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Leitura sem contraindicação

Karla Hansen

Já lhe ocorreu estar lendo um livro e, antes de chegar ao final, querer voltar às páginas iniciais e começar tudo de novo? Ter desejo de que as palavras fiquem gravadas em sua memória, enfim, de que nada lhe escape das linhas e entrelinhas traçadas pelo autor?

Pois, bem. A leitura de um livro, que me caiu nas mãos nos últimos dias de 2006, tem provocado esse efeito. A princípio, fui atraída pelo divertido título, Vitaminas Filosóficas - a arte de bem viver (Theo Roos, editora Casa da Palavra, 2005), e lembrei-me de ter lido alguma referência sobre ele, vagamente elogiosa, que havia despertado minha curiosidade.

No senso comum, vitaminas são pílulas que têm finalidades diversas, entre elas combater a fraqueza, compensar a carência de certas substâncias químicas no organismo, corrigir alguma disfunção metabólica, em suma, são indicadas pelos médicos para nos devolver a saúde e o bem estar. Esse parece ser o mesmo propósito do autor, com as tais vitaminas filosóficas.

Mas, como seria, uma vitamina filosófica? Um composto de filosofia preparado com as ideias dos principais pensadores da história da humanidade em que, ao ser ingerido, nos tornaria mais sábios?

Se você pensou que o livro poderia realizar esse sonho, enganou-se. O leitor deve estar aberto e se preparar para uma disposição ativa. Com a palavra, Theo Roos, no prefácio: Este livro não traz coisas para serem entendidas, mas em compensação traz muitas coisas para serem feitas. Pequenos exercícios. Ele também fala que o livro é uma caixa de ferramentas, para que, através da sabedoria dos filósofos, possamos mudar nosso modo de pensar e, assim, nos tornarmos pessoas mais ativas, a fim de termos uma vida melhor.

Pensar, mas também, fazer, praticar, agir esses são, basicamente, os conselhos de Roos e do elenco de filósofos - dos antigos gregos aos contemporâneos, por ele escolhido. Trata-se de uma filosofia prática, que mostra o que é preciso fazer para vivermos bem, ou melhor, como esses filósofos aplicaram suas ideias à vida, combatendo males como a paixão, a ansiedade, a euforia, o desencanto, a inveja, etc e filosofando de uma nova maneira que, segundo Nietzsche, nos abre para novas possibilidades de vida, as quais só de ouvir trazem alegria, força e luz.

Despretensioso e leve, ideal para ler nas férias, o livro reúne pequenos ensaios de filósofos consagrados como Nietzsche, Camus, Foucault, Sócrates, Deleuze, Hanna Arendt e outros e, ao final de cada ensaio, um pequeno resumo, em forma de pílulas - as tais vitaminas -, com os princípios ativos da sabedoria de cada um desses filósofos, que se dedicaram à arte de viver e ao autoconhecimento.

Mas, isso é coisa que se possa aprender por um livro? Provavelmente, não, mas pode ser um primeiro passo. Roos nos faz esse convite, com entusiasmo, colorindo seus textos com letras de canções de rock (traduzidas), de Bob Dylan, David Bowie, Rolling Sotnes, Madonna e outros.

O que seria da arte de viver se não fosse a música?, pergunta o autor, ainda no prefácio.

Cabe lembrar que o livro derivou de uma série da televisão alemã (3Sat), também chamada Vitaminas Filosóficas, coordenada por Theo Roos e exibida de 2003 a 2005.

Ficha técnica do livro:

  • Título: Vitaminas Filosóficas - a arte de bem viver
  • Autor: Theo Roos
  • Gênero: Ensaio
  • Produção: Editora Casa da Palavra

Publicado em 16/1/2007

Publicado em 16 de janeiro de 2007

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