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Etimologia da palavra

Péricles Gomes da Silva

Historiador

Hoje, mais do que nunca, ser educador é compreender o mundo. Compreender o mundo é ser educador. Vivemos um momento grave da história da humanidade, ramificado por conflitos generalizados, entre a estética, uma simbologia da complexa virtualidade, que provoca a insurreição do pensamento, isto é, ataca toda produção memoralistica e ocupacional da mente humana. O atual momento está por exigir também dos educadores uma reflexão e uma discussão profunda.

Até quando o homem pode esperar para esclarecer os problemas humanos? Como interpretar, conhecer e ensinar sobre o mundo? Como discernir os mecanismos e contradições da razão física, da razão humana, da razão dialética?

Como fazer, em face de tudo isto, quando o pensamento é talvez, de todas as coisas do mundo, aquele que hoje está menos na moda?

A modernidade nos fez o favor de cortar esse vínculo, mostrando que essa fantasmagoria que nos liga ao mundo por intermédio de nosso discurso é apenas uma estratégia da linguagem para nos anestesiar.

Será que nós professores assumimos o papel de repetidores da engrenagem do ensino, transformando a educação em algo superior; ou a estrutura familiar assumiu de vez, uma atitude prática e concisa em relação à educação familiar, ministrando esse processo somente para a instituição educacional, aplaudindo assim; seus acertos e apontando e repudiando seus erros.

Quando cursei o ensino médio, percebia claramente que o poder embutido na fala do professor, no seu discurso aberto à turma, não causava náusea, mas nos apontava uma direção e nos preparava para o cotidiano sem máscaras e com tendências protetoras e proteladoras de nossos pais, que, muitos deles, naquele momento sabiam o que acontecia conosco em nossa vida escolar. Grande maioria de meus mestres na escola me fazia perceber que a grande vivência educacional estava no dia-a-dia, na ida e volta de nossas casas para escola, fazendo-nos perceber e compreender o que era positivo e o que era negativo - não éramos corrigidos, mas vivenciávamos nossos erros para que no nosso próprio presente escolhêssemos o direcionamento ideal sem fragilizar nossa maneira de pensar e sentir o mundo.

O professor, aquele que ensina, não tem outra atividade além de procurar, pesquisar e falar - de rever permanentemente sua pesquisa; não de julgar, de escolher, de promover, de escravizar um saber dirigido. Porém, a família necessita saber que a escola não é supermercado e que o professor não é produto, seus filhos são consumidores daquilo que querem, e da maneira que querem. Sem culpabilidade e defesa, mas a família precisa entender que o mundo mudou e que á escola não é um reality show, mas sim uma instituição séria, serena, verdadeira que vai propor um direcionamento real para seus filhos.

Precisamos ensinar sem o discurso da arrogância, com o acompanhamento e ajuda familiar, para romper com essa letargia, ainda que temporária, dos estudantes.

A linguagem é uma legislação, a língua é um código. É o conhecimento vivo que conduz ao descobrimento do universo, da vida, do homem. Seja: o conhecimento científico trouxe progresso ao nosso saber; e ao mesmo tempo inquietação e nos colocou graves problemas. Para conhecer o mundo e fazer dele um processo de ensino, de transdisciplinaridade?

O saber está cada vez mais destinado a ser acumulado em banco de dados e depois computado e manipulado pelo "grande chefe": o Estado. Mas o conhecimento, a ciência e o ensino estão no coração da sociedade. Precisamos é ter coragem para viver e entender o mundo, de uma forma prática e coletiva, sem especular e afogar o conhecimento.

Publicado em 03 de janeiro de 2006

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