Promovendo saúde e bem-estar: experiências de Educação Alimentar, Nutricional e atividade física no Ensino Fundamental II
Aline Barbosa Santos
Mestra em Biodiversidade Tropical (UFES), licenciada e bacharela em Ciências Biológicas (UFES), professora na rede estadual do Espírito Santo (SEDU)
Marianna Teixeira de Lima
Pós-graduada em Práticas Educacionais (IFES) e Educação Física Escolar (FVC), licenciada em Educação Física (FVC), professora na rede estadual do Espírito Santo (SEDU)
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a condição alimentar e nutricional, tanto a nível nacional quanto global, é predominantemente marcada por um fenômeno duplo. De maneira geral, observa-se a coexistência de cenários relacionados à insuficiência e/ou inadequação do consumo alimentar, resultando em diversas deficiências nutricionais. Por um lado, persistem situações em que a ingestão de alimentos é insuficiente, gerando carências nutricionais. Por outro, há uma tendência crescente de casos de obesidade e suas comorbidades (OPAS, 2017).
A relação entre hábitos alimentares e doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) tem sido amplamente investigada, e os resultados indicam os hábitos alimentares como os principais contribuintes para doenças como a cardíaca coronária, o acidente vascular cerebral e o diabetes (Micha et al., 2017).
De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira, as principais doenças que atualmente acometem os brasileiros deixaram de ser agudas e passaram a ser crônicas. Apesar da intensa redução da desnutrição infantil, deficiências de micronutrientes e a desnutrição crônica ainda são prevalentes em grupos vulneráveis, como indígenas, quilombolas, crianças e mulheres que vivem em áreas de maior vulnerabilidade (Brasil, 2014). Simultaneamente, no Brasil, houve aumento expressivo do sobrepeso e da obesidade em todas as faixas etárias, sendo as doenças crônicas as principais causas de morte entre adultos. Um terço das crianças de 5 a 9 anos apresenta excesso de peso; 20% dos adolescentes têm sobrepeso; 57% dos adultos têm sobrepeso; e 20% apresentam obesidade (OPAS, 2017).
A obesidade é uma condição de saúde influenciada por diversos fatores, sendo determinada pela interação de elementos biológicos, históricos, ecológicos, econômicos, sociais, culturais e políticos. Parte significativa dessa influência está relacionada à estrutura do sistema alimentar, especialmente no que se refere à disponibilidade e ao acesso da população a alimentos saudáveis, assim como aos padrões de consumo que favorecem a ingestão de alimentos processados e ultraprocessados (OPAS, 2017).
Vários fatores podem contribuir para o comportamento alimentar abaixo do ideal entre pessoas em risco de insegurança alimentar, incluindo estresse financeiro, conhecimentos e habilidades inadequadas sobre alimentação saudável e preparo de alimentos, além dos custos mais elevados de alimentos saudáveis (Van Der Velde et al., 2019).
Os hábitos alimentares são de extrema importância na prevenção e no tratamento das DCNT ao longo de toda a vida. Na infância, a ação mais relevante é a prevenção da obesidade como fator causador de outras DCNT (OMS, 2021). Na adolescência, a importância dos hábitos alimentares é potencializada pelos comportamentos que se consolidam nessa fase da vida, como o uso de álcool, tabaco, sedentarismo e alimentação inadequada. Dietas não saudáveis caracterizam-se pelo baixo consumo de frutas, verduras, cereais integrais, carnes, leguminosas e laticínios, entre outros "alimentos básicos", e pelo alto consumo de alimentos ultraprocessados, fast food e bebidas açucaradas (Curioni et al., 2022).
A vida adulta é fortemente marcada pelo surgimento das DCNT (embora já seja observada em adolescentes, especialmente os obesos). As mudanças de hábitos nessa fase estão fortemente relacionadas às DCNT, sendo a dieta um dos fatores mais importantes (Curioni et al., 2022).
A Educação Alimentar e Nutricional (EAN) tem sido considerada uma estratégia fundamental para a prevenção e o controle dos problemas alimentares e nutricionais contemporâneos. Entre seus resultados potenciais, destacam-se: contribuição para a prevenção e controle das DCNT e deficiências nutricionais; valorização das diferentes expressões da cultura alimentar; fortalecimento de hábitos regionais; redução do desperdício de alimentos; promoção do consumo sustentável e da alimentação saudável (Brasil, 2021).
No âmbito da educação escolar, a EAN é um dos 15 temas contemporâneos e transversais na macroárea temática de Saúde. Na BNCC, esses temas passaram a ser considerados conteúdos essenciais para a Educação Básica, devido à sua contribuição para o desenvolvimento de habilidades vinculadas aos componentes curriculares (Brasil, 2019).
A prática da EAN deve utilizar abordagens e recursos educacionais problematizadores e ativos, que favoreçam o diálogo com indivíduos e grupos populacionais, considerando todas as fases do curso da vida, etapas do sistema alimentar e as interações e significados que compõem o comportamento alimentar (Brasil, 2021).
Diante da importância de cultivar hábitos alimentares saudáveis na prevenção de doenças e observando que muitos estudantes do 6º ao 9º ano da Escola Américo Silvares apresentavam práticas alimentares inadequadas, foi elaborada uma sequência didática voltada para essa temática. A proposta foi desenvolvida na disciplina eletiva, buscando aproximar o conhecimento da realidade dos alunos e promover escolhas mais conscientes no dia a dia. A disciplina foi organizada de forma interdisciplinar, envolvendo docentes de Ciências e Educação Física.
A eletiva é uma proposta de aprendizagem diferenciada, na qual os conteúdos das disciplinas tradicionais são ofertados de forma diversificada, por meio de teatro, dança, música, práticas experimentais, visitas técnicas, entre outras metodologias, e conta com dois professores de áreas distintas, com o objetivo de trabalhar os conteúdos de forma interdisciplinar (SEDU, 2020).
O principal objetivo da sequência didática desenvolvida foi possibilitar aos estudantes refletir sobre seus hábitos alimentares e a prática de atividade física, levando-os a compreender a importância de hábitos saudáveis para o bem-estar físico, social e emocional, por meio do conhecimento científico e do estímulo ao protagonismo.
Metodologia
O desenvolvimento tecnológico facilitou o acesso à informação proporcionado pelo surgimento da internet e das mídias digitais, transformando radicalmente a sociedade na forma de se relacionar, consumir, trabalhar, nos hábitos de vida e, especialmente, de aprender (Castells, 2009).
Pesquisas da neurociência aplicada à educação vêm demonstrando, há mais de duas décadas, que a estrutura neurofisiológica responsável pela aprendizagem não está sendo eficientemente estimulada pelas metodologias educacionais atuais (Camargo; Thuinie, 2018). Esses estudos enfatizam a importância de criar oportunidades em que o mesmo assunto possa ser abordado mais de uma vez, em diferentes contextos, para uma aprendizagem mais eficiente (Cosenza; Guerra, 2011). Outro aspecto relevante é a utilização de diferentes canais de acesso ao cérebro, além do verbal. Assim, as estratégias de aprendizagem que apresentam maiores chances de atingir os objetivos são aquelas que consideram a forma como o cérebro aprende, respeitando os processos de repetição, elaboração e consolidação (Cosenza; Guerra, 2011).
Nesse sentido, surgem as metodologias ativas como proposta de inovação pedagógica. As metodologias ativas de aprendizagem enfatizam o papel protagonista do aluno e sua autonomia, promovendo seu envolvimento direto, participativo e reflexivo em todas as etapas do processo, experimentando, desenhando e criando, com a mediação do professor (Bacich; Moran, 2018). Essas metodologias têm como foco o desenvolvimento de competências e habilidades, com base na aprendizagem colaborativa e na interdisciplinaridade (Camargo; Thuinie, 2018).
Neste trabalho, utilizou-se como metodologia principal a Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP), que envolve os estudantes em investigações e na resolução de problemas reais, permitindo que construam produtos finais concretos e desenvolvam competências como pensamento crítico, colaboração, comunicação e autonomia, aproximando a aprendizagem da realidade e preparando-os para os desafios do mundo real (Moura; Barbosa, 2015). Junto à ABP, foram utilizadas outras metodologias ativas, como rotação por estações, aprendizagem baseada em jogos e aprendizagem experimental.
Considerando o contexto das metodologias ativas e das diferentes formas de aprendizagem, foi elaborada uma sequência de atividades priorizando o uso de jogos, rotação por estações, atividades práticas e ferramentas tecnológicas (Quadro 1). As atividades foram aplicadas em uma turma multisseriada com 32 estudantes, do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental II, na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Américo Silvares, em São Mateus/ES, durante o 3º trimestre de 2022.
Quadro 1: Descrição das atividades desenvolvidas durante a eletiva
Descrição da atividade |
Nº de aulas 1 aula = 50 min |
Atividade 1 Início da eletiva: Bate-papo inicial com nuvem de palavras (Mentimeter) e resposta de questionário para verificação do conhecimento prévio do estudante e hábitos alimentares. Dinâmica degustação: saudável x não saudável |
2 aulas |
Atividade 2 Rotação por estações: Estação 1 – Monte seu prato. Estação 2 – Conhecendo os componentes químicos dos alimentos. Estação 3 – classificando os alimentos. Estação 4 – Kahoot |
2 aulas |
Atividade 3 Digestão dos alimentos: (Aula prática) + Jogo Trilha do Sistema Digestório |
2 aulas |
Atividade 4 Vamos às compras: análise de rótulos (app Desrotulando) |
2 aulas |
Atividade 5 Cálculo do IMC, medição de pressão arterial + cálculo da quantidade de ingestão de água + prática de tecido adiposo (microscópio) |
2 aulas |
Atividade 6 Papo com a nutricionista e jogos interativos (batata quente, jogo Twister e torta na cara) com acadêmicas do curso de graduação em nutrição da Faculdade Vale do Cricaré (FVC) |
2 aulas |
Atividade 7 Desafio: Circuito psicomotor - sequência de atividades físicas |
2 aulas |
Atividade 8 Atividade com acadêmicos da enfermagem da UFES sobredoenças associadas à má alimentação e ao sedentarismo (diabetes, câncer, obesidade, pressão alta, arteriosclerose etc.) |
2 aulas |
Atividade 9 Finalização da Eletiva: lanche saudável montado pelos estudantes e nuvem de palavras (Mentimeter) |
2 aulas |
Atividade 10 Culminância da eletiva: apresentação de vídeos, fotos, relatos, confecção de prato saudável, pirâmide alimentar, exposição de jogos didáticos e mesa temática sobre alimentação saudável desenvolvidos como produto final escolhido pelos estudantes Ação em saúde: aferição de pressão arterial, cálculo do IMC, batimentos cardíacos - realizada por acadêmicos da enfermagem (UFES) |
2 aulas |
Resultados alcançados
Atividade 1: Na primeira aula, foi elaborada uma nuvem de palavras colaborativa a partir da questão: Quais palavras vêm à sua mente quando ouve falar sobre alimentação saudável? Foi utilizada a ferramenta Mentimeter, uma plataforma online para criação e compartilhamento de apresentações de slides com interatividade (Mentimeter, 2025). As principais palavras que os estudantes utilizaram foram: frutas, boa alimentação, saladas, arroz, feijão, equilíbrio, salada de frutas, alimentação equilibrada, vegetais, dinheiro (Figura 1).
Analisando os termos inseridos pelos estudantes na nuvem de palavras, observa-se que, apesar de conhecerem expressões que remetem à alimentação saudável, na prática da rotina escolar a situação é diferente. Eles trazem e consomem alimentos como balas, chips, chiclete, pirulito, refrigerantes e suco em pó, dentre outros. Contudo, é importante frisar que a alimentação escolar é produzida com base nas orientações de um profissional de nutrição, visando a oferta de uma dieta balanceada aos estudantes. Observa-se também que, quando são servidas frutas no cardápio, ocorre grande desperdício.
Após a atividade inicial, com o objetivo de aferir o conhecimento prévio dos estudantes sobre o tema, foi realizada uma dinâmica de degustação, na qual os estudantes deveriam classificar os alimentos em “saudável” e “não saudável”. Para essa atividade, uma mesa com alimentos foi disponibilizada, e um estudante era escolhido de forma aleatória, com os olhos vendados, para adivinhar qual era o alimento e classificá-lo como “saudável” ou “não saudável”. A atividade foi muito bem-sucedida, uma vez que os estudantes se mostraram engajados e interessados em participar.
Figura 1: A) Slide com a nuvem de palavras elaborada pelos estudantes; B) Alimentos utilizados na dinâmica de degustação e classificação dos alimentos; C) Estudantes participando da dinâmica
Atividade 2:Rotação por estações: Estação 1 – Monte seu prato. Estação 2 – Conhecendo os componentes químicos dos alimentos. Estação 3 – Classificando os alimentos. Estação 4 – Kahoot.
Nessa atividade, foi desenvolvida uma rotação por estações sobre a composição química dos alimentos (Figura 2). Após uma breve explicação para a introdução do assunto, partindo da questão "de que os alimentos são feitos?", os estudantes visitaram quatro estações para o desenvolvimento das atividades. Na estação 1, foi realizada a atividade “Minha refeição”, em que eles deveriam esquematizar a composição e proporção de um prato que se aproximasse da sua alimentação. Na estação 2, houve a leitura de um texto sobre a composição química dos alimentos, observação de um modelo estrutural da molécula de glicose e experimento de detecção de amido. Na estação 3, os estudantes realizaram uma atividade de recorte de panfletos de supermercado e montagem de pirâmide alimentar com representantes dos diferentes grupos de alimentos. Na estação 4, foi aplicado um quiz utilizando a plataforma Kahoot.
A utilização da metodologia de rotação por estações foi recebida de forma positiva pelos estudantes. As estações 3 e 4 foram aquelas em que eles demonstraram maior interesse em fazer questionamentos e se mostraram mais entusiasmados, valorizando a atividade. Essas observações podem ser justificadas pelo fato de que as atividades dessas estações envolviam experimentação e o uso de tecnologias. O uso da plataforma Kahoot e de atividades práticas como ferramentas de aprendizagem proporcionou um ambiente mais dinâmico e estimulante, contribuindo significativamente para o engajamento dos alunos e para a eficácia do processo de ensino-aprendizagem.
Figura 2: Atividade de rotação por estações.A) Estação 1 – Monte seu prato; B) Estação 2 – Conhecendo os componentes químicos dos alimentos; C) Estação 3 – classificando os alimentos; D) Estação 4 – Kahoot
Atividade 3:Digestão dos alimentos: (Aula prática) + Jogo Trilha do Sistema Digestório.
Nessa etapa, os estudantes participaram de uma atividade prática na qual se utilizaram alimentos in natura (frutas), pão integral e alimentos industrializados (biscoitos), acondicionados em sacos plásticos do tipo Ziplock. Os alimentos foram macerados com o auxílio das mãos, e observaram-se as características físicas resultantes do processo. O objetivo foi demonstrar como a composição química dos alimentos influencia o processo de digestão, enfatizando a importância do consumo de alimentos ricos em água e fibras para o bom funcionamento do sistema digestivo.
Atividade 4:Vamos às compras: análise de rótulos.
Previamente, os estudantes foram instruídos a providenciar embalagens diversas de alimentos que consumiam em sua rotina alimentar e a fazer o download do app Desrotulando (Figura 3). Durante a aula, as embalagens foram disponibilizadas em um espaço e fornecida uma tabela com o roteiro de dados que seriam extraídos dos rótulos por meio do app Desrotulando (disponível na Play Store). Os estudantes, organizados em grupos, deveriam escolher seus produtos e, em seguida, analisar a composição nutricional por meio do aplicativo indicado.
Os dados obtidos foram registrados na tabela impressa disponibilizada e analisados pelo grupo. Essa atividade foi uma das mais engajadoras, pelo fato de associar a realidade da escolha dos alimentos consumidos pelos estudantes à interatividade e à riqueza de informação fornecida pelo aplicativo escolhido. Além disso, possibilitou a discussão entre os grupos.
Figura 3: Atividade de análise das informações nutricionais. A e B)Grupo analisando as informações por meio do app Desrotulando e preenchimento de tabela
Atividade 5:Cálculo do índice de massa corporal (IMC), medição de pressão arterial + cálculo da quantidade de ingestão de água + prática de tecido adiposo (microscópio).
Nessa sequência de atividades, utilizamos: calculadora, fita métrica, balança, aferidor de pressão arterial, microscópio e lâminas histológicas. Os estudantes, em duplas, após a pesagem e a medição da altura, realizaram o cálculo do IMC, dividindo seu peso em quilogramas pela altura ao quadrado, em metros. Em seguida, aferiram a pressão arterial e calcularam a quantidade diária de ingestão de água. Os dados coletados foram registrados em ficha, e, ao final da aula, os estudantes foram classificados em desnutrição, peso ideal, sobrepeso e obesidade, de acordo com os parâmetros propostos pela OMS.
Foram observadas lâminas histológicas de pele para identificação das células do tecido adiposo, responsáveis pelo armazenamento de gorduras. Após a observação, os estudantes desenharam o formato das células observadas e realizaram uma pesquisa sobre as funções do tecido adiposo.
Atividade 6:Papo com a nutricionista e jogos interativos (batata quente e jogo Twister) com acadêmicas do curso de graduação em Nutrição da Faculdade Vale do Cricaré (FVC).
Para essa atividade, foi convidada a nutricionista responsável pela alimentação da escola para um bate-papo com os adolescentes. A convidada iniciou explicando como era elaborado o cardápio e quais as formas de preparo dos alimentos. Em seguida, os estudantes fizeram perguntas sobre os tipos de alimentos ofertados na escola e sugeriram ajustes relacionados à quantidade, qualidade e diversificação dos alimentos servidos. Logo após, duas acadêmicas do curso de Nutrição, de uma faculdade privada, fizeram uma breve explicação utilizando uma pirâmide alimentar confeccionada em EVA, abordando os tipos e as quantidades ideais de alimentos que devem ser consumidos para uma alimentação equilibrada (Figura 4A). Na sequência, realizaram uma série de atividades, incluindo “batata quente” e o jogo Twister (Figuras 4B e 4C). Os estudantes foram divididos em dois grupos de 15 pessoas, que se revezaram nas atividades de perguntas e respostas. Essa sequência de atividades foi bastante apreciada pelos alunos, sendo perceptível o alto nível de engajamento nas dinâmicas propostas.
Figura 4: Atividade: Papo com a nutricionista e jogos interativos. A)Explicação sobre pirâmide alimentar;B)Jogo Twister; C) Batata quente
Atividade 7:Desafio: Circuito psicomotor - sequência de atividades físicas.
Foram selecionadas cinco atividades para a montagem de um circuito: bambolê, desvio de cones com a bola, abdominal e pula-corda. Foi cronometrado o tempo de execução do circuito de cada participante, sendo vencedor aquele que realizou em menor tempo. Nesta atividade, foi possível perceber que alguns estudantes tiveram desempenho melhor em relação a outros. Essa diferença foi atribuída pelos próprios estudantes ao nível de condicionamento físico. Aqueles mais ativos, que participam de atividades físicas na própria escola, por exemplo, conseguiram realizar o circuito em menos tempo.
Atividade 8:Atividade com acadêmicos da Enfermagem da UFES sobre doenças associadas à má alimentação e sedentarismo (diabetes, câncer, obesidade, pressão alta, arteriosclerose etc.).
Inicialmente, os estudantes responderam a um questionário online sobre a saúde de seus familiares. Em seguida, foi exibido um vídeo sobre as principais doenças associadas à má alimentação, seguido de uma palestra que exemplificou os tipos de doenças e formas de prevenção. Ao final, foi aberta uma sessão de perguntas, na qual os estudantes puderam esclarecer dúvidas sobre as doenças. Nem todos participaram ativamente realizando questionamentos. A maioria mencionou que familiares ou conhecidos apresentavam com mais frequência diabetes e hipertensão.
Atividade 9:Finalização da eletiva.
Os estudantes levaram alimentos para a montagem de uma refeição saudável como avaliação das aprendizagens desenvolvidas ao longo da disciplina. Após a montagem, seus pratos foram avaliados pelos próprios estudantes em relação aos tipos de alimentos e às quantidades. Uma nova nuvem de palavras foi elaborada, e alguns termos foram identificados como novos nos vocabulários dos estudantes, como carboidratos, proteínas e prevenção de doenças.
Atividade 10:Culminância da eletiva.
Apresentação dos produtos finais: vídeos, fotografias, relatos, confecção de prato saudável, montagem de pirâmide alimentar, exposição de jogos didáticos e mesa temática sobre alimentação saudável. Ao final da disciplina, foi realizada, como parte da avaliação, a exposição das atividades desenvolvidas (produtos finais). A apresentação ocorreu na quadra da escola, juntamente com os demais trabalhos das eletivas desenvolvidas ao longo do trimestre (Figura 5, de A a D). Paralelamente, também foi realizada uma ação em saúde, com aferição de pressão arterial, cálculo do IMC e verificação dos batimentos cardíacos, conduzida por acadêmicos de enfermagem da UFES, envolvendo desta vez todos os estudantes da escola, e não apenas os da disciplina (item D).
Ao término da eletiva, avaliamos, por meio do ciclo PDCA, a participação dos estudantes e as atividades desenvolvidas. Segundo relatos dos estudantes, os pontos positivos da eletiva foram a variedade de atividades, em especial as práticas realizadas na quadra (circuito de atividades), o quiz e as atividades com convidados. Assim, fica evidente que o uso de estratégias diversificadas no contexto das metodologias ativas contribui para o engajamento e interesse dos estudantes. Em todas as aulas, eles já criavam expectativas sobre a próxima atividade, o que, de certa forma, contribuiu para que os professores responsáveis pela disciplina se planejassem para desenvolver propostas diferentes, capazes de atender às necessidades dos estudantes.
Figura 5: Culminância da eletiva. A) Estudantes preparando os produtos finais para serem expostos na culminância da eletiva; B) Painel de apresentação confeccionado pelos estudantes; C) Mesa temática com alimentos saudáveis e cartaz com quantidade de açúcar adicionado nos alimentos; D) Ação em saúde com as acadêmicas da Enfermagem, aferição de pressão arterial e cálculo do índice de massa corporal (IMC)
Referências
BACICH, Lilian; MORAN, José (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018.
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BRASIL. Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS). Educação alimentar e nutricional. Brasília, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/mds/pt-br/caisan/educacao-alimentar-e-nutricional. Acesso em: 18 dez. 2023.
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CAMARGO, Fausto; THUINIE, Daros. A sala de aula inovadora: estratégias pedagógicas para fomentar o aprendizado ativo. Porto Alegre: Penso, 2018.
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COSENZA, Ramon M.; GUERRA, Leonor B. Neurociência e educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed, 2011.
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MICHA, R. et al. Etiologic effects and optimal intakes of foods and nutrients for risk of cardiovascular diseases and diabetes: Systematic reviews and meta-analyses from the Nutrition and Chronic Diseases Expert Group (NutriCoDE). Plos One, v. 12, nº 4, p. e0175149, 27 abr. 2017.
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VAN DER VELDE, L. A. et al. Needs and perceptions regarding healthy eating among people at risk of food insecurity: a qualitative analysis. International Journal for Equity in Health, v. 18, nº 1, 27 nov. 2019.
Publicado em 01 de outubro de 2025
Como citar este artigo (ABNT)
SANTOS, Aline Barbosa; LIMA, Marianna Teixeira de. Promovendo saúde e bem-estar: experiências de Educação Alimentar, Nutricional e atividade física no Ensino Fundamental II. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 25, nº 37, 1º de outubro de 2025. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/25/37/promovendo-saude-e-bem-estar-experiencias-de-educacao-alimentar-nutricional-e-atividade-fisica-no-ensino-fundamental-ii
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