Metodologias ativas e o uso de ferramentas digitais no ensino: reflexões pedagógicas da aprendizagem
Eliete Vanessa Martins
Mestra em Educação Profissional (Universidade de Araraquara), especialista em Tutoria em Educação a Distância (Faculdade de Educação São Luís) e em Linguística e Ensino de Línguas (UniSEB), graduada em Pedagogia e Letras
Mario Marcos Lopes
Doutorando em Educação (UFSCar), docente do Centro Universitário Barão de Mauá e da Faculdade de Educação São Luís
Este artigo discorre sobre a importância das metodologias ativas, o uso de ferramentas digitais no ensino e as reflexões pedagógicas acerca da efetividade da aprendizagem nessas situações, ao colocar o aluno de forma ativa em seu processo de ensino.
Nesse contexto, o trabalho tem como objetivo apresentar metodologias ativas e ferramentas digitais que auxiliam as práticas educacionais, além de identificar e ampliar as possibilidades de uso de recursos digitais favoráveis ao processo de ensino.
O presente estudo é de grande relevância por trazer possibilidades de atuação em aulas presenciais e a distância, além de desenvolver a habilidade autônoma de leitura e escrita nos diferentes componentes curriculares. Para tanto, utilizou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica, com base em buscas em sites acadêmicos, produções bibliográficas e trabalhos já publicados. O texto está estruturado com resumo, introdução, desenvolvimento e conclusão, que perpassam as discussões sobre a temática em evidência.
Referencial teórico: algumas considerações
A palavra “tecnologia” tem origem no grego tekhne, que significa “técnica, arte, ofício”, juntamente com o sufixo logia, que significa “estudo”. Assim, tecnologia significa o domínio do conjunto de conhecimentos necessários para executar algo.
Há vários conceitos que definem tecnologia. Segundo Longo (1984), “tecnologia é o conjunto de conhecimentos científicos ou empíricos empregados na produção e comercialização de bens e serviços”. Outro conceito, de Blaumer (1964 apud Fleury, 1978), afirma que tecnologia “se refere ao conjunto de objetos físicos e operações técnicas (mecanizadas ou manuais) empregadas na transformação de produtos em uma indústria”. A conceituação mais ampla de Kruglianskas (1996) defende que “tecnologia é o conjunto de conhecimentos necessários para conceber, produzir e distribuir bens e serviços de forma competitiva”. Neste trabalho, o conceito de tecnologia engloba todos aqueles citados, com foco na educação.
No campo educacional, a tecnologia abrange a informática, mas não se restringe a ela. Inclui também o uso de aparelhos de som, TV, DVD, kit multimídia, laboratório de informática, tablet, lousa digital, notebooks e celulares, entre outros. Entende-se a tecnologia como o resultado da fusão entre ciência e técnica. Sendo assim, essas práticas se convertem em procedimentos (técnicas) que visam facilitar os processos de ensino e aprendizagem por meio do uso de recursos.
É importante observar que, como salientam Almeida e Valente (1997, p. 8), o emprego das tecnologias da informação e comunicação “impõe mudanças nos métodos de trabalho dos professores, gerando modificações no funcionamento das instituições e no sistema educativo”.
Nesse sentido, a formação docente contínua torna-se relevante ao oferecer respaldo para que o professor construa conhecimento sobre as tecnologias e as metodologias ativas, e compreenda como, por que e quando integrá-las à sua prática pedagógica. Mais do que um recurso de possibilidades educacionais, elas podem ser utilizadas como estratégia didática na interação professor-aluno-conhecimento. Com base nos conceitos estudados nas obras de Vygotsky (1983), reflete-se sobre o papel da interação no desenvolvimento da linguagem e da mediação no processo de ensino-aprendizagem.
As novas tecnologias vêm modificando significativamente as relações do homem com o mundo, visto que, em cada segmento social, encontramos a presença de instrumentos digitais. A escola não pode ficar à margem dessa realidade, devendo apropriar-se dos avanços tecnológicos e incorporá-los à sua prática educativa. Nesse contexto, a experiência em sala de aula por meio do uso de metodologias ativas (tais como Sala de Aula Invertida, Estudo de Caso, Aprendizagem por Pares, Aprendizagem Baseada em Projetos, Aprendizagem Baseada em Problemas, Rotação por Estações) e ferramentas digitais auxilia significativamente o processo de ensino e aprendizagem.
Para Nóvoa (1997, p. 26), “a troca de experiências e a partilha de saberes consolidam espaços de formação mútua, nos quais cada professor é chamado a desempenhar, simultaneamente, o papel de formador e de formando”. Nessa perspectiva, as metodologias ativas envolvem os estudantes com propostas de atividades motivadoras e desafiantes, que instigam a tomada de decisões e promovem a autoavaliação (Moran, 2015).
Um dos grandes desafios da escola contemporânea consiste em adaptar a educação à tecnologia moderna, que inclui o uso de diferentes meios eletrônicos de comunicação, bem como a importância de aproveitar tais recursos em sua totalidade. Sendo assim, utilizar diferentes ferramentas digitais, entre elas Padlet, Classroom, Canva, Mentimeter, Nearpod, Jamboard, Pecha Kucha, que auxiliem no ensino dos diferentes componentes curriculares torna-se um projeto relevante no contexto da escola atual, em suas diversas etapas de ensino.
Diante desse cenário e das oportunidades de aprendizagem que envolvem tecnologias digitais como recurso didático e metodologias ativas inovadoras, cabe aos estudantes o papel de pesquisadores, agentes criativos e curiosos, responsáveis por suas ações e capazes de tomar decisões comprometidas com a transformação da realidade local. Assim, “se queremos que sejam criativos, eles precisam experimentar inúmeras novas possibilidades de mostrar sua iniciativa” (Moran, 2015, p. 17).
A incorporação das inovações tecnológicas só tem sentido se contribuir para a melhoria da qualidade do ensino. A simples presença de novas tecnologias na escola não é, por si só, garantia de maior qualidade na educação, pois a aparente modernidade pode mascarar um ensino tradicional baseado na recepção e na memorização de informações (Gatti, 1993). Porém, se bem utilizadas, as novas formas de ensino dinamizam a aprendizagem, tornando-a uma experiência proveitosa tanto para o aluno quanto para o professor.
As possibilidades didáticas de utilização de metodologias ativas são inúmeras. Quando bem estruturado o processo de mediação e condução da aprendizagem, o estudante desenvolve características e habilidades como autonomia, organização, autocrítica, autoconhecimento, pesquisa, entre outras.
Assim, percebe-se que os recursos tecnológicos atuais promovem novas formas de ler, escrever, pesquisar e, portanto, de pensar e agir. Visto sob esse prisma, o processo educativo pressupõe uma nova forma de possibilitar a construção e a elaboração do conhecimento, a partir de características específicas das novas tecnologias.
Cabe ao professor motivar seus alunos quanto aos conteúdos trabalhados, levando-os à reflexão e à compreensão de sua responsabilidade como estudantes e cidadãos. Os discentes precisam perceber a importância da interação com a leitura e a escrita, presencial e a distância, para sua vida escolar, pessoal e profissional, contribuindo para sua formação geral, para que se tornem sujeitos críticos e atuantes em seu meio social, conscientes de que tudo está conectado e pode ser socializado e compartilhado.
Faz-se necessária a superação de um paradigma educacional, com a reconfiguração de espaços e tempos, didáticas e metodologias que destaque o estudante como partícipe, autor e responsável no processo de aprendizagem. Nesse sentido, de acordo com Choti (2017, p. 66),
pensar aulas mais interessantes, que atendam a um novo paradigma, voltadas à utilização das tecnologias tão presentes ao dia a dia de todos, ou pelo menos de uma parcela significativa desse mundo atual, conectado e globalizado, aliando ao potencial desses docentes e seus respectivos discentes, pode certamente fazer a diferença que se espera da escola desse século XXI.
Diante disso, o desafio da escola do século XXI é desenvolver a autonomia do aluno, contribuindo de maneira significativa para uma formação que perpassa o contato e o domínio de diferentes ferramentas digitais e metodologias ativas, conectando ideias para o crescimento coletivo.
Assim, este trabalho pretende contribuir com professores que desejam utilizar ferramentas digitais e metodologias ativas de aprendizagem, possibilitando reflexões sobre diversos aspectos que devem ser considerados para o estabelecimento de estratégias que desenvolvam práticas de leitura, escrita e pesquisa, tanto em aulas presenciais quanto a distância, por meio de novos recursos digitais e metodologias ativas que auxiliem o processo de ensino e aprendizagem escolar.
Considerações finais
As potencialidades das metodologias ativas e das ferramentas digitais no ensino presencial ou a distância tornam-se evidentes quando se considera a intencionalidade da ação pedagógica, que orienta e planeja didaticamente cada objeto de aprendizagem conforme as funcionalidades e especificidades esperadas, tanto no que se refere ao conceito científico quanto às habilidades e funções psicológicas a serem desenvolvidas. Em tempos de transformações sociais e de mudanças dinâmicas e significativas no fazer pedagógico, as metodologias ativas e o uso de ferramentas digitais configuram-se como propostas inovadoras na educação contemporânea.
Referências
ALMEIDA, F. J.; VALENTE, J. A. Visão analítica da informática na educação no Brasil: a questão da formação do professor. Revista Brasileira de Informática na Educação, São Paulo, 1997.
CHOTI, D. M. M. Formação pedagógica de professores universitários numa visão paradigmática inovadora: a utilização de recursos encontrados na Web 2.0. Tese (Doutorado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, 2017. Disponível em: https://archivum.grupomarista.org.br/pergamumweb/vinculos//00005e/00005edd.pdf. Acesso em: 21 jan. 2024.
FLEURY, A. C. C. Organização do trabalho industrial: um confronto entre teoria e realidade. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1978.
GATTI, B. Os agentes escolares e o computador no ensino. São Paulo: FDE/SE, 1993.
KRUGLIANSKAS, I. Tornando a pequena e média empresa competitiva. São Paulo: Instituto de Estudos Gerenciais, 1996.
LONGO, W. P. Tecnologia e soberania nacional. São Paulo: Nobel, 1984.
MORAN, J. M. Mudando a educação com metodologias ativas. In: SOUZA, C. A.; MORALES, O. E. T. (org.). Convergências midiáticas, educação e cidadania: aproximações jovens. Ponta Grossa: UEPG/Proex, 2015.
NÓVOA, A. (coord.). Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1997.
VYGOTSKY, L. S. Obras escolhidas III. Moscou: Editorial Pedagógica, 1983.
Publicado em 06 de agosto de 2025
Como citar este artigo (ABNT)
MARTINS, Eliete Vanessa; LOPES, Mario Marcos. Metodologias ativas e o uso de ferramentas digitais no ensino: reflexões pedagógicas da aprendizagem. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 25, nº 29, 6 de agosto de 2025. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/25/29/metodologias-ativas-e-o-uso-de-ferramentas-digitais-no-ensino-reflexoes-pedagogicas-da-aprendizagem
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