Para além dos números: um novo olhar sobre a alfabetização matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental

Vinícius Borovoy de Sant’Ana

Professor na Seduc/MG, mestre em Ensino

Amanda de Rezende Camilo

Graduada em Pedagogia

A educação no Brasil, historicamente, foi um processo gradual, com a educação pública não sendo prioridade do Estado até a Constituição de 1988, que reconheceu a educação como direito universal. A alfabetização, nesse contexto, é vista como essencial para o exercício da cidadania, não apenas para adquirir conhecimento, mas também para promover mudanças sociais e capacitar os indivíduos a participar ativamente na sociedade. A alfabetização é entendida como um processo que envolve mais do que o domínio da leitura e escrita, incluindo também o letramento matemático.

O desenvolvimento tanto das habilidades linguísticas quanto das matemáticas é fundamental para o pleno processo de alfabetização. No Brasil, historicamente, a Matemática foi tratada como disciplina de menor importância, o que se reflete em um cenário em que muitos educadores têm dificuldades com a matéria. Isso é evidenciado por um relato de professora que, ao questionar seus alunos de Pedagogia sobre Matemática, descobriu que a maioria não gostava ou não se sentia preparada para ensinar a disciplina. Esse cenário motivou a autora a investigar a importância da alfabetização matemática nos primeiros anos de ensino, com o objetivo de integrar o letramento alfabético e o matemático desde a Educação Infantil.

Esta pesquisa busca analisar se existem barreiras estruturais para a integração do letramento matemático nos anos iniciais e como o desenvolvimento das competências linguísticas e o das matemáticas estão interligados. A pesquisa se baseia em teorias pedagógicas e será conduzida de forma qualitativa, visando entender a dinâmica do ensino e as possíveis melhorias nas metodologias pedagógicas. O objetivo geral do estudo é discutir a importância da alfabetização matemática para o sucesso escolar; seus objetivos específicos incluem realizar uma análise epistemológica sobre o tema, discutir os impactos do letramento matemático no desenvolvimento cognitivo dos alunos e identificar práticas pedagógicas eficazes. O trabalho se organiza em quatro seções que abordam a História da Educação no Brasil, as perspectivas contemporâneas de alfabetização, os desafios enfrentados pela Educação Crítica e as práticas pedagógicas que podem contribuir para uma educação de qualidade e inclusiva.

A trilha da educação brasileira

A educação no Brasil passou de uma prática elitista para um direito fundamental reconhecido na transformação social. Segundo Paulo Freire (2000), a educação tem papel essencial na igualdade de oportunidades, mas não pode ser vista isoladamente.

Desde a chegada dos jesuítas, em 1530, a educação foi marcada pela catequese e imposição cultural. Com a expulsão dos jesuítas (em 1759), a educação indígena foi prejudicada. No Império (1824), o ensino primário era gratuito apenas para quem atendia a critérios de renda, e a República (1891) delegou os níveis secundário e superior à iniciativa privada, mantendo a exclusão social.

No século XX, houve avanços com as Constituições de 1934, 1937 e 1946, que estabeleceram a educação pública e obrigatória. Em 1969, a educação tornou-se dever do Estado, mas, durante a ditadura, foi utilizada para controle ideológico, censurando conteúdos críticos. Freire (2001) criticou a visão repressiva sobre o analfabetismo, argumentando que ele resulta de desigualdades sociais.

O Ministério da Educação e Cultura (MEC) foi estruturado para alinhar a educação ao regime militar, mas houve resistência de estudantes e professores, contribuindo para a redemocratização nos anos 1980.

Repensando a alfabetização: perspectivas e práticas educacionais

O analfabetismo no Brasil reflete desigualdades sociais históricas. A Constituição de 1988 consolidou a educação como direito de todos e dever do Estado e da família, envolvendo a sociedade na sua promoção.

No passado, o voto era restrito aos alfabetizados, e campanhas de alfabetização muitas vezes buscavam ampliar eleitores, resultando em analfabetismo funcional. O ensino também negligenciava habilidades matemáticas, criando desequilíbrio no aprendizado.

Paulo Freire criticou a "educação bancária", em que o professor transmite conhecimento e os alunos recebem de forma passiva, e defendeu um modelo problematizador, que incentiva a reflexão e a autonomia dos alunos. Essa abordagem influencia os documentos educacionais atuais, que enfatizam o protagonismo do estudante.

A LDBEN de 1996 e a BNCC reforçam a educação como um processo integral, abordando habilidades cognitivas, sociais e emocionais. A BNCC enfatiza o desenvolvimento do pensamento crítico e a participação ativa, consolidando um modelo mais democrático e inclusivo. Efetuou-se uma análise das competências e habilidades dos mínimos essenciais para Língua Portuguesa e Matemática, na BNCC, do 1 ao 5º ano. Obtiveram-se os seguintes resultados, apresentados na Tabela 1.

Tabela 1: Quantitativo de habilidades da BNCC para os anos iniciais

Ano escolar

Língua Portuguesa

Língua Matemática

1º ano

26

22

2º ano

29

23

3º ano

27

28

4º ano

27

28

5º ano

28

25

Habilidades interseriadas

1º e 2º ano

19

Não possui habilidades interseriadas

1º ao 5º ano

19

3º ao 5º ano

 31

Quantitativo de habilidades

206

126

Fonte: A partir da BNCC (Brasil, 2018).

O Plano Nacional de Educação (PNE), criado pelo Art. 214 da CF de 1988, estabelece diretrizes, metas e estratégias para a política educacional brasileira a cada dez anos. O PNE visa articular o sistema educacional em regime de colaboração e busca erradicar o analfabetismo e garantir a alfabetização de todas as crianças até o 3º ano do Ensino Fundamental (Brasil, 1988). A erradicação do analfabetismo e a alfabetização precoce são vistas como essenciais para o sucesso acadêmico e a participação plena na sociedade (Brasil, 2014).

Embora o PNE tenha metas e estratégias específicas para melhorar a alfabetização, como a capacitação de professores e o desenvolvimento de materiais didáticos, as taxas de analfabetismo no Brasil permanecem altas, especialmente em regiões como Norte e Nordeste e entre grupos como negros e pardos. Em 2022, 5,6% da população com 15 anos ou mais era analfabeta, com a maior concentração no Nordeste e entre pessoas negras ou pardas (IBGE, 2022). Além disso, a taxa de analfabetismo é ligeiramente menor entre mulheres (5,4%) do que entre homens (5,9%).

Esses dados destacam a importância de garantir uma alfabetização completa e eficaz, não apenas como ferramenta para a inclusão social, mas também para a promoção da equidade. O PNE também prevê a criação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), que visa avaliar a qualidade da educação no Brasil e orientar políticas públicas (Brasil, 2014). A Prova Brasil, parte do SAEB, avalia os estudantes do 5º e do 9º anos do Ensino Fundamental em Português e Matemática, com foco em leitura e resolução de problemas, fornecendo indicadores de rendimento escolar e ajudando a avaliar a evolução da qualidade do ensino no país.

No questionário socioeconômico, os estudantes fornecem informações sobre fatores de contexto que podem estar associados ao desempenho, como o fato de possuírem internet em casa, computador, acesso a material didático e diversos outros fatores que possam vir a interferir em seu rendimento escolar. Utilizando dados do SAEB de 2019 e 2021 quanto à proficiência em Língua Portuguesa temos o resultado da Figura 1.

Figura 1: Dados de proficiência média em português de 2011 a 2021 no SAEB

Fonte: Relatório de resultados do SAEB (Brasil, 2021, p. 135).

Com base nesses dados, observa-se que a proficiência média em Português apresentou melhora de 2011 a 2017, manteve-se em 2019 e, em 2021, teve declínio, permanecendo no nível 4. De acordo com o Relatório do SAEB (Brasil, 2021, p. 131), os níveis de desempenho em Português são: nível 1 para notas entre 125 e 149, nível 2 para notas entre 150 e 174, nível 3 para notas entre 175 e 199, nível 4 para notas entre 200 e 224, nível 5 para notas entre 225 e 249, nível 6 para notas entre 250 e 274, nível 7 para notas entre 275 e 299, nível 8 para notas entre 300 e 324 e nível 9 para notas iguais ou acima de 325.

O relatório também aponta que houve aumento na concentração de estudantes nos níveis mais baixos da escala, indicando diminuição na proficiência geral, resultando em queda na média nacional de proficiência, conforme exposto na Figura 2.

Figura 2: Comparação do percentual dos estudantes distribuídos por níveis da escala de proficiência no SAEB de 2019 e 2021, em Língua Portuguesa, no 5º ano do EF

Fonte: Relatório de resultados do SAEB (Brasil, 2021, p. 134).

Com base no demonstrado na Figura 2 e das habilidades cobradas em cada nível, páginas 132 e 133 do relatório, observa-se que nas capacidades de leitura e compreensão textual os estudantes demonstraram habilidades em localizar informações explícitas em textos narrativos, contos, reportagens e poemas, entre outros gêneros, referentes aos níveis 1 a 3. Nas habilidades de inferência e efeito de sentido, os estudantes demonstraram habilidades variadas em identificar informações, efeito de humor e moral em diferentes gêneros textuais, como piadas, fábulas e contos, habilidades do nível 4.

Muitos estudantes tiveram dificuldades em reconhecer o gênero textual de diferentes textos e em identificar elementos específicos de cada gênero, como os da narrativa em fábulas e contos. Houve também dificuldades em interpretar efeitos de humor em tirinhas e histórias em quadrinhos, habilidades que englobam os níveis 5 a 7. Quase todos os estudantes apresentaram dificuldades em identificar opiniões, em compreender elementos gramaticais e de linguagem, como o sentido de conjunções, locuções adverbiais e advérbios. Pouquíssimos conseguiram diferenciar opinião de fato em textos informativos, habilidades dos níveis 8 e 9. Assim, ainda que os estudantes tenham demonstrado habilidades satisfatórias em várias áreas de leitura e compreensão textual, há muitas áreas específicas que requerem atenção e melhoria.

A Figura 3 traz a proficiência média em Matemática. Apresenta-se melhora ínfima de 2011 a 2015; em 2017 e 2019 há melhora considerável, alcançando o nível 5; em 2021 teve declínio, retornando ao nível 4. De acordo com o Relatório SAEB (Brasil, 2021, p. 145-148), a Matemática possui os seguintes níveis: o nível 1 de desempenho é maior ou igual a 125 e menor que 150, o nível 2 é maior ou igual a 150 e menor que 175, o nível 3 é maior ou igual a 175 e menor que 200, o nível 4 é maior ou igual a 200 e menor que 225, o nível 5 é maior ou igual a 225 e menor que 250, o nível 6 é maior ou igual a 250 e menor que 275, o nível 7 é maior ou igual a 275 e menor que 300, o nível 8 é maior ou igual a 300 e menor que 325, o nível 9 é maior ou igual a 325 e menos que 350 e o nível 10 é maior ou igual a 350.

Caixa de Texto: Figura 3: Dados de proficiência média em Matemática desde 2011 a 2021 do SAEB

Figura 3: Proficiência média do SAEB em Matemática

Fonte: Relatório de resultados do SAEB (Brasil, 2021, p. 151).

O relatório também aponta concentração maior de alunos nos níveis de proficiência 4 e 3, seguidos pelo nível 5. Percebe-se também queda no desempenho dos alunos em comparação a 2019, com mais alunos concentrados nos níveis mais baixos de proficiência, conforme consta na Figura 4.

Figura 4: Comparação do porcentual dos estudantes distribuídos por níveis da escala de proficiência no SAEB 2019 e 2021 em Matemática, no 5º ano do EF

Fonte: Relatório de resultados do SAEB (Brasil, 2021, p. 151).

As habilidades matemáticas avaliadas pelo SAEB constam das páginas 146 a 148 do relatório. Elas abrangem uma variedade de áreas, incluindo grandezas e medidas, números e operações, álgebra e funções, tratamento da informação, espaço e forma. Sabendo disso, ao analisar os dados apresentados na Figura 4, observa-se que os alunos demonstraram proficiência em algumas habilidades, como resolver problemas envolvendo adição de pequenas quantias em dinheiro, converter medidas de tempo e associar frações a representações gráficas, habilidades pertencentes aos níveis 1 a 4.

Todavia, apesar da melhoria da proficiência média nos anos de 2017 e 2019, os alunos continuaram a enfrentar dificuldades em certas habilidades, como resolver problemas envolvendo conversão de unidades de medida, identificar polígonos em mosaicos e realizar operações matemáticas mais complexas, como multiplicação com reserva e divisão com resto. Essas habilidades pertencem ao nível 5, e são utilizadas no dia a dia, ou seja, possuem extrema importância para a vida cotidiana dos estudantes.

Quase todos os alunos apresentaram dificuldade em compreender conceitos mais abstratos, como identificar frações equivalentes, comparar números racionais na forma decimal e com diferentes quantidades de casas, além de interpretar dados em gráficos mais complexos ou realizar conversões de unidades de medida, habilidades dos níveis 6 a 10.

Os resultados em Matemática dos estudantes do 5º ano demonstram enorme necessidade de foco em habilidades essenciais do cotidiano, indicando a importância de concentrar esforços educacionais em fortalecer as habilidades básicas em Matemática, especialmente aquelas relacionadas a grandezas e medidas, números e operações, bem como estratégias de ensino que visem melhorar a compreensão de conceitos matemáticos mais complexos e abstratos que são a base para que esses alunos possam ser considerados alfabetizados em Matemática.

Aglutinando as informações, sugere-se que muitos estudantes não alcançaram as habilidades básicas esperadas para o final do 5º ano em Língua Portuguesa nem em Matemática. Os dados indicam que, embora os alunos tenham enfrentado desafios em ambas as disciplinas, parece haver uma tendência para desempenho mais baixo em Matemática do que em Português, uma vez que, em Matemática, os alunos alcançaram os níveis 4 e 5 ao longo dos anos e demonstram déficit em habilidades essenciais do cotidiano, e em Português os alunos demonstraram habilidades como localizar informações em textos, identificar temas, personagens principais e inferir significados, habilidades dos níveis 7 e 8.

Relembrando alguns dados da Tabela 1, a BNCC tem 206 habilidades em Português e 126 em Matemática, então é possível relacionar o desempenho menor dos alunos em Matemática a esse fato; não que seja justificativa, apenas mais uma hipótese para os resultados apresentados; são dados preocupantes e potencialmente problemáticos, pois abrem brechas para a conclusão de que esses alunos não alcançaram a alfabetização plena ao final do 5º ano.

Diante desse cenário, torna-se evidente a necessidade de uma análise profunda das práticas pedagógicas adotadas nas escolas brasileiras. Mesmo diante das mudanças em diversos documentos norteadores, como a BNCC e o PNE, as taxas educacionais permanecem muito abaixo do esperado.  A estabilidade das taxas de analfabetismo, conforme evidenciado pelos dados do IBGE em 2022, reforça os desafios contínuos que permeiam o sistema educacional brasileiro. Se somarmos esses dados aos resultados do SAEB, pode-se compreender que esse analfabetismo é composto pelo letramento alfabético e matemático.

A análise das práticas pedagógicas pode identificar pontos para melhoria, a fim de promover uma educação de qualidade para todos os estudantes, independentemente de sua origem ou condição socioeconômica. Afinal, a educação é um direito básico e universal que deve ser garantido a todos os cidadãos. É essencial avaliar se as metodologias utilizadas no cotidiano escolar estão alinhadas com as diretrizes da BNCC e as estratégias do PNE e se estão realmente promovendo uma alfabetização que englobe tanto o letramento alfabético quanto o letramento matemático.

A Educação Crítica e os desafios da alfabetização no Brasil

As concepções de alfabetização evoluíram ao longo do tempo, buscando uma abordagem mais crítica e construtiva. Freire (1996, p. 17) destaca que "ensinar exige reflexão crítica sobre a prática", enquanto Skovsmose (2001) argumenta que a educação deve ser crítica, discutindo as condições de conhecimento e abordando questões sociais e desigualdades. Ambos enfatizam a importância da reflexão crítica para transformar a prática pedagógica e fazer da educação uma força para a transformação social.

A Educação Crítica visa não apenas transmitir conhecimento, mas engajar os alunos de forma ativa, permitindo que reflitam sobre sua realidade e busquem transformá-la coletivamente (Freire, 2011). O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Brasil, 2014) também reforça a importância do diálogo e da interação no ambiente de aprendizagem, promovendo uma pedagogia que amplie as possibilidades de aprendizagem para alunos e professores.

Dewey (1916) enfatiza a importância das condições de crescimento para os jovens, e a sociedade molda seu futuro por meio da educação. Compreender como as práticas pedagógicas influenciam os resultados educacionais, especialmente na alfabetização e nas habilidades em Língua Portuguesa e Matemática, é essencial para melhorar a qualidade da educação. A chave para isso está em ações coordenadas e um compromisso firme com a melhoria da educação, essencial para a inclusão social e o desenvolvimento do país.

Concepções iniciais sobre a alfabetização matemática

A Constituição Federal de 1988, ao promover a alfabetização como direito fundamental, resgatou a importância da Pedagogia Crítica e libertadora para a construção de uma sociedade mais justa. Nesse contexto, a alfabetização matemática tem ganhado destaque, buscando não apenas o ensino de cálculos, mas também a compreensão dos símbolos e representações gráficas, essenciais para o desenvolvimento crítico dos alunos (Smole; Diniz, 2012).

A alfabetização matemática visa capacitar os alunos a usar a linguagem matemática para resolver problemas e aplicar conceitos em diversas situações cotidianas, sendo essencial para o pensamento crítico e a resolução de problemas (Smole; Diniz, 2012). A prática pedagógica desempenha papel central nesse processo, alinhando-se às necessidades dos alunos e promovendo o desenvolvimento das habilidades desde os anos iniciais.

John Dewey (1916) defendia a educação democrática, em que a escola proporciona um ambiente simplificado que desperta reações nos alunos, preparando-os para compreender a complexidade das coisas. Dewey também enfatizou a Teoria da Indagação, que coloca a experiência do aluno no centro do processo educacional, incentivando-o a questionar e explorar para construir seu próprio entendimento.

Paulo Freire (1996, p. 23) complementa essa visão afirmando que “quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”, destacando a importância da ação-reflexão-ação no processo educativo. Esse modelo propõe uma abordagem mais contextualizada e significativa para o ensino. Contudo, os dados do SAEB revelam uma disparidade nos resultados de Português e Matemática, com esta apresentando desempenho abaixo do esperado. Isso sugere que a ênfase nas habilidades linguísticas tem prejudicado o desenvolvimento das habilidades matemáticas. Para corrigir essa disparidade, é necessário equilibrar as práticas pedagógicas, investir na formação contínua de professores e adotar avaliações diagnósticas que identifiquem dificuldades específicas. O equilíbrio entre habilidades linguísticas e matemáticas é crucial para preparar os alunos para os desafios acadêmicos, profissionais e cidadãos.

Os desafios da formação inicial de professores e as concepções que podem modular as práticas pedagógicas

Persiste uma tendência de professores que não equilibram o ensino da alfabetização matemática e da língua portuguesa nos anos iniciais. Uma possível explicação para essa disparidade pode ser a formação inicial dos professores, em que as universidades dedicam mais carga horária ao ensino da Língua Portuguesa do que à Matemática. Além disso, questões culturais e sociais, como o estigma de que a Matemática é difícil ou inacessível, podem levar os educadores a priorizar o ensino de Português. Para investigar essa questão, foi criado um formulário com sete perguntas, respondido por 28 alunos de Pedagogia do Consórcio Cederj/UERJ, para compreender o perfil dos futuros professores, cujos resultados estão apresentados na Tabela 2.

Tabela 2: Perfil dos futuros professores, em percentual

Perguntas

Sim

Não

Talvez

Na sua opinião, alfabetização matemática nos anos iniciais é importante para o desenvolvimento dos alunos?

100%

0%

0%

Na sua opinião, durante o processo de alfabetização em sala de aula há mais a prática de leitura e letramento do que do ensino de Matemática?

78,6%

21,4%

0%

Você acredita que a alfabetização matemática pode contribuir para o futuro dos seus alunos no dia a dia?

100%

0%

0%

Você tem interesse em lecionar Matemática durante o processo de alfabetização nos anos iniciais?

78,6%

21,4%

0%

Você acredita que a falta de habilidades matemáticas básicas pode impactar negativamente o desempenho dos alunos em outras disciplinas?

82,1%

3,6%

14,3%

Você acredita que a motivação dos alunos em relação à Matemática pode influenciar seu desempenho e interesse futuro na hora de ensinar a disciplina?

89,3%

10,7%

0%

Se houvesse um seminário ou curso sobre alfabetização matemática, você estaria disposto(a) a participar?

89,3%

0%

10,7%

Fonte: Questionário dado aos alunos do 7º período da Graduação em Pedagogia do Consórcio Cederj/UERJ – Polo Paracambi, respondido via Google Forms (2024). Disponível em: https://docs.google.com/forms/d/1vTm81Ie2Qjwug0R2PUNwjFkiVCwnF6IjrdnzD7mVB-4/edit.

Os resultados do questionário revelam que todos os participantes reconhecem a importância da alfabetização matemática nos anos iniciais. No entanto, 78,6% afirmam que há mais ênfase em leitura e letramento do que no ensino de Matemática, apontando uma lacuna. Além disso, 21,4% dos participantes demonstram desinteresse em lecionar Matemática durante o processo de alfabetização. A motivação dos alunos em relação à Matemática foi considerada importante por 89,3% dos participantes, reforçando a necessidade de práticas pedagógicas que incentivem o engajamento. E mais: 82,1% reconhecem que a falta de habilidades matemáticas básicas prejudica o desempenho em outras disciplinas. Esses dados indicam a necessidade de equilibrar o foco entre a alfabetização em leitura e matemática nos anos iniciais, promovendo o desenvolvimento de habilidades matemáticas desde o início. Para entender melhor as razões dessa disparidade, foi realizada uma análise das matrizes curriculares de universidades públicas no Rio de Janeiro, apresentada na Figura 5.

Figura 5: Análise das matrizes curriculares de universidades públicas localizadas no Estado do Rio de Janeiro

Fonte: Grades curriculares do Cederj (2023), da UERJ/FEBF e FFP (2008), da UFF (2018) e da UNIRIO (2008).

Os dados indicam que as graduações em Pedagogia nessas universidades públicas destinam de duas a três vezes mais carga horária às disciplinas de Língua Portuguesa e leitura do que às de Matemática. Isso pode influenciar as práticas pedagógicas, fazendo com que os professores se sintam mais à vontade para dedicar mais tempo ao ensino de leitura e escrita em detrimento da alfabetização matemática. Como resultado, o ensino de Matemática se limita a abordagens tradicionais e menos eficazes.

Além disso, 78,6% dos graduandos afirmaram que a educação formal foca mais em leitura e letramento do que em Matemática, o que, segundo projeções, pode representar cerca de 518.851 docentes com essa visão. Também 21,4% expressaram desinteresse em lecionar Matemática, o que equivale a aproximadamente 141.265 docentes. Esses dados destacam a preocupação com a falta de equilíbrio no ensino de Português e Matemática nos anos iniciais, sugerindo que a disparidade nas cargas horárias curriculares pode ser uma das causas dessa lacuna. Assim, é essencial que a formação de professores incentive um ensino equilibrado entre as áreas, garantindo o desenvolvimento integral dos alunos.

Práticas pedagógicas rumo à melhoria educacional

A alfabetização vai além das habilidades em Língua Portuguesa, pois engloba também o letramento matemático. Para alcançar uma educação de qualidade, é essencial que o processo de alfabetização seja coletivo e coordenado, utilizando diversas técnicas e materiais. As práticas pedagógicas, como a escolha de problemas que desafiem os alunos a pensar criticamente, são fundamentais. Smole (2012, p. 6) destaca que “cabe ao professor escolher bons problemas, planejar formas de explorá-los para que os alunos sejam colocados em situação de ver e confrontar diferentes pontos de vista”.

Candau (2009) enfatiza que o ensino-aprendizagem deve considerar as dimensões humana, técnica e político-social, reconhecendo a importância das interações e metodologias de ensino. Nesse contexto, a ênfase no letramento alfabético pode limitar o desenvolvimento dos alunos em outras áreas, como a Matemática. Smole (2012, p. 5) afirma que, “para que a alfabetização matemática ocorra, há pressupostos ou condições a serem cuidadas pela escola”, o que envolve entender o que, por que e como ensinar.

A formação do educador, segundo Candau (2009), deve ser voltada para ensinar de forma técnica e eficaz, promovendo uma aprendizagem mais rápida e eficiente. A formação continuada é essencial para aprimorar as práticas pedagógicas, oferecendo novas perspectivas e promovendo uma educação crítica e reflexiva. O uso de materiais didáticos diversificados, como jogos e ferramentas lúdicas, é um exemplo de como tornar o ensino mais concreto e envolvente.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (Brasil, 1997) destacam os jogos como importantes no ensino de Matemática, pois ajudam os alunos a internalizar conceitos de maneira prática e significativa. Um exemplo de ferramenta útil é o Geoplano, que facilita o entendimento de Geometria ao permitir a construção de figuras e o desenvolvimento de habilidades visuais e sensoriais, como exemplificado por Costa, Pereira e Mafra (2010). O Geoplano se relaciona com diversas habilidades da BNCC, como reconhecimento e comparação de figuras geométricas.

Em resumo, a Educação Matemática deve ser integrada ao processo de alfabetização de maneira prática e lúdica, utilizando recursos pedagógicos diversificados para promover um aprendizado significativo e crítico.

O ábaco é uma ferramenta pedagógica importante no ensino de Matemática, especialmente na educação inicial. Segundo D'Ambrosio (2017), o ábaco é uma excelente ferramenta para o desenvolvimento do raciocínio lógico e matemático, permitindo que os estudantes compreendam as operações numéricas de maneira concreta e manipulativa. Ele facilita a visualização de conceitos como adição e subtração, além de ajudar na decomposição de números em unidades, dezenas e centenas. Isso favorece a compreensão do valor posicional e das trocas necessárias durante as operações. O ábaco é, assim, eficaz e pode ser introduzido desde o início da educação formal, abrangendo várias habilidades da BNCC.

O uso de ferramentas como o ábaco e a tábua de Pitágoras auxilia no desenvolvimento do raciocínio lógico e na compreensão matemática, partindo do concreto para o abstrato. O ábaco permite que os alunos visualizem e manipulem números, ajudando na internalização de estratégias numéricas e preparando-os para aprender conceitos mais complexos. A tábua de Pitágoras, por sua vez, é útil no ensino de propriedades da multiplicação, como a associativa, comutativa e distributiva, e na compreensão da tabuada, proporcionando uma visão mais ampla das operações matemáticas (Silva, 2019, p. 15). Além disso, atividades práticas, como a criação de um minimercado ou a análise de receitas de bolos e doces, ajudam os alunos a ver como a Matemática é aplicada no cotidiano, desenvolvendo habilidades de comparação, pesos e medidas de maneira concreta e envolvente.

Conclusão

A educação brasileira historicamente enfrentou desafios relacionados à negligência com camadas sociais desfavorecidas, preconceitos étnico-raciais e misoginia, resultando em altos índices de analfabetismo. A Constituição de 1988 estabeleceu a educação como direito universal, levando o governo a implementar políticas para melhorar a alfabetização. No entanto, foi identificado que os professores tendem a priorizar o letramento alfabético em relação ao letramento matemático, possivelmente devido à estrutura dos currículos universitários que favorecem a Língua Portuguesa. A Matemática, como ferramenta essencial para compreender o mundo, deve ser equilibrada com o letramento alfabético no processo de alfabetização.

É crucial que os educadores reconheçam a importância de integrar ambas as áreas e promovam uma aprendizagem interconectada com experiências cotidianas dos alunos. A compreensão do conhecimento como processo contínuo e construtivo, que vai do concreto ao abstrato, é fundamental para o sucesso educacional. A pesquisa revela que não há barreiras estruturais para integrar o letramento matemático desde os anos iniciais, sendo essencial que os professores estejam cientes dos parâmetros pedagógicos e utilizem recursos como jogos e materiais didáticos.

A formação continuada de professores é necessária para melhorar estratégias e práticas de ensino, proporcionando um desenvolvimento profissional contínuo. A pesquisa evidenciou a importância de transformar a teoria em prática no ambiente escolar, aplicando princípios como interdisciplinaridade e o uso de materiais pedagógicos. Conclui-se que, para um sistema educacional de qualidade, todos os envolvidos – governo, instituições educacionais, professores, pais e alunos – devem colaborar para criar um ambiente inclusivo e de alta qualidade.

Referências

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Publicado em 16 de julho de 2025

Como citar este artigo (ABNT)

SANT'ANA, Vinícius Borovoy; CAMILO, Amanda de Rezende. Para além dos números: um novo olhar sobre a alfabetização matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 25, nº 26, 16 de julho de 2025. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/25/26/para-alem-dos-numeros-um-novo-olhar-sobre-a-alfabetizacao-matematica-nos-anos-iniciais-do-ensino-fundamental

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