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Quem estuda mais, ganha mais

Leonardo Soares Quirino da Silva

Estudo da FGV mostra resultados para o indivíduo que investe em educação

Apesar do senso comum e do bom senso sempre dizerem que estudar vale a pena, até recentemente não era possível se saber o quanto nem quais as profissões com maiores chances de se conseguir um emprego. Em novembro, o Centro de Pesquisas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) publicou o estudo O Retorno da educação no mercado de trabalho, coordenado pelo professor Marcelo Néri, que apresenta respostas para estes dois pontos e outros com base em micro dados do Censo 2000.

O estudo revelou que, no Brasil, os médicos são a categoria profissional mais bem paga e com maior empregabilidade (possibilidade de uma pessoa estar empregada ou conseguir um emprego).

Médicos ganham mais

Essa liderança dos médicos - maiores salários e empregabilidade - fez com que os pesquisadores os chamassem de doutores ao quadrado. Segundo a pesquisa, um médico, com pós-graduação, tem 18 vezes mais chances de conseguir um emprego e ganha 1.503% a mais que uma pessoa que nunca foi à escola.

Depois dos médicos, as pessoas com pós-graduação em Administração e Economia são as que recebem mais e que tem maior empregabilidade. Entre as pessoas com curso superior, os formados em medicina também são os profissionais com maiores salários e possibilidade de estar empregado.

Diferenças regionais e raciais

No sumário do estudo, Marcelo Néri mostra que há variações regionais como o exemplo da cidade do Rio de Janeiro. Nesta cidade, os pós-graduados com melhores salários, na ordem, são os de Direito, Administração, Economia, Geologia e Medicina. Todos ganham mais de R$ 5,3 mil por mês, na média.

O estudo mostra ainda que a renda, contudo, pode variar com o grupo étnico a que a pessoa pertença. Morando em área urbana, um afrodescendente formado em medicina e com pós-graduação ganha menos que um não-afrodescendente. O primeiro recebe em média R$ 2,9 mil enquanto o outro R$ 3,8 mil. Mas ambos tem níveis de empregabilidade parecidos.

Vantagens para outros níveis de formação

A pesquisa também quantificou o papel da educação na desigualdade de renda brasileira. De acordo com ela, esse fenômeno - 35% - é explicado pelo número de anos de estudo completo que a pessoa tem, mesmo entre os que tem ensino fundamental completo ou não.

Assim, com base no simulador da pesquisa que está na internet, pode-se verificar que um afrodescendente, que mora em área urbana, tem cerca de 23 anos e ensino fundamental incompleto ganha em média de R$ 201 e possui cerca de 71% de chances de estar empregado.

Se essa mesma pessoa tivesse concluído o ensino fundamental sua renda média seria R$ 73,00 maior e sua possibilidade de estar empregado de 76,13%. Não concluir o segundo grau lhe daria a possibilidade de ter uma renda R$ 100,00 . Caso o concluísse, sua renda média seria cerca de R$ 371 e as chances de estar empregado de 83,7%.

O estudo também mostra que nunca é tarde para começar, pois mesmos os que buscam a educação mais tarde têm chance de ganhar mais. Em relação às pessoas que nunca aprenderam a ler, os ex-alunos de cursos de alfabetização para adultos ganham 10% a mais e têm 66% mais chance de estarem empregados.

Calculando suas chances

O grupo que realizou a pesquisa também disponibilizou na internet o Espelho da Educação e Renda. A intenção do Espelho, segundo o coordenador do estudo, é ajudar os estudantes a escolherem uma carreira de nível superior, ou aos formados a decidirem por uma pós-graduação.

Nesse site, é possível pesquisar segundo sexo, faixa etária, grau de urbano, nível de escolaridade e raça. Em uma consulta, podemos descobrir que no Brasil, em média, uma pedagoga não-afrodescendente, de 25 a 29 anos, ganha R$ 723,31 e tem 77,5% chances de estar empregada. Se ela fosse afrodescendente seu salário médio seria de R$ 558,43, com a mesma empregabilidade.

Retrato dos profissionais

Além do Espelho, também está na rede O Panorama do impacto educação sobre o mercado de trabalho, que permite se fazer um retrato das ocupações. Com isso, é possível saber quem são, o que fazem, como vivem e onde vivem as pessoas com diferentes graus de instrução.

Pesquisando novamente os pedagogos sem pós-graduação, ficamos sabendo que o estado com o maior número de pedagogos formados é São Paulo, 175 mil. Desses, o maior contingente, 32%, trabalhava com carteira assinada.

3/1/2006

Publicado em 03 de janeiro de 2006

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