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Caçadores de mitos e a escola
Leonardo Soares Quirino da Silva
Aprendendo a fazer ciência de um jeito engraçado
Desde o dia 26 de fevereiro, o programa Fantástico da TV Globo está passando o quadro "Caçadores de Mitos", que pode ser um jeito divertido de se aprender como se faz ciência. Ao testar a veracidade de alguns mitos - como o celular que explode no posto de gasolina -, o programa dá exemplos de aplicação do método científico para se contestar esses mitos, o que pode servir como material para discussão em sala de aula.
Com apresentação de Lúcio Mauro Filho, o quadro usa experimentos feitos para programa de mesmo nome transmitido na TV a cabo pelo Discovery Channel. Lá, o programa é apresentado pelos especialistas em efeitos especiais Jamie Hyneman e Adam Savage. No Fantástico, o ator faz parceria com os especialistas por meio de recursos de edição e de brincadeiras em torno do tema apresentado.
Método científico e Caçadores de Mitos
Segundo o verbete da Wikipedia, a enciclopédia livre da internet, o método consiste em seis etapas: formulação de um problema; proposta de uma hipótese; realização de uma experiência controlada, para testar a validade da hipótese; análise dos resultados e conclusão. Mais adiante, o autor do verbete observa que toda a experiência deve ser controlada.
Tomando como exemplo o primeiro quadro transmitido pelo Fantástico, pode observar-se que o programa seguiu todas as etapas propostas. O problema analisado foi: uma pessoa se molha mais ao andar ou ao correr na chuva. Os dois especialistas em efeitos especiais discordavam sobre qual seria a hipótese válida - um defendia que quem anda se molha mais e outro defendeu o contrário.
Para testar suas conjecturas, eles fizeram um experimento em condições controladas. Foi montado um sistema que produzia "chuva" dentro de um hangar, logo livre de influências climáticas externas. Esse sistema vazava água a uma razão conhecida e uniforme ao longo de uma distância fixa. Dessa forma, andando ou correndo, a pessoa estaria exposta à mesma quantidade de água durante todo o trajeto, ao contrário de quando se está em uma chuva de verdade, onde a vazão pode mudar em função de fatores externos, como o vento ou mudança de uma nuvem para outra.
A resposta à pergunta seria dada pela diferença de massa entre um macacão, de massa conhecida, antes e depois do experimento. Para garantir que o suor não ia influenciar o resultado, Jamie e Adam usaram roupas impermeáveis sob os macacões.
O resultado final foi que, em condições controladas, uma pessoa que anda sob a chuva se molha menos do que quem corre.
Um pouco sobre Caçadores de Mitos
O interessante do programa é que o arcabouço do método científico é usado para testar a validade das lendas urbanas e outros mitos. De 2003 até agora, os dois especialistas em efeitos especiais já testaram 150 mitos e têm outros 75 na fila.
Mas nem só os mitos são testados. Por exemplo, o táxi que foi jogado nas pedras pelo deslocamento de ar das turbinas de um avião a jato também foi objeto do programa. O acidente aconteceu no dia 30 de janeiro de 2002. A equipe dos "Caçadores de Mitos" tentou repetir a experiência, perguntando-se se o ar proveniente do empuxo das turbinas de um avião poderia empurrar um automóvel. Eles não conseguiram por falta de recursos.
Uso na escola
Como na vida, o que interessa aqui nem tanto é o resultado final, mas o percurso. "Caçadores de Mitos" pode ser citado como exemplo de aplicação do método científico e, com base nele, extrapolar para as disciplinas do ensino médio.
Naturalmente nem professores nem alunos têm os recursos da produção do programa, que, como vimos, também tem seus limites. Contudo, depois de exibir um episódio gravado da TV, pode discutir-se com os alunos o que é o método científico, se não há mitos que possam ser testados com o que se tem à mão. Será que alunos de física ou de história, ou de outra disciplina qualquer não têm lições a tirar do programa na hora de fazer suas pesquisas?
O quadro vai ao ar todos os domingos, no Fantástico.
18/4/2006
Publicado em 18 de abril de 2006
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