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Exemplos de como música e poesia se influenciam

Leonardo Soares Quirino da Silva

O fato de compartilharem algumas características comuns, em especial o ritmo e o som, fez o casamento da poesia com a música algo quase natural.

A leitura de poetas tem sido importante para os compositores populares. Ideias para rimas e o contato com estruturas mais sofisticadas que a dos registros mais simples da língua serviram para a criação de músicas memoráveis como O Mundo é um Moinho ou As Rosas Não Falam.

Mesmo só tendo o primário, o autor dessas composições Agenor de Oliveira, o Cartola, gostava de ler os sermões do Padre Antônio Vieira e os poetas simbolistas e parnasianos, como Olavo Bilac, Castro Alves e Guerra Junqueira.

Essa influência está diretamente presente na música de Luiz de Camões e Renato Russo Monte Castelo (do CD As Quatro Estações, de 1989). Tirando partido das semelhanças entre o Soneto nº 11 de Luís de Camões e de I Coríntios 13 de São Paulo, o compositor da letra, Renato Russo, reordenou os versos para produzir um novo texto.

Se a influência da poesia na música é grande, o contrário também não é menos verdade. O poeta Manuel Bandeira, por exemplo, não só teve versos musicados - caso de Na Rua do Sabão e Trem de Ferro - como também escreveu letra para músicas já prontas. Nesta última, encontram-se Azulão, em parceria com Jayme Ovalle, e Modinha, com Villa-Lobos.

Bandeira declarou, ainda, que ter buscado imitar a melodia de La Jeune Fille aux Cheveux de Lin (A jovem com cabelos de linho), para escrever o poema Debussy (1919). O título é homenagem ao autor da música.

A musicalidade da obra do poeta pernambucano acabou servindo de inspiração para uma dissertação apresentada no Instituto de Letras da Unicamp, em 2003.

Outros poetas também tiveram seus versos musicados por iniciativa de artistas famosos. Canção Amiga, de Carlos Drummond de Andrade, por exemplo, foi posteriormente musicada por Milton Nascimento, saindo no CD Clube da Esquina 2, de 1978. No mesmo CD, Milton também musicou o poema Testamento, de Manuel Bandeira.

Às vezes, a parceria entre música e poesia também permitiu encontros que pareciam impossíveis, em especial quando uns dos parceiros fosse morto. Esse é o caso do Hino Nacional: o autor da música, Francisco Manuel da Silva morreu em 1865, cinco anos antes do nascimento do autor da música, Joaquim Osório do Duque Estrada. A música só foi encontrar a letra atual em 1908.

Publicado em 07/03/2006

Publicado em 07 de março de 2006

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