Promoção da percepção botânica em estudantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental
Camila Renata Texeira de Souza da Silva
Mestra em Ensino de Ciências e Matemática (PPGFCET/UTFPR)
Daniela Aparecida Estevan
Doutora, docente da Licenciatura em Ciências Biológicas da UTFPR (Câmpus Dois Vizinhos)
Daniela Macedo de Lima
Doutora, docente da Licenciatura em Ciências Biológicas da UTFPR (Câmpus Dois Vizinhos)
Tamara Simone van Kaick
Doutora em Meio Ambiente e Desenvolvimento, coordenadora do PPGFCET/UTFPR –Curitiba
Ao atuar no Ensino Fundamental I, no qual os estudantes estão com idade entre 6 e 10 anos, percebe-se como as aulas de Ciências da Natureza chamam sua atenção. Nessa perspectiva, as competências apresentadas pela Base Nacional Comum Curricular (Brasil, 2018) vêm evidenciar o ensino de Ciências como exercício da curiosidade pelo viés da investigação, reflexão e criticidade, colocando ainda como compromisso central o ensino das Ciências da Natureza o desenvolvimento do letramento científico.
As orientações da BNCC para o ensino das Ciências Naturais apontam o envolvimento da temática das plantas desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. A fim de atingir os objetos de conhecimento distribuídos nos componentes curriculares, apresentam-se as habilidades: compartilhar, com outras crianças, situações de cuidados de plantas dentro da instituição e fora dela; descrever características das plantas; investigar os elementos importantes para a sobrevivência e desenvolvimento delas; analisar as relações entre plantas, o ambiente e os demais seres vivos; e comparar os diferentes processos reprodutivos (Brasil, 2018).
Ainda que os currículos educacionais dos municípios, em convergência com a BNCC, também apontem a importância do trabalho voltado à Botânica inserido nas Ciências da Natureza, na literatura, é comum se deparar com discussões acerca da deficiência no ensino dessa temática.
Para Salatino e Buckeridge (2016), a Botânica, para os estudantes de Ensino Fundamental e Médio, não tem sido considerada importante e por muitas vezes é encarada como ensino descontextualizado. Os autores discutem essa característica, considerando a capacidade do ser humano de perceber as espécies animais à sua volta e não a presença das plantas. É com essas percepções que os autores apresentam a temática da cegueira botânica.
Segundo Ursi e Salatino (2022), o conceito da cegueira botânica refere-se à “incapacidade de perceber as plantas ao nosso redor, a desconsideração sobre a importância das plantas na Biosfera e na nossa vida, e a incapacidade de reconhecer os atributos estéticos e biológicos característicos das plantas” (Ursi; Salatino. 2022, p. 1).
Um dos fatores que contribuem para essa impercepção botânica, nomenclatura proposta em substituição à cegueira botânica (Ursi; Salatino, 2022) está relacionado à cultura “urbanizada”, em que os contatos com os alimentos advindos da Botânica se dão principalmente em supermercados. Dessa forma, a compreensão de que nos alimentamos das partes das plantas ou de produtos de sua origem fica defasada (Salatino; Buckeridge, 2016).
As consequências da cegueira botânica atingem desde a formação de professores, com a insuficiência de conhecimentos e entusiasmos, até a “ponta da linha”, com estudantes desmotivados e desinteressados pelos conhecimentos apontados. Dessa forma, a devida importância à Botânica e suas relações socioambientais e econômicas vão sendo deixadas, caminhando para uma situação crítica de entendimento:
no ensino, a consequência da negligência botânica (geralmente não intencional) é a apresentação desequilibrada e enviesada da Biologia (National Research Council, 1992). Em última análise, todos perdemos: a) perdem os alunos, pois acabam tendo um ensino de Biologia mutilado; b) perde a sociedade, pois a plena formação em Ciências é importante para os profissionais e cidadãos em geral, principalmente na época atual, na qual questões como mudanças climáticas e ambientais exigem forte conscientização e colaboração de toda a humanidade; c) perde a Ciência, pois a bagagem de conhecimentos oriunda dos Ensinos Fundamental e Médio influi sobremaneira na atitude e tomada de decisões dos pesquisadores (Salatino; Buckeridge, 2016 p. 181).
Com tais embasamentos, de maneira a contribuir para amenizar a impercepção botânica e para a promoção do ensino das Ciências Naturais, busca-se apresentar propostas pedagógicas que promovam o contato dos estudantes com as plantas, considerando-as componentes ativos do sistema biológico e social.
Diante do aporte teórico apresentado, o presente artigo busca os seguintes objetivos: contribuir com a construção do conhecimento na área do ensino de Ciências com ênfase em Botânica, além de promover a percepção das plantas ao entorno, despertando a curiosidade dos estudantes, bem como analisar as contribuições da aplicação de propostas pedagógicas elaboradas nas Práticas de Educação Ambiental.
Métodos e etapas de desenvolvimento
Este estudo segue a perspectiva da abordagem qualitativa, que busca o aprofundamento da compreensão de determinado grupo social e não se detém a uma representatividade numérica (Minayo, 2011; Gil, 2010).
Os procedimentos se iniciaram de maneira a contribuir com um ensino de Ciências Naturais com ênfase na Botânica com estudantes de 1º ao 5º ano de uma unidade escolar que oferece o ensino em tempo ampliado; o planejamento das propostas pedagógicas se deu nas aulas de Práticas de Educação Ambiental ofertadas pelo município de Curitiba.
A coleta de dados foi realizada pelos registros de observações, fotografias, vídeos e acompanhamento do diário de bordo dos estudantes. Nesse sentido, a proposta pedagógica apresentada e aplicada aos estudantes converge com os objetivos desse referencial teórico, de aproximar o ensino de Botânica para estudantes de Ensino Fundamental de forma lúdica e prazerosa.
Essa ação foi despertada e estimulada após a realização da disciplina Reflexões sobre o Ensino de Ciências na Atualidade com Ênfase em Botânica, em parceria com o programa PPGFCET, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
O projeto visa a compreensão do ecossistema terrestre como o conjunto complexo das inter-relações entre os diversos componentes do planeta Terra e a relevância da preservação da biodiversidade, acentuando um olhar para a Botânica e a experiência com o ambiente natural e ampliando os conhecimentos científicos.
Esta proposta é norteada pelo Referencial da Educação Integral de Tempo Ampliado de Curitiba (2020); dessa forma, estabelece relações entre os componentes curriculares, considerando a integração e a interdisciplinaridade. Para a aplicação desta proposta, foi realizado o planejamento com os elementos elencados dos documentos educacionais (Quadro 1).
Quadro 1: Planejamento
Oficina de Botânica nas práticas de Educação Ambiental |
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Objetivos |
Conteúdos |
Critérios de ensino-aprendizagem |
Descrever características de plantas que fazem parte do cotidiano, relacionando essas características ao ambiente em que elas vivem. |
Plantas: principais características, importância para os ecossistemas, uso em diferentes culturas e relação com a tecnologia. |
Descreve características de plantas (tamanho, cor das folhas e flores, formato das folhas, presença ou não de folhas, flores e frutos etc.) que fazem parte de seu cotidiano, relacionando as características ao ambiente em que elas vivem. |
Identificar as principais partes de uma planta e a função desempenhada por cada uma delas e analisar as relações entre as plantas, o ambiente e os demais seres vivos. |
Cultivo de plantas utilizadas na alimentação humana: hortas, pomares e lavouras. |
Identifica as principais partes de uma planta (raiz, caule, folhas, flores, sementes e frutos) e a função desempenhada por cada uma delas e analisar as relações entre as plantas, o ambiente e os demais seres vivos. |
Estabelecidos os objetivos da proposta, iniciaram-se as etapas de aplicação, sendo a primeira com a apresentação de sementes de girassol, questionando os estudantes se as conheciam. No momento das discussões, a professora manteve a escuta atenta para os registros das hipóteses. Após esse momento, revelou-se a origem da semente, mostrando a flor e alguns derivados utilizados no dia a dia. Para a compreensão dos conteúdos, envolvemos nas discussões a fala sobre as partes das plantas e as funções desempenhadas por elas. Inúmeros questionamentos foram aparecendo, e, ao dar voz e oportunidade de discussão para os estudantes, percebeu-se que a curiosidade aumentava.
É nessas perspectivas que apontamos um planejamento de intencionalidade, pois a continuidade do projeto pode ser alterada pelas preferências apresentadas pelos estudantes no decorrer das aulas.
Resultados e discussões
Com a aplicação da proposta pedagógica elaborada nas Práticas de Educação Ambiental, seguindo as diretrizes do referencial da Educação Integral de Tempo Ampliado, foi possível abordar os conteúdos indicados, enriquecendo os conhecimentos científicos dos estudantes.
Ao aproximar os estudantes da temática da Botânica, iniciou-se um processo de sensibilização de um olhar mais aguçado para as plantas que estão ao nosso redor. Ao se deparar com os benefícios do chá de hibisco para a saúde e relacionar com os problemas encontrados em pessoas da própria família, as crianças demonstraram a necessidade de compartilhar o que aprenderam com urgência. Dessa maneira, a importância da Botânica e suas relações começa a aparecer nas concepções dos estudantes, contribuindo para a desconstrução da cegueira botânica apontada por Salatino e Buckeridge (2016). Na Figura 1 é possível perceber tais indagações.
Figura 1: Observando as sementes e os girassóis
Fonte: Acervo dos autores.
Nessa sequência de atividades, foi possível apresentar aos estudantes produtos derivados do girassol empregados no dia a dia, como óleo vegetal para cozinhar, hidratante corporal, sementes para saladas e ração animal, e até citar a utilização para o biodiesel já empregado no Brasil. A seguir, o registro espontâneo do estudante de suas compreensões em seu diário (Figura 2).
Figura 2: Registro em diário de bordo do Estudante 01 – 3º ano
Fonte: Acervo dos autores.
Aprofundando os conhecimentos sobre plantas comestíveis, trabalhamos com a flor de hibisco, usada para chás, ao contrário do girassol, cujas flores, suas estruturas e pólen são menores e mais difíceis de observar. Na flor de hibisco, os órgãos de reprodução ficam bem evidentes.
Dessa forma, foram apresentadas diferentes espécies de hibiscos para os estudantes e realizadas as discussões sobre a época de florada, manejo correto para produção e curiosidades pertinentes às espécies. Com tecidos escuros, foi possível demonstrar como o pólen adere ao contato, ilustrando a polinização com insetos e até mesmo o vento como dispersores. Em sala, os estudantes investigaram o processo de secagem das folhas e flores e experimentaram um chá das flores de Hibiscus sabdariffa L. (vinagreira).
Ao discutir sobre os benefícios de infusões para a saúde, quando consumidas conforme indicação médica, os estudantes expressaram entusiasmo enquanto comentavam as doenças encontradas em sua própria família. Os repertórios foram ampliados e a curiosidade a cada aula aumentava. A Figura 3 demonstra alguns momentos.
Figura 3: Experiências com flores de hibiscos (Hibiscus rosa-sinensis L.)
Fonte: Acervo dos autores.
Observando as variedades dos hibiscos e a cor do chá, surgiu o interesse nas cores das plantas; então redirecionou-se o planejar para atender as curiosidades dos estudantes. Assim, foi proposta a experiência de extrair a pigmentação de algumas flores; então foi necessário escolher flores de diferentes tonalidades para realizar a experiência; obter os pigmentos das flores e folhas por meio da fervura em água; armazenar em tubos de ensaio e potes de vidro de conservas para melhor visualização, sempre com a supervisão do professor. Posteriormente, foi entregue papel de amostra para imergir nas cores e realizar as observações e comparações pertinentes. A Figura 4 apresenta alguns momentos da extração dos pigmentos.
Figura 4: Extração dos pigmentos de flores
Fonte: Acervo dos autores.
De maneira espontânea, os estudantes registraram sua experiência em diário de bordo, expressando o que mais lhes chamou a atenção durante a atividade. Assim, vivenciando um processo que incentiva a investigação e desperta a curiosidade, percebeu-se que as aprendizagens se tornaram significativas para os estudantes.
Com os registros, é possível acompanhar e avaliar o desenvolvimento e a compreensão dos estudantes, além de auxiliar nas etapas do planejamento subsequente, apontando a necessidade de avançar ou retomar alguns pontos. Estar atentos aos registros realizados é uma das formas de estarmos conectados com eles, conhecendo melhor suas habilidades e interesses.
Destaca-se que as atividades e produções apresentadas aqui foram selecionadas dentre outras realizadas e que as sugestões não se esgotam, mas podem impulsionar a criatividade de profissionais da Educação para elaborar novas propostas e desafiar seus estudantes, adequando-as à sua realidade local.
Quando os estudantes são questionados sobre as sementes de girassol e os alunos têm a oportunidade de conhecer seu desenvolvimento e produção, percebem que, dentro da flor, existe o ovário, que, após a fecundação, forma os frutos e as sementes usadas pelos humanos. Com isso, começam a ser desconstruídos os paradigmas de um mundo urbanizado, onde tudo o que precisamos está nos supermercados, mas sem o conhecimento da sua origem. Assim, as relações socioambientais ficam evidentes para os estudantes, o que para Salatino e Buckeridge (2016) é um ganho para a sociedade, pois essa formação é importantíssima principalmente nas pautas ambientais que lutam por cidadãos conscientes com o espaço em que vivem.
Na extração de pigmentação, os estudantes puderam refletir sobre as tecnologias associadas em produtos cosméticos, tingimento de roupas e corantes de alimentos, entre outros, que permitem ampliar sua alfabetização científica de forma crítica, ou seja, com argumentos para as discussões, justificando suas escolhas e se responsabilizando por elas – apontamentos da BNCC (2018).
A realização deste trabalho aponta vários pontos positivos para o ensino de Botânica; percebeu-se o despertar da curiosidade para os assuntos relacionados, a troca de conhecimentos entre os estudantes nos questionamentos propostos e o incentivo ao planejamento flexível de escuta atenta aos interesses dos estudantes. Desta maneira, ganha a ciência, “pois a bagagem de conhecimentos oriunda dos Ensinos Fundamental e Médio influi sobremaneira na atitude e tomada de decisões dos pesquisadores” (Salatino; Buckeridge, 2016, p. 181).
Considerações finais
Ao final da aplicação do projeto, foi possível observar o encantamento dos estudantes ao verem as plantas no dia a dia, os comentários, as considerações trazidas para as aulas, as contribuições sobre determinadas espécies encontradas pelo caminho que antes não eram notadas. O estímulo para a promoção da percepção botânica alcançou os objetivos propostos e, assim, colaboram para a formação de um sujeito que preserve e conserve o ambiente à sua volta.
As práticas pedagógicas planejadas no viés de uma educação que relacione a Ciência, a Tecnologia, a Sociedade e o Ambiente ampliam o olhar e enriquecem os conhecimentos dos estudantes, construindo bases para a formação do sujeito pesquisador, crítico e reflexivo sobre os acontecimentos em seu derredor.
Envolver a temática da Botânica no ensino de Ciências torna-se cada vez mais urgente para que a importância das plantas para a manutenção da vida na Terra não seja esquecida, e que todo o conhecimento científico envolvido não seja negligenciado.
Referências
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Publicado em 26 de fevereiro de 2025
Como citar este artigo (ABNT)
SILVA, Camila Renata Texeira de Souza da; ESTEVAN, Daniela Aparecida; LIMA, Daniela Macedo de; VAN KAICK, Tamara Simone. Promoção da percepção botânica em estudantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 25, nº 8, 26 de fevereiro de 2025. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/25/8/promocao-da-percepcao-botanica-em-estudantes-dos-anos-iniciais-do-ensino-fundamental
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