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Escola síntese do desenvolvimento industrial do Brasil
Leonardo Soares Quirino da Silva
Criado em 1978, o Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca - Cefet/RJ - tem sua história ligada à da industrialização e à da formação profissional no Brasil. Em breve, espera-se que o Centro se transforme na Universidade Tecnológica Federal do Rio de Janeiro, a exemplo do que aconteceu com o Cefet/PR.
Um pouco de história
Parte importante da história do ensino profissional no Brasil se passou no atual estado do Rio de Janeiro. No prédio do Colégio Pedro II, no Centro do Rio de Janeiro, por exemplo, antes de abrigar o colégio, funcionou um centro de ensino de artes e ofícios. Ainda na capital foi criado o primeiro Liceu de Artes e Ofícios do país, em 1858. O Liceu foi iniciativa da Sociedade Propagadora de Belas-Artes, instituição privada que abriu esse e outros liceus pelo país com o dinheiro de seus sócios e subsídios do governo.
Depois, em 1906, o então presidente do estado do Rio de Janeiro, Nilo Peçanha, fundou cinco escolas profissionais. As de Campos, Petrópolis e Niterói eram voltadas para o ensino manufatureiro e as de Resende e Paraíba do Sul para o ensino agrícola.
Nilo Peçanha ainda teria papel importante nessa história ao criar, no exercício da presidência, a rede nacional de escolas de aprendizes de artífices. A rede tinha 19 unidades, uma em cada capital estadual, sendo as únicas exceções Porto Alegre e o Distrito Federal, cidades que já tinham escolas profissionais.
Segundo o decreto que instituiu a rede, citado pela professora Zuleide S. da Silveira em seu trabalho Educação Profissional no Brasil, o objetivo era "habilitar os filhos dos desfavorecidos da fortuna com o indispensável preparo técnico e intelectual, como fazê-los adquirir hábitos de trabalho profícuo, que os afastaria da ociosidade, escola do vício e do crime".
As aulas nas unidades da rede começaram em 1910. Até a Lei Orgânica do Ensino Industrial, que criou a rede federal de instituições de ensino de ensino industrial, em 1942, 141 mil alunos passaram por elas.
Origens do CefetA iniciativa de criar uma escola para a formação de professores especializados, contudo, só foi tomada em 1917, pela prefeitura do antigo Distrito Federal. Essa instituição de ensino - a Escola Normal de Artes e Ofícios Venceslau Brás está na origem do Cefet/RJ.
Em razão da falta crônica de profissionais de ensino, a escola foi transferida para o governo federal, em 1919. Com isso, ela passou a fazer parte da rede de escolas de aprendizes de artífices.
Segundo o professor Luiz Antônio Cunha, para entrar na Escola Normal de Artes e Ofícios o aluno fazia uma prova e deveria ter no mínimo 12 anos e não ter doença infectocontagiosa. O curso tinha seis anos de duração.
Em 1937, com o Estado Novo e a promulgação da nova constituição, foram modificadas as normas para o ensino profissionalizante. Segundo a professora Zuleide Simas, nessa época são tomadas duas medidas estratégicas. A primeira é "a criação de escolas técnicas, reproduzindo em seu interior o ambiente fabril". Outra, é a criação do Serviço Nacional de Aprendizagem dos Industriários, de onde vem o Senai. Como parte desse processo, a antiga Escola Normal é demolida em 1937.
Na área ocupada pela antiga escola normal foi inaugurada, em 1942, a Escola Técnica Nacional. Essa escola nasce sob a égide da Lei Orgânica do Ensino Industrial, que refletia as transformações que o país passava em razão do processo de industrialização, acelerado pela crise de 1929 e a II Guerra Mundial.
Segundo a legislação, a ETN tinha cursos de 1o Ciclo (industriais e de mestria) e de 2o Ciclo (técnicos e pedagógicos). Nessa época, os cursos técnicos oferecidos eram de construção de máquinas e motores, eletrotécnica, estradas, edificações, desenho de arquitetura e móveis, construção aeronáutica e desenho técnico de máquinas.
Um decreto de 1959 fez a escola atuar exclusivamente na formação de técnicos. O decreto também acabou com o 1o Ciclo e com os cursos de desenho de arquitetura e móveis, construção aeronáutica e desenho técnico de máquinas. Nessa mesma época foi criado o curso técnico em meteorologia, em parceria com o Ministério da Agricultura.
Em 1965, como decorrência da mudança da capital para Brasília, a instituição passou a se chamar Escola Técnica Federal da Guanabara. Em 1967, é acrescido o nome do primeiro diretor eleito da escola, o professor Celso Suckow da Fonseca. Além disso, Celso foi autor de livro História do ensino industrial no Brasil, publicado em 1961, até hoje uma referência na área.
Transformação em Cefet
Em 1978, a escola passa ser um Centro Federal de Ensino Tecnológico que é uma autarquia federal que oferece formação pedagógica de professores e especialistas, além de cursos de nível básico, técnico e tecnológico, bem como ensino superior, de graduação e pós-graduação, visando a formação de profissionais e especialistas na área tecnológica.
O ensino superior no Centro começou em 1966, com um convênio com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para formar engenheiros operacionais. O engenheiro operacional era um profissional de nível superior com três anos de formação.
No Cefet/RJ, a formação técnica para pessoas que já tivessem concluído o ensino médio começa na década de 1970. O primeiro curso é o de telecomunicações.
Atualmente, o centro oferece a formação técnica tanto em concomitância com o ensino médio, quanto para pessoas que estejam cursando ou que já tenham concluído essa etapa de sua formação. Os cursos são nas áreas de construção civil, estradas, gestão, indústria, informática, saúde, telecomunicações e turismo e hospitalidade. Também há cursos de graduação e de pós-graduação latu sensu e mestrado.
O Cefet, além do campus Maracanã, onde tudo começou, hoje tem um campus em Maria da Graça, que abriga o Colégio Estadual Professor Horácio Macedo e uma unidade em Nova Iguaçu.
Publicado em 04/04/2006
Publicado em 04 de abril de 2006
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