formativos, com foco nas áreas de conhecimento e na formação técnica e profissional (Brasil, 2017).

Sendo assim, os modos de ensinar passaram por algumas mudanças, especialmente no que se refere ao emprego de diferentes tecnologias e à necessidade de se imprimir um olhar diferenciado nas práticas educativas (Bullara, 2020).

O tema ensinar traz em si uma polissemia que resulta em várias áreas de atuação docente e investigação. No que diz respeito ao ensino escolar, pode ser preparar um indivíduo para, dentre outras metas, responder às necessidades pessoais e aos anseios de uma sociedade em constante transformação, e superar desafios propostos pela reconstrução de novas tendências técnicas, tecnológicas e sociais, assim como dialogar com um mundo novo e dinâmico, formar cidadãos críticos e conscientes do seu papel na construção de um mundo melhor. Nesse âmbito, surgem as metodologias ativas (MA) (Tocafundo et al., 2021).

É notório que a grande maioria dos estudantes se sente desestimulada com os métodos tradicionais de ensino, e esse fator, atrelado às atratividades que as tecnologias promovem, contribui, e muito, para o fracasso escolar (Martins, 2022).

Sendo assim, as metodologias ativas estimulam nos alunos habilidades e competências para uma participação ativa na sociedade. Ao trabalhar em projetos colaborativos e resolver problemas do mundo real, eles se tornam cidadãos mais informados, engajados e responsáveis, capazes de contribuir de forma construtiva para a comunidade e para o mundo em geral.

Uma dessas metodologias é a ABP (Aprendizagem Baseada em Projetos). Segundo Borochovicius e Tortella (2014, p. 263) "a ABP é um método que tem como propósito tornar o aluno capaz de construir o aprendizado conceitual, procedimental e atitudinal por meio de problemas propostos que o expõe a situações motivadoras e o prepara para o mundo do trabalho".

A ABP destaca-se como uma ferramenta eficaz para estimular a participação ativa dos alunos, preparando-os para os desafios do mundo do trabalho, ao mesmo tempo em que proporciona uma experiência educacional dinâmica e relevante.

A utilização da ABP como uma prática educacional dinâmica, associada ao fato de os alunos serem nativos digitais, abre espaço para a utilização de outra importante ferramenta que, se utilizada de forma correta, pode ser uma grande aliada no processo de ensino-aprendizagem, a inteligência artificial (IA).

O uso de IA na educação (no inglês, Artificial Intelligence in Education - AIED) também é controverso, uma vez que a aplicação de inteligência artificial tende a substituir tarefas humanas. Se isso for tomado por uma perspectiva objetivista, pode-se ter o errôneo pensamento da máquina como substituta do professor. No entanto, há muito potencial no uso de inteligência artificial como suporte para tarefas de aprendizagem, tanto na perspectiva do aluno como na perspectiva dos professores (Tavares et al., 2020).

A IA cria possibilidades e oportunidades para contribuir e enriquecer os estudos em sala de aula, devido à sua ampla aplicabilidade. Ela pode ser utilizada na geração de textos, vídeos, áudios e em várias outras aplicações, além de despertar a atenção e o interesse dos alunos.

O Curso Técnico em Segurança do Trabalho

O trabalho foi realizado na Escola Estadual Jalcira Santos Valadão em Formiga/MG, com os alunos do 3º ano do Ensino Médio em tempo integral – profissional, com habilitação em técnico em Segurança do Trabalho.

O curso Técnico em Segurança do Trabalho pertence ao eixo tecnológico Segurança e é ofertado na forma integrada nas escolas da rede estadual que participam do programa Ensino Médio de Tempo Integral Profissional, com carga horária total de 4.500 horas, integralizadas em três anos (SEE-MG, 2023), com 45 h/a semanais, divididas entre a Formação Geral Básica (em que se contempla a BNCC) e os itinerários formativos das áreas de conhecimento e do Mundo do Trabalho, Projeto de Vida, Eletivas, Pesquisa e Intervenção, Atividades Integradoras) e os componentes curriculares do Curso Técnico em Segurança do Trabalho.

O curso tem principalmente disciplinas relacionadas à gestão ambiental, segurança e medicina do trabalho, disciplinas estas que desempenham um papel essencial na formação dos alunos, pois fornecem conhecimentos e habilidades fundamentais para promover a sustentabilidade ambiental e garantir a segurança no ambiente de trabalho.

Além disso, uma das disciplinas do 3º ano do curso é Técnicas de Treinamento, cujo principal objetivo é utilizar de forma eficiente os processos de comunicação para resolver problemas.

Dessa forma, surgiu a ideia de um projeto que integre os temas de preservação ambiental e legislação trabalhista, alinhados aos objetivos da disciplina de Técnicas de Treinamento. O propósito é capacitar os alunos a compreender a importância de práticas responsáveis e seguras em suas atividades profissionais, ao mesmo tempo que conscientiza a comunidade escolar sobre esses aspectos.

Metodologia

O trabalho de pesquisa foi realizado com alunos do 3º ano do Ensino Médio do turno integral, totalizando oito alunos. Foi proposto um trabalho prático para ser realizado com base na metodologia ativa ABP, em que os alunos deveriam analisar dados específicos do Worldometers relacionados ao meio ambiente e à segurança do trabalho. O objetivo proposto era identificar tendências, desafios e oportunidades, e, com base nessas análises, desenvolver propostas práticas para a conscientização dos membros da comunidade escolar.

O Worldometers é um site que fornece estatísticas e estimativas em tempo real sobre diversos tópicos, como população mundial, governo e economia, sociedade e mídia, meio ambiente, alimentos, água, energia e saúde, além de tabelas, gráficos e contadores.

Os alunos receberam instruções para acessar o site no laboratório de multimeios da escola, com foco em dois aspectos principais: meio ambiente e segurança no trabalho. Eles deveriam observar os números e tendências apresentados no site, selecionar dados relevantes, organizá-los e, a partir deles, desenvolver propostas tangíveis para conscientizar a comunidade escolar.

Após acessarem o site, os alunos selecionaram os dados que acreditaram que seriam importantes para seu trabalho de conscientização. Eles participaram de uma roda de conversa para discutir como transmitir o conhecimento adquirido para a comunidade escolar e decidir o título do projeto, posteriormente à seleção dos dados relevantes para o projeto. Além disso, optaram por dividir-se em três grupos: um grupo de dois alunos que ficaria responsável por elaborar uma apresentação em slides para ser exibida na escola; outro grupo de dois alunos desenvolveria uma cartilha digital (optando-se por esse formato para evitar o desperdício de papel); e um terceiro grupo, composto por quatro alunos, produziria cartazes para serem fixados nos painéis na entrada da escola.

Análise dos resultados

O projeto foi realizado pelos estudantes no período de 26 de fevereiro a 22 de março de 2024. Como resultado do trabalho, foram produzidos nove cartazes, uma cartilha e uma apresentação em slides. Para criar esses materiais, os alunos selecionaram os seguintes tópicos do site Worldometers:

  • Energia usada atualmente no planeta;
  • Quantidade de água utilizada nesse ano;
  • Liberação de produtos químicos tóxicos pela indústria esse ano (toneladas);
  • Número de pessoas com sobrepeso;
  • Quantidade de pessoas que morreram de fome;
  • Pessoas subnutridas;
  • Gastos globais com videogames;
  • Emissões de CO₂;
  • Perda de florestas no ano;
  • Áreas afetadas pela desertificação;
  • Liberação de produtos tóxicos no meio ambiente;
  • Uso de energia solar;
  • Extração e consumo de petróleo;
  • Mortes causadas por doenças relacionadas à água;
  • Número de pessoas sem acesso a uma fonte segura de água renovável;
  • Uso de energia renovável e não renovável;
  • Número de mortes em acidentes de trânsito no ano;
  • Áreas perdidas devido à erosão do solo;
  • Taxas de suicídio;
  • Incidência de doenças ocupacionais.

Além disso, foram organizados os tópicos escolhidos de acordo com as temáticas: dados populacionais, dados ambientais, dados relacionados à água, dados relacionados à energia e dados sobre segurança do trabalho.

Com base nas cinco temáticas escolhidas, foram criados textos e imagens baseados nelas, utilizando inteligências artificiais para os cartazes, para a apresentação e para a cartilha.

Quadro 1: Cronograma das atividades desenvolvidas

Atividade

Data

Proposta do trabalho

26/02/2024

Pesquisa e escolha dos tópicos relevantes no laboratório multimeios da escola

27/02/2024

Escolha do título do projeto e dos produtos a serem confeccionados

27/02/24

Organização dos tópicos escolhidos de acordo com as temáticas: Dados populacionais, dados ambientais, dados relacionados à água, dados relacionados a energia, dados sobre segurança do trabalho

04/03/2024

Geração dos textos e imagens

05/03/2024 – 15/03/2024

Confecção dos cartazes

16/03/2024

Entrega da versão final da cartilha e da apresentação de slides

22/03/2024

Foram utilizadas as seguintes inteligências artificiais: Copilot, ChatGPT e POE.AI. Os alunos foram orientados a utilizar essas ferramentas com cautela, pois, como inteligências artificiais, sua eficácia depende dos comandos fornecidos. Além disso, foi ressaltada a importância de adotar uma postura crítica em relação aos dados gerados, já que as IA tendem a produzir resultados com base nas informações disponíveis, que nem sempre são precisas ou correspondem inteiramente às expectativas.

Os nove cartazes produzidos foram afixados nos painéis junto à entrada da escola, de modo a garantir sua visibilidade a todos os frequentadores do ambiente escolar. A imagem a seguir mostra os referidos cartazes fixados nos painéis.

Figura 1: Cartazes fixados na entrada da escola

A cartilha produzida foi intitulada Escola verde e segura: construindo um futuro sustentável. Foi elaborada por dois dos discentes e representa uma valiosa contribuição técnica, englobando informações pertinentes acerca da segurança do trabalho e da preservação ambiental. Compreendendo dez páginas, aborda temáticas que envolvem desde acidentes no trabalho e enfermidades ocupacionais, além de apresentar dados estatísticos relacionados à demografia global, ao meio ambiente, à água e à energia. Destinada aos estudantes, docentes e colaboradores da escola, a cartilha foi disponibilizada em formato digital, proporcionando acessibilidade e facilidade de compartilhamento.

Figura 2: Cartilha Escola verde e segura: construindo um futuro sustentável

A apresentação de slides também aborda diversas temáticas relacionadas à sustentabilidade e meio ambiente. O conteúdo está organizado em um total de 21 slides.

Os tópicos discutidos incluem a importância da conscientização ambiental para o correto funcionamento do meio ambiente, os impactos negativos da fome, o problema do excesso de peso e suas consequências para a saúde, dados sobre o mercado de videogames, questões relacionadas ao suicídio e suas complexidades, a perda florestal e o aumento do desmatamento ao longo dos anos, a desertificação e suas áreas afetadas, os riscos dos produtos tóxicos liberados no ambiente, as consequências da erosão do solo e técnicas de manejo e proteção, as mortes causadas por doenças relacionadas à água, o consumo global de água e suas principais utilizações, a falta de acesso a fontes de água potável e segura, a diferenciação entre energia renovável e não renovável, a energia solar como uma alternativa sustentável, informações sobre o petróleo como recurso energético, as emissões de CO2 e seu impacto no aquecimento global, além de dados sobre mortes em acidentes de trânsito.

A apresentação também trata brevemente de doenças relacionadas ao trabalho e da importância de cuidar do meio ambiente no ambiente de trabalho.

Figura 3: Apresentação em slides criada pelos alunos

Conclusões

O trabalho teve resultados extremamente positivos. Durante todo o processo, os alunos demonstraram um engajamento significativo na realização das atividades propostas. Ao serem desafiados a encontrar maneiras de sensibilizar a comunidade escolar sobre a importância das práticas sustentáveis e da segurança no ambiente de trabalho, os alunos se mostraram verdadeiros protagonistas do processo de ensino-aprendizagem. Eles abraçaram a oportunidade de investigar, refletir e propor soluções concretas e alcançáveis para promover a conscientização e implementar melhorias em sua comunidade escolar.

Pela ABP e com a utilização de IA, os alunos foram incentivados a desenvolver habilidades como pesquisa, trabalho em equipe, comunicação e pensamento crítico. Esse envolvimento ativo e participativo resultou em um aprendizado significativo.

Além disso, ficou evidente que a Educação Ambiental e a educação para a sustentabilidade desempenham papel importante na formação de cidadãos conscientes e responsáveis. Os alunos compreenderam a importância de ações e atitudes voltadas para a conservação e preservação do meio ambiente, tanto em benefício da saúde e bem-estar pessoal quanto para o bem-estar coletivo.

Portanto, os resultados obtidos com a implementação dessa prática de ensino nesse projeto foram extremamente satisfatórios. Os alunos demonstraram entusiasmo, comprometimento e um senso de responsabilidade em relação à sustentabilidade e à segurança no ambiente de trabalho. Essa experiência reforça a importância de proporcionar aos estudantes oportunidades de serem protagonistas ativos em seu próprio processo de aprendizagem, preparando-os para uma vida pessoal e profissional consciente e engajada.

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Publicado em 18 de junho de 2025

Como citar este artigo (ABNT)

MELO, Marden Deivson de; VASCONCELOS, Fernanda Carla Wasner; NASCIMENTO, Ariane Flávia do; FONSECA, Renan Donizette. Escola verde é escola segura: construindo um futuro sustentável. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 25, nº 22, 18 de junho de 2025. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/25/22/escola-verde-e-escola-segura-construindo-um-futuro-sustentavel

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