Mulheres fundamentais para a construção do Brasil

Em 13 de maio de 1888, os alunos maranhenses cantaram o Hino de libertação dos escravos, composto por Maria Firmina dos Reis.

Salve a Pátria do Progresso!
Salve! Salve Deus e Igualdade!
Salve! Salve o sol que raiou hoje,
Difundindo a liberdade!

O verso simples e vigoroso poderia ser apenas mais uma manifestação de alegria por parte de um abolicionista se não fosse escrito por uma mulher admirável. Maria Firmina dos Reis era negra e, numa época difícil tanto para as mulheres quanto para os negros, escreveu um romance pioneiro (Úrsula, 1858) e se destacou como educadora em São Luís do Maranhão, formando inúmeras crianças pobres no estado. Ela não foi a única: na virada do século XIX para o XX temos o nome de Luciana Abreu, também professora primária e abolicionista engajada, que se tornou símbolo da emancipação feminina gaúcha. Essas e outras histórias reais podem ser encontradas no livro Mulheres negras do Brasil, organizado por Schuma Schumaher e Érico Vital Brazil.

Segundo Schuma Schumaher, em entrevista publicada nos meios de comunicação por ocasião do lançamento, o projeto tem como objetivo "levantar a cortina do passado e redescobrir o país, estudando a história das mulheres brasileiras. Queremos contribuir para que o ensino de História no próximo milênio inclua os feitos femininos".

Escrito por uma equipe de dezessete historiadores, o livro é uma grande panorâmica sobre a vida de pessoas que, mesmo colaborando com a formação de nosso país, passaram - e ainda passam - à margem dos livros de história. Da chegada dos escravos no século XVII, ao Universo Pop da atualidade, vemos um desfile de personalidades cuja força e carisma são capazes de emocionar. Nomes como o de Dolores Duran, Elza Soares, Ivone Lara, Daiane dos Santos encerram essa galeria de mulheres negras, realçando uma contribuição que se perpetua e que exige maior reconhecimento e visibilidade.

Ricamente ilustrado, o livro divide-se em quatro grandes blocos (Elas nos primeiros séculos do Brasil; Abolindo o império; República das mulheres; Rasgando os panos) e traz um capítulo chamado &quote;Transpondo obstáculos: o acesso à educação&quote; no qual o esforço das professoras negras é recompensado com o justo resgate de seu trabalho. Nesta semana do Dia da discriminação racial, tá aí uma dica de leitura.

Publicado em 20/3/2007