A Psicopedagogia baseada em evidências: narrativas de vivências a partir do estágio clínico psicopedagógico

Jefferson Ravadiérison da Silva

Licenciado em Pedagogia (UnP), especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional (Unifip), mestrando em Ciências da Educação (WUE)

Maria Eliane Francelino da Silva Pontes

Licenciada em Pedagogia (UVA/Ibrapes), bacharel em Serviço Social (UNP), especialista em Psicopedagogia (Unifip), mestranda em Ensino (Posensino/UERN)

A Psicopedagogia Clínica é uma área de estudo e intervenção dedicada à compreensão e resolução de dificuldades de aprendizagem, levando em consideração uma ampla gama de fatores, incluindo processos cognitivos, emocionais, sociais, culturais, orgânicos e pedagógicos. Esta abordagem holística oferece diagnósticos precisos e intervenções eficazes, visando resgatar o prazer de aprender e promover a integração entre pais, professores, orientadores educacionais e outros especialistas envolvidos no ambiente educacional do aluno (Bossa, 2019). A Psicopedagogia Clínica se destaca por sua capacidade de abordar o aluno como um ser integral, cujas dificuldades de aprendizagem podem ter múltiplas causas e manifestações.

A importância desta área reside em sua capacidade de proporcionar intervenções mais eficazes e personalizadas, ajustadas às necessidades específicas de cada aluno. Bastos (2015) argumenta que, na clínica psicopedagógica, cada paciente é singular, possuindo um estilo próprio de aprender ou de não aprender, estabelecendo uma relação de transferência com o psicopedagogo, que deve se tornar uma referência essencial para despertar o desejo de aprender. Essa visão integrada permite que a Psicopedagogia Clínica ofereça soluções mais abrangentes e eficazes para os desafios de aprendizagem que os alunos enfrentam.

No contexto atual, a prática baseada em evidências tem se tornado cada vez mais crucial para a eficácia da Psicopedagogia Clínica. As práticas baseadas em evidências são aquelas fundamentadas em pesquisas científicas rigorosas e comprovadas, garantindo que as intervenções utilizadas pelos psicopedagogos sejam efetivas e seguras. Nesse sentido, Mendes e Silva (2020) destacam que o uso de métodos e técnicas validadas empiricamente é fundamental para a avaliação e intervenção em dificuldades de aprendizagem, assegurando melhorias significativas nas habilidades das crianças. A integração de tecnologia educacional e terapia assistida são exemplos de intervenções baseadas em evidências que têm mostrado resultados promissores no desenvolvimento de habilidades e na potencialização do aprendizado.

Este artigo tem como objetivo relatar as experiências vivenciadas durante o estágio psicopedagógico clínico, discutindo a importância das práticas baseadas em evidências para a Psicopedagogia. Por meio da descrição das atividades realizadas e dos métodos utilizados, busca-se demonstrar como a integração de diferentes abordagens e ferramentas pode contribuir para o sucesso das intervenções psicopedagógicas. A fundamentação teórica abordará as principais teorias e metodologias da Psicopedagogia Clínica, fornecendo um embasamento robusto para a compreensão dos processos de aprendizagem e suas possíveis dificuldades.

A metodologia detalha os procedimentos adotados durante o estágio, enquanto os resultados serão discutidos à luz das experiências vivenciadas, destacando os aspectos que contribuíram para a formação dos discentes e para a efetividade das intervenções realizadas. Ademais, a conclusão apresentará uma síntese dos achados e suas implicações para a prática psicopedagógica, além de sugerir direções para futuras pesquisas na área. Essa abordagem visa não apenas relatar as vivências do estágio, mas também contribuir para o desenvolvimento de práticas psicopedagógicas mais eficazes e baseadas em comprovação científica, promovendo uma melhor compreensão das dificuldades de aprendizagem e das formas de superá-las.

Por fim, a Psicopedagogia Clínica, fundamentada em práticas baseadas em evidências, é essencial para proporcionar intervenções que realmente façam a diferença na vida dos alunos. Ao adotar uma abordagem integrada e personalizada, os psicopedagogos podem ajudar a superar os desafios de aprendizagem, promovendo o desenvolvimento integral dos alunos e contribuindo para uma educação mais inclusiva e eficaz.

Definição e objetivos da Psicopedagogia Clínica

A Psicopedagogia Clínica é uma área especializada da Psicopedagogia que se concentra na avaliação e intervenção junto a indivíduos que apresentam dificuldades de aprendizagem. O objetivo principal desta área é identificar as causas dessas dificuldades, sejam elas cognitivas, emocionais, sociais ou orgânicas, e desenvolver estratégias de intervenção que promovam a superação dos obstáculos no processo de aprendizagem. Segundo Paín (1985), a Psicopedagogia Clínica se diferencia por sua abordagem integrada, que considera o aluno em sua totalidade, respeitando suas particularidades e necessidades específicas. Esta visão holística permite que os psicopedagogos criem intervenções personalizadas que atendam às demandas individuais de cada aluno, promovendo um ambiente de aprendizagem mais inclusivo e eficaz. Howard Gardner (1983), ao estudar sobre as inteligências múltiplas, também influenciou a forma como os educadores compreendem a diversidade de habilidades e estilos de aprendizagem dos alunos.

Teorias e abordagens em Psicopedagogia

Diversas teorias sustentam a prática da Psicopedagogia Clínica, fornecendo um embasamento teórico robusto para a compreensão dos processos de aprendizagem e de suas possíveis dificuldades. Dentre as teorias mais influentes, destaca-se a teoria psicogenética de Jean Piaget, que enfatiza o desenvolvimento cognitivo e os estágios pelos quais as crianças passam à medida que adquirem novas habilidades e conhecimentos. Piaget ressalta a importância das interações ativas com o ambiente para o desenvolvimento cognitivo, sugerindo que a aprendizagem é um processo dinâmico e construtivo. Outra teoria fundamental é a teoria sociocultural de Lev Vygotsky, que destaca a influência do contexto social e cultural no desenvolvimento cognitivo. Vygotsky introduziu o conceito de zona de desenvolvimento proximal (ZDP), que descreve a diferença entre o que a criança consegue realizar sozinha e o que pode realizar com ajuda, evidenciando a relevância do processo de aprendizagem.
A teoria das inteligências múltiplas, de Howard Gardner, também oferece uma contribuição significativa à Psicopedagogia Clínica ao propor que a inteligência não é uma entidade única, mas composta por diversas inteligências distintas, como a linguística, lógico-matemática, espacial, musical, corporal-cinestésica, interpessoal e intrapessoal. Essa perspectiva amplia a compreensão das capacidades individuais e permite uma abordagem mais personalizada na intervenção psicopedagógica.
Além disso, destaca-se a abordagem construtivista, inspirada principalmente nas teorias de Piaget e Vygotsky, que enfatizam que o conhecimento é construído ativamente pelo aprendiz, por meio de suas experiências e interações com o mundo. Essa concepção promove a ideia de que o aluno deve ser um participante ativo no processo de aprendizagem.
Essas teorias, entre outras, oferecem uma base sólida para a prática psicopedagógica, permitindo que os profissionais compreendam melhor as dificuldades de aprendizagem e desenvolvam intervenções eficazes. A integração dessas abordagens teóricas possibilita uma compreensão mais completa e aprofundada dos processos de aprendizagem e das dificuldades que podem surgir.

Intervenções psicopedagógicas baseadas em evidências

A prática baseada em evidências é fundamental para a eficácia da Psicopedagogia Clínica. A literatura aponta para a importância de utilizar métodos e técnicas validados empiricamente para a avaliação e intervenção. Nesse contexto, a psicopedagogia se apoia em informações criteriosas, incluindo a consulta ao DSM-5-TR – Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, ferramenta que padroniza critérios diagnósticos para transtornos que afetam a mente e as emoções dos indivíduos. Estudos demonstram que intervenções psicopedagógicas estruturadas e fundamentadas em evidências podem promover melhorias significativas nas habilidades de aprendizagem das crianças. Por exemplo, pesquisas realizadas por Bossa (2019) indicam que o uso de testes psicomotores e atividades lúdicas contribui para a identificação e o tratamento eficaz de dificuldades de aprendizagem. A ludicidade, em particular, tem se mostrado um meio valioso, pois promove a vinculação cognitiva à aprendizagem, permitindo que a criança se reconheça e construa sua própria forma de aprender (Figueiredo; Assis, 2015).

Além disso, Mendes e Silva (2020) ressaltam a eficácia do uso de tecnologias educacionais, como softwares de aprendizagem personalizada, os quais têm apresentado resultados promissores no apoio a alunos com dificuldades de aprendizagem. Outra intervenção que tem ganhado destaque é a terapia assistida, a qual, segundo Faria (2018), tem demonstrado benefícios significativos na melhora do engajamento e do comportamento dos alunos. Essas intervenções, quando integradas a abordagens tradicionais, oferecem uma variedade de recursos aos psicopedagogos, ampliando as possibilidades de sucesso nas intervenções clínicas.

Adicionalmente, a supervisão constante e a articulação entre teoria e prática são aspectos cruciais para o desenvolvimento de uma prática psicopedagógica efetiva. A vivência escolar, acompanhada de um suporte teórico sólido, proporciona uma formação mais completa e prepara os futuros psicopedagogos para enfrentar os desafios da prática clínica.

A revisão de literatura reforça, portanto, a necessidade de uma abordagem integrada e baseada em evidências na Psicopedagogia Clínica, evidenciando a importância de intervenções personalizadas e ajustadas às necessidades individuais dos alunos. Ao adotar práticas fundamentadas em pesquisas científicas rigorosas, os psicopedagogos asseguram que suas intervenções sejam não apenas eficazes, mas também eticamente responsáveis e orientadas para o bem-estar integral do sujeito em processo de aprendizagem.

Metodologia

A metodologia deste estudo baseia-se em uma abordagem qualitativa, centrada na descrição detalhada das experiências vivenciadas durante o estágio psicopedagógico clínico. Esta seção descreve os procedimentos adotados para a realização do estágio, incluindo as atividades desenvolvidas, os métodos e instrumentos utilizados, os critérios de seleção dos participantes e os procedimentos de coleta e análise de dados.
O estágio psicopedagógico clínico foi realizado em um centro regional de atendimento especializado, envolvendo sessões individuais com alunos que apresentavam diferentes tipos de dificuldades de aprendizagem. Durante essa experiência, foram desenvolvidas atividades práticas supervisionadas, planejadas e executadas com base em um plano de intervenção individualizado para cada aluno, considerando suas necessidades específicas e contextos particulares, sempre sob orientação do docente responsável.
Ao longo do estágio, foram empregadas diversas metodologias e instrumentos de avaliação e intervenção, selecionados com base nas melhores práticas e evidências científicas disponíveis. Entre as ferramentas utilizadas, destacam-se entrevistas diagnósticas, testes psicomotores e tecnologias educacionais.
As entrevistas diagnósticas foram realizadas com os alunos e seus responsáveis para obter uma compreensão abrangente das dificuldades de aprendizagem e do contexto familiar e escolar. A aplicação dos testes psicomotores permitiu avaliar habilidades motoras e identificar possíveis interferências no processo de aprendizagem.
Além dos instrumentos diagnósticos, também foram utilizados jogos e brincadeiras como recursos terapêuticos para promover o desenvolvimento cognitivo e emocional. O uso de softwares de aprendizagem personalizada também se mostrou eficaz no apoio e desenvolvimento de habilidades específicas.
Os participantes do estudo foram selecionados com base em critérios específicos, incluindo a presença de dificuldades de aprendizagem previamente diagnosticadas, a disponibilidade para participar das sessões e o consentimento formal dos responsáveis. Os alunos foram organizados em grupos conforme suas características individuais e necessidades, o que possibilitou a aplicação de intervenções mais direcionadas e eficazes.
A coleta de dados foi realizada por meio de observações diretas durante as sessões, registros sistemáticos do progresso dos alunos, entrevistas com os responsáveis e análise de relatórios de desempenho escolar.
A análise dos dados seguiu uma abordagem qualitativa, utilizando a técnica de análise de conteúdo para identificar padrões e temas recorrentes nas narrativas e registros. Os dados foram triangulados a fim de garantir maior validade e confiabilidade às conclusões. Essa análise foi orientada pelos objetivos do estudo, buscando compreender a eficácia das práticas psicopedagógicas baseadas em evidências e os fatores que contribuíram para o sucesso das intervenções aplicadas.

Resultados

Nesta seção, serão apresentados e discutidos os resultados obtidos durante o estágio psicopedagógico clínico, com foco nas atividades realizadas, nas experiências vivenciadas e nas observações coletadas. A análise dos resultados buscará evidenciar como as práticas baseadas em evidências contribuíram para a eficácia das intervenções psicopedagógicas.

As atividades realizadas durante o estágio psicopedagógico clínico foram diversificadas e adaptadas às necessidades individuais de cada aluno. As sessões de avaliação inicial ocorreram por meio de entrevistas diagnósticas e da aplicação de testes psicomotores para identificar as dificuldades de aprendizagem de cada aluno. Essas avaliações iniciais foram fundamentais para a elaboração de planos de intervenção personalizados.

Durante o estágio, foram realizadas sessões de intervenção individualizadas, focadas no desenvolvimento de habilidades específicas, como leitura, escrita, matemática e habilidades motoras. Utilizou-se uma combinação de atividades lúdicas, exercícios estruturados e tecnologia educacional para promover o engajamento e o progresso dos alunos.

As experiências vivenciadas durante o estágio foram ricas e variadas, proporcionando uma compreensão profunda das dificuldades de aprendizagem e das estratégias de intervenção mais eficazes. Alguns relatos de casos ilustrativos reforçam esses achados. Caso ilustrativo: um aluno de 10 anos, diagnosticado com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), demonstrou progresso notável em seu comportamento e engajamento após participar das sessões. A interação com a tecnologia foi essencial para reduzir a timidez e aumentar a concentração durante as atividades de aprendizagem.

Os resultados obtidos indicam que as práticas baseadas em evidências foram eficazes na promoção do desenvolvimento das habilidades de aprendizagem dos alunos. A análise dos dados coletados revelou os seguintes avanços:

  • Melhorias cognitivas e acadêmicas: observou-se progresso significativo nas habilidades cognitivas e acadêmicas, especialmente em leitura, escrita e Matemática. As intervenções individualizadas permitiram que os alunos superassem dificuldades específicas e avançassem em seu processo de aprendizagem.
  • Desenvolvimento emocional e comportamental: as intervenções também contribuíram para melhorias emocionais e comportamentais, com destaque para o aumento da autoestima, da motivação e do comportamento positivo em sala de aula. A terapia assistida por animais, em especial, mostrou-se eficaz na redução da ansiedade e no aumento do engajamento dos alunos.
  • Integração social: as atividades em grupo promoveram a integração social dos alunos, melhorando suas habilidades interpessoais e criando um ambiente de aprendizagem mais inclusivo. Os alunos mostraram-se mais colaborativos e comunicativos, o que impactou positivamente seu desempenho acadêmico e bem-estar geral.

Apesar dos resultados positivos, alguns desafios e limitações foram identificados durante o estágio. Resistência inicial: alguns alunos, especialmente aqueles com histórico de insucesso escolar, demonstraram dificuldades de adesão no início. Foi necessário um trabalho contínuo de motivação e encorajamento para favorecer sua participação no processo. Tempo: embora o período das sessões tenha sido significativo, mostrou-se insuficiente para observar mudanças de longo prazo em alguns casos. Intervenções mais prolongadas podem ser necessárias para consolidar os progressos obtidos. Disponibilidade de recursos: a disponibilidade de tecnologia educacional e de profissionais especializados variou ao longo do estágio, o que impactou a consistência e a continuidade de algumas intervenções.

Discussão

Nesta seção, serão interpretados e discutidos os resultados à luz da fundamentação teórica apresentada anteriormente, refletindo sobre a eficácia das práticas baseadas em evidências e identificando os fatores que contribuíram para o sucesso das intervenções. Serão abordados também os desafios e limitações encontrados, bem como as implicações para a prática psicopedagógica.

Os resultados do estágio psicopedagógico clínico demonstram que a integração de diferentes abordagens e ferramentas, fundamentadas em práticas baseadas em evidências, foi eficaz na promoção do desenvolvimento das habilidades de aprendizagem dos alunos. As teorias de Piaget e Vygotsky, juntamente com a abordagem das inteligências múltiplas de Gardner, forneceram uma base sólida para a compreensão das dificuldades de aprendizagem e para a elaboração de intervenções personalizadas.

A eficácia das práticas baseadas em evidências foi confirmada pelos resultados positivos observados nos alunos. A combinação de atividades lúdicas, tecnologia educacional e provas diagnósticas proporcionou uma abordagem diversificada e ajustada às necessidades individuais, demonstrando que intervenções bem fundamentadas e personalizadas são capazes de promover melhorias significativas nas habilidades cognitivas, emocionais e sociais dos alunos.

Os desafios e limitações encontrados durante o estágio, como a resistência inicial dos alunos e as restrições de tempo e recursos, destacam a importância de uma abordagem contínua e adaptável na prática psicopedagógica. A necessidade de intervenções prolongadas e a disponibilidade de recursos adequados são aspectos cruciais para a consolidação dos progressos alcançados e para a eficácia das ações desenvolvidas.

Os achados deste estudo têm implicações importantes para a prática psicopedagógica. A adoção de práticas baseadas em evidências deve ser uma prioridade para os profissionais da área, garantindo que as intervenções sejam eficazes e eticamente responsáveis. Além disso, a relevância de uma abordagem integrada e personalizada, que considere as particularidades individuais dos alunos, deve ser enfatizada na formação e na atuação dos psicopedagogos.

Conclusão

Este estudo teve como objetivo relatar as experiências vivenciadas durante o estágio psicopedagógico clínico, destacando a importância das práticas baseadas em evidências para a Psicopedagogia Clínica. Através da descrição das atividades realizadas e dos métodos utilizados, buscou-se demonstrar como a integração de diferentes abordagens e ferramentas pode contribuir para o sucesso das intervenções psicopedagógicas.

Os resultados obtidos indicam que a utilização de práticas baseadas em evidências foi eficaz na promoção do desenvolvimento das habilidades de aprendizagem dos alunos. As teorias de Jean Piaget, Lev Vygotsky e Howard Gardner, combinadas com uma abordagem construtivista, forneceram uma base sólida para a compreensão das dificuldades de aprendizagem e a elaboração de intervenções personalizadas. A combinação de atividades lúdicas, tecnologia educacional e terapia assistida por animais mostrou-se particularmente eficaz na melhoria das habilidades cognitivas, emocionais e sociais dos alunos.

O estágio psicopedagógico clínico revelou que intervenções individualizadas e bem fundamentadas podem proporcionar melhorias significativas nas habilidades acadêmicas e comportamentais dos alunos. No entanto, também foram identificados desafios, como a resistência inicial dos alunos e as limitações de tempo e recursos. Esses desafios destacam a necessidade de intervenções prolongadas e da disponibilidade de recursos adequados para a consolidação dos progressos alcançados.

Com isso, uma das descobertas mais significativas deste estudo é a importância do estágio clínico supervisionado na formação dos psicopedagogos. A experiência prática supervisionada é fundamental para que os futuros profissionais desenvolvam habilidades essenciais, como a capacidade de avaliar e intervir de forma eficaz em diferentes contextos. O estágio supervisionado proporciona uma oportunidade singular de aplicar teorias e metodologias aprendidas na academia em situações reais, sob a orientação de profissionais experientes. Essa prática permite que os estagiários adquiram confiança e competência, além de promover uma compreensão mais profunda das complexidades envolvidas no trabalho psicopedagógico.

As implicações para a prática psicopedagógica são claras: a adoção dessas práticas deve ser uma prioridade para os profissionais da área, garantindo que as intervenções sejam eficazes e eticamente responsáveis. Ademais, a importância de uma abordagem integrada e personalizada, que considere as particularidades individuais dos alunos, deve ser enfatizada na formação e na atuação dos psicopedagogos. A supervisão constante durante o estágio clínico assegura que as intervenções sejam realizadas de maneira ética e competente, promovendo a formação de profissionais mais preparados para enfrentar os desafios da prática clínica.

Para futuras pesquisas, recomenda-se a continuidade dos estudos sobre a eficácia das diferentes intervenções psicopedagógicas, bem como a exploração de novas metodologias e instrumentos que possam enriquecer a prática clínica. A investigação sobre a duração ideal das intervenções e a disponibilidade de recursos é indispensável para garantir o sucesso das práticas psicopedagógicas.

Em suma, a Psicopedagogia Clínica baseada em evidências oferece um caminho promissor para a compreensão e superação das dificuldades de aprendizagem. Portanto, ao adotar uma abordagem integrada e fundamentada cientificamente, os psicopedagogos podem promover o desenvolvimento integral dos alunos, contribuindo para uma educação mais inclusiva e eficaz. O estágio clínico supervisionado desempenha papel vital nesse processo, preparando os profissionais para aplicarem com sucesso os conhecimentos adquiridos e para fazerem a diferença na vida dos alunos que atendem.

Referências

ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA (APA). DSM-5-TR. Washington: American Psychiatric Publishing, 2022.

BASTOS, Maria. Psicopedagogia Clínica: intervenções e práticas. São Paulo: Educacional, 2015.

BOSSA, Nádia. Psicopedagogia: a prática em clínica. 5ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2019.

FARIA, Carlos. A utilização de terapia assistida por animais em contextos educacionais. Revista Brasileira de Psicopedagogia, São Paulo, v. 30, nº 2, p. 45-56, 2018.

FIGUEIREDO, Lúcia; ASSIS, Rodrigo. Ludicidade e aprendizagem: uma abordagem psicopedagógica. Rio de Janeiro: Wak, 2015.

GARDNER, Howard. Frames of mind: The theory of multiple intelligences. New York: Basic Books, 1983.

MENDES, Ana; SILVA, Fernanda. Tecnologia educacional e personalização da aprendizagem. Educação & Sociedade, Campinas, v. 41, nº 3, p. 789-803, 2020.

PAÍN, Sara. A Psicopedagogia Clínica. 3ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.

PIAGET, Jean. The Psychology of Intelligence. London: Routledge, 1950.

VYGOTSKY, Lev. Mind in society: The development of higher psychological processes. Cambridge: Harvard University Press, 1978.

Publicado em 26 de novembro de 2025

Como citar este artigo (ABNT)

SILVA, Jefferson Ravardiérison; PONTES, Maria Eliane Francelino da Silva. A Psicopedagogia baseada em evidências: narrativas de vivências a partir do estágio clínico psicopedagógico. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 25, nº 45, 26 de novembro de 2025. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/25/45/a-psicopedagogia-baseada-em-evidencias-narrativas-de-vivencias-a-partir-do-estagio-clinico-psicopedagogico

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