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Ciência Móvel

Karla Hansen

Entrevista com Paulo Cezar Arantes

No próximo dia seis será lançado, em Nova Iguaçu, no âmbito da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, o projeto "Ciência Móvel", uma carreta que vai circular por cidades do interior da Região Sudeste, resultado de uma parceria entre o Consórcio CEDERJ/Fundação CECIERJ e o Museu da Vida, da Fundação Oswaldo Cruz.

O projeto foi um dos cinco contemplados no edital de 2006 do Departamento de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia (DEPDI), do Ministério de Ciência e Tecnologia, e tem como objetivo disseminar o conhecimento científico e sensibilizar estudantes e a população em geral para a importância da Ciência no dia-a-dia das pessoas.

Na última sexta-feira, o Portal da Educação Pública esteve com o vice-presidente de Educação Científica do Consórcio Cederj/Fundação Cecierj, professor Paulo Cézar Bastos Arantes, que contou detalhes sobre o Ciência Móvel e sobre novos projetos de divulgação científica promovidos pela fundação.

Portal: O senhor poderia nos dizer o que é o projeto "Ciência Móvel", a que ele se propõe e qual sua área de atuação?

Paulo Cézar Arantes: O "Ciência Móvel" resultou de uma parceria entre a Fundação Cecierj e o Museu da Vida, que pertence à Fundação Oswaldo Cruz, em resposta a um edital convocado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia. O edital previa a apresentação de projetos que seriam contemplados através das regiões geográficas brasileiras. Então, na Região Sudeste, apenas um projeto seria aprovado. Em função disso, nós fizemos uma parceria com a Fundação Oswaldo Cruz no sentido de apresentarmos um projeto em conjunto. Projeto esse que foi selecionado pelo comitê instituído pela Academia Brasileira de Ciência, já que o convênio estabelecido pelo MCT para apresentação desse edital foi feito com a entidade.

Esse projeto visa constituir, fundamentalmente, uma carreta em que nós vamos levar um conjunto de equipamentos interativos, jogos, filmes e um planetário inflável às cidades do interior da Região Sudeste. A própria carreta se transforma num auditório que serve para ministrar palestras, projetar filmes, daí a nossa parceria com os vídeos do Ver Ciência, que vão acompanhar todas as visitas do "Ciência Móvel". Além disso, os equipamentos interativos estarão situados num espaço cedido pela cidade, em que nós vamos interagir com toda a população.

O sentido é de difundir, divulgar a ciência, com foco muito voltado para as ciências da saúde, tendo em vista que o Museu da Vida pertence à Fundação Oswaldo Cruz, que está diretamente ligada ao Ministério da Saúde, mas não somente. Nós temos também equipamentos que vão tratar de fenômenos físicos, fenômenos químicos...

A proposta também é despertar o interesse pelas ciências...

É. O projeto é fundamentalmente direcionado ao público estudantil e ao público em geral no sentido de sensibilizar para a Ciência. Queremos despertar o valor da ciência no dia-a-dia de cada um, mostrar que a ciência não é uma coisa que está restrita aos laboratórios, não está ligada àquela ideia de cientista que está estabelecida como padrão na cabeça das pessoas.

Quanto tempo o "Ciência Móvel" vai ficar em cada cidade visitada?

Nós estamos com uma previsão inicial de ficarmos de três a quatro dias, no máximo. Vai depender muito da demanda local. Primeiro, nós fazemos um contato inicial e estabelecemos as condições para que possamos atuar. Em função das condições oferecidas pela cidade e de sua disponibilidade, nós estabeleceremos, então, um prazo de atuação.

Existe um roteiro das cidades que serão visitadas pelo "Ciência Móvel"?

Não, a ideia é começar aos poucos, nós vamos fazer uma solenidade de inauguração agora, no dia seis de outubro, apresentando o projeto à comunidade de um modo geral, sendo que a primeira viagem será em Nova Iguaçu, no âmbito da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Em Nova Iguaçu, vamos ficar instalados de quinta a domingo, com todos os equipamentos que vão ser mobilizados para a Semana de Ciência e Tecnologia. Após isso, nós vamos começar a agendar - a partir do que a gente espera que aconteça com a divulgação do projeto para a população de um modo geral.

Inicialmente, a ideia é começarmos com visitas a cidades do Estado do Rio de Janeiro. Quando muito, iremos a cidades mais próximas à Região Sudeste, como Juiz de Fora, por exemplo, e outras cidades circunvizinhas ao Estado, pelo menos, nessa fase experimental, de adaptação do projeto.

Vocês pensam em aproveitar as conexões que já existem no interior do Estado do Rio, com os Pólos do Consórcio Cederj/Fundação Cecierj?

Na medida do possível sim. Nós poderemos aproveitar essa sinergia com relação a esses pólos do Cederj que já estão situadas em 17 cidades do Rio de Janeiro. Além dos três postos que possuem uma infraestrutura montada, temos ainda os cursos que já estão em funcionamento, por isso a gente tem uma certa possibilidade até de interagir com os alunos.

Existe uma disciplina nos cursos de ensino a distância que é de Tópicos Especiais, em que os licenciandos, na sua formação pedagógica, já desempenham atividades da Divulgação Científica. Um grupo de Três Rios, por exemplo, produziu uma mostra do Ver Ciência. Toda ela foi planejada, implementada e divulgada por eles. Foi um sucesso! Então, o Ciência Móvel também irá se utilizar desse mecanismo.

Quantas pessoas, entre técnicos e profissionais, deverão acompanhar o "Ciência Móvel"?

Olha, estamos pensando em ter um coordenador, um técnico, para o atendimento de modo geral, das demandas técnicas que possam surgir, como eletricidade, por exemplo, e, também, pensamos em levar cerca de 10 monitores.

Esses monitores serão estudantes?

É. Pretendemos fazer uma seleção, um banco de dados, com uma série de pessoas interessadas que disponham de tempo para viajar e, na medida do possível, vamos chamando esses profissionais.

Qual será o perfil desses candidatos?

Serão pessoas que já tenham passado por atividades de divulgação científica, também, do Museu da Vida, que já estão sendo contatadas e selecionadas.

As cidades interessadas procuram o projeto ou o "Ciência Móvel" tem um percurso pré-determinado?

É mais ou menos como funciona a agenda da "Praça da Ciência Itinerante", em que entramos em contato com as secretarias municipais numa primeira etapa e então, já tendo conhecido o trabalho, a demanda se torna espontânea. A agenda da Praça da Ciência, hoje, é toda preenchida por uma demanda espontânea. De início, o "Ciência Móvel" vai funcionar dessa maneira: vamos mostrar o que é o projeto, vamos entrar em contato com as secretarias de educação, de cultura, etc dos municípios e, então, e aguardarmos pela demanda.

O projeto vai funcionar por quanto tempo?

Bem, a gente vai começar a funcionar agora e não tem prazo determinado para terminar.

Apesar de o projeto ter como campo de atuação as cidades do interior, há possibilidade de ele atender a municípios de áreas metropolitanas, que também não têm acesso a serviços e eventos educativos e culturais?

Nós temos essa preocupação, sim. A cidade do Rio de Janeiro dispõe de uma série de equipamentos fixos, como o Museu da Vida, o Planetário da Gávea e o Museu do Universo. E uma série de equipamentos que podem ser disponibilizados para atender à população, seja escolar ou o público em geral. Mas, nós sabemos que existem alguns locais que são mais distantes, por exemplo, como os municípios da Baixada, a Região Metropolitana como um todo, que também poderão ser visitadas.

Por isso, estamos planejando a apresentação do "Ciência Móvel" em Nova Iguaçu, na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, tendo em vista que Nova Iguaçu é um município grande, com uma população enorme, que há pouco tempo foi sede do Fórum Mundial de Educação, que, aliás, foi um sucesso.

Existe uma estratégia de preparação que se faz antes da chegada do "Ciência Móvel" na cidade, a fim de envolver professores e a comunidade em geral?

A ideia é que, antes da chegada do "Ciência Móvel", vá uma equipe interagir com as lideranças locais. Primeiro, até para ver as condições de instalação e de funcionamento, mas visando, também, essa sensibilização prévia. Nós temos uma boa experiência nisso com a "Praça da Ciência Itinerante", em que mesmo em cidades já visitadas, sempre, antes de o projeto se instalar, vai uma comissão integrada pela coordenação do projeto e os professores que se reúnem com diretores e professores locais. Essa preparação é, justamente, a chamada sensibilização do projeto.

E quantos aos custos do projeto como um todo?

O projeto foi todo financiado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, através do edital, e custou cerca de 400 mil reais.

Além desse financiamento do MCT, as Fundações Cecierj e Oswaldo Cruz têm uma contrapartida?

A contrapartida da Fundação Cecierj e da Fundação Oswaldo Cruz é no sentido de fornecer os profissionais que vão participar do projeto. Para as visitas aos municípios, nós vamos tentar fazer parcerias com as prefeituras, para que elas paguem despesas de estadia e alimentação para a equipe. Mas o pagamento do pessoal será função nossa. Tanto da Fundação Cecierj, quanto da Fiocruz.

E a "Caravana da Ciência"?

A "Caravana da Ciência" é um projeto semelhante ao do "Ciência Móvel", só que é um projeto da Fundação Cecierj, para ser aplicada apenas no Estado do Rio de Janeiro. Também consiste numa carreta e essa carreta é completa, ou seja, também teremos o "cavalo mecânico", que é a força motriz da carreta. A grande parceria que o Cecierj está fazendo com a Fiocruz nesse projeto "Ciência Móvel" é que o nosso cavalo mecânico serve não só para transportar a nossa carreta, como também para transportar a carreta da Fiocruz.

As carretas são diferentes?

Elas são duas carretas que se acoplam perfeitamente a esse "cavalo mecânico". Então, nós - Fundação Cecierj e Fiocruz - além de termos uma parceria formal no projeto, de termos assinado um convênio com a Academia Brasileira de Ciências, nós entramos com essa outra contrapartida que é o "cavalo mecânico", que desloca a carreta, senão, teria que ser outro custo - de aluguel para transportar a carreta de um lado para o outro - para ser contabilizado.

A Caravana já está rodando?

Não, ela está na dependência da adaptação dessa carreta, que já foi comprada e dos equipamentos novos que irão funcionar nela. No momento, a gente está atrás dos recursos financeiros para tal.

Em termos de conteúdo, a "Caravana" vai ser diferente do "Ciência Móvel"?

Vai, porque o "Ciência Móvel" tem um foco muito claro nas ciências da vida, da saúde, enquanto que o nosso tem um foco mais geral de ciência, na física, na química e na biologia.

25/9/2006

Publicado em 26 de setembro de 2006

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