O brincar na escola do campo: reflexões sobre Ludopedagogia na Educação Infantil

Frans Robert Lima Melo

Mestre em Ensino, membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Estado, História, Políticas e Educação (Gepehpe)

Adão Aparecido Molina

Doutor em Educação, pós-doutor em História (Unesp - Câmpus Assis), docente da Unespar - Câmpus Paranavaí, coordenador do Gepehpe

A Educação Infantil de matrícula obrigatória abrange crianças de 4 e 5 anos, conforme estabelecido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) (Brasil, 1996) e está integrada à Educação Básica. Essa legislação determina que os municípios garantam a oferta de vagas para essa faixa etária, assegurando o direito à educação desde cedo.

A obrigatoriedade visa a garantir o acesso universal à Educação Infantil, reconhecendo sua importância para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social das crianças. Além disso, essa fase prepara os alunos para o ingresso no Ensino Fundamental, contribuindo para a igualdade de oportunidades educacionais. A LDB, portanto, reforça o compromisso do Estado com a Educação Básica de qualidade para todas as crianças.

Para tanto, na Educação Infantil, o professor desempenha papel fundamental ao integrar o educar e o cuidar, pois cria um ambiente propício ao desenvolvimento integral das crianças. Ao educar, o professor promove a aprendizagem por meio de atividades lúdicas e pedagógicas, estimulando a curiosidade e o conhecimento. Simultaneamente, ao cuidar, assegura-se o bem-estar físico e emocional dos pequenos, oferecendo segurança e apoio afetivo. Essa combinação harmoniosa permite que as crianças se sintam valorizadas e confiantes, e são essenciais para o seu desenvolvimento saudável. Assim, o educador na educação infantil é um facilitador do crescimento pleno, respeitando a individualidade de cada criança.

Conforme consta no ordenamento jurídico brasileiro, a Educação do Campo deve ser tratada com atenção especial pelos educadores, promovendo um ensino que respeite às características próprias de seu público. Segundo estabelecido pela LDB (Brasil, 1996) e outros dispositivos legais e programas federais (Resolução CNE/CEB nº 1, de 3 de abril de 2002; Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo; Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária), é necessário considerar as especificidades culturais, sociais e econômicas das populações rurais.  

Nesse sentido, a Educação no Campo deve integrar práticas pedagógicas que valorizem o conhecimento tradicional e a realidade dos estudantes, promovendo uma aprendizagem contextualizada e significativa. Além disso, é fundamental garantir a infraestrutura adequada e a formação continuada de professores para atuar nessas áreas.  

O currículo deve ser flexível e adaptado às necessidades locais, promovendo o desenvolvimento sustentável e a cidadania ativa. Dessa forma, a educação do campo contribui para a valorização das comunidades rurais e para a redução das desigualdades educacionais, respeitando e preservando a identidade e os saberes dos povos do campo.

Estando o brincar tão próximo do período da infância que compreende a Educação Infantil, cabe-nos questionar como vem sendo utilizado esse brincar por parte do docente. Nesse entendimento, a Ludopedagogia, como ferramenta de ensino, busca enriquecer o trabalho na Educação Infantil, promovendo o desenvolvimento físico-motor, afetivo-emocional, intelectual, social, cognitivo, cultural e pessoal de cada criança.

Por meio do lúdico, os professores podem oferecer experiências significativas que contribuem para uma vida mais saudável, tanto física quanto mentalmente. Além disso, a Ludopedagogia permite aos educadores conhecerem melhor os limites e as potencialidades de cada aluno, criando um ambiente de aprendizagem mais inclusivo e eficiente. Dessa forma, o brincar se torna uma prática educativa essencial, integrando o educar e o cuidar de maneira harmoniosa e efetiva.

A partir do exposto, esta pesquisa, de cunho bibliográfico, buscou analisar como a Ludopedagogia pode enriquecer a Educação Infantil sob a perspectiva da Educação do Campo, considerando as especificidades culturais, sociais e econômicas das populações rurais.

Material e métodos

Para compreender o desdobramento desta investigação, optou-se por uma metodologia qualitativa. Esse modelo de investigação possui características essenciais e específicas que contribuem para o desenvolvimento do estudo. Segundo Franco, Carmo e Medeiros (2013, p. 93), a metodologia qualitativa "se preocupa com o processo e o comprometimento do pesquisador em estabelecer as técnicas apropriadas para a observação e sistematização dos dados, dispensando assim a realização dos testes".

Foi escolhido o estudo bibliográfico como método qualitativo, analisando obras de diversos autores que embasaram e desenvolveram as questões propostas para o estudo. A pesquisa bibliográfica proporciona uma melhor compreensão do problema, possibilitando a construção de hipóteses em torno do tema. A partir de uma análise qualitativa do material teórico-bibliográfico, foi possível realizar reflexões aprofundadas sobre o tema estudado, ampliando o campo de discussões da questão-problema (Gil, 1996, p. 63).

Considerando que a educação é parte das ciências humanas e um fenômeno que ocorre socialmente, a pesquisa qualitativa aplicada a essa área é entendida como um conjunto importante de técnicas interpretativas que descrevem os componentes de um sistema social complexo, carregado de significados.

Nesse contexto, espera-se contribuir com conhecimentos relevantes para as práticas pedagógicas na Educação Infantil, acreditando que os resultados podem promover a transformação da realidade social. Indivíduos conscientes, resultantes desse processo educativo, poderão se opor à lógica dominante.

A Ludopedagogia e o brincar

De acordo com Rau (2011), a Ludopedagogia é caracterizada como a arte de ensinar por meio da introdução do lúdico, enquanto a ludicidade compreende as ações do brincar organizadas em três partes: o jogo, o brinquedo e a brincadeira. A prática pedagógica contextualizada com os jogos não apenas auxilia na adaptação dos educandos ao grupo e ao ambiente, mas também os prepara para viver em sociedade e questionar e compreender os pressupostos das relações sociais. Nesse sentido, ela atende às concepções pedagógicas contemporâneas que propõem a formação de sujeitos reflexivos, capazes de problematizar questões sociais e transformá-las com criatividade e tolerância.

Conforme os estudos desenvolvidos por Viotto Filho e Nunes (2023), o reconhecimento da relevância do lúdico no processo educacional se estende às diferentes manifestações da cultura corporal presentes na escola – em especial no componente curricular Educação Física –, como jogos/brincadeiras, esportes, ginástica, dança, luta, mímica, atividades circenses, entre outras. Esses elementos não só representam expressões enraizadas na cultura humana, mas também desempenham papel fundamental na construção da subjetividade dos indivíduos.

Ademais, os autores destacam a importância da atividade ludopedagógica na formação dos estudantes pela sua capacidade de integrar educação e ludicidade, visando à formação humana associada à felicidade.

Essa abordagem é conceituada como uma metodologia de ensino que envolve ações coletivas de jogar/brincar, planejadas e mediadas intencionalmente pelo professor. Seu propósito é possibilitar a apropriação de objetos culturais, a vivência de relações sociais diversas e a exploração de expressões conceituais prático-teóricas, resultando em processos catárticos de aprendizagem e desenvolvimento em uma perspectiva crítica e humanizadora (Viotto Filho; Nunes, 2023).

Na esteira histórico-cultural, a brincadeira contribui para a formação simbólica no psiquismo da criança, tornando-se a gênese do pensamento abstrato. Assim, é essencial para a aquisição da leitura e da escrita, bem como de outros elementos cognitivos necessários à formação integral do indivíduo. Entendemos integral aqui como a ação indissociável entre corpo e mente.  Partindo dos estudos desenvolvidos por Vygotsky, Leontiev e Elkonin, pode-se compreender que o brincar tem intima importância nos primeiros anos de escolarização, pois é por meio dele que a criança se humaniza, sendo esta a principal função da educação: a humanização.

O brincar na infância proporciona um ambiente rico e prazeroso, que contribui para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores, indicadas por Vygotsky como aquilo que tornou o homem superior aos animais e lhe possibilitou acumular historicamente o conhecimento e transmiti-lo culturalmente aos seus pares.

Para Vygotsky (2008) é no ato de brincar que a criança vai tornando-se esse ser histórico-social, já que é por meio da brincadeira que a criança faz suas primeiras interpretações do mundo, permitindo experimentar diferentes funções sociais e atividades de trabalho que somente o adulto pode executar, ainda que no mundo do faz de conta. As brincadeiras terão, nessa perspectiva, o objetivo de gerar na criança a capacidade de compreender as relações entre o conhecimento cultural acumulado pelo homem que lhe humaniza.  

Nesse entendimento, é na brincadeira que a criança pode ressignificar o objeto empírico de forma simbólica, atribuindo-lhe outros papéis. Para tanto, existem os materiais para brincadeiras com objetivo empírico, utilizados pelo professor, mas que tomam outra forma, pois são ressignificados pela criança na brincadeira, tomando outro sentido para ela, já que no mundo do faz de conta as experiências se ampliam.

Compreendendo que o brincar como atividade dominante na pré-escola, conforme indicaram os estudos de Leontiev (1987), essa atividade passa a ser um elemento que permite à criança apropriar-se da cultura na qual está inserida. Segundo Leontiev (1987), as crianças absorvem os padrões humanos da sociedade em que estão inseridas, assimilando as interações humanas e começando a dominar a linguagem. Nesse contexto, o brincar na infância desempenha papel fundamental no desenvolvimento da autonomia infantil.

A partir dos dois anos de idade, quando a criança começa a se guiar conscientemente pelo que observa e ouve dos adultos, ela também inicia suas primeiras manifestações de iniciativa durante o brincar. Essa fase marca os primeiros passos rumo à formação da autonomia, pois é quando a criança começa a explorar o mundo ao seu redor de maneira ativa e independente, descobrindo suas próprias habilidades e limitações.

Durante o brincar, a criança tem a oportunidade de experimentar diferentes papéis e situações, o que contribui para o desenvolvimento de sua identidade e autoconhecimento. Portanto, é durante o período da infância, caracterizado pela descoberta do eu, que o brincar desempenha um papel crucial ao permitir que a criança explore e compreenda sua individualidade e suas capacidades.

Conforme exposto por Elkonin (1978), os alunos vivenciam as relações sociais por meio das brincadeiras de faz de conta, valorizando o que o autor chama de jogo protagonizado, como uma forma de reproduzir as interações humanas que observam no entorno da criança. Para o autor, ao brincar, a criança reflete a realidade ao seu redor, especialmente as atividades dos adultos, que se tornam o conteúdo central do jogo. Dessa forma, o brincar na infância tem como objetivo principal possibilitar a prática da internalização das regras de conduta da criança em relação ao adulto.  

Nesse sentido, Elkonin (1978) chama de jogo protagonizado, ou faz de conta, o brincar no qual as crianças assumem papéis que pertencem ao universo dos adultos. Esse desejo de se colocar na posição de alguém superior (o adulto) expressa o anseio da criança em imitar e recriar as ações daquele mais experiente, que tem a capacidade de realizar diversas atividades, as quais a criança ainda não é capaz de fazer.

A análise revela a significativa relevância da atividade ludopedagógica na Educação Infantil, especialmente do brincar, no contexto da formação integral das crianças. Essa prática não só impulsiona o desenvolvimento cognitivo, social e emocional, mas também desempenha papel fundamental na construção da identidade e da autonomia infantil.

Educação do Campo

O direito à educação é reconhecido na Constituição Federal (Brasil, 1988). Tal direito se estende por todo território nacional, abrangendo todas as crianças, inclusive as residentes nas áreas rurais do país, considerando sua diversidade populacional. A LDB (Brasil, 1996) reconhece a necessidade de adaptações curriculares para atender às demandas da população rural, enfatizando a importância de considerar as peculiaridades locais e as realidades vivenciadas no campo (Art. 28). Embora o termo Educação do Campo não esteja explicitamente mencionado na LDB, a legislação reconhece a importância de uma abordagem específica para as áreas rurais.

No entanto, a LDB não oferece diretrizes precisas sobre como garantir a efetiva implementação da Educação do Campo ou sobre como superar os desafios enfrentados por essa modalidade educacional, como a falta de infraestrutura, a escassez de recursos e as dificuldades de acesso. Isso ressalta a necessidade de políticas e práticas educacionais mais abrangentes e adaptadas à realidade rural, com o intuito de assegurar o acesso igualitário à educação de qualidade para todas as crianças, independentemente de sua localização geográfica.

Para garantir a adequada implementação da Educação do Campo, levando em consideração suas especificidades, foi criada a Resolução CNE/CEB nº 1, de 3 de abril de 2002. Essa medida estabelece as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, representando um marco normativo fundamental para essa modalidade educacional no Brasil. Essa resolução fornece orientações claras e direcionamentos para que os sistemas de ensino estaduais e municipais possam organizar suas políticas e práticas educacionais, de forma a atender adequadamente às necessidades das comunidades rurais.

Sem política pública e financiamento, a educação não se universaliza, pois é preciso construir uma política nacional de educação pública que contemple os trabalhadores e as especificidades do campo, tendo como eixo as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, fundamental para garantir avanços na Educação do Campo e que precisa ser bem conhecida, assim como a Resolução nº 2, de 28 de abril de 2008 (Taffarel; Santos Junior; Escobar, 2010, p. 59).

Depois de passados cinco anos da CNE/CEB nº 1/02, foram lançadas as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, estabelecidas pela Portaria Interministerial MEC/MDA nº 17, de 24 de abril de 2007 (Programa Mais Educação). Elas refletem o reconhecimento conjunto dos Ministérios da Educação (MEC) e do Desenvolvimento Agrário (MDA) sobre a necessidade de uma abordagem educacional específica para as áreas rurais.

Assim como a Resolução CNE/CEB nº 1/02, essas diretrizes têm como objetivo orientar os sistemas de ensino na provisão de uma educação de qualidade adaptada às realidades e demandas das comunidades do campo. Esses instrumentos normativos demonstram o compromisso do governo brasileiro em assegurar que a Educação do Campo seja tratada de maneira apropriada, proporcionando às escolas rurais os recursos necessários para oferecer um ensino que valorize a cultura local, que respeite as características do meio rural e promova o desenvolvimento sustentável das comunidades rurais.

No Brasil, a Educação do Campo se apresenta como necessidade premente, exigindo uma abordagem específica e direcionada para atender às demandas das populações rurais. Diante desse contexto, é essencial que a Educação do Campo seja sensível a essas diferenças e ofereça um ensino que esteja alinhado com as realidades locais, respeitando e valorizando a identidade cultural dessas comunidades. Para tanto, torna-se necessário superar uma escola que esteja somente no campo, mas também possa ser a escola do campo.

Resultados e discussão

A intersecção entre a Ludopedagogia e a Educação do Campo revela a importância de uma abordagem pedagógica sensível às particularidades das comunidades rurais. A ludicidade, composta por jogo, brinquedo e brincadeira, emerge como ferramenta essencial no processo educativo, promovendo não apenas o desenvolvimento cognitivo, social e emocional, mas também a construção da identidade e da autonomia infantil. Ao reconhecer a relevância do lúdico no ensino, Viotto Filho e Nunes (2023) destacam a capacidade da atividade ludopedagógica em integrar educação e ludicidade voltadas para uma prática de ensino humanizadora.

No âmbito da Educação do Campo, as demandas específicas das populações rurais, aliadas às necessidades educacionais dos primeiros anos de escolarização permitem reconhecer que as atividades ludopedagógicas contribuem com a prática de ensino do professor do campo. Estando a Ludopedagogia alicerçada em fundamentos críticos da educação, em especial na perspectiva histórico-cultural, percebe-se que seu desenvolvimento na educação infantil está comprometido com as propostas educacionais para a educação do campo já legitimadas nas políticas públicas.

Diante do exposto, a interação social por meio de brincadeiras e jogos, levando em conta a gradual complexidade das relações sociais e as influências culturais, reflete o meio no qual a criança está inserida. Assim, fica evidente que as atividades lúdicas não apenas espelham e remodelam a vida social de maneira fictícia a princípio, mas também a transformam de forma explícita posteriormente, tornando-se ferramenta fundamental para a expressão e o desenvolvimento da mente humana.

Portanto, compreendemos que as atividades ludopedagógicas na Educação Infantil impulsionam a reflexão sobre novas formas de interação social, trabalho e expressão humana. Isso significa que o jogo e a brincadeira, entre outras atividades lúdicas, não se limitam a um mundo de fantasia e convenção, mas sim abrem caminho para uma realidade reconstruída por meio de experiências singulares e imaginativas que depois se materializam em momentos humanizadores de diversão.

A interação social por meio de brincadeiras e jogos no contexto da educação do campo reflete as especificidades e características das comunidades rurais. Assim, as atividades lúdicas levam em conta não apenas a diversidade cultural presente no meio rural, mas também a complexidade das relações sociais dentro dessas comunidades. Ao participar de brincadeiras e jogos que refletem a vida no campo, as crianças da Educação Infantil não só exploram e recriam sua realidade como também a transformam ao longo do tempo.

Essas atividades lúdicas não são apenas formas de entretenimento, mas também desempenham um papel fundamental no desenvolvimento das habilidades cognitivas, sociais e emocionais das crianças rurais. Elas proporcionam oportunidades para expressar sua identidade cultural, explorar o ambiente ao seu redor e desenvolver habilidades de cooperação e resolução de problemas. Além disso, ao brincar e jogar, as crianças podem criar conexões significativas com sua comunidade e sua história, fortalecendo seu senso de pertencimento e valorização do meio rural.

Portanto, as atividades lúdicas na Educação do Campo não só refletem a vida nas áreas rurais, mas também são uma ferramenta poderosa para promover o desenvolvimento integral das crianças, contribuindo para sua formação como cidadãos críticos, criativos e engajados em sua comunidade e sociedade.

Conclusão

O brincar na Educação do Campo reflete as particularidades das comunidades rurais, considerando não apenas sua diversidade cultural, mas também a complexidade das relações sociais presentes nessas localidades. Ao participarem de atividades ludopedagógicas que representam a vida no campo, as crianças da Educação Infantil exploram, recriam e gradualmente transformam sua realidade ao longo do tempo.

Ao brincar, as crianças na escola do campo têm a chance de expressar sua identidade cultural, explorar o ambiente local, as características geográficas do campo e aprimorar habilidades de cooperação e resolução de problemas. Assim, essas atividades lúdicas permitem que os discentes estabeleçam laços importantes com sua comunidade e sua história, promovendo um senso de pertencimento e valorização do meio rural, indissociáveis das lutas dos povos do campo.

Para tanto, torna-se necessário o trabalho intencional do professor que reconhece e valoriza a singularidade da escola do campo. Cabe destacar que a mudança nas condições dos estabelecimentos de ensino, dos discentes, dos docentes e da sociedade não surgirá de forma automática das interações sociais existentes, mas decorre de constantes reflexões em torno da realidade educacional.

Para que ocorra qualquer processo de transformação, especialmente no ambiente escolar, é necessário que os indivíduos que fazem parte desse contexto se organizem e se engajem ativamente nesse propósito. Nesse sentido, o papel do professor se torna fundamental. Ele desempenha um papel central na promoção e na condução dessas mudanças, pois é o mediador do processo educacional, influenciando diretamente no desenvolvimento e na formação dos alunos.

Referências

BRASIL [Constituição 1988]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Senado Federal, 1988.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 1996.

BRASIL. Portaria Interministerial MEC/MDA nº 17, de 24 de abril de 2007. Institui as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo. Brasília, 2007.

BRASIL. Resolução CNE/CEB nº 1, de 3 de abril de 2002. Estabelece Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo. Brasília, 2002.

ELKONIN, Daniil B. Psicología del juego. Moscou: Visor, 1978.

FRANCO, Kaio José da Silva Maluf; CARMO, Aline Cristine Ferreira Braga do; MEDEIROS, Josiane Lopes. Pesquisa qualitativa em Educação: breves considerações acerca da metodologia no materialismo histórico e dialético. Revista Sapiência: Sociedade, Saberes e Práticas Educacionais, Iporá, v. 2, nº 2, p.91-103, jul./dez. 2013.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas,1996.

LEONTIEV, Alexis. El desarrollo psiquico del niño em la edad preescolar. In: DAVIDOV, V.; SHUARE, M. (org.). La Psicología Evolutiva y pedagógica en la URSS: antología. Moscou: Progreso, 1987. p. 57-70.

PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO NA REFORMA AGRÁRIA (PRONERA). Site oficial. s/d. Disponível em: https://www.gov.br/incra/pt-br/assuntos/reforma-agraria/educacao. Acesso em: 4 fev. 2024.

RAU, Maria Cristina Trois Dorneles. A ludicidade na educação: uma atitude pedagógica. 2ª ed. rev., atual. e ampl. Curitiba: Ibpex, 2011.

TAFFAREL, Celi Nelza Zulke; SANTOS JUNIOR, Claudio de Lira; ESCOBAR, Micheli Ortega. Cadernos didáticos sobre Educação do Campo. Salvador: Ed. UFBA, 2010.

VIOTTO FILHO, Irineu Aliprando Tuim; NUNES, Rodrigo Lima. As faces lúdicas da Educação Física: a atividade ludo-pedagógica no processo de aprendizagem e desenvolvimento humano na escola. Revista Cocar, v. 18, nº 36, p. 1-17, 2023.

VYGOTSKY, Lev Semenovich. A brincadeira e o seu papel no desenvolvimento psíquico da criança. Revista Virtual de Gestão de Iniciativas Sociais, v. 8, p. 23-36, jun. 2008.

Publicado em 16 de julho de 2025

Como citar este artigo (ABNT)

MELO, Frans Robert Lima; MOLINA, Adão Aparecido. O brincar na escola do campo: reflexões sobre Ludopedagogia na Educação Infantil. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 25, nº 26, 16 de julho de 2025. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/25/26/o-brincar-na-escola-do-campo-reflexoes-sobre-ludopedagogia-na-educacao-infantil

Novidades por e-mail

Para receber nossas atualizações semanais, basta você se inscrever em nosso mailing

Este artigo ainda não recebeu nenhum comentário

Deixe seu comentário

Este artigo e os seus comentários não refletem necessariamente a opinião da revista Educação Pública ou da Fundação Cecierj.