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Reflexão - Pacto Social

Péricles

De fato há uma crise ambiental mundial. Esta catástrofe obriga-nos a reorganizar a forma em que vivemos e conhecermos melhor os ciclos da natureza. Aponta também para a necessidade de se questionar os processos produtivos atuais e o próprio modo de consumo que tomou a sociedade. Devemos buscar dentro de nossa condição “vivencial”, alternativas essenciais para uma possível minimização dos efeitos ambientais.

Indubitavelmente, a pesquisa genética proporcionou uma das maiores revelações da biologia do século 20: todas as pessoas vivas são intimamente relacionadas, podemos desde então afirmar que, houve uma evolução “multirregional” dos humanos. Porém, se a genética nos relaciona, a sociedade que atuamos nos separa em diferenças marcantes; desde étnica, cultural e até mesmo em nossos traços de convivência pessoal. Na sociedade atual nossas relações são mais marcantes pelo lado negativo do que pelo positivo. Vivemos um momento de não compreensão, aceitação, e até nosso egoísmo maquiado, interromperá nosso desenvolvimento social.

A humanidade moderna se originou dentro de extensas tendências individualistas que de certa forma passou a aceitar somente os limites de interesse, sem mesmo saber se estes são positivos ou negativos, se serão benéficos futuramente. Chamo atenção para os estilos de vida entrepostos nas cidades, buscando uma adaptação moderna de forma antiga e não coerente com os padrões normais. Fica claro e evidente, que as gerações futuras estão herdando um deserto poluído dentro de uma Ecologia Social, Ambiental e Religiosa.

Falo isto pois estamos agindo de forma paritária, coagidos socialmente e rompendo nossa comunhão com o desenvolvimento. A insustentabilidade é subproduto da concentração mundial de riqueza, onde os países ricos ditam as regras do jogo. Propõem regras obscuras, deixando claramente marcas aos mais pobres que em um desconforto existencial vem participando do jogo indiretamente, ficam estagnados dentro de um Índice de Desenvolvimento Humano perplexo, humilhante, quase sem alternativas. Abortamos nossas riquezas para 20% da população mais rica do mundo ditar o padrão de consumo e consumir 89% de tudo o que é produzido pela Humanidade.

Será que há vida inteligente na Terra, ou somos só vírus a infestar o seu ar? Em nosso caso, parece que o Brasil Insustentável está vencendo a luta contra uma grande maioria da sociedade paralisada, voltada somente ao consumo e vegetando dentro de seu espaço vivencial, destruindo nossa proposta de futuro.

Indira Gandhi declarou em 1972: "O maior inimigo do meio ambiente é a miséria", só podemos chegar ao desenvolvimento se o próprio homem se desenvolver, pois a sociedade atual está mostrando o resultado deste atraso paralelo ao desenvolvimento.

Na Baixada Fluminense, a infância corre risco. Com índice mais de duas vezes superior à média registrada no país, a desnutrição atinge 14% das crianças de 0 a 5 anos ( Fonte Jornal do Brasil), e outros 15% correm riscos de desnutrição. Nossas taxas são equivalentes às de Zimbábue, porém, é importante relatar que, um programa coordenado pela Secretaria da Baixada, já há alguns anos, vêm acompanhando essas crianças com ações contra a desnutrição infantil, juntamente com órgãos públicos e representação comunitária. Além da avaliação nutricional, o Crescer ampliou a distribuição de vales de leite e óleo de soja para menores em risco ou já desnutridas. O trabalho inclui acompanhamento das crianças por profissionais de saúde. As informações colhidas estão sendo armazenadas por um programa informatizado que permite consulta e atualização de dados em cada posto de atendimento por bairro.

A questão da desigualdade social alarmante faz com que a mortalidade infantil aumente no mundo; o próprio EUA enfrenta este problema, principalmente entre os negros, onde a mortalidade infantil chega a 15 por mil. O IDH do Brasil continua abaixo do índice médio de 0,797 da América Latina e do Caribe. O Brasil cresceu bastante no século XX, mas seus indicadores sociais avançaram pouco, o desenvolvimento econômico não leva à redistribuição de renda. As políticas de desenvolvimento necessitam ser repensadas, atreladas a uma reflexão sobre a desigualdade social no país.

Existe uma discussão na América Latina que tende a colocar a moral acima do direito à vida. Precisamos de um pacto social para lidar com isso, propondo alternativas saudáveis. O principal remédio para essa exclusão teria que partir da sociedade, uma espécie de mudança civilizadora, para tanto há muito que fazer, a viagem é longa.

Publicado em 14/11/2006.

Publicado em 14 de novembro de 2006

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