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Estranho Encontro

Leonardo Soares Quirino da Silva

Cinema Brasileiro pela ótica feminina

Imagem da página inicial do site
www.estranhoencontro.blogspot.com

Quase sempre, quando se tem que escolher um filme para assistir, é possível ouvir uma frase que de tão repetida quase virou adágio: se a crítica disse que é ruim, então vou assistir por que deve ser bom. Com isso, no imaginário popular, de certa forma os críticos de cinema são vizinhos dos meteorologistas, que nunca conseguem acertar a previsão do dia seguinte.

É preciso, porém, fazer uma distinção entre os dois. Enquanto os meteorologistas baseiam seu trabalho de previsão em complexos modelos matemáticos que fazem uso de longas séries históricas, os críticos de cinema fazem uma arte, apesar de os artistas discordarem. É arte no sentido de que não tem um método estruturado, dependendo da habilidade de quem a faz, bem como de duas variáveis físicas - espaço e tempo. As três coisas nem sempre são encontradas na imprensa hoje, sendo as duas últimas raras.

Nesse particular, o blog Estranho Encontro - Cinema Brasileiro pela ótica feminina, da escritora Andréa Ormond sobressai ao reunir todas as três em só lugar, com um a mais, tratar de cinema brasileiro. Tudo isso apresentado de forma limpa e agradável.

Na página de abertura, além da última mensagem - que pode a ser uma crítica ou uma entrevista -, o visitante encontra links para as mensagens publicadas no mês corrente na seção Últimos Posts.

Querendo saber o que já foi publicado? É só rolar um pouco a tela e clicar em um dos links da seção Archives, anglicismo perdoado pela natureza da rede e nossa natureza "antropofágica".

Mas o melhor caminho para encontrar algo mais rapidamente é rolar um pouco mais a tela e visitar, nessa ordem, as seções Entrevistas e Filmes de A-Z.

As entrevistas sempre começam com os artistas e diretores contando um pouco de suas origens para depois falar de suas trajetórias profissionais, com ênfase em alguns de seus trabalhos. Entre os entrevistados estão o escritor e jornalista José Louzeiro, um dos autores do roteiro de Pixote, a lei do mais fraco, os atores Ancelmo Vasconcellos e Monique Lafond e o diretor e produtor Carlo Mossy.

Na seção sobre filmes há 110 resenhas, a maior parte sobre títulos lançados a partir do final dos anos 1960. Entre eles O Ébrio, A Dama do lotação, Marcelinho Zona Sul, Sete Gatinhos, Eu matei Lúcio Flávio, Na Estrada da Vida e Bete Balanço.

Se as entrevistas nos revelam um pouco sobre as pessoas que fizeram e fazem o cinema nacional, as críticas revelam a autora. Cada texto é uma aula sobre a história da produção nacional. Além de, naturalmente, falar sobre a estória dos filmes, Andréa Ormond contextualiza as produções em relação à época ou ao trabalho de seus diretores e atores. Nisso, o trabalho de Andréa se aproxima do de Antonio Moniz Viana, antigo crítico do jornal Correio da Manhã.

Entre as resenhas, recomendo as de Na Estrada da Vida, onde ela faz alguns comentários ácidos sobre Nelson Pereira dos Santos, ou a de Joelma, 23o Andar, onde ela comenta a tendência do mercado de explorar o filão do espiritismo, o que já começa a se tornar rotina na TV.

Por essas e outras, o blog é recomendado para pessoas que se interessam ou querem conhecer a produção nacional de cinema. 'comercialmente fenômenos'.

Publicado em 05 de dezembro de 2006

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