Este trabalho foi recuperado de uma versão anterior da revista Educação Pública. Por isso, talvez você encontre nele algum problema de formatação ou links defeituosos. Se for o caso, por favor, escreva para nosso email (educacaopublica@cecierj.edu.br) para providenciarmos o reparo.

Projeto mudou a forma como alunos olham cidade

Leonardo Soares Quirino da Silva

aluna

Com esse projeto, eu passei a ver minha cidade com “outros olhos”. Passei a valorizá-la e a achá-la muito mais bonita.
Suelen Santana

Escolhido o melhor trabalho na categoria ensino médio no VIII Prêmio Arte na Escola Cidadã, o projeto Construindo Olhares – Resende 2006, da professora Nádia Teresinha Moraes Nelson em parceria com os professores Júlio César Morais e Djalma Martins de Medeiros, visava, nas palavras dos autores, despertar nos alunos “a importância de vivenciar e conhecer de forma reflexiva e consciente seu papel como interpretes do patrimônio histórico, artístico e cultural de nossa cidade”.

Feliz com o resultado, Nádia declarou que não fez o trabalho para ganhar prêmio, mas para os alunos. Participaram do projeto os estudantes do 2º ano do ensino médio do C. E. Olavo Bilac, de Resende.

11 etapas

A professora explicou que, antes de irem para rua fotografar, os alunos estudaram “a história da imagem, como surgiu, onde surgiu, até a fotografia passando pela pintura, escultura”. Nessa etapa inicial, das 11 que compõem o projeto, Nádia buscou educar o olhar dos alunos para ler as imagens e as obras de arte, bem como começar a perceber a fotografia não apenas como uma imagem parada.

Ainda antes de saírem para fotografar, os estudantes tiveram aula sobre a história da cidade, dada pela pesquisadora Celina Whately. A história de Resende está ligada ao Ciclo do Café. Está lá o foco irradiador dessa cultura no Vale do Rio Paraíba do Sul. Foi de lá que saíram as primeiras mudas plantadas em cidades como Bananal, Barra Mansa e Vassouras.

Nessas etapas iniciais, Nádia visava construir uma base conceitual, uma preocupação que esteve presente em todo o projeto. Todos os conceitos eram discutidos com os alunos antes de se iniciarem as atividades de campo.

Com isso, os alunos estavam preparados para recolher imagens e ver a cidade com outros olhos. A experiência era nova para eles em todos os sentidos, pois, como observou Nádia, “nunca tiveram um professor que saísse com eles da escola”. As saídas eram realizadas no horário das aulas e aos sábados, e são uma marca do trabalho de uma professora que tenta ao máximo levar os alunos para fora de sala.

Ainda sobre as aulas práticas, a professora observou:

– Fomos à rua procurando coisas diferentes. Os alunos nunca tinham reparado que, de manhã, a serra se refletia no Rio Paraíba. Nunca tinham reparado no arco da ponte. Eram coisas que viam todos os dias, mas não tinham percebido ainda.

Instalação

Como parte do projeto, os alunos aprenderam a revelar as fotos tiradas com as máquinas que pegaram emprestadas em casa. Essa parte do trabalho contou com o apoio da Universidade de Barra Mansa, que cedeu seus laboratórios para o projeto.

Com as cerca de 600 fotos tiradas pelos alunos, foram produzidas uma instalação e três produtos audiovisuais.

A instalação foi montada em torno da ideia de construção, presente no nome do projeto. Montada com apoio da prefeitura, as imagens escolhidas foram colocadas, por exemplo, sobre lajotas, tijolos, carrinhos de pedreiro.

Em uma TV, os visitantes podiam assistir a dois vídeos. Um deles era Resende Ontem e Hoje, em que fotos antigas eram alternadas com imagens atuais dos mesmos lugares da cidade. O fundo musical era o hino da cidade. O outro vídeo era um show com as imagens não usadas na instalação. Como a música de fundo era O trenzinho do caipira, de Villa-Lobos e Ferreira Gullar, as imagens foram organizadas aproveitando a história contada pela música. Por exemplo: no trecho em que o trem “sobe a serra” foram usadas imagens das montanhas da região.

O formato da instalação casou estranhamento no público, como explicou Nádia:

– De início o público não entendia. As pessoas tinham a expectativa de encontrar uma exposição clássica, com as fotos colocadas em quadros pendurados nas paredes etc. Depois do estranhamento inicial, eles começavam a reconhecer os espaços da cidade, perguntavam aos alunos e começavam a ligar a ideia de construção com a exposição.

Do início ao fim, o trabalho foi filmado. Esse material serviu de base para a produção de um minidocumentário.

Publicado em 18 de setembro de 2007

Publicado em 18 de setembro de 2007

Novidades por e-mail

Para receber nossas atualizações semanais, basta você se inscrever em nosso mailing

Este artigo ainda não recebeu nenhum comentário

Deixe seu comentário

Este artigo e os seus comentários não refletem necessariamente a opinião da revista Educação Pública ou da Fundação Cecierj.