A importância da música na aprendizagem dos alunos da Educação Infantil

A Educação Infantil é uma fase escolar de grande importância para o desenvolvimento da criança. Trata-se do primeiro momento da educação em que o indivíduo tem contato com um ambiente interativo e social, após a vivência inicial no núcleo familiar. É o que Durkheim (2008) denominou de socialização secundária, quando a criança passa a ter contato com a escola, além do círculo familiar, inserindo-se no meio que a cerca.

O trabalho desempenhado na Educação Infantil com a utilização da música contribui positivamente para a aprendizagem da criança, possibilitando a estimulação de habilidades essenciais relacionadas ao processo de ensino-aprendizagem e contemplando aspectos motores, cognitivos e emocionais (Santos et al., 2022). Compreende-se, então, “que a música caracteriza-se como um objeto que auxilia o desenvolvimento das estruturas cognitivas das crianças, bem como a formação integral do mesmo” (Santos et al., 2022, p. 7).

Ao abordar o tema da importância da música na aprendizagem dos alunos da Educação Infantil, procuramos demonstrar como é fundamental que a aprendizagem nessa fase seja realizada de maneira lúdica, dinâmica e satisfatória para as crianças.

O interesse pela temática tema surgiu na disciplina Música e Educação, do curso de licenciatura em Pedagogia. A partir dos estudos realizados, percebemos a relevância da música para a aprendizagem das crianças, o que despertou o interesse em pesquisar o assunto com enfoque na Educação Infantil, uma vez que esta desempenha papel significativo no desenvolvimento da criança.

O problema da pesquisa consiste em: de que forma a Música pode contribuir para o aprendizado da criança na Educação Infantil?

A importância de discorrer sobre esse tema está em evidenciar como a música facilita o processo de aprendizagem, permitindo oferecer aos alunos uma formação completa, que construa discentes com senso crítico e sensibilidade para lidar com os desafios do mundo.

O objetivo geral do artigo é demonstrar como o trabalho com a música na fase da Educação Infantil colabora para uma aprendizagem que desenvolva aspectos socioemocionais, corporais e educacionais.

A metodologia empregada na elaboração deste trabalho consistiu em uma pesquisa bibliográfica, realizada por meio de consulta a artigos científicos, livros e documentos que norteiam o trabalho pedagógico na Educação Infantil, com seleção e análise de textos sobre o tema abordado.

A importância da música na aprendizagem dos alunos da Educação Infantil

De acordo com o Art. 29 da LDB (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996), a Educação Infantil é definida como a primeira etapa da Educação Básica, tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança até cinco anos de idade em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade (Brasil, 1996). A oferta da Educação Infantil ocorre em creches ou entidades equivalentes para crianças de até três anos de idade e em pré-escolas para crianças de 4 a 5 anos de idade (Brasil, 1996).
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010), as funções da Educação Infantil (Art. 7º) são:

1. assumir a responsabilidade de compartilhar e complementar a educação e o cuidado das crianças com as famílias;
2. oferecer condições e recursos para que as crianças usufruam seus direitos civis, humanos e sociais;
3. possibilitar a convivência das crianças com outras crianças e com os adultos, visando à ampliação dos saberes e dos conhecimentos;
4. promover a igualdade das oportunidades educacionais entre as crianças de diferentes classes sociais, no que se refere ao acesso a bens culturais e às possibilidades de vivência da infância;
5. construir novas formas de sociabilidade e de subjetividade comprometidas com a ludicidade, a democracia, o respeito ao meio ambiente e com o rompimento de relações de dominação de natureza socioeconômica, étnico-racial, de gênero, regional, linguística e religiosa (Brasil, 2010).

A Emenda Constitucional nº 59, de 2009, e, posteriormente, a LDB (Brasil, 1996) alterada pela Lei nº 12.796, incorporaram a Educação Infantil como uma das etapas educacionais obrigatórias.

Art. 26. Os currículos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos (Brasil, 1996).

Ao tornar a Educação Infantil uma das etapas obrigatórias do Ensino Básico, evidenciou-se a importância dessa fase para o desenvolvimento da criança, pois nela são trabalhadas várias áreas, como a Matemática, por meio de jogos e brincadeiras; aspectos sociais; linguagem oral e escrita, através dos livros infantis; movimento, coordenação motora e equilíbrio; além do ensino das Artes, com pinturas, desenhos e colagens (Brasil, 2017).
A Música também está presente nessa etapa e exerce papel importante no desenvolvimento da aprendizagem escolar. Composta por ritmos, melodias e harmonia, é muito atrativa para as crianças, sendo, portanto, um elemento bastante relevante, até mesmo por estar presente há muito tempo em nossa sociedade.

Para Mário de Andrade (2003, p. 13),

o que a gente pode afirmar, com força de certeza, é que os elementos formais da música, o som e o ritmo, são tão velhos como o homem. Este os possui em si mesmo, porque os movimentos do coração, o ato de respirar já são elementos rítmicos, o passo já organiza um ritmo, as mãos percutindo já podem determinar todos os elementos do ritmo. E a voz produz som.

Segundo Oliveira (2019), a criança já nasce fazendo parte de um mundo composto por sons; dessa maneira, ressalta-se que a família possui influência no processo cultural a que o indivíduo está ligado. Desde a concepção a criança está relacionada à musicalidade por meio de canções de ninar, por meio dos brinquedos sonoros, entre outros. Ao ocorrer o crescimento da criança, suas habilidades corporais interagem com novas descobertas, como aprender a cantar, bater palmas e pés, falar e dançar.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (Brasil, 1998, p. 47),

a música está presente em todas as culturas, nas mais diversas situações: festas e comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, políticas etc. Faz parte da educação desde há muito tempo, sendo que, já na Grécia Antiga, era considerada fundamental para a formação dos futuros cidadãos, ao lado da Matemática e da Filosofia.

Como evidenciado por Brito (2003), para que a música possa chegar aos seus objetivos ela deve ser aplicada de diversas maneiras.

Ensinar música, a partir dessa óptica, significa ensinar a reproduzir e a interpretar musicais desconsiderando as possibilidades de experimentar, improvisar, inventar, como ferramenta pedagógica de fundamental importância no processo de construção do conhecimento musical (Brito, 2003, p. 15).

Bréscia (2003) aponta que, ao trabalhar com os sons, a criança tem sua audição aguçada; ao acompanhar os gestos, desenvolve sua coordenação motora, bem como sua atenção; e, ao cantar e imitar os sons, estabelece relações com o ambiente do qual faz parte. O aprendizado por meio da música, além de favorecer o desenvolvimento afetivo da criança, amplia a atividade cerebral, melhora o desempenho escolar e contribui para a integração social do indivíduo.

A importância da música na Educação Infantil é destacada por Godoi (2011) como ferramenta para o desenvolvimento global da criança, indo além de um simples recurso didático. Ela enfatiza a valorização da individualidade de cada criança e o respeito ao seu contexto social, econômico, cultural, étnico e religioso.

O uso ou o trabalho com a música tem como enfoque o desenvolvimento global da criança na Educação Infantil, respeitando sua individualidade, seu contexto social, econômico, cultural, étnico e religioso, entendendo a criança como um ser único com características próprias, que interage nesse meio com outras crianças e, também, explora diversas peculiaridades em todos os aspectos (Godoi, 2011, p. 20).

Nesse sentido, a música na Educação Infantil propicia à criança várias aprendizagens relacionadas ao seu desenvolvimento integral, que incluem a memorização, a criatividade, a expressividade, a socialização, o ritmo, o movimento e a coordenação motora. Assim, a música influencia o desenvolvimento de diversas habilidades na criança.

Lima (2002) relata que a música pode ajudar a criança no desenvolvimento relacionado à sua oralidade, ao seu movimento e ritmo, além de ser significativa pelas questões que envolvem a emoção e o envolvimento.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1997),

o ensino da Música tem por objetivos gerais abrir espaço para que os alunos possam se expressar e se comunicar através dela, bem como promover experiências de apreciação e abordagem em seus vários contextos culturais e históricos. Explorar a linguagem musical como ferramenta pedagógica, identificar as possibilidades de aprendizagens em que a criança aprecie, experimente, vivencie e construa fazer musical que ocorre por meio da experimentação, criação e da reprodução favorece o desenvolvimento da sensibilidade, da criatividade, do senso rítmico, do prazer de ouvir música, da imaginação, memória, concentração, atenção, do respeito ao próximo, também contribuindo para uma efetiva consciência corporal, coordenação motora e movimento. Pesquisar trabalhos científicos com música identificando os benefícios na sensibilidade das crianças, a capacidade de concentração e a memória no processo de alfabetização e ao raciocínio matemático, a música estimula áreas do cérebro não desenvolvidas por outras linguagens, como a escrita e oral.

Percebemos, então, que a música contribui em diferentes aspectos diretamente ligados ao desenvolvimento da criança, auxiliando no processo de ensino e aprendizagem, sendo, portanto, uma ferramenta pedagógica muito útil para o trabalho do professor na Educação Infantil. Através da música, as aulas podem tornar-se mais dinâmicas e interativas, permitindo que as crianças se expressem por meio do corpo, ao serem conduzidas pelo ritmo da canção, construindo novas aprendizagens a partir das experiências corporais.

Destaca-se ainda que “através da música as crianças ampliam a aprendizagem das cores, números etc. Facilita o comando de rotina das atividades escolares, na socialização cria vínculos para estimular a fala, audição e movimentos corporais contribuindo para o desenvolvimento infantil” (Silva, 2022, p. 7).

Girard (2004) afirma que a música é responsável por estimular áreas do cérebro não desenvolvidas por outras linguagens, como, por exemplo, a escrita e a oral. “Essa linguagem, embora antes fosse mais comum, faz parte da cultura das crianças por causa das canções de ninar e das brincadeiras. O pouco que ainda resta abre um oportuno espaço para o trabalho na escola” (Girard, 2004, p. 72).

Segundo Schmitt (2021), diferente do que se pensa, não é missão das escolas desenvolver a competência musical no sentido profissional nos alunos, o que constitui um certo obstáculo para os profissionais da educação que não têm formação na área e carecem das ferramentas teóricas necessárias para esse tipo de trabalho. A autora ainda comenta que

o papel da Música na Educação Infantil é despertar a criança, motivá-la, ampliar seu repertório e oferecer à criança a possibilidade de aprender músicas de diferentes épocas, estilos, que também podem ser exploradas para fins pedagógicos, mas não necessariamente apenas para uso como meio de ensino (Schmitt, 2021, p. 8).

Gouveia (2022) destaca que os primeiros oito anos de vida do indivíduo são considerados o período mais sensível para o desenvolvimento de habilidades musicais. Considera-se que o estímulo musical provoca alterações na anatomia cerebral, levando em conta a capacidade de neurogênese a partir dos efeitos do treinamento musical no cérebro, bem como vínculos associados aos aspectos sociais, à criatividade da criança, à facilidade em resolver questões matemáticas, além do desenvolvimento significativo da linguagem.

Em relação ao trabalho dos professores com a Música, o RCNEI (Brasil, 1998, p. 47) ressalta que

um expoente a ser analisado dentro da linguagem musical é a falta de ações pedagógicas que atendam as reais necessidades do educando. Apesar de fazer parte do planejamento e ser considerada como fundamental na cultura da infância, a música tem atendido a propósitos alheios às suas reais especificações. Ela é tratada como um algo que já vem pronto, servindo como objeto de reprodução e formação de hábitos na rotina escolar, o que acaba por deixá-la em defasagem junto às demais áreas de conhecimento, quando poderia atender a um propósito interdisciplinar.

Com base no que foi citado, compreende-se que, muitas vezes, a música não é bem aproveitada pelo professor como instrumento pedagógico, devido à falta de estratégia no ensino ou criatividade. É importante que o professor utilize a música de modo a atender às necessidades dos educandos, bem como valorizar e respeitar sua realidade e experiências adquiridas no contexto social e familiar em que estão inseridos, podendo também trabalhar diferentes áreas de conhecimento por meio da prática pedagógica interdisciplinar e contextualizada, como forma de facilitar a aprendizagem das crianças.

Segundo Ramalho (2016), é necessário que, além de formação musical do pedagogo ainda durante sua formação inicial, haja também uma formação continuada para o aperfeiçoamento de seus saberes. O que tem ocorrido, segundo o autor, é que o professor/pedagogo tem sentido o peso de ser detentor de todos os saberes, o que tem gerado neles o sentimento de incapacidade por não terem tido uma formação específica na área da música.

A autora traz uma discussão acerca da dependência do professor em relação aos cursos de formação continuada, visto a necessidade da aquisição de conhecimento até então deficitária, sobretudo na área da música, além da necessidade de atualização de conhecimento, considerando “as constantes mudanças narrativas e curriculares ocorridas no contexto da escola ou até mesmo pela intenção de busca de reflexão acerca da prática educativa do professor” (Ramalho, 2016, p. 35).

Compreende-se, então, que é importante que o professor adquira novos conhecimentos e competências por meio da formação continuada para desenvolver o trabalho pedagógico com mais qualidade, atendendo às novas demandas e desafios que surgem nas escolas. Logo, é fundamental que o docente busque sempre aprender para inovar seus métodos de ensino, atualizando sua prática docente de modo que possa criar novas estratégias para o trabalho com a música.

Demo (2011) destaca que é responsabilidade do professor realizar uma aprendizagem significativa, orientando o aluno de forma constante a se expressar fundamentadamente, exercitando o questionamento da realidade e a formulação de pesquisa como parte do cotidiano. Assim, compreende-se que o papel do professor na Educação Infantil está relacionado a proporcionar aos alunos experiências vivenciadas pelo corpo em movimento. Na fase da Educação Infantil, a criança está em desenvolvimento, realizando novas descobertas e aprendizagens a todo momento. As crianças são curiosas, observadoras e estão sempre aprendendo, seja pelas brincadeiras, pelas músicas ou pela observação do mundo que as cerca, expressando-se de forma espontânea.

De acordo com Silva (2022), ao inserir a Música na prática pedagógica e valorizar seu papel dinâmico, o professor reconhece a prática musical educativa como um instrumento acessível e eficaz na Educação Infantil.

As atividades musicais devem ser organizadas e propostas de acordo com a faixa etária, integrando as crianças que estão em momentos diferenciados de desenvolvimento da fala, da capacidade de simbolização de uso de regras e de compreensão, atendendo suas necessidades básicas (Silva, 2022, p. 7).

Considerando que a sala de aula é um espaço diversificado, onde cada aluno é um ser único, com suas características e história de vida, e que cada criança, apesar da pouca idade, já possui uma bagagem cultural, o trabalho pedagógico do professor deve valorizar as diferenças e os conhecimentos prévios dos alunos. Para isso, o docente deve estar familiarizado com a diversidade presente em sala de aula. Diante disso, em relação à diversidade da sala de aula e ao ensino da música, os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1997) apontam que

qualquer proposta de ensino que considere essa diversidade precisa abrir espaço para o aluno trazer música para a sala de aula, acolhendo-a, contextualizando-a e oferecendo acesso a obras que possam ser significativas para o seu desenvolvimento pessoal em atividades de apreciação e produção. A diversidade permite ao aluno a construção de hipóteses sobre o lugar de cada obra no patrimônio musical da humanidade, aprimorando sua condição de avaliar a qualidade das próprias produções e as dos outros.

Godoi (2011) defende que a música na Educação Infantil não se restringe ao aspecto musical, mas também aos aspectos cognitivo e motor, promovendo o desenvolvimento do sujeito como um todo. Diante do exposto, é necessário que a linguagem musical seja valorizada como um mecanismo riquíssimo para a formação intelectual da criança, visto que representa uma poderosa fonte de estímulos, equilíbrio e felicidade, aguçando a criatividade, o raciocínio e a socialização. Por isso, a musicalização é de fundamental importância, pois contribui para o lúdico, permitindo que a criança aprenda explorando seu corpo e o espaço físico.

BNCC: a música e os componentes de experiência

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define o conjunto de aprendizagens consideradas essenciais para os indivíduos. É um instrumento fundamental para dar transparência e clareza a todas as redes de ensino sobre o que cada criança deve e tem o direito de aprender, o que, por sua vez, é um componente essencial para a qualidade e equidade da Educação Infantil. É um documento de caráter normativo “que define o conjunto de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica” (Brasil, 2017, p. 7).

No que se refere à Educação Infantil, a BNCC (Brasil, 2017, p. 36) destaca:

Como primeira etapa da Educação Básica, a Educação Infantil é o início e o fundamento do processo educacional. A entrada na creche ou na pré -escola significa, na maioria das vezes, a primeira separação das crianças dos seus vínculos afetivos familiares para se incorporarem a uma situação de socialização estruturada.

A Música, de acordo com a BNCC (2017), está inserida em dois campos de experiências. O primeiro é o de corpo, gestos e movimentos. Nesse campo, a música é entendida como uma linguagem que permite à criança se comunicar, além de perceber sua capacidade e seus limites. A Música também está presente no campo de experiências traços, sons, cores e formas, sendo considerada uma manifestação cultural e artística que pode ser executada de forma individual e coletiva. De acordo com a BNCC (2017, p. 41), essas experiências possibilitam que os indivíduos desenvolvam seu senso crítico, estético e seu conhecimento.

A instituição escolar precisa promover oportunidades ricas para que as crianças possam sempre ser animadas pelo espírito lúdico e na interação com seus pares, explorar e vivenciar um amplo repertório de movimentos gestos, olhares, sons e mimicas com o corpo, para descobrir variados modos de ocupação e uso do espaço do corpo. (Brasil, 2017, p. 39).

É papel da escola oferecer às crianças um espaço seguro onde possam brincar, correr, se expressar, cantar, explorar o ambiente e realizar suas descobertas e aprendizagens com autonomia. É importante que o professor permita que as crianças realizem suas experiências de forma livre e autêntica, para obterem conhecimento e desenvolverem seus aspectos motores e cognitivos.

O movimento é muito importante para o desenvolvimento das crianças na Educação Infantil. Nessa fase, em que a criança passa a se relacionar com o mundo e a conhecer o espaço, é essencial que ela vivencie experiências por meio do corpo em movimento, realizando atividades lúdicas que promovam a interação social. A BNCC (2017, p. 39) ainda ressalta que,

por meio das diferentes linguagens, como a música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz de conta, elas se comunicam e se expressam no entrelaçamento entre corpo, emoção e linguagem. As crianças conhecem e reconhecem as sensações e funções de seu corpo e, com seus gestos e movimentos, identificam suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo, ao mesmo tempo, a consciência sobre o que é seguro e o que pode ser um risco à sua integridade.

Por meio das expressões artísticas, como a música, a dança e o teatro, a criança se expressa, interage com o meio e obtém conhecimentos culturais e novas formas de pensar. Sabe-se que é pelo corpo em movimento que a criança interage com o mundo e aprende, seja pela dança, pelas brincadeiras ou pela música, que estimula as habilidades motoras, a fala, a sensibilidade e a memória da criança, sendo uma grande aliada na aprendizagem dos pequenos.

Freitas et al. (2020, p. 276) destacam que

a BNCC, ao romper com a lógica do currículo estruturado por conteúdos estanques e disciplinas isoladas, articula as diversas áreas do conhecimento e propõe para a Educação Infantil a integração dessas áreas e das diferentes linguagens, por meio dos campos de experiências. Partindo da proposição de que a criança aprende por meio das experiências vividas no contexto escolar e fora dele, oferece elementos de como a criança aprende e orienta o ideário pedagógico das atividades a serem desenvolvidas pelo professor.

Logo, compreende-se que a proposta da BNCC para a Educação Infantil visa oferecer às crianças maiores experiências e descobertas nos espaços escolares, que fomentam a aprendizagem, estimulando a imaginação, a criatividade e a interação das crianças, valorizando também as experiências vivenciadas em outros contextos, além da escola.

Para Vygotsky, o desenvolvimento da criança acontece por meio dos processos de internalização de conceitos, realizados através de relações sociais que possibilitam o aprendizado. Não basta considerar apenas os fatores biológicos, pois os recursos necessários para a obtenção do aprendizado não virão a ela sem o intermédio de outrem que lhe transmita o conhecimento (Gouveia, 2022). Para Vygotsky, o desenvolvimento da criança ocorre através da interação social; o sujeito se constitui na e pela relação com sua cultura, valorizando assim a interação da criança com o meio.

Resultados e discussão

A pesquisa demonstrou que a Educação Infantil é uma fase muito importante para o desenvolvimento da criança; por isso, essa etapa passou a ser obrigatória na Educação Básica, permitindo que as crianças pequenas tenham acesso à escola, onde são trabalhados os aspectos sociais, culturais, cognitivos, afetivos e motores. A Educação Infantil é a primeira etapa na qual a criança tem contato escolar, sendo importante que seja vista como necessária para a evolução do ser humano.

No que se refere à fase da Educação Infantil, a BNCC (Brasil, 2017) demonstra que a música está inserida em meio a dois campos de experiências: corpo, gestos e movimentos; e traços, sons, cores e formas. Esses campos são indispensáveis para o desenvolvimento do indivíduo. Dessa forma, a base propõe que as crianças da Educação Infantil realizem aprendizagens por meio de atividades lúdicas e experiências de corporeidade no espaço, como dançar, correr, pular, trabalhar o ritmo pelos movimentos naturais e conscientes, e sugere que a música, a dança, o teatro e as brincadeiras sejam trabalhados nessa etapa tão importante para o desenvolvimento da criança.

A pesquisa também demonstrou que documentos como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (Brasil, 1997), a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) (Brasil, 1996), o Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil (RCNEI) (Brasil, 1998) e as Diretrizes Curriculares da Educação Infantil (DCNEI) (Brasil, 2010) destacam a importância da Educação Infantil, assim como da música, sendo dois fatores que, quando trabalhados juntos, são responsáveis por transformar o processo de aprendizagem em algo dinâmico, em que a criatividade é explorada, além de causar impactos positivos nas áreas físicas e emocionais do indivíduo.

Percebeu-se, então, pela pesquisa, que a música contribui para o processo de aprendizagem das crianças, desenvolvendo diferentes áreas, como a cognitiva, motora e afetiva, estimulando a criatividade, a imaginação, o desenvolvimento da fala e da audição. Contribui também na socialização, no movimento e ritmo. Sendo assim, a música atua no desenvolvimento integral da criança, contribuindo diretamente para sua aprendizagem e influenciando os aspectos socioemocionais, corporais e educacionais.

Constatou-se também, pela pesquisa, que o trabalho pedagógico do professor na Educação Infantil, ao utilizar a música como recurso, contribui muito para o ensino-aprendizagem da criança. A música é um elemento muito atrativo para os pequenos, permitindo ao professor trabalhar temas cotidianos de forma mais dinâmica, facilitando a aprendizagem dos alunos. Observou-se ainda que o professor deve investir em formação continuada para adotar novas metodologias no ensino e criar novas e melhores estratégias para trabalhar com a música, investindo em uma proposta interdisciplinar e contextualizada, valorizando os conhecimentos prévios das crianças e suas experiências adquiridas no contexto familiar e social. Ao buscar novos conhecimentos, o professor poderá utilizar a música da melhor maneira, como um instrumento para o ensino, explorando esse recurso para o desenvolvimento das crianças.

Os autores analisados demonstraram que a música já faz parte da criança desde seu nascimento e que ela é fundamental como ferramenta pedagógica no ambiente educacional, sendo, portanto, um grande recurso para o trabalho do professor com as crianças da Educação Infantil.

Considerações finais

Por meio da pesquisa realizada para o desenvolvimento deste artigo, percebeu-se que a música é um fator de grande influência desde seu surgimento e que, na área educacional, pode ser utilizada como fonte de aprendizagem, a fim de colaborar para o processo de ensino-aprendizagem que se inicia na Educação Infantil.

Compreendeu-se que a música, ao ser utilizada pelo professor como recurso pedagógico, influencia em um ensino mais atrativo e dinâmico, facilitando a aprendizagem da criança e estimulando as diversas áreas do cérebro.

Por meio desta pesquisa, foi possível discutir como a música é um fator importante no que se refere à aprendizagem dos alunos na fase da Educação Infantil, fase esta considerada essencial para o desenvolvimento do indivíduo em seus aspectos físicos e emocionais. Como destacado pela LDB (Brasil, 1996), a Educação Infantil tem como meta ser responsável pelo desenvolvimento da criança até os 5 anos de idade, juntamente com os aspectos ensinados pela família, bem como pela sociedade da qual o indivíduo faz parte.

Ressalta-se que, sendo a música um recurso previsto na Base Nacional Comum Curricular (Brasil, 2017), considerada um elemento de fruição da expressão sonoro-musical, é relevante que ela esteja presente nas práticas educativas do docente. Isso ajuda a criança no desenvolvimento de seu senso crítico e estético, devendo ser explorada pelo ambiente escolar em meio às suas práticas pedagógicas, possibilitando que a criança possa se expressar por meio dela.

Conclui-se, então, que, por meio das reflexões em relação ao tema deste trabalho, foi possível reconhecer como a música colabora para o desenvolvimento infantil, podendo-se notar, dessa forma, que ela possui significado importante nas atividades aplicadas no ambiente escolar, sendo, assim, um agente facilitador no que se refere à aprendizagem infantil, favorecendo a formação integral do indivíduo. Por isso, a música deve ser valorizada pelo professor ao considerar o trabalho pedagógico para o público da Educação Infantil, pois contribui para o desenvolvimento de uma prática pedagógica lúdica, favorecendo o desenvolvimento de diversas habilidades e aspectos fundamentais na formação da criança.

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