Este trabalho foi recuperado de uma versão anterior da revista Educação Pública. Por isso, talvez você encontre nele algum problema de formatação ou links defeituosos. Se for o caso, por favor, escreva para nosso email (educacaopublica@cecierj.edu.br) para providenciarmos o reparo.

Fundação Pierre Verger

Mariana Cruz

Pierre Verger - um mensageiro entre vários mundos

Imagem da página inicial do site
http://www.pierreverger.org

O site da Fundação Pierre Verger é uma volta ao mundo em cliques. Antes de apertar os cintos, porém, a biografia desse fotógrafo-viajante-pesquisador-babalaô-e-cético vale a pena ser conhecida.

Ao entrar no site, clique diretamente no nome Pierre Verger, onde o primeiro item listado é Biografia.

Lá ficamos sabendo detalhes da vida desse francês que fornecem um tempero especial às suas fotos. Pierre Verger nasceu em Paris em 1902, dispunha de uma boa situação financeira, levava uma vida convencional até que, aos 30 anos, descobre duas atividades que mudariam para sempre o rumo de sua vida: fotografar e viajar. De dezembro de 1932 até 1946, ficou viajando ao redor do mundo, sobrevivendo exclusivamente de fotografia. Foi quando desembarcou na Bahia, apaixonou-se pelo lugar. Esse mergulho na brasilidade foi tão profundo que fez a cabeça de Verger, literalmente. Ao descobrir o candomblé, o francês se inseriu de tal forma na religião, que acabou tornando-se o babalaô Fatumbi. Em 1988, criou a Fundação Pierre Verger, transformando sua casa em um centro de pesquisa com o intuito de disponibilizar sua pesquisa ao público.

No item Viagens, ficamos conhecendo os países por onde  ele andou ( Córsega, União Soviética, Brasil etc), lugares exóticos onde morou e fatos curiosos que acontecerem nessas viagens: aventuras no Camboja, Cuba, México, Estados Unidos, Taiti, Japão, China, Laos, Filipina, Senegal.

A parte sobre Pesquisas é dividida em vários subitens. Na Apresentação, ficamos sabendo sobre o ingresso tardio (depois dos 50 anos) de Verger no mundo dos arquivos. Como pesquisador, Pierre Verger dava a mesma atenção a fontes escritas, relatos orais, cultura material e ritual. O próximo subitem, As Plantas, nos mostra o interesse do fotógrafo por plantas. Ele sempre trazia plantas de suas constantes viagens, chegando a recolher informações sobre 3.549 plantas usadas pelos Iorubas. No subitem O Candomblé é mostrado o contato dele com a religião africana, suas viagens à África onde esteve em locais sagrados e sua transformação em um membro do candomblé. Apesar disso, declarava-se um “francês racionalista”. No próximo subitem, A diáspora africana, ficamos conhecendo as semelhanças que o fotógrafo encontrava entre os habitantes da África Oriental e o povo brasileiro, como se fosse a comprovação de história entrelaçada. Através de suas pesquisas, ele descobre que nos últimos anos do tráfico os escravizados eram quase que exclusivamente iorubas.

Após 20 anos de pesquisa, Verger escreve o livro Fluxo e refluxo, um criterioso estudo sobre a história da escravidão africana que lhe conferiu o título de Doutor em Estudos Africanos pela Universidade de Sorbonne, em Paris (mesmo tendo abandonado os estudos aos 17 anos). Quem quiser saber mais sobre a personalidade ou se aprofundar nas pesquisas de Verger pode procurar nos subitens Publicações e ver os depoimentos e textos sobre ele.

No tópico sobre a Fundação, estão descritos os fatos que motivaram Verger a criar a fundação, seus dois amores: a Bahia e o golfo africano de Benin. Também nos é apresentado o acervo do fotógrafo, construído em décadas de viagens e pesquisas entre esses dois locais. Na seção Fototeca, encontramos a parte mais interessante do site, uma seleção de 5.700 negativos escolhidos pelo francês (entre 62.000 negativos). A divisão das fotos inicialmente está por continentes. E a apresentação está em três idiomas (inglês, francês e português).

Ao clicar em África, temos mais de 20 países de lá, e em cada uma deles temos as fotos organizadas por tema. Nesta seção, a tradução em português e inglês ainda está em andamento, mas as imagens falam mais do que tudo. Em Dahomey, (atualmente Benin), vemos fotos dos guerreiros africanos, imagens de homens com trajes dos orixás, pessoas em transe. Na Bahia, encontramos uma lista das cidades fotografadas. Ao clicarmos em Salvador, temos uma outra lista que vai nos dar imagens de capoeira, carnaval, Caymmi, types (tipos) etc. Enfim, são milhares de fotos tiradas de diversas regiões, diferentes construções, tipos físicos, paisagens, manifestações, objetos. Assim, com poucos cliques, é possível ir da arquitetura clássica de Florença, na Itália, ao Vietnã; admirar um barco a vela em Bora Bora, na Polinésia; ver o calçadão de Copacabana, os prédios de Nova York, as tribos africanas e seus rituais do candomblé, e assim vamos fazendo uma viagem pelas culturas, pelas construções, por várias particularidades que cada país do mundo tem a nos oferecer.

Na página inicial do site, no canto direito, temos três modos de realizar nossa pesquisa fotográfica: através de um localizador geográfico, de forma mais específica (digitando os critérios de busca) ou por temas, isto é, através da consulta de álbuns temáticos. Neste último tópico encontramos diversas séries de imagens como, Dorminhocos, só com fotos de pessoas dormindo nas ruas da Bahia, descasando nas escadas, bancos, debaixo da sombra de coqueiros; a série Deuses africanos, com pessoas em transe, Embarcações, Infância, Festas carnavalescas, entre outras.

É uma verdadeira viagem no tempo, no espaço, nos costumes, nas religiões e nos povos. Um pequeno trecho na infindável história da humanidade.

Publicado em 26 de junho de 2007

Publicado em 26 de junho de 2007

Novidades por e-mail

Para receber nossas atualizações semanais, basta você se inscrever em nosso mailing

Este artigo ainda não recebeu nenhum comentário

Deixe seu comentário

Este artigo e os seus comentários não refletem necessariamente a opinião da revista Educação Pública ou da Fundação Cecierj.