Este trabalho foi recuperado de uma versão anterior da revista Educação Pública. Por isso, talvez você encontre nele algum problema de formatação ou links defeituosos. Se for o caso, por favor, escreva para nosso email (educacaopublica@cecierj.edu.br) para providenciarmos o reparo.
Introdução
Professor Souza
Diário de um professor
Antes de começar a narração do meu dia-a-dia, nada mais justo que me apresente. Fui batizado como Evaristo Ramalho de Souza, mas hoje sou conhecido como professor Souza. Se me gritarem na rua sem o "professor" talvez não entenda que é comigo. Chamarem-me de "Evaristo", então, é como evocar a presença de alguém que quase esqueci. Não me vejo sem o ensino.
Admito que levou algum tempo até que o hábito modificasse não somente meu nome, mas minha postura diante do outro e diante de mim mesmo. No meu primeiro dia de aula, quase pedi a meus alunos que me chamassem de Peteco - apelido que peguei na infância - com receio de ser "professoral" demais. Custei a achar o tom, os gestos e o olhar que sustentassem minha postura com dignidade. Mais ou menos como me sinto hoje na estreia de minha coluna.
Os leitores do Portal da Educação Pública, nesta altura do campeonato, devem estar se perguntando o que pretendo com todas estas voltas em torno da minha pessoa, sobretudo em torno de meus nomes e de meu ofício. O que fez com que eu pensasse que meu diário, em nada diferente daqueles escritos - ou simplesmente vividos - pelo enorme contingente de homens e mulheres dedicados ao ensino, mereça alguma atenção? O que existe por trás destas palavras? Que interesses?
A última coisa que quero é ser tachado de pedante, de ver minhas intenções interpretadas como autopromoção ou, pior ainda, como uma vitrine onde se possa colher matéria para espalhar intrigas ou qualquer outra coisa motivada pelo rancor. Gostaria simplesmente de contar minha experiência. Por isto, os nomes tanto das pessoas, das instituições, como das cidades que utilizarei aqui serão fictícios, na intenção de proteger, principalmente, a privacidade de meus companheiros de trabalho. Se há algum tipo de egoísmo nisto, ele se dilui na grande irmandade de professores da qual faço parte. Por ora sou apenas uma voz desgarrada que, após o curto espaço da escrita, não deseja outra coisa senão o retorno às salas de aula. Afinal, já são mais de dez anos que sou o professor Souza. Não há maior prazer para mim do que a mão levantada de um aluno à espera de uma resposta. Deixá-lo nesta posição por muito tempo seria uma tortura para nós dois.
Pode parecer demagogia tudo isto que estou falando aqui; as palavras de um personagem de mim mesmo... Mas se o preço que tenho que pagar para que minhas experiências no magistério venham a público for este, tudo bem. Aceito ser apenas um instrumento, uma tela branca que reflita as inquietações, os desafios e os percalços da profissão. Que este universo rico em que vivo, pelo menos, seja transposto com fidedignidade; que as situações sejam palpáveis e eu faça jus a cada momento em que se revela o humano.
Por força das horas - já passam da uma da manhã -, encerro meio subitamente esta minha participação. Amanhã - quer dizer, hoje - terei de estar no Município de Bacanaço às 7 h, no Colégio João Antônio. Atualmente, um aluno tem me exigido muita atenção...outro dia falo sobre isto. Até semana que vem.
Publicado em 12 de junho de 2007.
Publicado em 12 de junho de 2007
Novidades por e-mail
Para receber nossas atualizações semanais, basta você se inscrever em nosso mailing
Este artigo ainda não recebeu nenhum comentário
Deixe seu comentárioEste artigo e os seus comentários não refletem necessariamente a opinião da revista Educação Pública ou da Fundação Cecierj.