Invasão verde: uma proposta de combate à fome aliada ao ensino de ciências e física na comunidade de Donana

Gabriel Azevedo Marinho

Licenciado em Ciências da Natureza e Física (IFF - câmpus Campos-centro)

Roberto Carlos Farias de Oliveira

Mestre em Artes da Cena (Escola Superior de Artes Célia Helena), doutorando em Ciências da Educação (FICS)

A fome no Brasil se espalhou para mais de nove milhões de pessoas em dois anos. Um total de 19,1 milhões de cidadãos ou 9% da população brasileira se enquadram nesse perfil, de acordo com a última pesquisa da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan). O estudo realizado em dezembro passado entrevistou 2.180 domicílios em cinco áreas urbanas e rurais do Brasil. A entidade concluiu que com a pandemia covid-19, cerca de 116,8 milhões de pessoas passaram por algum nível de insegurança alimentar: leve, moderada ou grave (Rocha, 2021).

A Rede Penssan ensina que a insegurança alimentar ocorre quando um indivíduo não acessa de modo pleno os alimentos. Os dados da pesquisa indicam que o número corresponde a mais da metade da população brasileira, estimada em 213,6 milhões (Rocha, 2021).

Na cidade de Campos dos Goytacazes, no Estado do Rio de Janeiro, existe um bairro chamado Donana (termo usado pelos moradores ao se referirem ao local ocupado), onde às margens existe uma comunidade chamada pelos próprios moradores de “Invasão de Donana”, uma região com antigos projetos – de casas da prefeitura – abandonados. Essa comunidade e seus moradores demonstram agudos sinais de invisibilidade social, miséria e fome. Assim, o intuito da proposta de intervenção é demonstrar que a Ciência não é apenas uma simples disciplina, limitada à sala de aula e aos laboratórios, mas uma ferramenta de intervenção social e cultural. A questão que nos move, portanto, é: “Como podemos usar a Ciência e seu ensino como mediação à fome e à invisibilidade social sofrida pelos moradores da ocupação Donana?”.

O objetivo é planejar e construir uma horta comunitária na comunidade, aliada ao ensino de conceitos das Ciências. Assim, podemos almejar que ela seja mais um instrumento de garantia e de segurança alimentar.

Início do projeto

O meu primeiro contato com a comunidade ocorreu a partir de uma iniciativa do grupo espírita Nosso Lar, localizado em Guarus. O trabalho consistia em oferecer marmitas para as famílias da ocupação de Donana devido ao quadro de insegurança alimentar presente na comunidade. Devido à ocorrência da covid-19 e de tantos transtornos econômicos, o grupo espírita não conseguiu manter o projeto de distribuição de alimentos, mas foi feita a criação de uma associação denominada ‘Flor do Cajueiro' para conseguir aporte financeiro e doações a fim de dar sequência ao trabalho no local.

Em 2021, retomamos a ação social e parte do grupo que permaneceu conseguiu oferecer cestas básicas às famílias cadastradas como “auxiliados de Donana”. Um cadastro simples, contendo documentos de identificação, com a quantidade de membros da família, os desempregados, o cadastro do bolsa família (caso existesse) e o endereço.

Além das cestas básicas, os moradores tiveram acesso a um bazar com roupas e calçados. As mulheres grávidas receberam um kit para recém-nascidos, feito em parceria com o grupo espírita Culto Pedro, também de Campos dos Goytacazes.

O ensino de Ciências é extremamente importante para o desenvolvimento político, social e econômico do país, assim como para o desenvolvimento pessoal do cidadão (Ferreira; Meireles, 2011). Sabemos também que o ensino de Ciências promove competências e habilidades que servem para o exercício de intervenções e de julgamentos práticos para a compreensão da problemática ambiental e para o desenvolvimento de uma visão articulada do ser humano como construtor e transformador do meio (Brasil, 1998).

Paulo Freire e a educação popular

Paulo Freire marcou uma ruptura na história pedagógica pela criação da concepção de educação popular, rompendo com o paradigma da educação elitista. Freire defende que as opressões só são superadas por meio de um desenvolvimento que ele mesmo chamou de consciência crítica. A consciência crítica seria alcançada após o desenvolvimento de compreensão histórica. A construção da teoria do conhecimento por Freire se sustenta no respeito ao estudante, no domínio da autonomia e na dialogicidade. Esses elementos fomentam a união das pessoas em sociedade, contribuindo para a equidade e a justiça (Couto, 2003). Para que o diálogo seja verdadeiro (Freire, 1971) é necessário que os participantes pensem criticamente, ou seja, que não aceitem a dicotomia mundo/ homens, reconhecendo a solidariedade inquebrantável entre eles.

Dessa forma, Freire é contra um ensino previamente estruturado por programas e, consequentemente, feito de exercícios mecanizados para a avaliação da aprendizagem, nos quais os saberes dos professores são “depositados” nos alunos de forma domesticadora. Com o método de Paulo Freire, o relacionamento educador-educando parte da horizontalidade. Ambos são sujeitos do conhecimento, sem nenhuma relação de autoridade que os impeça de desenvolver a criticidade e a conscientização (Couto, 2003).

Para o “educador-bancário” na sua antidialogicidade, a pergunta diz respeito ao programa que ele dissertará a seus alunos. Por isso, essa pergunta ele mesmo a responderá, quando organiza o seu programa (Freire, 1971). Ao contrário do “educador-bancário”, o educador-educando é dialógico, problematizador e o conteúdo programático da educação não é uma doação ou um conjunto de informes a ser depositado nos educandos, mas a revolução organizada, sistematizada e acrescentada ao povo daqueles elementos entregues de forma desestruturada (Freire, 1971).

Freire (1971) ainda defende que a educação não ocorre de uma pessoa para outra, nem de uma pessoa sobre a outra, mas entre pessoas mediadas pelo mundo. O mundo impressiona e desafia todos, dando origem a diferentes visões e pontos de vista.

O ato de ensinar deve ser um ato de recriação e de mudança de significados, tendo como norte uma educação que leve o educando à liberdade. Liberdade que não se restringe somente aos campos do conhecimento, mas que se estende aos campos sociais e políticos. Podemos traçar o método de ensino de Paulo Freire por meio de alguns princípios (Couto, 2003).

A politicidade e a dialogicidade como ato educativo

Um dos postulados do método analisado é que não existe educação neutra. Uma vez que a educação assume o papel de construir e reconstruir continuamente significados, ela induz à ação do homem diante da realidade na qual está inserido. Portanto, homens e mulheres que não sabem que podem mudar suas realidades, se sujeitam a ela (Couto, 2003).

O princípio da politicidade nas ideias de Freire propõe a educação como problematizadora, sendo mediada pelo diálogo na busca da transformação por intermédio da conscientização. Dessa forma, Freire expõe a insuficiência de uma educação que não inclui o sujeito na construção do modelo educativo no qual está inserido, sendo mero telespectador do processo. Precisamos, então, reconhecer a nossa identidade de seres sociais, históricos e políticos (Gadelha; Da Silva Oliveira; De Carvalho, 2021).

É fundamental que os processos educativos-formativos nos ajudem a reconhecer essas identidades a fim de que construamos espaços mais críticos, dialógicos, humanizados e respeitosos à diversidade, tanto nas escolas quanto na sociedade. De acordo com Freire (2001, p. 16):

a prática educativa, reconhecendo-se como prática política, se recusa a deixar-se aprisionar na estreiteza burocrática de procedi- mentos escolarizantes. Lidando com o processo de conhecer, a práti- ca educativa é tão interessada em possibilitar o ensino de conteúdos às pessoas quanto em sua conscientização.

Para alcançar uma educação mais humana é necessário que os conteúdos sejam utilizados como temas geradores para motivar a problematização da realidade. Com o diálogo reflexivo e multidisciplinar, abordamos questões do nosso tempo e oportunizamos a formação da consciência crítica. Saber quem somos e o que podemos fazer para transformar a nossa vida e a vida dos nossos companheiros é fundamental para uma educação mais humana (Gadelha; Da Silva Oliveira; De Carvalho, 2021). Outro ponto base da Pedagogia de Paulo Freire é o diálogo. Toda relação pedagógica precisa ser uma relação dialógica (Couto, 2003).

A palavra inautêntica, ou seja, com que não se pode transformar a realidade, resulta da divisão entre o pensar e o fazer. Assim, automaticamente, a reflexão também se transforma em palavreria, verbalismo e blablablá. Torna-se alienada e alienante. É uma palavra oca da qual não se pode esperar a denúncia (Freire, 1971).

Freire (1971) também afirma que se a palavra enfatiza ou exclui a ação, com o sacrifício da reflexão, a palavra se converte em ativismo. Ou seja, é a ação que minimiza a reflexão, negando a ação verdadeira, impossibilitando o diálogo. Freire também defende que

não podemos deixar de lado, desprezado como algo imprestável, o que educandos [...] trazem consigo de compreensão do mundo, nas mais variadas dimensões de sua prática na prática social de que fazem parte. Sua fala, seu modo contar, de calcular, de seus saberes em torno da saúde, do corpo, da sexualidade, da vida, da morte, da força dos santos, dos conjuros (Freire, 1992, p. 85-86).

Todavia é importante esclarecer que a afirmação referente ao valor desses saberes não significa que Freire defende que os educandos devem se limitar a eles.

Partir do saber que os educandos tenham não significa ficar girando em torno deste saber. Partir significa pôr-se a caminho, ir-se, deslocar-se de um ponto a outro e não ficar, permanecer. Jamais disse, como às vezes sugerem ou dizem que eu disse, que deveríamos girar embevecidos, em torno do saber dos educandos, como mariposas em volta da luz. Partir do ‘saber de experiência feito’ para superá-lo não é ficar nele (Freire, 1992, p. 70-71).

É importante que educadores conheçam seus estudantes, suas características, suas culturas, suas expectativas e necessidades de aprendizagem. Cabe ressaltar que essas perspectivas estudantis não estão desvinculadas das necessidades básicas de toda população (Soares; Pedrosos, 2013).

Hortas comunitárias e escolares como instrumento de intervenção

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais,

Em termos legais, convém ressaltar que a Lei Federal nº 9.394, de 20/12/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, conhecida como Lei Darcy Ribeiro, estabelece que a “educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (Brasil, 1998, p. 19).

A respeito do ensino das Ciências Naturais, afirma:

O aprendizado é proposto de forma a propiciar aos alunos o desenvolvimento de uma compreensão do mundo que lhes dê condições de continuamente colher e processar informações, desenvolver sua comunicação, avaliar situações, tomar decisões, ter atuação positiva e crítica em seu meio social (Brasil, 1998, p. 62).

Desse modo, percebemos que uma das finalidades do ensino de Ciências está em desenvolver habilidades que permitam aos estudantes desenvolver o criticismo no meio social em que estejam. Com base no que se espera ser feito na comunidade de Donana, uma questão se apresenta como relevante: “Como a construção de uma horta comunitária poderá possibilitar autonomia aliada ao combate à fome às famílias deste local?”.

De acordo com Gallo, Martins e Sparovek (2004), a formação de uma horta comunitária é um processo que permite o aprendizado de todos os envolvidos, além de transferir elementos do mercado informal para o formal. Nela surge um grupo de pessoas que entenderão a consciência do trabalho comunitário em conjunto para a sua manutenção e dos cuidados necessáros a uma horta, na compreensão de que ela é responsabilidade deles.

Com a implementação das hortas comunitárias, destacamos três consequências: bem-estar, ambiente e economia. No desenvolvimento do bem-estar, nota-se o aumento da segurança alimentar, o aumento qualitativo de nutrição e de saúde, com ambientes mais limpos que diminuem a proliferação de pragas urbanas. Em relação ao meio ambiente, destacam-se: a proteção dos recursos naturais, a redução de impactos ambientais e as ações em larga escala da ocupação humana em comunidades, buscando a sustentabilidade. Sobre a economia, evidencia-se o incentivo às oportunidades de trabalho, buscando suas fontes de renda em atividades ilegais, principalmente por adolescentes e jovens adultos (Machado; Machado, 2002, p. 23).

Além disso, a utilização do espaço da horta torna-se um laboratório vivo (Miranda, 2005; Morgado, 2008; Silva, 2010; Garutti e Pinheiro, 2011) que promove ao educando o exercício de uma postura investigativa (Silva, 2010) tornando-o participante ativo da constituição dos seus saberes. Nesse sentido, compreendemos a horta como um espaço propício à aprendizagem, contemplando em seu contexto inúmeras temáticas, bem como a inserção e a articulação das distintas áreas do conhecimento (Sassi, 2014).

Em muitos ambientes escolares, as atividades práticas voltadas ao ensino de Ciências são focadas somente em laboratórios e equipamentos, mas não há apenas isso! Nesse contexto, a horta escolar surge como uma intervenção pedagógica significativa e interessante (Sassi, 2014). Em algumas escolas, ela se torna parte integrante da realidade e um desafio para educadores. Gadotti traduz esse encanto e essa escolha na prática da horta.

Um pequeno jardim, uma horta, um pedaço de terra, é um microcosmos de todo o mundo natural. Nele encontramos formas de vida, recursos de vida, processos de vida. A partir dele podemos reconceitualizar nosso currículo ecolar. [...] ao construí-lo e cultivá-lo podemos aprender muitas coisas. Ele nos ensina os valores da emocionalidade com a Terra: a vida, a morte, a sobrevivência, os valores da paciência, da perseverança, da criatividade, da adaptação, da transformação, da renovação (Gadotti, 2003, p. 62).

Assim, a horta é um laboratório vivo, um espaço propício a ensinar e a aprender por meio da prática e da socialização de conhecimentos (Sassi, 2014). Capra (1996) comenta que a horta escolar é uma ferramenta poderosa para promover vivências e transformações múltiplas entre os participantes da atividade. Ela permite a abordagem de distintos conteúdos de maneira contextualizada e significativa, integrando as áreas do conhecimento e contribuindo para a formação integral dos educandos e da comunidade.

Embora não se encontre na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) de forma explícita a necessidade da abordagem da temática horta, o Art. 28, inciso I, reconhece a especificidade da vida no campo e sinaliza a importância de adequação curricular e metodológica em seus currículos. Esses são aspectos que auxiliam na defesa de que as produções de hortas, no âmbito das escolas do campo, atendem à especificidade, possibilitando problematizações da dimensão do trabalho do homem e da mulher do campo (Sassi, 2014).

Com esses benefícios, concluímos que a criação de uma horta comunitária na ‘Invasão de Donana’ seria benéfica tanto para seus moradores quanto para a região. A prefeitura da cidade de Campos dos Goytacazes pode se beneficiar com isso. De acordo com Di Nardo e Cataneo (2009) é melhor transformar um lote ou terreno vago em uma horta do que gastar recursos para mantê-lo limpo, produzindo culturas que não necessariamente precisarão de pesticidas e outros químicos, garantindo qualidade no que é produzido e consumido pelos moradores.

Além disso, como apontado também por Morgado (2006), uma forma prática de ensinar educação ambiental é por meio de hortas nas escolas. As atividades relacionadas às hortas permitem trabalhar temas ambientais e alimentares, auxiliando no processo de ensino-aprendizagem e promovendo a interdisciplinaridade. Blair (2009) também aponta que o uso das hortas escolares proporcionam benefícios nos campos sociais, acadêmicos, comportamentais, recreativos, políticos e ambientais em seus envolvidos.

Dessa forma, a horta escolar é um instrumento de ensino prático e eficiente, segundo os autores, de realizar uma educação ambiental contextualizadam, conscientizando a respeito dos cuidados necessários com a alimentação e com o meio ambiente (Costa, 2016).

Metodologia

Nesta seção apresentamos algumas considerações específicas da pesquisa: a abordagem metodológica, os sujeitos da pesquisa, os instrumentos de coleta dos dados e o cronograma.

Planejamento do trabalho

Focado nos problemas apontados e planejando o desenvolvimento de um trabalho autônomo que busca trazer um ensino transformador à realidade dos moradores da comunidade, faz-se necessário um preparo para cuidar de uma horta.

Muitas perguntas demonstram que cuidar da manutenção de uma horta não é tarefa simples: Como ensiná-los a identificar pragas?, Como ensiná-los a identificar o momento correto para fazer a colheita?, Como diagnosticar quais plantas não estão demonstrando crescimento e precisam ser retiradas para não atrapalharem o crescimento das outras? Foi pensando nessa necessidade que criou-se a parceria com o Curso de Agronomia da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). É essencial que os profissionais que orientam os moradores tenham conhecimentos de agronomia a fim de auxiliarem nesta tarefa.

Com o auxílio do coordenador (com uma pesquisa feita no site da UENF, obtivemos o e-mail de contato do Coordenador do Curso de Agronomia, Ricardo Ferreira), planejamos um processo de ensino aplicado em algumas etapas, que listamos a seguir.

  • Primeiro encontro: reconhecimento do local: Contratar transporte particular para que os voluntários da UENF conheçam a região e os moradores. Assim, estabelecemos a união entre os moradores que trabalham com a horta e os estudantes e os professores para ensiná-los. Também realizar “mapeamento” da área, reconhecimento da terra e do melhor local para ser construída a horta, assim como as ferramentas iniciais para o trabalho e uma conversa com os moradores a partir de seus conhecimentos e experiências de cultivo.
  • Segundo encontro: práticas da horta e dialogicidade: já sabendo os conceitos gerais que os moradores entendem de horta, trabalhar reconhecendo neles pessoas “potentes”, em comunhão, e com um diálogo em construção. Assim, tanto moradores como voluntários se educam juntos. Além da criação do espaço da horta, criar um espaço de convivência e  aprendizagem, focado em distinguir as perguntas realizadas de quem já tem conhecimento do tema das perguntas de quem deseja aprender ou perguntas focadas na convivência, aplicando, assim, os fundamentos da pedagogia freiriana. Dialogar a respeito da comunidade e das atuais condições de vida dos moradores a fim de compreeendermos como a horta poderá contribuir nesses aspectos. Em seguida, procurar entender como eles deduzem (pelo que já sabem de hortas) uma horta construída do zero. Iniciar a primeira parte prática de roçagem que consiste em retirar terra e ervas daninhas com a enxada, sendo essa a primeira ferramenta que os moradores utilizarão para a preparação do terreno da horta. Em seguida, utilizar o ancinho para nivelar a terra e retirar detritos menores. Planeja-se que cada morador pratique o uso das ferramentas por 20 minutos, para já ser iniciada a preparação da terra para o plantio. Também investiremos na ajuda e no auxílio dos moradores que tiverem mais domínio das ferramentas com os que não têm, gerando um ambiente de familiaridade e ajuda. Uma vez que cada morador praticar com as ferramentas e o solo estiver potencialmente preparado, finalizaremos o encontro fazendo uma rápida roda de conversa com os moradores a respeito da prática realizada. Concluiremos com a identificação de moradores que demonstrarem sinais de “liderança” com a horta.
  • Terceiro encontro:cuidados com a horta: em nossa terceira visita à comunidade, retornaremos o diálogo com os moradores para que a horta não seja destruída por ventos fortes, animais e outros fatores externos. Após a análise das respostas e das perguntas feitas pelos moradores, iniciaremos o trabalho de construção de uma cerca ao redor da horta. Para construí-la, usaremos quatro estacas de madeira para as pontas da horta que estarão ligadas por meio de arames separando-a do espaço externo. Para a devida instalação das estacas será necessário o uso de uma cavadeira. Ela permitirá a retirada da terra, fazendo um sulco onde a estaca será firmada. Após isso, com a ajuda de pás, colocaremos a terra retirada de volta no sulco para que sustente a estaca. Com uma marreta de borracha martelaremos o topo para perfurar o chão a fim de encontrarmos estabilidade. Com o arame será necessária a utilização de uma trena métrica para medição das dimensões da horta, assim como um alicate para cortar o arame e um esticador de corrente para fixá-los nas estacas. A escolha desses materiais ocorre em função do terreno uma vez que o arame se adapta melhor para curvas e desníveis sem comprometer o espaço da horta.
  • Quarto encontro: plantio e estufas: nesse encontro já partiremos para o trabalho com as mudas obtidas de parceiros dos professores do curso de Agronomia da cidade de Campos dos Goytacazes/RJ. Devido ao pouco acesso à água na comunidade, escolhemos o milho, o feijão e a mandioca como principais cultivos a serem trabalhados. Utilizaremos esse contexto da falta de acesso à água potável como o principal fator a ser analisado nas respostas dos moradores, paralelo às orientações de como se utilizar a plantadeira e os regadores. Com a parte do plantio, pretendemos trazer para esse encontro a importância de escolher o local correto para a semeadura, a distância entre cada semente e a profundidade que a semente deve ser colocada.
  • Quinto encontro: cuidado com os brotos e adubagem: nessa etapa, iremos à comunidade quando os primeiros brotos da semeadura aparecerem. Começaremos os trabalhos orientando os moradores a identificar brotos que não irão crescer devidamente e que devem ser arrancados para não atrapalharem o crescimento dos demais. Após isso, iniciaremos nossos trabalhos com as garrafas PET e sua utilização como estufas. Como o PET (tereftalato de polietileno) é um material transparente, as plantas seladas com esse material ficarão em casa de vegetação devido ao aquecimento do ar no nível inferior da estufa. À medida que o ar quente (abaixo) sobe, o ar frio (acima) desce, então a temperatura é a ideal (o processo é chamado de transferência de calor por convecção, no qual o calor é transferido pelo movimento de fluidos líquidos ou/e gasosos). Há vantagens: protege as plantas evitando a infestação de pragas; evita a entrada de vento constante e permite a entrada de luz de forma controlada, fazendo da estufa um berçario para as plantas. Após serem deixados na estufa são devolvidos no seu ambiente natural, podendo sobreviver no ambiente natural (Tropical, 2023). Aqui também iniciaremos com os moradores uma roda de conversa a respeito da utilização de itens recicláveis, não apenas por questões econômicas - uma vez que muitos moradores vivem da reciclagem - mas como ferramenta a ser explorada e usada em um local comunitário: a horta. Finalizaremos o encontro com os alunos voluntários ensinando aos moradores a compostagem natural que servirá para adubar a terra para os brotos.
  • Último encontro: primeira colheita: o trabalho será então encerrado quando as primeiras culturas estiverem no momento certo de colheita. Será abordado com os moradores a maneira mais adequada de fazer a retirada desses cultivos do solo, sem prejudicá-lo. Com os cultivos em mãos, debateremos com os moradores a utilização desses alimentos e a sua distribuição comunitária (aos mais necessitados e aos próprios trabalhadores da horta). Encerraremos o trabalho e as visitas fazendo uma entrevista com os moradores voluntários da horta a respeito de como eram suas vidas antes e depois da horta. Para a devida exposição dos dados e conteúdos coletados, preservaremos a identidade de todos os entrevistados, utilizando o método de Bardin.

Os sujeitos da pesquisa

Os sujeitos da pesquisa serão os moradores da comunidade de ocupação de Donana. Daremos foco em aceitar como voluntários qualquer morador, homem ou mulher, acima dos 30 anos. Entretanto, como a comunidade também possui considerável número de jovens, aceitaremos qualquer jovem com pelo menos 18 anos de idade.

Por se tratar de moradores que vivem em uma ocupação excluída do grande centro da cidade e grande parte deles possui baixíssimo grau de escolaridade, termos mais técnicos e materiais de apoio precisam ser abordados de modo informal. Como o próprio nome diz, esse material será de apoio e todo o conteúdo principal trabalhado com os moradores praticado com diálogos e debates constantes.

Outra consequência do afastamento da ocupação do grande centro da cidade é a inviabilidade do uso de recursos financeiros para a contratação de equipes ou de grupos que cuidem da horta. Por isso, seguindo a metodologia de Paulo Freire de educar os moradores da comunidade, eles serão o público-alvo desse trabalho e sua aplicação será na própria comunidade.

Análise dos dados

Segundo Bardin (2016), a Análise do Conteúdo é um conjunto de instrumentos de cunho metodológico em constante aperfeiçoamento que se aplica a discursos (conteúdos e continentes) extremamente diversificados. Além disso, Bardin (2016) faz algumas reflexões acerca de dois modos de análises: de conteúdo (focado nas mensagens (comunicações) de um assunto) e de análise documental (preocupado com documentos ou registros de um conteúdo) (Santos, 2012).

Bardin (2016) apresenta os critérios de organização nos quais a pesquisa se baseia: a pré-análise, quando os documentos são escolhidos e se formulam hipóteses, elaborando-se indicadores que norteiem a interpretação final. Esses indicadores representam os conceitos prévios dos alunos e as suas concepções durante as atividades propostas no material didático, incluindo as avaliações formais analisadas em nível qualitativo. Após essa etapa, virá a exploração do material, quando se codificará os dados, processo pelo qual são transformados sistematicamente e agregados em unidades. Neste momento, o foco será dado nas respostas dos alunos às atividades propostas. Por fim, o tratamento dos resultados restringirá a escolha das unidades de registro, ou seja, o recorte que será dado na pesquisa. Para Bardin, uma unidade de registro significa uma unidade a se codificar, podendo ser um tema, uma palavra ou uma frase (Santos, 2012).

Como a Associação Flor do Cajueiro já possui dados das famílias da comunidade em três anos de trabalho, não haverá a necessidade de nenhuma coleta prévia. Entretanto, após as aulas e exposições em campo os moradores que participarem, farão parte de uma entrevista para responderem acerca de seu grau de satisfação com as aulas e com os conteúdos ensinados.

Cronograma das ações

A seguir está um quadro com as previsões para a aplicação de cada etapa anteriormente abordada na metodologia de trabalho.

Quadro 1: Planejamento das atividades em cada visita

Ação

O que será feito

Ferramentas necessárias

Quem o fará

Data

Carga horária

Primeiro encontro

Visita à comunidad e para reconheci mento do local. Conhecer os moradores.

Câmeras para registro fotográfico.

O autor e os pesquisa dores voluntários.

06/04/24

1 hora

Segundo encontro

Debate sobre a implement ação da horta na comunidad e e suas consequên cias. Prática para limpeza de terrenos.

Enxada e ancinho.

O autor, os pesquisa dores voluntários e os moradores.

04/05/24

5 horas

Terceiro encontro

Construção do cercado da horta.

Estacas de madeira, marreta de borracha, cavadeira, pás, arame e esticador de correntes.

O autor, os pesquisa dores voluntários e os moradores.

01/06/24

5 horas

Quarto encontro

Realização do plantio. Confecção das estufas.

Plantadeira, regador, garrafas pet, tesouras e borrifador.

O autor, os pesquisa dores voluntários e os moradores.

06/07/24

4 horas

Quinto encontro

Análise e cuidados dos brotos. Criação de adubagem natural.

Material orgânico (restos de alimentos, esterco).

O autor, os pesquisa dores voluntários e os moradores.

03/08/24

4 horas

Último encontro

Colheita das culturas. Entrevista com os moradores.

Nenhuma.

O autor, os pesquisa dores voluntários e os moradores.

02/11/24

4 horas

Após a aplicação de cada etapa em seus respectivos encontros, os moradores participantes receberão um certificado de participação, enriquecendo seus componentes curriculares.

Resultados esperados

Com a instauração da horta, espera-se que os moradores da ‘Invasão de Donana’ tenham acesso a uma melhor alimentação com os próprios produtos da horta. A ideia é favorecê-los no combate à fome, com o próprio trabalho voluntário da comunidade local, enriquecendo seus componentes curriculares com certificados de habilidades em hortas e seus cuidados.

É importante, ainda, mostrar os moradores como autores de suas próprias vidas e, consequentemente, cidadãos capacitados à mudança de suas realidades por meio de incentivos e debates, pois as Ciências e o seu ensino são ferramentas de intervenção social e cultural.

Considerações finais

É de conhecimento geral que a desigualdade social no Brasil é um dos principais problemas a ser combatidos, principalmente nas comunidades e favelas do país. Querendo combater a fome na ‘Invasão de Donana’, uma comunidade localizada em um bairro afastado do centro da cidade de Campos dos Goytacazes/RJ, uma associação criada para suprir uma das principais necessidades dos moradores: a alimentação.

Este trabalhou se nutre da necessidade de combater a fome, aliando um ensino integrador e transformador aos seus residentes a partir da metodologia de Paulo Freire. Os próprios moradores, então, praticarão o senso crítico a respeito da atual situação na qual se encontram e se tornarão autores de suas próprias vidas e não apenas seres sujeitos às circunstâncias.

Ao pedir auxílio aos secretários de Recursos Sociais e Humanos e de Aagricultura, ambos da cidade de Campos dos Goytacazes, evidenciou-se o interesse em auxiliar o trabalho junto aos moradores, uma vez que a comunidade possui uma boa concentração de possíveis eleitores. Com o passar do tempo - e com as respostas dadas ao serem convidados a participar das entregas de comida e roupas - ficou claro o desinteresse dos secretários com o trabalho. Talvez, se entrassemos em contato com algum vereador próximo do bairro poderíamos aumentar as chances de um apoio político ao projeto.

Ao conseguir a ajuda do coordenador e dos alunos do curso de Agronomia da UENF, consideramos fortes as possibilidades de tornarmos as aulas tangíveis aos moradores, assim como as ferramentas a serem usadas para iniciar os trabalhos.

Ainda está mantido o contato com o setor responsável da UENF pelos transportes. Eles ainda não liberaram os veículos, mas há a confiança de que a sua liberação ocorrrerá. Dessa forma, podemos afirmar que o apoio e o compromisso dos profissionais de Agronomia constituem um objetivo alcançado, assim como a iniciativa dos moradores que já demonstraram interesse em atuar na horta.

Reafirmamos que a proposta deste trabalho é certificar o poder do conhecimento científico e prático, por meio do cuidado e da manutenção de uma horta comunitária. Nela, os moradores poderão aprender sobre o cuidado com os cultivos, o ciclo da água e sua preservação, o combate ao desperdício, a limpeza dos terrenos próximos, a diminuição do acúmulo de lixo e suas pragas e, principalmente, o combate à fome com a devida partilha dos produtos colhidos.

Em futuros projetos dessa natureza, frisamos a importância do ensino e da educação como mecanismos de libertação, autonomia e criticidade aos que se dispõem.

Referências

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CAPRA, F. A. Teia da Vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São Paulo: Cultrix, 1996.

COSTA, Rogério Sarkis; PEREIRA, Raquel Silva; COSTA, Esdras Silva. Educação Ambiental por meio de horta comunitária: estudo em uma escola pública da cidade de São Paulo. Revista Científica Hermes, v. 16, p. 246-270, 2016.

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DI NARDO, Sérgio Augusto; CATANEO, Angelo. A sustentabilidade na horta comunitária: qualidade de vida e geração de renda. ETIC-ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, v. 5, n° 5, 2009.

SANTOS, Fernanda Marsaro. Análise de conteúdo: a visão de Laurence Bardin, 2012.

FERREIRA, Cristiane Pereira; MEIRELLES, Rosane Moreira Silva. O Ensino de Ciências nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica no Brasil: um estudo preliminar. In: I CONGRESSO IBEROAMERICANO DE INVESTIGACIÓN DE ENSEÑANZA DE LAS CIENCIAS (CIEC); VIII ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS (ENPEC). 2011.

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Publicado em 05 de fevereiro de 2025

Como citar este artigo (ABNT)

MARINHO, Gabriel Azevedo; OLIVEIRA, Roberto Carlos Farias de. Invasão verde: uma proposta de combate à fome aliada ao ensino de ciências e física na comunidade de Donana. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 25, nº 5, 5 de fevereiro de 2025. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/25/5/invasao-verde-uma-proposta-de-combate-a-fome-aliada-ao-ensino-de-ciencias-e-fisica-na-comunidade-de-donana

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