Alfabetização científica: uso de paradidáticos no ensino de ecologia de anuros
Dayana Maria da Silva
Especialista em Ensino e Tecnologias Educacionais (IFMG - campus São João Evangelista), professora em Severiano Melo/RN
Júlia Graziele da Silva
Especialista em Ensino e Tecnologias Educacionais (IFMG - campus São João Evangelista), professora em Escada/PE
Sandra Regina do Amaral
Doutora em Educação (UFU), professora do IFMG - campus São João Evangelista
Muitos são os desafios enfrentados por profissionais da educação que se propõem a transcender o modelo tradicional e garantir condições favoráveis aos processos de ensino-aprendizagem e à alfabetização científica (AC). Entre esses desafios, destaca-se a necessidade de romper com o paradigma doutrinador e promover práticas educativas que favoreçam uma abordagem integral e contextualizada, contribuindo efetivamente para a conexão dos conhecimentos científicos com as experiências reais dos alunos (Krasilchik, 2000).
Compreende-se, cada vez mais, que não é possível promover a AC por meio de práticas baseadas na memorização e em um ensino centrado no professor. Nesse sentido, torna-se fundamental evidenciar e desmistificar conceitos errôneos difundidos ao longo do tempo, ensinar a incerteza e fomentar o desenvolvimento do pensamento crítico, o qual permite perceber a vida humana em suas diferentes dimensões. Assim, ao se almejar a AC, é fundamental criar espaços pedagógicos de construção ativa do conhecimento, nos quais o aluno assuma o papel de protagonista (Lorenzetti, 2022).
Como explica Lorenzetti (2016), as discussões sobre a natureza da ciência e seus aspectos sociais emergiram na década de 1960, evoluindo para temáticas como Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) nas décadas seguintes. A AC passou, então, a ser considerada um objetivo de ensino e uma meta de aprendizagem no Brasil a partir da década de 1990, em consonância com o compromisso de formar cidadãos críticos.
Segundo Chassot (2003), promover a AC é um dos caminhos para a democratização do conhecimento científico e para a inclusão social, ao garantir um conjunto de saberes que potencializa a consciência crítica e a participação ativa em questões científicas e tecnológicas que impactam a vida cotidiana. A democratização do conhecimento científico exige, assim, que o ensino de Ciências adote uma perspectiva menos voltada ao rigor terminológico e mais comprometida com a formação do pensamento crítico. Trata-se de tornar a ciência mais acessível e de fomentar aprendizagens que estimulem a capacidade de questionamento e envolvimento crítico nas tomadas de decisão.
A busca por essa democratização tem incentivado a produção de materiais que abordem os conteúdos de maneira menos rígida e mecânica, como ocorre tradicionalmente nos livros didáticos. Estudos como os de Silva (2016) e Silva (2022) salientam a importância dos paradidáticos no desenvolvimento de um ensino de Ciências mais acessível e atrativo, por sua capacidade de proporcionar abordagens inovadoras e prazerosas, contribuindo positivamente para os processos de ensino-aprendizagem.
Nesse sentido, Bueno (2010) e Campello e Silva (2018) ressaltam a necessidade de construção e de uso de materiais paradidáticos, os quais apresentem os conteúdos escolares de forma mais atrativa, citando como exemplos os desenhos animados, histórias em quadrinhos (HQ), cartilhas educativas e jogos didáticos.
Em consonância, Santos et al. (2023) apostam no formato visual e narrativo das HQs como recurso de divulgação científica e de aproximação do conteúdo com um público diversificado. A combinação entre texto e imagem permite a simplificação de conceitos complexos e facilita a compreensão, já que a narrativa visual envolvente contribui para o interesse do leitor e incentiva a exploração e a compreensão de conceitos científicos de maneira lúdica. A linguagem acessível dessas produções favorece a assimilação de informações complexas, permitindo que um público mais amplo se aproxime dos princípios e das práticas das Ciências Forenses. Os autores concluem que a divulgação científica por meio de HQs desenvolve a interpretação visual, o raciocínio lógico e o pensamento crítico, favorecendo, assim, a AC.
Diante do exposto, este estudo tem por objetivo refletir sobre as contribuições dos paradidáticos para a desmistificação da ordem Anura e a promoção da AC.
Metodologia
Delimitou-se que o estudo é descritivo (quanto aos objetivos) e bibliográfico (quanto aos procedimentos técnicos). Neste sentido, assumiu-se como diretriz metodológica a abordagem qualitativa, com o propósito de obter princípios abrangentes e significativos, que não podem ser mensurados por números (Gil, 2002). Valorizou-se, então, a descrição e a interpretação das informações coletadas sobre as possíveis contribuições dos paradidáticos e seu uso para a desmistificação da ordem Anura e a promoção da AC.
Como território de estudo, adotou-se a plataforma Espaço Digital, que reúne os principais congressos de eventos científicos com anais. Para a pesquisa, adotou-se como recorte temporal o período de 2019 a 2023, sendo utilizados termos de busca específicos, sendo eles: ecologia anuros, paradidáticos e alfabetização científica.
Resultados e discussão
No processo de busca por relatos que fizessem uso de materiais paradidáticos e abordassem a ecologia de anuros na plataforma Espaço Digital, não identificamos nenhum trabalho, o que dificultou a identificação das contribuições dos paradidáticos para a desmistificação da ordem Anura. Por outro lado, foi possível observar que, quando se trata do ensino de Ciências, algumas temáticas são menos discutidas que outras, sendo possível identificar contribuições para a discussão de outros conceitos.
Observou-se ainda que o termo “anfíbios” aparece em alguns trabalhos, mas a temática é abordada de forma ampla, não contemplando especificamente a ecologia de anuros (sapo, rã e perereca); e que os poucos trabalhos que tratam da temática abordam a biologia dos animais, e não sua ecologia.
Pensando em uma abordagem menos tradicional dos conceitos científicos, e considerando o recorte temporal de 2019 a 2023, optamos por destacar quatro trabalhos científicos, todos provenientes do Congresso Nacional de Educação (Conedu). Embora não apresentem o uso de materiais paradidáticos, pode-se considerar que as discussões neles propostas se aproximam deste estudo, ao contribuir para a compreensão da importância dos anuros para o equilíbrio ambiental, apresentando conceitos sobre a ordem e ações de conservação de maneira acessível ao público-alvo, em consonância com os princípios da AC.
No primeiro trabalho, Bispo e Moraes (2019) integram Etnozoologia e Educação Ambiental (EA) em favor da compreensão da relação entre ser humano, animal e ambiente. Desenvolvido com estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) de Caxias/MA, o estudo visa favorecer reflexões sobre essa intrincada relação, além de salientar a conservação dos anuros.
Os autores dinamizam suas ações com palestras, explanações sobre classificação biológica, discussões sobre a importância dos anuros nos ecossistemas, esclarecimentos de mitos e de verdades sobre esses animais e pesquisas farmacêuticas. Concluem que a proposta permitiu a aquisição de conhecimentos sobre os anuros, a desmistificação de crenças prejudiciais, a sensibilização dos alunos quanto à preservação, o estímulo à reflexão e a promoção de mudanças de atitudes e de práticas em favor do equilíbrio ambiental e da conservação da biodiversidade local (Bispo; Moraes, 2019).
O segundo estudo, de Pereira et al. (2023), é desenvolvido em diferentes níveis de ensino, abrangendo os anos finais do Ensino Fundamental, o Ensino Médio e o Ensino Superior. Tendo por objetivo favorecer a conscientização sobre a importância da preservação de anuros e seus hábitats no município de Codó/MA, as ações envolvem a EA e buscam valorizar atividades práticas. Os autores realizaram palestras destacando a importância dos anuros na cadeia alimentar e nos ecossistemas, abordaram os fatores que ameaçam a preservação dessas espécies, realizaram oficinas práticas para construção de hábitats artificiais, além de coleta de dados e de atividades de identificação de espécies.
Os participantes, por meio de entrevistas, demonstraram familiaridade com os anuros e com sua importância, mas reagiram com medo e repulsa ao se depararem com esses animais. Tais reações, influenciadas por construções sociais e culturais, podem prejudicar a sobrevivência dos anuros. O estudo destacou a necessidade de futuras pesquisas e de ações de conscientização ambiental para evitar a perda de espécimes e a extinção local dos hábitats dos anuros (Pereira et al., 2023).
O terceiro estudo, de Andrade e Azevedo (2023), desenvolvido com 60 estudantes do Ensino Superior (licenciandos em Ciências Biológicas, Pedagogia e Química), embora não mencione explicitamente o uso de materiais paradidáticos, constitui uma fonte valiosa para a construção de tais materiais sobre anuros. O estudo aborda a importância da conservação desses animais, os mitos e as lendas que os cercam e a necessidade de conscientização ambiental. Os autores incorporam dados e resultados do estudo, junto a informações educativas e práticas, e apresentam um material que enriquece a discussão sobre os anuros e seu papel nos ecossistemas.
Utilizaram-se questionários com questões objetivas e discursivas para entender a relação, o conhecimento e a percepção dos estudantes sobre os anuros, abordando tanto as reações diante desses animais quanto a compreensão sobre sua importância ecológica. Os resultados destacaram a ausência de políticas educacionais voltadas à promoção do conhecimento sobre anuros e a necessidade de mais estudos sobre sua ecologia, bem como sobre a preservação de seus hábitats e funções ecológicas (Andrade; Azevedo, 2023).
Por fim, Silva e Silva (2023), com o intuito de superar o modelo tradicional de aulas, explorar a ecologia da ordem dos anuros, despertar o interesse dos estudantes pela Zoologia e promover uma compreensão mais profunda do tema, elaboraram uma sequência didática voltada para alunos do 8º ano do Ensino Fundamental. Seguindo a metodologia dos Três Momentos Pedagógicos (problematização, organização e aplicação do conhecimento), a proposta contribuiu para a troca de ideias, a construção do conhecimento científico, o interesse pela Zoologia e uma compreensão mais aprofundada sobre a ecologia da ordem dos anuros.
Tais estudos reforçam a ideia de que a adoção de recursos e de estratégias educativas inovadoras contribui para o ensino da ecologia de anuros e para a desmistificação das espécies, promovendo a consciência e o engajamento dos estudantes em questões ambientais, especialmente as que envolvem a ordem Anura. Diante disso, e considerando o uso de paradidáticos, optou-se por elencar elementos conceituais fundamentais a um material que venha apoiar esse trabalho:
- História e ecologia dos anuros na Mata Atlântica;
- Diversidade de anuros no ecossistema;
- Adaptação dos sapos;
- Desmistificação dos anuros; e
- Preservação e conservação.
Para discutir história e ecologia dos anuros na Mata Atlântica, partiu-se dos estudos de Eterovick, Souza e Sazima (2020), que apontam a origem do termo "anfíbio", atrelada às palavras gregas amphi (duplo) e bio (vida). Os autores refletem sobre o fato de que a maioria das espécies passa por duas fases distintas de desenvolvimento: a aquática (fase larval) e a terrestre (fase adulta), e destacam os anfíbios como os primeiros vertebrados a colonizar o ambiente terrestre, com ampla diversificação em modos de vida – desde espécies totalmente aquáticas até aquelas exclusivamente terrestres.
Vale destacar que o período devoniano marcou o surgimento dos primeiros vertebrados terrestres (os anfíbios), mas eventos ocorridos durante o Triássico inferior e o Carbonífero levaram à extinção das subclasses Labyrinthodontia e Lepospondyli. Atualmente, a única subclasse existente é a Lissamphibia, com três ordens viventes: Urodelo, Gimnofiona e Anura. Embora sejam animais terrestres, os anfíbios possuem parte do ciclo fisiológico na água, evitando o ressecamento. Muitas espécies mantêm o hábito noturno, devido às altas temperaturas durante o dia (Haddad et al., 2013).
Ao tratar da diversidade de anuros no ecossistema (segundo elemento conceitual), considera-se o uso do hábitat, a locomoção e o hábito alimentar. O Brasil apresenta cerca de 1.200 espécies de anfíbios, sendo 1.144 anuros, o que o torna o país com maior diversidade desse grupo (Segalla et al., 2021).
A ordem Anura, cuja nomenclatura significa “animal sem cauda”, é a mais diversificada e conhecida, englobando sapos, rãs e pererecas. Essa nomenclatura está relacionada à textura da pele, à presença de discos adesivos nos dedos (mãos e pés) e ao grau de dependência da água. A respiração ocorre tanto pela pele quanto pelos pulmões. Seus arcabouços corporais são estruturados para o salto. A maioria dessas espécies apresenta pernas adaptadas para saltar, em vez de caminhar, favorecendo para a conservação da energia do animal (Torralvo et al., 2021; Woehl Jr.; Woehl, 2008).
Os anuros são divididos em três grandes grupos:
- sapos – com pele rugosa, sem brilho e glândulas paratoides;
- pererecas – com pequenas ventosas que permitem fixação em superfície de árvores e paredes para escalação;
- rãs – de pele lisa, geralmente encontradas em ambientes planos (Woehl Jr.; Woehl, 2008).
Popularmente conhecidos como “criaturinhas verdes” que coaxam à noite perto de brejos, os anuros apresentam grande diversidade de cores, hábitos e comportamentos. Na maioria das espécies, a vocalização é determinante para a escolha do macho pela fêmea, embora existam espécies que não coaxam (Verdade; Dixo; Curcio, 2010).
Quanto à adaptação dos sapos, o terceiro elemento conceitual fundamental, é importante ressaltar que, devido à alternância de gerações, os anuros passam por uma fase de transição, conhecida como metamorfose, um processo com duração bem variada, podendo ocorrer em poucos dias ou até quase um ano. Os girinos, na primeira fase, possuem caudas e respiram por brânquias, mas, quando metamorfoseados, absorvem as caudas, desenvolvem patas e passam a viver tanto na água quanto na terra, respirando pelos pulmões e pela pele (Vaz-Silva et al., 2020).
Observa-se que a dependência aquática reprodutiva da classe dos anfíbios também apresenta uma transição do ciclo respiratório desses animais, já que, no período larval, os girinos possuem uma respiração pulmonar, mas, ao atingir a fase adulta, desenvolvem também a respiração cutânea (Pough; Janis; Heiser, 2008).
Destaca-se ainda a adaptação locomotora dos anuros relacionada ao habitat. Os sapos, com pele seca e verrugosa, vivem no solo florestal e são capazes de dar pequenos saltos. As pererecas, de pele lisa e úmida, com discos adesivos nos dedos, conhecidos como ventosas, habitam árvores e arbustos, facilitando seus saltos. Já as rãs, também chamadas de jias (ou gias), possuem pernas traseiras robustas, vivem no chão florestal e realizam saltos mais longos. Existem ainda espécies, como as do gênero Allobates, que desafiam categorizações tradicionais, apresentando características mistas de sapos, rãs e pererecas, destacando-se pela pele lisa, discos nas pontas dos dedos e habilidade de saltar no chão da floresta (Torralvo et al., 2021).
O hábitat natural dos anuros abrange uma ampla gama de ambientes úmidos, essenciais para manter a pele permeável, como florestas tropicais e subtropicais, áreas alagadas, pântanos, riachos e lagos. No entanto, conforme a capacidade de adaptação da espécie específica, podem ser encontrados até mesmo em desertos (Lima; Pederassi, 2015).
Além da influência do hábitat, a alimentação dos anfíbios anuros varia também conforme a espécie e o estágio de vida. A dieta dos girinos, na fase aquática, geralmente é composta de algas, detritos e pequenos organismos aquáticos; enquanto, na fase adulta, tornam-se predominantemente carnívoros, alimentando-se de insetos, aranhas, minhocas e outros pequenos invertebrados. Algumas espécies podem consumir presas maiores, como pequenos roedores (Lima; Pederassi, 2015).
O quarto elemento conceitual a ser discutido é a desmistificação dos anuros. Para isso, defende-se como essencial explorar as crendices e a explicação científica, na intenção de combater crenças equivocadas que associam os anuros a presságios negativos e evidenciar a necessidade de coexistência harmoniosa entre humanos e anfíbios. Faz-se fundamental compreender sua importância ecológica, seja como indicador de saúde ambiental ou no controle de pragas, como mosquitos (Lima et al., 2019).
O que nos leva ao quinto elemento conceitual pelo qual o trabalho sobre ecologia dos anuros deveria, ao nosso olhar, passar: preservação e conservação. Faz-se urgente discutir as ameaças às espécies e seus hábitats, além de refletir sobre a manutenção do equilíbrio ecológico, visto que a preservação dos anuros é crucial para manter a biodiversidade e o equilíbrio de ecossistemas aquáticos e terrestres, já que esses animais desempenham papeis-chave na cadeia alimentar e na ciclagem de nutrientes (Woehl Jr.; Woehl, 2008; Lima et al., 2019).
Embora a diversidade dos anuros seja elevada (mais de 500 espécies), a maioria é de espécies endêmicas, ou seja, encontradas apenas em determinadas regiões, por isso, uma vez extintas, não serão encontradas em outro território. Em 2010, cerca de 30% das espécies corriam o risco de entrar em extinção, devido às altas taxas de exploração antrópica do ambiente, diminuindo assim as áreas naturais e elevando o índice de fragmentos de regiões, deixando os anuros isolados em ambientes instáveis (Verdade; Dixo; Curcio, 2010).
Na região Nordeste, a fragmentação do bioma, a perda do hábitat e o isolamento das espécies são ainda maiores, impedindo a migração de genes entre os seres vivos, entre eles os anuros (Haddad et al., 2013). Nos últimos anos, a sobrevivência dos anuros no bioma da Mata Atlântica ficou ainda mais ameaçada: mais de 50% da anurofauna brasileira encontra-se em risco de extinção (Segalla et al., 2021).
Desse modo, corroborando em parte os objetivos deste estudo, foi possível refletir sobre a importância e as contribuições de práticas diferenciadas para a desmistificação da ordem Anura e a promoção da AC, bem como apontar para a ausência de paradidáticos. Tal reflexão favoreceu a identificação de elementos conceituais essenciais a um material que intencione quebrar paradigmas acerca de conceitos errôneos que abrangem os anuros e contribuir com a preservação e a conservação das espécies no Brasil e no mundo, bem como para o processo de AC dos brasileiros.
Conclusão
Observa-se ser possível, a partir da base teórica deste estudo, promover educação científica e contribuir para o processo de AC, por meio de uma abordagem problematizadora e dialógica dos conceitos científicos. Acredita-se ainda que os paradidáticos têm o potencial de tornar o conhecimento científico mais acessível e compreensível para os diversos públicos, favorecendo um processo educacional mais contextualizado e cativante, por aproximar os conceitos científicos do cotidiano dos estudantes, promovendo uma compreensão mais significativa, e, por consequência, mais profunda e duradoura.
No entanto, não identificamos, na revisão de literatura, considerando o território e o recorte temporal definidos, nenhum trabalho que atendesse às palavras-chave associadas. Por outro lado, identificamos quatro trabalhos inspiradores. Defende-se, então, que, ao envolver os estudantes em atividades práticas e teóricas sobre anuros, fazendo ou não uso de paradidáticos, é possível promover uma compreensão mais profunda sobre a importância desses animais no ecossistema. O que contribui significativamente para desmistificar conceitos equivocados e preconceitos relacionados aos anuros, estimulando o respeito e a preservação desses animais.
Seguimos, então, defendendo que o uso de paradidáticos sobre anuros podem enriquecer o currículo escolar e fomentar a construção de uma consciência ambiental crítica e responsável entre as novas gerações, de uma forma mais leve e lúdica. Desta forma, os alunos desenvolveriam maior conexão com os temas em discussão e adquiririam maior habilidade de observação e pensamento crítico, fundamentais para a compreensão dos princípios ecológicos e para a conservação da biodiversidade.
Conclui-se, assim, ser necessário mais estudos que discutam a relevância dos paradidáticos para dinamizar o ensino da ecologia de anuros e ampliar a possibilidade de uma educação científica sólida, que auxilie na leitura de mundo, na tomada de decisões e, principalmente, na sua transformação em algo melhor para todos, ou seja, que contribua para a formação de estudantes cientificamente alfabetizados.
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Agradecimentos
Somos gratas ao Programa de Pós-Graduação de Ensino e Tecnologias Educacionais do IFMG – campus São João Evangelista e aos docentes que nele atuam.
Publicado em 30 de julho de 2025
Como citar este artigo (ABNT)
SILVA, Dayana Maria da; SILVA, Júlia Graziele da; AMARAL, Sandra Regina do. Alfabetização científica: uso de paradidáticos no ensino de ecologia de anuros. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 25, nº 28, 30 de julho de 2025. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/25/28/alfabetizacao-cientifica-uso-de-paradidaticos-no-ensino-de-ecologia-de-anuros
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