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Desigualdade, injustiça ambiental e racismo

Mariana Cruz

Uma luta que transcende a cor

Em seu artigo "Desigualdade, injustiça ambiental e racismo: uma luta que transcende a cor", Tania Pacheco nos apresenta o conceito de Racismo Ambiental e discute a importância de se posicionar contra quaisquer formas de desigualdades, respeitando a diversidade cultural e construindo a possibilidade de uma cidadania plena entre nós. Para Tania, índios, nordestinos, pescadores, populações ribeirinhas, entre outros, mesmo não sendo alvos de rótulos claramente racistas, são igualmente vítimas de preconceito.

Muitos dos grupos afetados pela discriminação são condenados a viverem em lugares com péssimas condições ambientais e obrigados a se submeterem a trabalhos de risco ou danosos à saúde. E isso não se restringe a uma determinada raça, e sim a vários grupos que são excluídos socialmente. Na medida em que determinada comunidade não é mais útil ao capital ou passa a representar qualquer tipo de obstáculo ao desenvolvimento de algum projeto como, por exemplo, resorts construídos em praias habitadas por pescadores, fábricas que extraem a matéria-prima das florestas deixando a comunidade local à mingua, seus membros passam a ser tratados como personas nos gratas. Em outras palavras: enquanto são úteis como mão de obra barata, OK! Mas o que acontece quando nem para serem explorados eles servem mais? Só resta a eliminação.

Surgimento do R.A.

O conceito de Racismo Ambiental surgiu na comunidade negra de um bairro da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, no final da década de 1970. A partir da movimentação popular contra um depósito de resíduos tóxicos, descobriu-se que 3/4 desses tipos de aterros estavam localizados em bairros habitados por negros (que representavam apenas 25% da população).

A injustiça ambiental, no entanto, não se restringe aos negros. Nos Estados Unidos ela ocorre com trabalhadores latinos, afro-americanos, afro-caribenhos e asiáticos. E aqui são os nordestinos, índios, negros, trabalhadores rurais, pescadores, e tantos outros, que sofrem este tipo de injustiça. Os trabalhadores são levados a aceitar toda sorte (ou azar?) de emprego, sob qualquer (falta de) condição. E o mais grave: crianças, por conta da necessidade econômica, seguem os pais, tornando-se vítimas constantes de acidentes de trabalho.

Uma luta de todos

A luta contra o Racismo Ambiental busca agregar os movimentos sociais vítimas deste preconceito dentro de um denominador comum, embora haja muita resistência a isso por parte de alguns grupos. A necessidade do corporativismo é inequívoca nas especificidades inerentes à defesa dos interesses de uma categoria, de um grupo determinado, seja ele formado por sindicalistas, mulheres, indígenas, negros, ribeirinhos atingidos por barragens, pescadores ou quebradeiras de coco babaçu , escreve Tania.

Se tais grupos não se unirem e seguirem a política do cada um por si , talvez não obtenham o êxito esperado em suas lutas privadas, uma vez que o inimigo se mostra hegemônico e sólido.

Ao tirar um povo de sua terra, também lhe são arrancadas suas raízes culturais, sua história, sua identidade. Muitas vezes tal retirada é feita de forma parda, sem que os vestígios de violência tenham manchado o solo de vermelho. Mas tal processo velado é tão grave quanto qualquer outro. É assim que os grupos vão desaparecendo como se nunca tivessem existido, são tirados do mapa em todos os sentidos. É o que a autora irá chamar de genocídio cultural.

No artigo de Tânia deparamo-nos com vários exemplos de racismo cultural que ocorrem em regiões bem próximas de nós. São leituras como estas que nos estimulam a arregaçar as mangas e tentar fazer algo para mudar esta triste situação. Não deixe de ler!

20/3/2007

Publicado em 20 de março de 2007

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