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A industrialização têxtil em Nova Friburgo

Extraído da tese  "Origem, Crescimento e Crises da Indústria Têxtil em Nova Friburgo", defendida  por Carmen Limoeiro Patitucci Manangão, junto à Universidade Federal Fluminense, a titulo de Bacharel em Geografia, em 16/12/2004.

Neste texto serão apresentadas as indústrias têxteis (Arp, Ypu e Filó), sua importância socioeconômica, origem do capital, ligações acionárias, incluindo a Cia de Eletricidade, no período entre 1911 a 1925, e como elas estão superando os momentos difíceis da economia nacional e friburguense.

Serão também apresentadas as indústrias têxteis fundadas na década de 1950 (1953-1958), respectivamente as Indústrias Sinimbu e Hak Fusos e Passa-manarias, localizadas próximas às ferrovias e rodovias e aos Rios Santo Antonio (Sinimbu), Cônego e Bengalas (Hak),  vias  importantes, que facilitam o deslocamento, não só produtivo, mas do pessoal,  para a aquisição de matérias-primas e para as vendas.

Um breve comentário da mais nova Empresa, a Nylorend, implantada em março de 2004. Segundo dados do jornal Friburguense, A Voz da Serra, ela contou não só com apoio da Firjan regional, mas com a infraestrutura municipal, o mercado garantido interno e mão-de-obra qualificada(dispensada das fábricas locais). Sua implantação não teve as dificuldades encontradas pelas três fábricas pioneiras no inicio do século XX. Sua localização, às margens da principal rodovia que corta o município, ligando a Capital ao centro-norte fluminense, a RJ 116.

A escolha destas empresas, como objeto desse estudo,  não foi só em função do tempo de existência, mas pelo número de funcionários/operários trabalhando. Segundo critérios da CIRJ, elas são consideradas entre médias e grandes empresas do Estado do Município e do  Estado do Rio.                                                                  

A cidade passou por alguns ciclos econômicos, com os portugueses, antecedendo à presença dos imigrantes suíços e alemães, fundadores da Vila, no século XIX. A ferrovia para o desenvolvimento de Nova Friburgo, construída com o capital cafeeiro pelo Barão de Nova Friburgo, foi importante para o desenvolvimento da Cidade, tanto no comércio quanto no turismo e na educação. Foi fator fundamental, além da energia elétrica, para que, no inicio do século XX empresários alemães transferissem e investissem seu capital, colocando a cidade na Era industrial a partir de 1911.

A década de 1980, com a dispensa de inúmeros operários fabris, foi marcada pelo surgimento das micro e pequenas empresas (Mpes), caracterizando o Pólo de Moda Intima.

Atualmente a cidade está passando por mais um novo ciclo socioeconômico de sua história. O ciclo da produção e da aplicação do conhecimento como forma de prover seu desenvolvimento local.

Mediante observações, nota-se que as crises econômicas, na cidade, são cíclicas, acompanhando sempre as crises nacionais, como ocorreu nas décadas de 1980 e 1990.

O declínio, infelizmente, fica por conta da Fábrica Ypu. Sem perspectiva de solução, está inadimplente com a União, Estado, Município não tendo como pagar as indenizações legais e trabalhistas aos funcionários dispensados e aposentados.

1 -Arp Fios e Bordados

Com a eletricidade implantada, Julius Arp inaugura a primeira fábrica de rendas do tipo "Barmen" em 20 de junho de 1911, com a razão social M. Sinjen e Cia.

Empresário pioneiro coloca Nova Friburgo na Era do desenvolvimento industrial, sendo um marco histórico para a cidade, onde existiam apenas empresas caseiras e de pequeno porte.

As estruturas metálicas chegaram ao Rio de Janeiro em 1910. As primeiras máquinas chegaram à Nova Friburgo entre maio e junho de 1911 através da ferrovia, iniciando sua produção com 36 operários dirigidos pelo técnico Ernest Kappel.

A origem do capital industrial de Nova Friburgo se deve ao capital comercial e bancário alemão, assim como de outras empresas logo a seguir instaladas na cidade, como a Fabrica Ypu, a Fabrica Filo (hoje Triumph International), a Haga (metalúrgica).

Localização espacial

Arp implanta sua fábrica de rendas às margens do Rio Cônego, próxima a chamada Praça dos Alemães, presente na cidade desde 1824, no centro.

Adquirindo terras dos herdeiros do Barão de Nova Friburgo, numa área de 74.491 m2 (Fischer, 1986), a Arp Fios e Bordados ainda continua no mesmo endereço desde sua fundação, há 93 anos, hoje numa avenida que leva o nome de seu fundador, próxima ao Eixo Rodoviário, a RJ 116, que corta a cidade.

Seu parque industrial está equipado com modernas máquinas de bordar, fiar e de tingir.

Maquinários

Em 1912/3, Julius Arp adquire um pantógrafo que produzia rendas em filó grosso, com sete jardas, vindas do Tirol, convidando seus donos, Alfns Grabherr e irmãos, para operá-los junto à M. Sinjen.

A partir desta data, seus investimentos em maquinários, equipamentos e construções de galpões não pararam, sempre vinculando a aquisição destas máquinas a sua terra natal, Alemanha; importando tanto para Joinville quanto para M. Sinjen, em Nova Friburgo.

Em questionário transmitido à Empresa, o Sr. Giancarlo, gerente de bordados, informou que a Arp também investiu em maquinários já utilizados e reformados de outras empresas do mesmo ramo, que encerraram suas atividades; modernizou (up-grade) uma máquina de 21 jardas, tornando-a mais veloz e versátil. Mais duas máquinas de última geração foram adquiridas na Suíça.

Na aquisição de novas máquinas ocorre sempre um grande treinamento e a necessidade de mão-de-obra mais qualificada, com conhecimentos de informática e o domínio do inglês.

As importações das máquinas alemãs e suíças  devem-se ao suporte tecnológico oferecidos pelas máquinas Saurer.

"No ano de 2002 foi marcado por investimentos em tecnologias, modernizando seu parque industrial com aquisição de máquinas Saurer, capazes de bordar a uma velocidade cinco vezes maior que as atuais, chegando a ponto de desenvolver bordados exclusivos para clientes, ou seja, qualquer bordado pode ser reduzido em peças únicas e exclusivas".Bibliografia

Linha de produção

A Empresa (M. Sinjen) iniciou como fábrica de rendas de fusos em função da sua boa aceitação no mercado, crescendo com a seção de lustrar fios, de fabricação de cordões (exportando para alguns países em guerra), de bordados, de estores, sendo que os fios fabricados por ela eram utilizados na seção de bordados.

Começando com rendas de fuso, fabricou cordões de sapatos, trancas, iscas para isqueiros e linhas para bordar.

Acompanhando o mercado, a seção de rendas foi desativada em 1968.

A fiação sempre foi o forte da Arp desde seu inicio, em 1911, fabricando fios de algodão, atendendo às fábricas recém instaladas como a M. Falck (Fábrica Ypu) e a Fábrica Filó (Triumph Internacional).

Com acabamentos essenciais, sem nós, emendas "splicer", mercerizados, de alto brilho e resistência, atende até hoje ao mercado nacional, tanto aos fabricantes de malhas, quanto aos de tecidos e bordados.

Com apenas um fornecedor nacional, ainda importa 30% de sua matéria-prima.

A Arp trabalha hoje com três tipos de matéria-prima: o algodão 30%, o acrílico e o poliéster em pequena quantidade.

A Empresa tem uma grande e forte preocupação em atender aos grandes clientes devido a sua produção ser a de maior escala na América Latina; não deixando também de atender às empresas de pequeno porte e às micro e pequenas empresas.

Mercado

No mercado interno, concorre com o sul através da Fiobrás. Na área de bordados, o mercado ainda continua retraído; mesmo assim, suas vendas são realizadas por atacadistas e no posto de venda junto à fábrica.

Além de apoiar a Fevest, cedendo produtos, a empresa procura ter uma participação maior nesta nova linha de produção. Ressaltando que os investimentos feitos (através de maquinários) foram visando diretamente às necessidades e quantidades de cores das confecções.

Suas vendas atingem a De Millus, Fruit de na Passion, Triumph, Valisere, Altenburg, Du Loren, Teka, Karsten, Hak e o Pólo de Moda Íntima, onde são vistos seus fios e bordados em lingeries.

Possuindo uma política agressiva e participando de inúmeras feiras no Nordeste (junto com a Região Norte representa 65% do faturamento da empresa) e no Sul, a Arp conta com 32 representantes por todo o país e mais oito pessoas na fábrica, dando suporte às vendas.

Historicamente, a Arp exportou fios de algodão. Com a mudança acionária ocorrida em 2001, e com a reestruturação da empresa, está se preparando para voltar ao mercado externo (parou devido a fortes exigências e concorrências externas) tanto em fios quanto em bordados, visando atingir mercados na Europa, América Latina e Estados Unidos.

Investimentos

Ao longo destes 93 anos, a Arp teve de se adaptar  ao mercado concorrente, com a desativação do setor de rendas em 1968 e fortes investimentos na área de bordados.

No Plano Collor, a Empresa estava endividada. No mesmo período, o Sr. Edgard Arp passou por problemas de saúde, houve também a desvalorização cambial, agravando mais ainda a situação da fábrica.

Apesar das dificuldades econômicas em 2001, o então Diretor-Superintendente, Sr. Jerônimo Coimbra Bueno Filho, procura manter os investimentos programados com novas tecnologias de produção, reduzindo custos, melhorando o produto final, diversificando as opções para o mercado, como bordados (organdi, bordado inglês, algodão e rendas de guipure), atendendo aos fabricantes de cama, mesa, banho, roupas em geral, chegando ao artesanato, através de suas vendas diretas na loja que a fábrica possui.

A Arp passou a produzir bordados para lingerie, desenvolvendo produtos em lycra one way, tule, nylon 20 (atraindo baixo custo e uma ótima qualidade, tendo o mesmo efeito que o tule) oferecendo melhores preços (competitividade).

Outro produto desenvolvido, o TATOO, inédito no Brasil,  peça feita em tecido fino que, em contato com a pele, torna-se transparente, deixando o bordado à mostra.

A Empresa ainda fez convênio de cooperação, na seção de bordados, com a Bischoff Suíça, em função de sua maior visão de mercado.

Estes fatos demonstram que, apesar dos momentos difíceis e de crises que atingiram a empresa, afetando suas vendas, em função da concorrência e da abertura de mercado na última década, a Arp procurou saídas até mesmo para as suas importações.

Funcionalismo

Quando a fábrica iniciou suas atividades, em 1911, contava com 36 operários, sendo que esta mão-de-obra, nacional, provinha do campo e os cargos de mestre e contramestres de alemães e seus descendentes.

Grande parte desta mão-de-obra germânica foi possível em represália ao abatimento dos vapores brasileiros, na Europa, em guerra.  Por ordem do governo federal, vapores alemães, em portos nacionais, deveriam ficar retidos e seus oficiais e suboficiais encaminhados ao Sanatório Naval, em Nova Friburgo.

Experientes em maquinários, grande parte foi aproveitada como mestre e contramestre, em cargos de chefia, pelas fábricas alemães da cidade, o que acentuou uma certa distância com o operariado brasileiro. Muitos deles, após a guerra, constituíram famílias e não voltaram para a Alemanha.

Com estes oficiais germânicos, a cidade recebe a 3a leva de alemães.

No ano seguinte à implantação, a mão-de-obra na Arp quase dobrou, atingindo 62 trabalhadores, chegando a 130 em 1919, 414 em 1923, 506 em 1927 e,  em 1958,  o número de 1200 operários.

Outro fator importante era distanciar, evitar aglomerações e reuniões, contatos dos operários. Para isto, surgiram vilas operárias próximas a cada fábrica. A Arp construiu no bairro de Olaria, onde hoje passa a Via Expressa, dando origem a Escola Fábrica de Rendas Arp e a Recreio Arp, estes últimos destruídos pelas fortes chuvas em dezembro de 1995.

Atualmente a empresa oferece aos seus operários um consultório médico com atendimento ambulatorial, convênio com o Sesi para exames, consultas e dentistas.

Na área educacional, creche para os filhos de funcionários até os 6 meses, ensino fundamental e médio para os funcionários, com valor simbólico de R$ 7,00. Além de seguro de vida em grupo, a empresa programa e oferece diversos cursos de treinamento visando o aprimoramento de seu quadro pessoal, chegando a encaminhá-lo ao CETIQT, ao Senai, a Fundação Getulio Vargas no Rio de Janeiro, e, se for necessário, para fora do país, como Suíça e Alemanha, de onde vem grande parte de seus maquinários.

Aos 90 anos de idade, fica à frente da administração a Sra. Anna Cristina Arp Coimbra Bueno (bisneta de Julius Arp) e seu esposo, no cargo de Diretor Superintendente, transformando a nova razão social para Arp Fios e Bordados, mostrando que a Arp ainda continua sob controle acionário nas mãos de uma das herdeiras de seu fundador.

Em julho de 2004, contava com uma equipe de 740 funcionários.

2-Fabrica Ypu, Artefatos de Tecidos Couro e Metal S/A

Sua história e localização espacial

Com inicio das atividades da Cia de Eletricidade e a implantação da M. Sinjen, Julius Arp convence o sócio e amigo Maximilian Falck a construir uma pequena fábrica de ligas, passamanarias e suspensórios em seu Sitio, chamado Ypu, às margens do Rio Santo Antonio e junto à Estrada de Ferro.

Com capital (comercial, e alemão) inicial de Cr$20.000,00 (da época), tendo como sócio o Sr. Willian P.Dennis, sob razão social de M. Falck e Cia, começa suas atividades num pequeno galpão, no dia 12 de julho de 1912, com 12 empregados, possuindo uma mão-de-obra ainda não especializada e treinada para a indústria recém implantada.

Para Galdino do Valle Filho, a implantação desta segunda indústria foi uma vitória do liberalismo sobre o tradicionalismo, que ainda defendia um Estado ruralista, economicamente agrário, como era o caso de Galiano Jr.

Com a Primeira Guerra Mundial, a redução às importações atinge Nova Friburgo; oficiais da marinha alemã vão trabalhar no comando da M. Falck, como foi na M. Sinjen, de mestres e contramestres, distanciando em rigidez, hierarquia e idioma dos operários também desta fábrica.

A produção da fábrica cresce, sendo necessários novos investimentos, bem como a construção de novos prédios, ampliando o espaço físico da empresa e a aquisição de novas máquinas modernas  e,  consequentemente, a contratação de mais mão-de-obra.

Estes fatores obrigaram a M. Falck e Cia a mudar sua razão social para S/A passando a chamar-se Fábrica Ypu, Artefatos de Tecidos, Couro e Metal S/A com capital de Cr$2.400.000, em 21 de fevereiro de 1938, dobrando em seguida para Cr$ 4.800.000,00.

Linha de produção

Iniciando num galpão com 12 operários, uma oficina mecânica, uma carpintaria, onde produzia galões, suspensórios e fitas, a M. Falck e Cia adquire em 1913/4 teares para a fabricação de suspensórios e ligas.

No final da década de 20, a fábrica se compunha de seções como tecelagem, trançadeiras, passamanarias, cintos, elásticos, ligas, braçadeiras, embalagem, medição de artigos têxteis, estamparias, tipografias e encadernação, cartonagem, oficina mecânica, carpintaria, manutenção e fabricação de caixas para o transporte de mercadorias.

A seção de curtume foi inaugurada em 1939, fabricando, entre outros, cintos, correia de couro e suspensórios.

A marca YPU surge em 1954 com a coleção dos cintos FRIBURGO, marcando e fixando a fábrica no mercado de manufaturados de couro. Neste ano também foi inaugurado o primeiro restaurante da empresa. Ampliando a área têxtil, inaugura em 1964 a seção de bordados com a aquisição de novas máquinas. Com a melhoria do setor de couro, é reconhecida internacionalmente. Novos investimentos na área de bordados, em 1974,  já sob direção do Sr. Antonio Edmundo Pockstaller.

No ano de 1982, com seus 70 anos, a Fábrica Ypu era composta de várias seções, diversificadas, dentro de uma grande indústria, bem localizada, na entrada da cidade de Nova Friburgo.

Funcionalismo

Em 1917, seu quadro atinge a 155 operários; em 1928/9, com a guerra e as dificuldades de importações de produtos industrializados (ela já começa a exportar) aumenta para 426.

Em 1943 foram também construídas as primeiras 12 casas, no Sitio Santa Maria, e em 1945, no Sitio Ypu. Ainda em 1945, inaugura o consultório dentário, mantendo o controle sob a vida de seus operários, evitando aglomerações e contatos com os da M. Sinjen.

 Com problemas de saúde, seu fundador, Maximilian Falck, retira-se da Fábrica, deixando a direção sob os cuidados de Antonio Edmundo Pockstaller e Max Georges Cliff, vindo a falecer no Rio de Janeiro em 1944.

Apesar do falecimento de seu fundador, em 1944, ainda existiam em seu quadro pessoal 500 operários, chegando a 1026 em 1958. Em 1962, cai para 900, mas, com a criação de novas seções, atinge a 1200 operários em 1977 e em 1982, antes de sua venda, chega a 1400 postos de trabalho. Parecia que neste período a Ypu chegava ao seu auge em produção e fabricação.

Posterior a este período começou a dispensa de seus funcionários e o inicio de sua decadência. A empresa já estava nas mãos de seus novos acionistas, passando a pertencer ao grupo Sayonara do Rio de Janeiro.

Segundo a Firjan, em 2000/1 operava com um quadro em torno de 300 funcionários entre fábrica e vendas.

Atualmente possui aproximadamente 230 trabalhadores. Outro grupo, procura via judicial receber suas indenizações legais (13o. FGTS, baixa na carteira de trabalho), rolando o problema desde da década de 80, quando iniciou a dispensa sem o pagamento de suas indenizações.

3-Triumph Internacional

Sua História e localização

Após a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha passou por uma forte crise capitalista. Diante de um País arruinado, industriais foram em busca de locais para implantarem suas fábricas, entre eles, o Sr. Carls Siems, presidente da Tuelfabrik, dono de uma fábrica de filó, localizada em Plauen.

Encontrando num cruzeiro o amigo Julius Arp, Carls Siems foi convencido a abrir sua empresa em Nova Friburgo; a cidade oferecia vantagens, como mão-de-obra, área, incentivos e mercado garantido, o que o tornaria pioneiro em filó na América Latina.

Com tantas vantagens, além de Nova Friburgo já possuir uma colônia alemã, em janeiro de 1925, às margens da antiga estrada Nova Friburgo-Teresópolis, numa região pantanosa chamada Vila Amélia, inicia-se a construção dos primeiros edifícios da fábrica, além das casas para seus operários, parque recreativo, junto a uma floresta de eucaliptos, pinheiros, madeira de lei, transformando o que foi um brejo numa área habitável, industrial, recreativa, geradora de empregos diretos e indiretos.

Em 17 de setembro de 1925, as primeiras máquinas de filó começaram a operar na cidade e no Brasil, contando com 120 operários, tendo como sócios-fun-dadores os Srs. Carls Siems (fundador e 1O Presidente), Conselheiro Julius Arp (fundador e 1O vice-presidente, além de acionista), Carls Ernest Otto Siems, como diretor gerente.

Localizada (até hoje) na Rua Bonfim, 25, Vila Amélia, Carls Siems transferiu seu parque industrial da Alemanha para Nova Friburgo, sendo pioneira em Filó tanto no Brasil quanto na América Latina, encontrando na cidade matéria-prima e mão-de-obra.

Em 1950 são encomendadas novas máquinas da Inglaterra, necessitando não só  a construção de  novos prédios como a ampliação de seu quadro de funcionários.

Linha de produção

Desde sua fundação existiu (por volta de 1968) uma espécie de troca, um complemento entre as M. Sinjen, M. Falck e Filó. A M. Sinjen fornecia fios, que, por sua vez, transformava em filó, retornando para seus bordados, para as cortinas, não existindo mais o problema de importações, tanto da M. Sinjen, como da M. Falck e das demais empresas têxteis existentes. A Filó fabricava filó de algodão, filó de seda, filó liso, de fantasia, de jaquard, tapeçarias, cortinas, estores, rendas valencianas e nottinghan, artigos de adornos para cama e mesa, tecidos para estofamento, gobelens, artigos para decoração, mastras, marquisetes, com os fios da M. Sinjen.

Em torno de 1968, implanta-se uma nova linha de produção, introduzindo a linha Vivien, de sutiens, sendo um passo para que a empresa, embora têxtil, se transformasse na pioneira, em Nova Friburgo, na fabricação de moda de praia e moda íntima.

Na década de 1970 suas ações foram vendidas para o grupo alemão Triumph International, uma empresa transnacional com filiais em todos os continentes, extinguindo em 2000 com a linha praia, dispensando 400 postos de trabalho.

A fábrica tem dispensado funcionários, terceirizando sua mão-de-obra com costureiras fora da empresa, em cidades da região.

FIGURA Nº 1 - LIGAÇÕES COMERCIAIS E ACIONÁRIAS ENTRE AS PIONEIRAS


M.SINJEN

Filó S/A, hoje Triumph Internacional

Sob o controle da transnacional alemã, termina no ano de 2000 com a linha praia, mas continua fortalecendo e concorrendo já com o Pólo de Moda Íntima, investindo, vendendo e exportando sua produção para o Chile e Argentina, na América do Sul; e importando fios, além de adquirindo-os no mercado interno.

Suas vendas a nível nacional são realizadas junto às grandes redes de lojas, possuindo também lojas próprias e um posto de venda junto à fábrica, com dois tipos de produtos (1a e 2a linha).

Produzindo a própria renda, revende também para o Pólo de Moda Íntima através da Olímpia Têxtil.

A Triumph International é um das maiores empresas do mundo com fábricas e centros distribuidores (filiais e ou  representantes, em 125 países). Trata-se de uma holding.

Fundada na Alemanha em 1886, a Fábrica Filó continua nas mãos de capitalistas germânicos. São produtos que devido a sua qualidade e variedade,  são reconhecidos no mundo fashion.

Na Europa, encontramos suas fábricas na Alemanha (115 anos), Portugal, Itália, França, Inglaterra e Suíça. Na África, em Cape Town (África do Sul), na Ásia (Vietnam, Japão e Rússia), na América do Sul (Brasil-Nova Friburgo), na América do Norte (EUA, Canadá) na Oceania (Nova Zelândia).

4. Indústrias Sinimbu S/A 

Sua história e localização

A Empresa foi fundada em 08 de agosto de 1953, tendo como seus primeiros acionistas e diretores os Srs. Eugenio Veiga Giraldez, Frederich Willian Strickland, Jaimes Cobb Strickland e o Engenheiro Hubert Jepgen. A Atual diretoria é composta pelos Srs. Jaimes Cobb Strickland e Frederich Willian Strickland.

Em Sede única desde sua fundação, ocupando uma área de 8.000m2, localizada na Rua Conselheira Sinimbu, 188, Perisse, Nova Friburgo, ao lado do Viaduto Geremias Mattos Fontes, às margens da RJ 116 e do Rio Santo Antonio.

Seu nome veio de um animal chamado Sinimbu, uma espécie de lagarto, bastante resistente, transmitindo para a empresa a ideia de resistência e durabilidade de seus produtos.

Maquinários e investimentos

A fábrica iniciou com 14 teares, em 1953; em 10 anos (08.08.1963) já contava com 100 teares e um grande número de máquinas auxiliares, produzindo os mais variados artigos.

Apesar das crises econômicas, em 2002 possuía teares eletrônicos com design em computadores (CAD), equipamentos para tingir e embalar seus artigos

Linha de produção

Sua produção anual (2002) foi de 8 milhões de fitas decorativas e elásticos, aviamentos têxteis, tais como: fitas de cetim colore, elásticos para lamberei, elastricot (serve para amarrar a isca no anzol), fitas decorativas (fitas não metálicas, galões decorativos), coleção de cetim degrade para bordados e trançados em fitas, demonstrada na foto.

Produtos Sinimbu

Produtos Sinimbu
Fonte: www.industrias sinimbu.com.br

Mercado

No mercado interno, possui um departamento de vendas, representantes por todo o país, podendo também adquirir seus produtos através do catálogo solicitado através do 0800 ou da internet, onde se tem uma visão completa da produção. Possui também um Posto de Vendas junto à Fábrica, ou na Praça Marcilio Dias, em Nova Friburgo.

Suas vendas atingem os grandes Estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Ceará, entre outros, com 60% do faturamento. Os outros 40% ficam por conta do mercado externo. Apesar das crises cíclicas, nunca deixou de exportar, garantindo suas vendas em países como EUA, Canadá, Alemanha, Inglaterra, Austrália, África do Sul, Panamá, Chile, Argentina, Bolívia, Uruguai, Paraguai e México.

É considerada a maior empresa no ramo em fitas decorativas e a única exportadora, com regularidade, para o mundo todo.

Funcionalismo

Logo no inicio de sua produção, em 1953, contava com 16 funcionários; em 2002, seu quadro pessoal chegou a 300 funcionários.

A fábrica possui um ambulatório, contando com uma enfermeira e um médico de plantão. Possui seguro de vida coletivo e convênio com Sesi de Nova Friburgo para odontologia e lazer.

Na área educacional, financia creches para bebês de funcionários até os 6 meses; oferece cursos de reciclagem, aperfeiçoamento técnico e de adaptação. Como lazer, conta ainda com ma área interna composta de sauna, quadras, lanchonete e jogos de mesa, além do refeitório.

Meio ambiente e energia elétrica

A Sinimbu possui uma estação de tratamento de águas que saem da tinturaria com tratamento especial, passando por um rigoroso processo até estarem prontas para retornar ao Rio Santo Antonio.

Quanto à energia elétrica, conta apenas com a CENF.

5- Hak Fábrica de Fusos e Passamanaria Ltda

História e localização espacial

Passamanaria Hak começou com um grupo de alemães, em 02 de junho de 1958, num galpão, na Rua Augusto Spinelli, no centro da cidade. Era uma metalúrgica, fabricava fusos que comercializava com as indústrias locais, sobretudo de máquinas trançadeiras.

As iniciais de seus primeiros acionistas deram nome a fábrica: Hugo Hasslacher, Alma Kappel e Ernest Fredrich Kappel, que venderam para um ex-funcionário da Fábrica Ypu, formando uma empresa familiar.

São eles, os Srs. Jose Carlos dos santos, Sra. Nilva Iecker dos Santos, Carlos Jose Ieker dos Santos e Marco Aurélio Ieker dos Santos.

Na década de 1960 foi fundamental para a Empresa, com a transferência para uma área maior, ampliando sua unidade fabril, no bairro de Olaria, um bairro operário de Nova Friburgo, na Rua Manuel Duarte, 335.

Entre 1961 e 1964, a empresa começou a fabricar máquinas trançadeiras, vendendo inclusive para o mercado carioca.

Em 1964, uma nova fase se inicia. A empresa entra no mercado têxtil, no ramo de passamanarias, começando com a produção de elásticos trançados. Foi quando sua razão social passa a ser Hak Fábrica de Fusos e Passamanaria Ltda.

Maquinários e investimentos

Na década de 1980, a Hak inicia no mercado com fitas lisas, adquirindo máquinas de teares retilíneos, ampliando seu mercado junto aos fabricantes de cuecas e shorts, assim como fitas tipo "adidas".

Com abertura de mercado, facilitando as exportações, sobretudo têxteis, seus proprietários investiram no futuro, num ramo totalmente desconhecido para a empresa: a tecelagem de fitas rígidas, sem borracha, passamanarias e elásticos para a moda intima, onde o mercado crescia em Nova Friburgo e região.

Inicia-se a montagem de uma seção de teares de agulhas, que possibilitaria atingir todo o mercado, tanto de confecções, quanto de malharias, com uma produção bem diversificada de artigos, consolidando e sendo reconhecida com o nome fantasia de Passamanaria Hak.

Com a concorrência acirrada das importações, devido aos preços abaixo da indústria nacional, criando dificuldades na colocação dos produtos no mercado interno, a empresa passa por uma reavaliação interna, desde o processo produtivo até a sua estrutura de comercialização e administração, objetivando ganhos de eficiência e qualidade.

Detectada a necessidade desta reorganização, em função do novo plano econômico, o Real, em 1994, foram efetuados alguns estudos que relevaram que o atual parque industrial já não atendia mais às necessidades de acréscimo da produção, devido a sua verticalização.

Em agosto de 1996, mediante o esforço de melhorar suas instalações industriais, a empresa adquire com recursos próprios um imóvel industrial com 3.100m2 edificado num terreno de 18mil m2 em Conselheiro Paulino, onde existia uma fábrica alemã, desativada.

A empresa então começa a transferir suas máquinas e equipamentos para a nova sede em 13 de janeiro de 1997, onde também se encontrava instalada a nova administração, os setores produtivos de teares e crochês. No antigo prédio continuaram uma facção de máquinas trançadeiras.

Linha de produção

São os processos de linha de produção da Hak: preparação de fios, almoxarifado, retorcedeiras, urdideiras, trançadeiras, rimoldi, teares de agulhas, engomadeiras, acabamento e expedição.

Mercado

Entre 1964 até 1978, apesar das crises nacionais, seus proprietários ampliaram o mercado de vendas atingindo primeiro os Estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Posteriormente, chegou a São Paulo, Ceará, Rio Grande do Sul, atingindo o território nacional.

A empresa possui representantes em território nacional, mantendo em sua sede um setor de telemarketing.

Comercializando mais de 300 artigos, diversificados com mais de 40 cores, tem uma capacidade mensal de produzir em torno de 12 milhões de metros, possuindo em seu parque industrial cerca de 1.500 máquinas para atender a demanda de mais de 2.000 clientes ativos.

Para não sofrer a interrupção na produção por falta de matéria-prima, é feita uma programação mensal junto com os fornecedores sob sistema de parceria. Suas principais matérias-primas são: fios, viscose, poliéster, algodão, nylon, helanca, fios metálicos e outros, que são adquiridos  no mercado interno (a Arp é uma das fornecedoras) e externo (Alemanha, Espanha, México, Korea, Japão) através de importações periódicas.

Funcionalismo

A empresa investe constantemente em treinamento de mão-de-obra de seus colaboradores, de todo seu quadro pessoal no processo de qualidade total. Atualmente, conta com 240 funcionários.

6-Nylorend Rendas

Depois de um longo período foi inaugurada no dia 18 de março de 2004 a "caçula", a mais nova empresa têxtil.

A Cidade não recebia uma indústria de porte médio durante um longo período. Pelo contrário, várias indústrias como a Teacher (de bebidas), que foi  transferida para o Rio Grande do Sul, fecharam suas portas. Não posso deixar de mencionar a Schincariol, que se estabeleceu em Cachoeiras de Macacu, aproveitando a mão-de-obra da extinta Teacher.

O momento não poderia ser dos melhores na economia friburguense, assim como nacional, em geral. Com uma visão empresarial, esta dupla sociedade resolveu  apostar no potencial da cidade e inaugurou uma nova fábrica têxtil, iniciando seu quadro pessoal com 150 funcionários, podendo dobrar até o final do ano, dando prioridade ao mercado interno.

Sua localização: Av. Governador Roberto da Silveira, 2.090, às margens da RJ 116, em Conselheiro Paulino, distrito de Nova Friburgo, onde estão situadas grande parte das micro e pequenas empresas e a farta mão-de-obra, desta vez especializada, bem diferente do inicio da grande industrialização em Nova Friburgo.

Segundo o diretor comercial da Nylorend, Sr.George Evangelos Sklias, a inauguração da unidade de Nova Friburgo deveu-se ao sucesso do mercado de moda intima, garantindo que o "namoro com a cidade é de longa data", desde 1987, quando a Olímpia Têxtil já trabalhava em parceria com a Triumph International.

Com as máquinas Rascheltronic, Jacquardtronic, Textronic, a empresa desenvolve em parceria com bureaux especializados desenhos exclusivos. Sua capacidade no decorrer dos meses pode chegar a 30 toneladas de rendas e boa parte desta produção já tem mercado garantido.

Para ser instalada, a Nylorend contou com incentivos fiscais do programa Rio Têxtil, do Governo do Estado e  foi atraída pelo número de confecções, em torno de 800 entre formais e informais.

Com a chegada da empresa, calcula-se que o comércio receberá uma injeção em torno de R$ 75 mil/mensais.

Para atual prefeita, reeleita, não poderia ter tido melhor notícia a implantação da Nylorend. Afinal, depois de tantos anos, finalmente Nova Friburgo volta a aquecer o mercado industrial, em função das micro e pequenas empresas, do conhecido Pólo de Moda Intima, tanto em Nova Friburgo, como na Região Serrana e centro-norte fluminense.

7 -As indústrias têxteis em Nova Friburgo e o Pólo de Moda Íntima

Figura nº 2 - SUAS LIGAÇÕES COMERCIAIS EM 2004.

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Publicado em 8 de maio de 2007

Publicado em 08 de maio de 2007

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