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Rui de Oliveira, um herói na arte da ilustração
Karla Hansen
Rui de Oliveira
Rui de Oliveira é um grande artista brasileiro. Desses que ganham prêmios nacionais, internacionais e recebem homenagem pelo conjunto da obra, resultado de 30 anos de carreira, produzindo sem parar.
Talvez você não saiba de quem estou falando, afinal, Rui não aparece na televisão, nem nas capas de revistas. Ele é tímido, fala baixo, na verdade, seu trabalho é quem fala por ele, é o seu maior "cartaz", e ele trabalha muito! Tanto que é difícil encontrar quem não conheça o traço ou nunca tenha visto algum trabalho desse artista que já é considerado um dos maiores e mais fecundos criadores de imagens de nossa história.
Sua arte é mais difundida nos quase 200 livros de literatura infanto-juvenil que ele ilustrou - categoria na qual ganhou a maior parte dos prêmios - mas ela já esteve também em filmes, cartazes, aberturas de novelas e de programas de televisão - a mais famosa delas foi a abertura da série "O Sítio do Pica-Pau Amarelo", na TV Globo. Enfim, pode-se dizer que suas ilustrações já fazem parte de uma espécie de arquivo de imagens do inconsciente coletivo dos brasileiros.
Por esse motivo, Rui de Oliveira, considerado "mago do traço e da cor", este ano foi indicado, pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, ao prêmio Hans Christian Andersen de Ilustração, o mais prestigiado prêmio da categoria. No ano passado, a Academia Brasileira de Letras (ABL), o homenageou com a exposição "Rui de Oliveira: 30 anos de ilustração de livros", uma coleção de 150 desenhos produzidos ao longo da carreira do ilustrador. No mesmo ano, foi homenageado pelo Festival Anima Mundi e com uma exposição na Casa França-Brasil de desenhos, esboços e projeções de peças para televisão, realizadas para a TV Globo e TV Educativa.
Rui de Oliveira
Nascido no Rio de Janeiro, em 1942, Rui estudou pintura no Museu de Arte Moderna e artes gráficas na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 1968, quando trabalhava como desenhista na Escola de Artes Gráficas do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), partiu para a Hungria, atraído pelo cinema de animação do Leste Europeu. Lá, viveu seis anos, onde estudou ilustração no Instituto Superior de Artes Industriais, em Budapeste, e cinema de animação no estúdio Pannónia Film, onde também trabalhou.
Em 1975, de volta ao Brasil, foi convidado para trabalhar como diretor de arte na TV Globo e, em seguida, mudou-se para a TV Educativa, onde deixou sua marca na identidade visual da emissora, até 1983. Em paralelo ao trabalho em televisão, Rui de Oliveira também se dedicou ao cinema brasileiro, fazendo aberturas, cartazes e programação visual para diversos filmes. Ilustrou mais de 100 livros e projetou dezenas de capas para as principais editoras brasileiras.
No início da década de 1990, ele retomou a produção de filmes de animação iniciada na Hungria, com o curta-metragem "Cristo Procurado" que recebeu vários prêmios nacionais e internacionais. Desde então, Rui vem produzindo, regularmente, filmes que se destacam por sua qualidade visual e pela narrativa, com seu estilo inconfundível e seu preciosismo gráfico.
Além disso, o artista tem orientado gerações de desenhistas diretamente na fonte. Há 22 anos, ele é professor - com mestrado e doutorado em Comunicação e Estética do Audiovisual na Universidade de São Paulo (USP) - do Curso de Desenho Industrial da UFRJ e é o idealizador e diretor da Oficina de Cinema de Animação (Animagem), vinculado ao Centro de Tecnologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) que produz filmes de animação, como a série "América Morena", inspirada em lendas latino-americanas.
Acostumado a trabalhar por encomenda e a ilustrar livros de outros escritores, no ano passado, Rui de Oliveira abriu um novo caminho como autor ao lançar Cartas Lunares (Editora Record, 2005), livro voltado para o público infantil, em que o artista assina a autoria do texto e da ilustração.
Inspiradas nas mudanças do único satélite da Terra, Carta Lunares reúne histórias que emocionam pela beleza das imagens e pela delicadeza da prosa dedicada aos pequenos. A obra traz quatro contos sobre estrelas e galáxias distantes, que se desenrolam nas quatro fases da lua. A primeira delas, "Cartas lunares", acompanhamos a troca de correspondência entre um astrônomo e uma estrela, que teve seu brilho descoberto pelo cientista . Em "A tecla perdida", o autor aborda o respeito às diferenças e o desejo de ajudar ao outro. "A chuva, o raio e o trovão" é um conto sobre a amizade e o amor à natureza. Por último, "Eclipse lunar" transborda de esperança, apesar da dor da ausência.
Publicado em 4 de julho de 2006.
Publicado em 04 de julho de 2006
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