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Falando de poemas e poetas

Profª Maria do Carmo R. Procaci Santiago

Sem dúvida, seus alunos já leram ou ouviram poemas. Canções, cantigas de roda, parlendas, trava-línguas que fazem parte de suas brincadeira, as músicas que ouvem e cantam, ou repentes, quadras e cordel: tudo isso pode ser considerado poema.

É muito difícil definir as características próprias de um poema. Um texto escrito em versos, terminados em palavras que rimam entre si é um poema, da mesma forma que um texto escrito em versos que não rimam. Um texto cujas palavras se organizam numa folha de papel lembrando a forma de um girassol também é um poema, ou seja, os poemas podem ter várias formas e falar de diferentes temas.

Tomando como exemplo poemas consagrados da língua portuguesa, como "Infância", de Carlos Drummond de Andrade; "A onda", de Manuel Bandeira; "Canção do exílio", de Gonçalves Dias; "Pátria Minha", de Vinicius de Moraes, ou "Emigração e as consequências", de Patativa de Assaré, observamos que revelam sentimentos como tristeza e angústia, cantam as saudades e belezas da terra natal, contam uma história, ou ainda denunciam injustiças e desigualdades sociais.Versam sobre diferentes temas.

Os poetas escrevem para brincar, emocionar, divertir, fazer pensar o mundo de um jeito novo e para isso usam diferentes recursos, como rimas, repetições, metáforas e até a forma inusitada de dispor as palavras no papel, para transmitir suas ideias, experiências e emoções para o leitor.

Ao compor um poema, o poeta pode, por exemplo, jogar com a sonoridade das palavras, buscando sons similares, rimando as palavras, no final dos versos, ou repetindo sons parecidos ou iguais em várias palavras, fazendo com que elas ecoem ao longo do poema.

Os poetas preocupam-se também com o ritmo para que o poema tenha uma cadência como um tambor batendo em intervalos regulares, o que faz com que o leitor perceba o texto poético pelo ouvido. É por isso que tão gostoso quanto ler poemas é ouvi-los sendo declamados.

Mas poesia não é só aquilo que rima, tem sílabas contadas, musicalidade, ou um esquema definido de composição. O poeta, para exprimir seu olhar próprio e original, muitas vezes usa comparações. Pode ir além e transmitir a impressão que algo lhe causou, criando imagens. Quando faz isso, usa o recurso da metáfora, dando às palavras um sentido mais rico, como se elas quisessem dizer alguma coisa a mais.

Enfim, são inúmeros e diferentes os recursos que podem ser usados para compor poemas. Apesar de todas essas diferenças, podemos identificar dois aspectos que são comuns a todos os textos: o primeiro é a maneira diferente e original que os poetas têm de ver as coisas que encanta e emociona o leitor e o segundo é o uso das palavras de forma original, de modo diferente do que são usadas habitualmente.

Como diz Elias José, em seu poema "Tem tudo a ver": a poesia é só abrir os olhos e ver, tem tudo a ver com tudo.

Existe em nossa cultura uma crença muito arraigada de que a função da poesia é cantar amores ou exaltar o belo. É importante ajudar os alunos a desfazer esta crença e compreender que, na verdade, a poesia traduz em palavras a maneira como o poeta olha o mundo.

Publicado em 11 de julho de 2006

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