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Tapete Vermelho - No mundo de Jeca Tatu hoje
Leonardo Soares Quirino da Silva
Vinte e cinco anos depois da morte de Mazzaropi (1912-1980), o diretor Luiz Alberto Pereira e a roteirista Rosa Nepomuceno fizeram uma homenagem ao ator e produtor que personificou o caipira, ao produzir o filme Tapete Vermelho (2006), atualmente disponível em DVD.
O personagem principal, Quinzinho (Matheus Nachtergaele), empreende jornada com a família para cumprir a promessa que havia feito a seu pai, de levar o neto para assistir a um filme do Mazza no cinema. Na busca de seu velo dourado, esses argonautas da roça se defrontaram com as mudanças ocorridas no mundo de Jeca.
De um rancho isolado - sem eletricidade, sem estrada -, construído no meio de uma das serras que ladeiam o Vale do Paraíba, Quinzinho, sua mulher Zulmira (Gorete Milagres), seu filho Neco (Vinicius Miranda) e o burro Policarpo partem para realizar sua missão, ao longo da qual o expectador, primeiro, é apresentado a histórias e a tradições populares, como o feitiço da cobra que suga leite de mulher parida, a dança da catira, bem como as habilidades de Zulmira como rezadeira.
O filme mostra também que, se é verdade que há feitiço, não é menos verdade que há simpatia. No primeiro se obtém um favor por intermédio das forças do mal. Na segunda, pode dizer-se, uma graça é alcançada por intermédio dos representantes do bem. Essa é a história de fundo, quando Quinzinho cede à tentação de querer ser um grande violeiro. Primeiro ele tenta com o demo, representado por Seu Renato (Yassir Chediak), tido como o maior violeiro do mundo. Ele foge ao descobrir quem é Renato. Mais à frente, ele aceita fazer a simpatia da cobra coral com Gabriel (Jackson Antunes), que instruiu o personagem central a sempre dar graças a São Gonçalo antes de tocar.
A magia que Quinzinho foi buscar, contudo, a do cinema, o obriga a ir para cidades cada vez maiores, por causa do fechamento das salas de exibição nas cidades menores. No filme, um das salas virou loja de eletrodomésticos e outra, uma igreja evangélica. É lá que Quinzinho consegue de graça - eram tidas como entulho - as latas de Jeca Tatu (1959). Nesse filme, Mazzaropi é um pequeno sitiante cujas terras são tomadas em parte pelo banco e em parte por um grande fazendeiro. Para voltar a trabalhar, o personagem presta serviços a um político em troca de um pedaço de chão.
A luta pela terra volta em Tapete vermelho nos termos atuais. Durante sua jornada, o caminho de Quinzinho e sua família cruza por duas vezes com o do Movimento dos Sem-Terra, encarnado na figura de Mané Charreteiro (Ailton Graça). Na segunda delas, Quinzinho foi preso durante a invasão do acampamento pela polícia. Ele havia ido parar lá enganado por um vigarista - Aparício (Paulo Betti) - que prometia que lá passavam os filmes de Mazzaropi. A invasão serve para mostrar a posição do Estado - encarnado pelo delegado - e de parte da Igreja Católica na questão. São os padres que intervêm pela liberação do herói do filme.
Na confusão, contudo, sua família havia se separado e passa por todos os contratempos de quem vem da roça para a cidade grande.
Apesar desses e de outros percalços, Tapete Vermelho tem final feliz. Como? Bem, não vou contar. Assista ao DVD para saber.
Ficha técnica do filme:
- Título: Tapete Vermelho
- Direção: Luiz Alberto Pereira
- Gênero: Ficção
- Produção: LAPFILME Produções Cinematográficas Ltda
Publicado em 13/11/2007
Publicado em 13 de novembro de 2007
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